Médica legista de Pouso Alegre é agraciada na capital

Tatiana Telles e Koeler de Matos, foi agraciada com o troféu “O Tira”. O troféu é uma distinção a um seleto grupo de policiais civis que fazem diferença na sua carreira.

Formada pela Acadepol em 2014, Tatiana sempre esteve presente nos sinistros mais marcantes do sul de minas, realizando um trabalho de destaque na medicina legal. Ela usou argúcia e perspicácia para identificar os dois casais que morreram no acidente com o avião em Bueno Brandão em 2015. Naquele mesmo ano exumou e descobriu que Silvio Santos havia sido envenenado e enterrado ainda vivo em São Gonçalo do Sapucaí. Ainda no final de 2015 desceu um abismo para encontrar o corpo sem vida da jovem Larissa, sequestrada em Extrema. Em junho de 2018, esteve na cena da queda do helicóptero que matou um empresário e o piloto na serra de Espírito Santo do Dourado. No final daquele mesmo ano, após incansável procura, descobriu quem era a dona da perna encontrada em São João da Mata. Na mesma madrugada desenterrou o corpo da filhinha dela, e prendeu o esquartejador de Silvianópolis.

A investigação precisa destes e de outros crimes que abalaram a região nos últimos anos, colocaram a jovem e intrépida médica legista no radar da chefia da Superintendência de Polícia Técnico Científica da Polícia Civil.

No início deste ano Tatiana foi convidada a assumir a chefia da Medicina Legal no interior do Estado, e desde março trabalha na capital. No começo deste mês, tão logo tomou conhecimento do trágico acidente de ônibus que vitimou 19 pessoas em João Monlevade, a chefe do interior voou para o local e coordenou todo o trabalho médico legal envolvendo as vítimas, transferindo os corpos para a capital, visando uma melhor acolhida aos familiares vindo de Alagoas.

Estas e outras atuações da policial de ‘jaleco branco’, zelando sempre pela ética profissional, sem esquecer o espírito humanitário que deve nortear toda e qualquer atuação que envolve sentimentos íntimos das pessoas, credenciaram a jovem medica legista a receber o cobiçado e importante título.

O troféu “O Tira” é uma homenagem a quem faz da carreira policial um sacerdócio… Parabéns a todos os agraciados.

Parabéns doutora Tatiana T.K. Matos.

Aniversario de Evanildo Alves…

… o soldado que nasceu no dia 31 de novembro!

às vésperas de completar 18 anos, ele descobriu que nasceu em um dia que não existe…

Eram exatamente treze horas da tarde ensolarada e quente de novembro. Os setenta e dois soldados da Bateria Comando estavam simetricamente enfileirados por colunas sob a cobertura ao lado da Bateria, quando o grandalhão oficial Vargas, recentemente promovido a Capitão recebeu o comando do cabo-de-dia. Após dar a ordem costumeira.
-Descaaaaasarrrrrr…
Passou a fazer uma chamada aleatória;

– Três vinte e quatro …

– Rabelo – Respondeu com voz grave o refratário de 22 anos, de Machado.
– Três trinta…

– Héééélio – respondeu o mecânico de Santa Rita esticando o ‘é´’.

-Tres zero quatro …

– Máts – respondi, apimentando o ‘a’ e engolindo o ‘o’, como de praxe.

– Três quarenta e nove …

– Evaniuuuuudo – respondeu o soldado, prolongando o som do ‘u’, em tom grave.

Quem apenas ouvisse a voz, acharia que era um homenzarrão de 1,87mts, quase do tamanho do ‘Vargão”! Mas era um baixinho marrudo que fazia flexão com um braço só todo dia e não media mais do que 1,68mts. Foi campeão do Pentatlo militar naquele ano, mas foi reprovado no PELOPES, por falta de altura! Eu por que era muito franzino…

O comandante deu três passos lentos na direção do soldado, parou na frente dele, de braços cruzados nas cotas e repetiu, como se estivesse do outro do prédio;

– Soldado 349?…

Evanildo desfez a posição de sentido, afastou as mãos das coxas, afastou a perna direita e voltou a juntá-la batendo o salto do coturno brilhoso no calcanhar esquerdo ao mesmo tempo que batia as mãos espalmadas nas coxas, emitindo um único som, no mesmo segundo em que repetia no mesmo tom do capitão…

– Evaniiiiuuuuuudo… Senhooor…!

O capitão grandalhão soltou os imensos braços ao longo do corpo e ficou alguns segundos parado à frente do soldado, olhando para baixo tentando encontrar seus olhos protegidos pela aba do quepe, até que disse;

– Sabe o que eu vou fazer agora, Baixinho ?? – Por ser atleta, Evanildo era seu ‘peixe’… isso lhe permitia essa ‘intimidade’! – Vou te dar um tabefe no pé da orelha, que você vai sair ‘catando cavaco’!…

Sentimos o sangue acelerar em nossas veias!

Que comportamento era aquele do Capitão?

