Hoje faz 66 anos que ele se foi… E não deixou saudades!
Depois de varias tentativas de um grupo de experientes padres, no dia 23 de abril o Padre Pedro Cintra, sozinho, ‘convenceu’ Chiquinho a ir embora da fazenda.
A despedida aconteceu na noite ainda criança do dia 23 de abril de 1953. Cansado de ouvir as orações e benzimentos do padre Pedro Cintra, Chiquinho resolveu ir embora. Suas últimas palavras foram ouvidas às nove e vinte e três da noite.
“Vou embora desta casa… Não aguento mais a ladainha desse padre!”, teria dito o espírito peralta com voz de mais de setecentos anos.
Apesar da presença sempre perturbadora, misteriosa, inesperada – às vezes cavalheiresca apenas com a ‘pretendida’- , e principalmente barulhenta, Chiquinho foi embora sem alarde. Depois de dizer suas últimas palavras na cozinha do casarão da fazenda, tudo caiu no mais completo silencio. O padre Pedro, pároco de Borda da Mata, e os moradores da casa, continuaram rezando por mais alguns minutos até que perceberam que Chiquinho não estava mais ali. Mal acreditaram que haviam, finalmente, exorcizado o ‘Coisa Ruim da Borda’.
Os quase três meses de estadia do Chiquinho na Fazenda Ponte de Pedra, no hoje município de Tocos do Mogi, naquele início da década de 1950, não deixou marcas… Deixou lendas, expectativa, e um tabú!
Durante décadas rezou… a lenda, de que quando o padre fosse embora da cidade ou quando morresse, o Coisa Ruim voltaria para a fazenda.
Era lenda mesmo!
O padre morreu de velho cinquenta anos depois… E o Chiquinho não voltou! A ex-‘pretendida’ do Chiquinho havia se casado, constituído família e ficou apavorada com a morte do padre. Tanto que saiu pela vizinhança à procura de um dos exorcistas do Coisa Ruim, em busca de apoio, mas não ao encontrou, pois o padre Alderigi – hoje prestes a virar santo – também já havia ‘partido’!
Em 2010, um ano depois da morte – natural, serena e em paz – da mocinha pivô da historia, fui à Borda da Mata investigar “o mistério do Coisa Ruim da Borda. Passei alguns sustos, mas consegui façanhas que nem mesmo o bigodudo Ratinho e sua trupe conseguiu. Entrevistei inclusive o antigo namorado da mocinha – este de carne e osso! Conversei com moradores do entorno da fazenda, com contemporâneos da mocinha, com o último dos irmãos dela, tomei café na casa dele defronte a tapera do que fora o casarão mal-assombrado, vi um machado se cravar violentamente no terreiro da casa, vi um fusca descendo por uma estrada, desgovernado, em minha direção… Precisei de 28 paginas para contar “O Misterio do Coisa Ruim da Borda”. A história começa na página 239 do livro “Meninos que vi crescer”. Boa leitura.
Ah, o tabu? Pergunte sobre o ‘Coisa Ruim’ nas ruas de Borda da Mata…