Estávamos acostumados a receber ordens, receber castigos físicos, do tipo “caia de boca” e pague 50 ‘pulinho de galo’, ou 20 flexões. Ou então ofensas quase gratuitas do tipo “acerta o passo ‘Mocorongo’”…

Mas ameaça, não. Ameaça era uma coisa muito pessoal. Não fazia parte da ‘hierarquia e disciplina’!
E o capitão, que na verdade era simpático e bem-humorado, emendou;

– Vou te dar um murro tão forte na cabeça que vai afundá-lo nesse piso de concreto…

A coisa era séria! – Pensamos.

Evanildo, o “Baixinho”, “peixe” do comandante, nem piscava! Devia ter feito alguma coisa muito grave! A tensão era grande. O silencio gritava…! E o capitão soltou a pergunta que os 72 soldados já não aguentavam mais conter:

– Sabe por quê???… Porque você não existe, Baixinho!!!

Como?
Passamos da perplexidade à confusão mental. Será que o capitão estava bem? De repente o comandante dá dois passos atrás, solta um braço das costas, vira-se para o restante da bateria e pergunta?

– Bateria… vocês conhecem alguém que tenha nascido no dia 31 de novembro!!!???

É claro que ninguém ousou abrir a boca. Nem mesmo o Silvestre 367, de Cambuí, que tinha um parafuso meio solto. Até porque, a maioria daqueles soldados ‘voadores’, mal saídos da adolescência – inclusive eu – nunca havia reparado que o mês de novembro tem apenas 30 dias.
E o Capitão Vargas, sul-mato-grossense, de Dourados, voltou ao seu ‘normal’ comentando e ordenando;

– Só mesmo em Espírito Santo do Dourado para ter mês de novembro de 31 dias!!!

Baixinho… Fora de forma. Você está dispensado do expediente da tarde. Vá à sua cidade consertar essa ‘titica’! Esteja aqui para o expediente amanhã de manhã… Se não quiser tomar o tabefe no pé da orelha!

 

Jose Evanildo Alves, o Baixinho ‘três quarenta e nove’, ‘peixe’ do Capitão Vargas na turma de 77; meu companheiro de ‘voação’ na biblioteca durante a faxina; cumplice nos furtos de abacate no quartel; depois colega de teatro amador e contemporâneo no ensino médio no Colégio Comercial São Jose, teve um pouco de dificuldade para ‘renascer’, aos 18 anos, em um dia que faça parte do calendário. A escrivã Iêdis, titular do único cartório da cidade de Espírito Santo do Dourado, reparou seu próprio lapso e o deixou um dia mais novo!
Hoje, 30 de novembro meu amigo e parceiro de tantas histórias está completando 62 anos.
Parabéns “Baixinho”… Que Deus o abençoe sempre!!!

E o livre das iras do Capitão Vargas…

 

* Essa crônica já foi publicada anteriormente. No entanto, republicá-la foi a maneira que encontrei para homenagear meu amigo Jose Evanildo – ‘menino que vi crescer’, do bem –  que há tempos não vejo, mas sei que continua morando na mesma casa gostosa dessa foto no bairro Belo Horizonte em Pouso Alegre.

Visitei a mulher do Zorro…

     Além de ‘justiceiro’, o marido dela foi um ‘bom malandro’!

Zorro ou não, Moacyr Bocudo resgata um trecho valoroso da nossa história através do seu livro “Memórias de um Bom Malandro”.

Semana passada, durante minha estadia em Pouso Alegre, estive visitando a sra. Creusa Vilas-Boas. Ela é uma daquelas ávidas leitoras de tudo que eu escrevo. “Eu sigo você, Chips, desde os tempos do Plantão Policial na Rádio Clube (inicio dos anos 80), disse ela”. Creusa foi uma das primeiras a comprar – e ler – o livro “Quem matou o suicida”. Faltava o autografo, por isso eu fui visita-la!

A visita teve um motivo especial. Creusa é viúva do sr. Moacyr Honorato dos Reis, conhecido pela alcunha de “Moacir Bocudo”, barbeiro, aventureiro e escritor autodidata – como ele mesmo se definiu – e ainda por cima… ‘justiceiro’ nas horas vagas!

Nunca fui próximo de Moacyr Bocudo, mas convivi com ele, fugi dele e ele de mim durante muitos anos! – Controverso, ele era amigo próximo de alguns policiais e persona ‘non grata’ para outros. Apesar disso, nunca tive nenhum atrito com ele e sempre nos respeitamos. Passei a respeitá-lo ainda mais quando ele publicou seu livro “Memórias de um Bom Malandro”, em 1996.

Prefaciado pelo saudoso Urias de Andrade, que, mal comparando, diz “Tal qual Jean Jaques Rousseau, Moacyr também se propôs colocar diante de seus semelhantes a verdade por inteira da natureza do homem que ele é…”. E diz adiante: “Moacyr soube tirar proveito do curso – e do decurso – que fez na universidade da vida…”.

Sem viajar nos livros escolares além do quarto ano primário, Moacyr viajou muito, nos dois sentidos. No literal geograficamente e no figurativo, nas narrativas de suas aventuras… rsrsrs! Mas adquiriu muita vivência e cultura – e, talvez por isso mesmo não teve tempo de estudar. E deixou uma obra bem interessante.

Apesar da pobreza de vocabulário, Moacir Bocudo conseguiu pintar muito bem os traços e costumes da época! Quando ele chegou à juventude, Pouso Alegre tinha cerca de vinte mil habitantes. Como registro histórico de uma bucólica e romântica época, “Memórias de um Bom Malandro” é de um valor inestimável!

Memórias de um bom malandro não foi o único feito histórico de Moacyr Bocudo… Ele incorporou também um famoso e lendário herói! Nada menos do que o justiceiro mascarado conhecido pela alcunha de “Zorro”! segundo ele próprio admite e confessa, vinte anos depois que o ‘Sargento Garcia’ e seus soldados pararam de caçá-lo ali nas bandas do “Quatro Cantos”!

Nos anos 70 um mascarado misterioso cortou na guasca muitos maridos infiéis que frequentavam a Zona Boêmia da David Campista, em Pouso Alegre. Na época, a pedido de alguns figurões da sociedade que costumavam frequentar a zona do baixo meretrício e chegavam em casa com o lombo ardendo, a policia civil passou a dar plantão na Zona para prendê-lo. Mas, como todo malandro que conhece a policia, Zorro, então na pele de ‘Dom Diego’, conhecia os policiais e portanto, saiu de cena.

A sra. Creusa pode se gabar de ter sido casada com o Zorro e com um “bom malandro”!

Muitos anos e muitas aventuras depois, passada a caçada ao ‘justiceiro mascarado’ da rua David Campista – que poderia render-lhe diversos processos por lesões corporais – Moacyr reivindicou o título de “Zorro da Zona Boemia”.

Segundo minhas investigações, há controvérsias!

Infelizmente nosso controverso herói nos deixou em 2007, antes de sentar-se ao meu piano e tentar me convencer da veracidade da sua confissão pública.

Zorro ou não, Moacyr Bocudo resgata um trecho valoroso da nossa história através do seu livro “Memórias de um Bom Malandro”.

 

Ah, a costumeira foto da sra. Creusa com meu livro autografado?

Fico devendo!… Ela, ao contrário do saudoso marido, é avessa às fotografias. Mas o carinho com o qual ela me recebeu em sua casa – muito próximo do palco das aventuras aqui citadas – ficou emoldurado na minha memória e no meu coração.

A “Lenda do Zorro da Zona Boemia” começa na página 303 do livro “Quem matou o suicida”…

 

“Quem matou o suicida”

O crime que deu titulo ao livro…

O pescador pedalava lentamente sua bicicleta pela trilha batida que saía na estrada, quando sentiu necessidade de fazer xixi. Passara as primeiras horas da manhã dando banho na minhoca na beira do rio e mal pescara meia dúzia de mandis. Na verdade, ele sabia que seria assim. As águas do Rio Lambari estavam muito sujas para pescar alguma coisa além de mandi. Só foi para a beira do rio por dois motivos: para manter o hábito… e para ficar longe da mulher! Encostou a velha bicicleta roxa com cesto na traseira e as varas de pesca amarradas ao quadro, em um arbusto na beira da trilha, entrou no mato e foi logo abrindo a braguilha.

Enquanto a bexiga lentamente esvaziava, deixando aquela sensação de alívio, deixou os olhos divagarem para o interior da mata. Observou os galhos, os cipós, um pássaro marrom de calda longa… – dizem que é alma-de-gato! De repente seus olhos pararam em um vulto pendurado num galho. Antes mesmo de fechar a braguilha inclinou o corpo tentando ver melhor o vulto. Sentiu um calafrio. Deu dois passos à direita, levantou um galho que dificultava a visão e… Arregalou bem os olhos!

Era mesmo uma pessoa!

A cena era macabra!

O corpo rijo pendurado na forquilha da árvore, com os pés a menos de um metro do chão, parecia balançar suavemente, não tanto pela brisa suave que penetrava através da folhagem, mas pela nuvem de mosquitos que se deliciava com o corpo em putrefação.

Martim Pescador, 55 anos, já vira pessoas mortas, inclusive por causas externas, mas a visão o deixou impressionado. Ainda com os pés fincados no chão, percorreu os arredores num raio de cento e oitenta graus procurando alguém com os olhos. Não viu ninguém e o silêncio confirmou: estavam sozinhos! Deu alguns passos à frente e foi circulando o palco, até ficar de frente para o pendurado…

– “Meu Deus! É o Jacinto…

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Um corpo inerte e sem vida pendurado na ponta de uma corda, no galho de uma árvore no meio do mato, acima de um banquinho jogado de lado, certamente encerra a história do enforcado! Mas pode começar uma intrigante história de mistério, de amor, de paixão, de dinheiro… – ou falta dele!

O que, aos olhos dos familiares, dos amigos, dos curiosos e até da polícia – aquela que se limita a cumprir o ‘horário de expediente’ – parece um típico suicídio, para um policial de verdade, aquele que ama o que faz e busca esclarecer os fatos e colocá-los na mesa do Homem da Capa Preta, pode ser um crime! Um crime covarde, tramado e executado pelo vizinho do lado, por um desconhecido ou até pelo amigo de baladas!

      No controverso título “quem matou o suicida”, mais importante do que saber quem é o assassino, é perceber a fragilidade da investigação policial que, por isso mesmo, na maioria das vezes deixa o assassino impune. O tino policial, a argúcia do velho detetive e o desfecho da história de “Quem matou o suicida”, no entanto, ‘pagam o ingresso’!

     “Quem matou o suicida” é apenas uma das histórias deste livro, que desnuda o heroísmo do policial, que o exibe como um mortal comum, sujeito a erros, medos, deslizes profissionais e… traições. “O último dia do policial”; “Por que os cães não atacavam Fernando da Gata?”; “O batateiro do bigode falho”; “Os fantasmas do velho hotel da Silvestre Ferraz”. Histórias macabras como “O esquartejador de Silvianópolis”; “O assassinato de Silvio Santos”; “Larissa de Extrema”; “Larissa de Pouso Alegre” são uma amostra disso.

      E tem muito mais.

      Além dos casos policiais, vivenciados ou investigados pelo autor, o livro traz histórias de vida tais como: “Maria, 90 anos de solidão”, “Guermina e o Catre”, “O menino que dormia sobre as caixas de maçã”…

      É impossível não se emocionar com o drama vivido por “Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC”. Ou não ligar o sinal de alerta com a precocidade com que os adolescentes iniciam nas drogas, e seus riscos, em: “Tragicomédia no Hospital Frei Caetano”.

      Traz também histórias hilárias como “A múmia de Bueno Brandão e os Três ossos pequenos”; “O louco e a cascavel” …

      O bucolismo, o saudosismo e a transformação sociocultural de Pouso Alegre no último meio século pode se ‘pegar com a mão’ nas histórias “Ribeirões da minha infância”; “A lenda do Zorro da Zona Boêmia”; “O mistério do Corpo Seco” – que misteriosamente ‘sumiu’ do primeiro livro do autor – e; “Anos 70, a década de ouro da humanidade”.

     Enfim, uma obra para matar a saudade dos tempos idos, desnudar a alma do ser humano, e constatar que ainda existem profissionais que amam o que fazem – profissionais capazes de levar uma “Mensagem à Garcia” -, mas estão cada vez mais escassos!

     Tudo isso narrado com bom humor e de um jeito gostoso de ler, por alguém que viveu a vida toda em contato com as pessoas, nas ruas, há décadas contando casos policiais na imprensa de Pouso Alegre.

     Boa leitura!

     Airton Chips

* Para continuar a ler e saber “Quem matou o suicida”, adquira seu livro físico numas das livrarias ou bancas de jornais de Pouso Alegre, ou através da nossa loja virtual. Você pode ler também ‘online’, na Amazon.com.br

Larissa…

Estuprada, assassinada e jogada na lata de lixo!

O assassino se inspirou no clássico da literatura russa para cometer o crime.

Nove da manhã do dia 11 de outubro…

A costureira Joana arrumou o quarto, varreu a casa, arrumou a cozinha, juntou o lixo e foi levar ao coletor na rua, na extremidade da pracinha. Quando levantou a tampa do coletor laranja para colocar o lixo, o saco escorregou de suas mãos! O que viu fê-la perder as forças… As pernas bambearam! O queixo caiu! Demorou alguns segundos para recuperar o fôlego e soltar o primeiro grito! Dentro do coletor de lixo havia um corpo… Um corpo de mulher, ensanguentado… Sem vida!

No IML de Pouso Alegre, o médico legista contou 59 ferimentos à faca. E viu também vestígios de estupro. Depois da necropsia o corpo recebeu a etiqueta: “desconhecido”, e foi colocado na geladeira. Na tarde do mesmo dia o corpo frio e maltratado ganhou um nome:

“Larissa”

Depois de procurar na casa de amigos, de parentes, de um possível namorado, no hospital, e todos os cantos mais, a família foi à delegacia registrar o desaparecimento… E encontrou o corpo da menina no IML!

Larissa era apenas uma menina alegre, vivaz, sonhadora, ingênua… como a maioria da sua idade. Não tinha envolvimento com drogas e nem com qualquer tipo de crime. Não era sequestrável e nem ‘assassinável’. Seu bárbaro assassinato era um mistério.

Os detetives varreram as imediações da pracinha, sacudiram metade dos colegas, funcionários e professores da E.E.M. Jose Paulino, onde ela estudava, mas tudo foi em vão… não encontraram motivos para o bárbaro crime e nem o assassino!

Embora não houvesse muitos crimes na cidade na ocasião, a policia esqueceu do caso. Por falta do fio da meada para prosseguir a investigação, o caso Larissa – estuprada, assassinada e jogada na caçamba de lixo – foi para o freezer…

Só os parentes continuaram cultivando seu sorriso nas fotos, e alimentando a saudade…

O crime é cercado de mistérios e nuances de coisas do além, coisas que ficam escondidas nas esquinas da psique humana; que ora torce para a pessoa se dar bem… E a protege! Ora torce para ela se dar mal… E a delata!

O assassino inspirou-se em um clássico romance da literatura russa para matar a garotinha. Ele queria fazer melhor que Raskólnikov… Ele queria cometer o crime e ficar impune!

Será que ficou?

 

  • Essa macabra história – real – começa na pagina 271 do livro “Quem matou o suicida”.

O livro está à venda…

Anos 70 – a década de ouro da humanidade

Neste dia tão especial para a minha cidade, permitam-me mais um centavo de saudosismo…

Quando o ano novo bateu à minha porta na Rua São João, ainda não havia luz elétrica nem água encanada dentro de casa. Torneira havia apenas uma no tanque de cimento no quintal sem cobertura. O fogão era a gás, infelizmente! O de 70 foi o pior inverno da minha vida, pois o fogão a lenha com o banquinho liso, de madeira, para sentar e esquentar os pés, havia ficado lá na casa de pau-a-pique na Vargem do Coqueiro em Congonhal. Para esquentar a vida, só mesmo os jogos da Copa do Mundo. Assisti a todos os jogos da Seleção Canarinho pela televisão preto & branco na casa do vizinho Danielzinho Marcondes. Na minha casa a TV, mesmo a p&b só chegaria no final da década. O melhor dos jogos era a comemoração! Um dos meus dez cunhados era mecânico na Mavesa e, em dias de jogos do Brasil, ele pegava um caminhão emprestado na firma… Depois do jogo saíamos para comemorar pela cidade! Um velho caminhão Chevrolet sem toldo, lotado de garotos, adolescentes e adultos!

Ninguém nunca caiu do caminhão. Ele nunca foi parado pela polícia e nunca recebeu uma multa por isso…

Passada a euforia da Copa do Mundo, vinham as trocas de figurinhas de jogadores, o “bate bafo” nas calçadas… Era hora de voltar às brincadeiras habituais de rua. De dia, quando não estava no Grupo Escolar Presidente Bernardes da Rua Bom Jesus, ou vendendo picolé da sorveteria do “Sô” Ferreira, estávamos na poeira da Rua São Pedro jogando bolinhas de gude, queimadas ou disputando os campeonatos de pipas e papagaios. No final da tarde quando o vento soprava mais forte, a rua se enchia de garotos para assistir e torcer pelo ‘time’ da rua de cima contra os laçadores da Rua Dom Lafaiete. Cada pipa que a rua de cima ganhava no laço – e sempre ganhava – era comemorada como se fosse um gol da seleção. Era uma festa sem tamanho fazer o “jaú” mergulhar por cima da rede elétrica, das casas do quarteirão, no espaço do vizinho, laçar a presa e puxá-la para o nosso território fazendo-a descer na nossa rua. O laçador não se importava em ficar com o troféu… O mais gostoso era ver a molecada correndo olhando pra cima até pegar o ‘jaú’ de plástico ou de papel, mesmo que ele se partisse em vários pedaços em suas mãos. No bairro da Saúde nos anos seguintes ainda vi parte dessa peculiar competição. Mas igual aos torneios da Rua São Pedro versus Rua Dom Lafaiete, nunca mais!

À tardinha o programa favorito daquele início de anos 70 era pendurar na varanda ou na janela de casa para ver o canudo de fumaça preta, cinza ou branca da Maria Fumaça. Logo depois de ouvirmos o primeiro apito avisando que cruzaria a BR 459, corríamos para a varanda a tempo de ver o trem precedido pela fumaça surgir atrás da igrejinha N.S. de Fátima. A fumaça cruzava a cidade em meio aos apitos e o choc-choc-choc das manivelas. Já na Avenida Brasil o trem começava soltar os espirros do freio e ranger nos trilhos até parar na velha estação na esquina da Dr. Lisboa.

À noite, depois do jantar e do “dever de casa”, naturalmente, começavam as brincadeiras de rua. Soltar Pião, Pique-esconde, chicotinho queimado, queimada até a hora de sossegar em volta da fogueira para contar causos de assombração.

Como tinha causos de assombração naquela época! Foi numas dessas ocasiões que me familiarizei com a história do Corpo Seco! Sem saber que aquele esguio senhor de bota de cano alto, que toda tardinha, já no crepúsculo, descia do Santo Antônio, virava a esquina da São João e descia em direção à sua casa perto do Asilo, era irmão do Corpo Seco dos nossos arrepios e pavores!

Nosso dia encerrava já ‘altas horas’ da noite… Por volta de nove e meia, quando muito dez horas! E tínhamos pelo menos três bons motivos para nos recolher!

Primeiro que lenha para fazer fogueira custava dinheiro! Era comprada do João Brunhara que a vendia em metros na Rua João Basílio. Vendia também os frangos, já que no nosso quintal não podíamos criá-los.

O segundo motivo é que nossas mães, depois de chamar três vezes para lavar os pés e dormir, não chamavam mais… Mas poderiam aparecer a qualquer momento, de surpresa, com um ramo de guanxuma, com a cinta de couro cru do pai ou uma varinha qualquer na mão e descer-nos o borralho!

O terceiro motivo era tão tenebroso quanto. Toda noite a “carruagem do diabo” descia do Alto das Cruzes levando os restos mortais do cemitério velho desativado em 1917 para o cemitério novo das Taipas. Era um barulho infernal de carroça velha puxada por cavalos fazendo os cascos levantarem faíscas no contato com os pedregulhos da rua, seguida por uma matilha inteira latindo, uivando e gritando. A carruagem fantasma descia sempre por volta de quatro horas da madrugada. Mas, vai que o cocheiro erra o horário e acaba descendo pouco depois das dez da noite!… Éramos cada um mais corajoso que o outro ali na rodinha em volta da fogueira… Mas com coisa do outro mundo era melhor não abusar, né?

 

     Quem nasceu por volta de 1960 e chegou à idade adulta na década de 70, é um privilegiado… Teve a melhor infância e adolescência dos últimos séculos! Ninguém viveu tanta pureza, tanta diversão, tantas aventuras e foi tão feliz quanto essa ‘galerinha’ que descobriu a vida na década de 1970, os anos de ouro da humanidade!

    Você é sex… sagenário? Então você viveu essa história!

     As outras 12 páginas dessa história de saudade estão no livro “Quem matou o suicida”. Adquira o seu e viaje no tempo! Só essa história já paga o ingresso.

Aqui você encontra quem matou o suicida!

O livro está disponível nos seguintes lugares:


O novo livro de Crônicas Policiais de Airton Chips já está à venda. Além de crônicas, o livro trás lendas urbanas, personagens que marcaram época, e mostra a transformação sociocultural do Sul de Minas, especialmente de Pouso Alegre, a cidade que transformou fazendas e pastos em bairros ruas e avenidas e quadruplicou a população nos últimos 50 anos. Cinquenta anos acompanhados passo a passo pelo autor.

Em Pouso Alegre o livro está disponível nas livrarias:

– Livraria Intelecto, Rua Capitão Pedro Narciso, 85 centro (ao lado da antiga estação ferroviária), fone 3422-4097 e 9.8700.4097.

– Livraria “Quiosque do Saber”, no Serrasul Shopping, fone 3427-5559 e 9.9726-3279.

Nas bancas:

– Banca do Toninho, na avenida Duque de Caxias, 128, centro Fone 9.9915-6331.

– Banca Federal (Sergio), praça Garcia Coutinho, 11, centro, Fone 9.9253-0415.

– Banca Catedral (Ligia – Venicio), praça Garcia Coutinho, 01, Fone 9. 9989-3446.

– Banca Central (Ernani), praça Senador Jose Bento, 47, centro, Fone 3421-4610.

– Banca Cometa ( Júlio), praça Senador José Bento s/n, Fone 9.9996-6646.

– Banca do Chico, Avenida Dr. Lisboa (em frente o Bradesco), Fone 3412-1764.

– Banca Alternativa (Cristina), Hipermercado Baronesa, Fone 3449-1743.

Preços dos livros:

* Nas bancas e livrarias R$ 38,90.

* Através do site de vendas www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/ R$ 44,90 ( entregue sem custo em qualquer lugar do Brasil).

* No formato digital, no site Amazon (Kindle), R$ 24,90.  

Por que os cães não atacavam “Fernando da Gata”?

Quase três décadas mais tarde eu descobri o que deixava os esguios Dobermans… ‘tão dóceis’!

‘Bichinhos’ iguais a este nunca atacaram Fernando da Gata… Porque será?

Toda cidade tem uma história de bandido para contar. Algumas têm mais de uma. Pouso Alegre, a cidade que mais cresceu no Sul de Minas no último meio século – pulou de 40 mil em 1970 para 150 mil habitantes atualmente – também tem suas histórias. O mais ilustre bandido que pisou e deixou rastros indeléveis em terras manduanas, atendia pelo nome de “Fernando da Gata”…

O famoso – às avessas! – que passou sorrateiro pela cidade, deixando para trás um rastro de suspense, de medo, de fatos e de boatos, foi Fernando Soares Pereira, o “Fernando da Gata”. O baixinho cearense ficou menos de uma semana na cidade… mas fez estragos em algumas famílias e na população! Tão sorrateiro como agiu na calada da noite o bandido se foi levando quilos e toneladas de joias! Quilos de anéis, cordões e pulseiras de famílias abastadas da cidade… E toneladas de dignidade! Ele estuprou quatro recatadas senhoras, esposas de ricos empresários… na frente dos seus maridos! Vindo de Russas-CE, Fernando da Gata fez escala na capital paulista e, bem que tentou mudar de vida. Trabalhou alguns meses na construção civil, mas seu ‘talento’ criminoso era por demais valioso para ser desperdiçado debaixo de sacos de cimento, pilhas de tijolos e latas de concreto! O famigerado bandido nascera talhado para grandes empreitadas… ainda que fossem para o mal! Em poucos meses de atividade criminosa na capital paulista, o Eldorado dos nordestinos, o baixinho cearense se tornou celebridade… no álbum da polícia! E colocou toda a polícia civil paulistana nos seus calcanhares… E a imprensa, ávida por furos jornalísticos, também!

Foi assim que, para dar folga às madames paulistanas, o assaltante solitário foi parar em Pouso Alegre em meados de 1982. Fernando da Gata chegou à cidade no mês do ‘cachorro louco’! Não por acaso, de todos os predicados atribuídos a ele, o principal, era exatamente sua capacidade de acalmar e dominar ‘cachorros loucos’! Não eram exatamente loucos, mas eram ferozes cães de guarda, especialmente os esguios ‘Dobermanns’, os quais reinavam nos quintais das mansões naquele começo de década depois que a luzes se apagavam! Ninguém ousaria entrar nos quintais na calada da noite. Ninguém… menos Fernando da Gata! Os donos das casas até ouviam os latidos ferozes dos seus ‘dobermanns’ no meio da noite. Mas quando se arriscavam a abrir a porta ou espiar pela janela, lá estava o amigo fiel sentado num canto do quintal! Atento, mas silencioso. Como se tivesse visto apenas um gato em cima do muro e o intruso já tivesse ido embora. Minutos depois o gato, quero dizer, o “da Gata”, estava no seu quarto apontando um trabuco para o seu nariz!
Mas como o esguio Dobermann parou de latir e se aquietou no canto?
Esse foi o grande mistério que Fernando da Gata levou com ele no crepúsculo de um dia frio de inverno, no começo de setembro, nas margens do Rio Sapucaí, uma semana e meia depois de protagonizar a maior caçada policial da história e colocar Pouso Alegre no mapa nacional com suas façanhas. Fernando da Gata não matou os cães de guarda. Sequer tocou em algum cachorro! Ou talvez tenha tocado… para lhes fazer um cafuné!

– Como pode, um cachorro que quase pula muros para atacar quem passa na calçada do lado de fora, ficar quietinho no canto do quintal enquanto o bandido entra e arromba a porta da casa do dono? – Perguntavam as pessoas com os olhos saltando das órbitas.

– Ele tem parte com o demônio! – Respondiam umas, fazendo o sinal da cruz!

– Ele hipnotiza os cães! – Diziam outras, incrédulas.

Seu fascínio sobre os ferozes Dobermanns – ou o contrário! – virou mito. Vinte e sete anos depois da sua morte desvendei o mistério… E matei o mito!

O livro está à venda…

Para desvendar o mistério de “Por que os cães não atacavam Fernando da Gata”, acesse… https://www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/

A rotina do Rabo Verde

O louco mais querido da cidade…

“A rotina do Rabo Verde” e outras trinta cronicas policiais estão no livro “Quem matou o suicida”.

A figura carrancuda dentro de um conjunto cáqui encardido, debaixo de um chapéu amassado fazendo sombra para o par de olhos azuis, com um saco nas costas, sem saber ler ou escrever, sem lenço & sem documentos e sem um teto para chamar de seu, Rabo Verde figura entre as personagens mais ilustres de Pouso Alegre no Século XX…

Até a poucas décadas, antes do advento dos celulares e seus aplicativos, quando as pessoas tinham tempo para olhar e sentir a rotina à sua volta, era possível perceber alguns personagens do cotidiano se misturando à nossa história. Toda cidade, grande ou pequena, tinha seus personagens assim. Pouso Alegre teve vários no século passado. Chimango, Maria Coquinha, Ananias, Padre Mateus, Nego Artur e tantos outros. Quando, nas rodinhas de saudosistas, falamos dos personagens folclóricos que marcaram a cidade, o primeiro que nos vem à mente é o… “Rabo Verde”!

A expressão inquieta, o jeito soturno, o modo sacudido de emitir as palavras – muitas ininteligíveis – a mania de resmungar sozinho palavras desconexas sem uma sequência lógica de fala, a sujeira do traje, o saco de roupa que sempre carregava nas costas, a mania de catar comida no lixo – embora não lhe faltasse uma alma boa para encher sua marmita gratuitamente ou em troca de capina de quintal – faziam de ‘seu’ Antônio Barnabé um louco! Mas era um louco inofensivo. Jamais fazia mal a alguém. Desde que não lhe chamassem pelo apelido de Rabo Verde! Aí, além dos palavrões impublicáveis, pedras, tijolos, sabugos, ou qualquer objeto que estivesse ao seu alcance tornava-se uma arma! As crianças se divertiam com sua brabeza… Os pais arrancavam os cabelos de preocupação! Passada a raiva, ele fazia troça do próprio apelido!

-Quem tem o rabo verde, seu Antônio?

– Arara, papagaio… e eu!

Durante décadas, desde meados do século passado, essa figura simples fez parte da rotina das pessoas em Pouso Alegre…

– O Rabo Verde foi preso… Ele foi levado no ‘forninho’ pra delegacia, o filho do delegado foi pro hospital, muito sangue… Ele tá muito machucado… – disse estabanado o garoto entrando correndo no Empório Goulart, no final da tarde!

– Calma, menino! Conta essa história direito! Por que prenderiam o Rabo Verde? Ele não faz mal a ninguém. O que tem o filho do delegado com isso? – interrompeu o comerciante enquanto servia uma dose de Fernet a um freguês cativo…

– Dessa vez acho que ele fez, sim… Ele deu uma pedrada na cabeça do menino, o filho do delegado!

– Espera, espera, espera… Você está dizendo que o Rabo Verde acertou uma pedrada na cabeça de um garoto? E o garoto é filho daquele delegado novo que chegou à cidade?!

– … É isso mesmo. Nóis tava lá na beira da linha esperando pra ver a Maria Fumaça, aí o Rabo Verde tava passando… e a pedrada acertou bem na cabeça do Serginho…

– Peraí, vocês mexeram com o pobre coitado? Por que não correram?

– Nós corremos, mas o Serginho não sabia que tinha que correr…

– Caramba! Filho do delegado… e lerdo! – comentou um freguês do empório entrando na conversa.

– É. Mas é que ele é novo na cidade. Veio da capital. Ainda não conhece as molecagens do interior – interveio outro freguês assíduo do empório.

– E esse delegado novo também não conhece o Rabo Verde. Dizem que ele é um capeta! Vai querer arrancar o couro do pobre coitado! Precisamos fazer alguma coisa. Alguém precisa ir à delegacia explicar para o delegado que o ‘nosso’ Rabo Verde não bate bem da cabeça…

Um dos fregueses do Mario Goulart, que costumava chegar sempre no finalzinho da tarde para bebericar o suco de ‘gerereba’ e jogar conversa fora, se prontificou a ir  à delegacia. Primeiro para saber a gravidade da situação; segundo, para tentar livrar a barra do Rabo Verde.

… Tentou, mas não conseguiu. Afinal, lesão é lesão tanto na capital quanto na pacata Pouso Alegre de vinte mil habitantes!

E o “Rabo Verde” foi se hospedar no Velho Hotel da Silvestre Ferraz!

Para continuar lendo a “Rotina do Rabo Verde”, acesse… https://www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/

*Em Pouso Alegre, o livro está à disposição na Livraria Intelecto e em todas as bancas de jornais.

“Quem matou o suicida”

Este é o título do novo livro de Airton Chips.

“Quem matou o suicida”… o livro caçula de Airton Chips

      Seis anos depois de “Meninos que vi crescer”, o colunista policial e escritor Airton Chips lança agora seu segundo livro de crônicas policiais.

“Quem matou o suicida?” segue a mesma linha de “Meninos que vi crescer”, lançado em 2014. São crônicas policiais vivenciadas pelo policial e colunista ao longo da sua carreira, nos últimos quarenta anos. Algumas são tensas, tristes, macabras… Outras são hilárias, divertidas, comoventes, saudosistas…

No controverso título “Quem matou o suicida”, – a intrigante estória de um fazendeiro encontrado morto na ponta de uma corda no meio do mato, numa pequena cidade do interior de Minas – mais importante do que saber quem é o assassino, é perceber a fragilidade da investigação policial que, por isso mesmo, na maioria das vezes deixa o assassino impune. O tino policial, a argucia do velho detetive e o desfecho da história de “Quem matou o suicida”, no entanto, ‘pagam o ingresso’!

“Quem matou o suicida” é apenas uma das trinta e uma histórias deste denso livro que desnuda o heroísmo do policial; que o exibe como um mortal comum, sujeito a erros, medos, deslizes profissionais e… traições! “O último dia do policial”; “Porque os cães não atacavam Fernando da Gata”; “O batateiro do bigode falho”; “Os fantasmas do velho hotel da Silvestre Ferraz”; histórias macabras como “O esquartejador de Silvianópolis”; “O assassinato de Silvio Santos”; “Larissa de Extrema”; “Larissa de Pouso Alegre” são uma amostra disso.

“Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC”, mostra o drama de uma família cujo filho aos dezesseis anos trocou o banco da escola pelo banco da esquina com os amigos de ‘baseados’ e nunca mais conseguiu deixar as drogas. A curta história passada em um plantão médico, com o título “Tragicomédia no Hospital Frei Caetano” mostra a precocidade com que os adolescentes iniciam perigosamente nas drogas. Além desta o livro traz outras histórias hilárias tais como “A múmia de Bueno Brandão e os Três ossos pequenos”; “O louco e a cascavel” e; “Um puta bandido e um porra policial”.

O bucolismo, o saudosismo e a transformação sociocultural de Pouso Alegre no último meio século estão presentes nas histórias “Ribeirões da minha infância”; “A lenda do Zorro da Zona Boêmia”; “Anos 70, a década de ouro da humanidade” e; “O mistério do Corpo Seco” – que misteriosamente ‘sumiu’ do primeiro livro do autor.

Além dos casos policiais, vivenciados ou investigados pelo autor ao longo da carreira, o livro traz comoventes histórias de vida, de superação, tais como: “Maria, 90 anos de solidão”, “Guermina e o Catre”, “O menino que dormia nas caixas de maçã” …

E para começar a leitura: “A rotina do Rabo Verde”! o louco mais querido de Pouso Alegre no século passado, com lugar cativo na galeria de pessoas ilustres do Museu Tuany Toledo. Enfim, uma obra para matar a saudade dos tempos idos, para desnudar a alma do ser humano e, constatar que ainda existem profissionais que amam o que fazem – profissionais capazes de levar uma “Mensagem à Garcia”! -, mas estão cada vez mais escassos!

Tudo isso narrado com bom humor, de um jeito gostoso de ler, por alguém que cresceu em contato com as pessoas, nas ruas, observando o comportamento humano. Alguém que viveu e há décadas conta casos policiais na imprensa de Pouso Alegre.

A ‘família’ está aumentando…

“Quem matou o suicida” pode ser encontrado e adquirido nas livrarias e bancas de jornais de Pouso Alegre e região, ou, através do site “www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop” – entregue sem custo em qualquer lugar do Brasil.

Vá buscar ao seu!