Dona “micha” está de volta…

Revelando segredos nos bairros nobres da cidade!

Moradores dos bairros Fatima I, II e Altaville já receberam sua visita esta semana.

Uma das câmeras mostra o trio de ‘micheiros’ saindo de uma residência furtada. Um dos ladrões, para não chamar a atenção dos vizinhos, usa roupas do dono da casa.

Ela não tem personalidade, não é feita em série numa linha de montagem. A sorrateira “micha” é feita a partir de uma chave velha qualquer ou de um pedaço de metal. Usando um esmeril elétrico ou até uma ‘lima’, em poucos minutos um meliante fabrica uma micha. A chavinha falsa, embora não pareça, ao penetrar no escurinho de cadeados e fechaduras nas mãos de um especialista, consegue revelar segredos e abrir portas e portões, e deixar o caminho livre para os ‘micheiros’!

Os ladrões ‘micheiros’ são tão raros e ‘experts’ – e logo se tornam conhecidos da policia – que não agem no seu habitat natural. Eles se associam a outros gatunos sorrateiros e rodam o país invadindo casas e apartamentos e cometendo furtos sem deixar marcas ou pistas, distantes de casa. Nalgumas vezes, depois de pegarem o que querem nas residências que sabem que estão desocupadas, na saída trancam novamente portas e portões deixando atrás de si um mistério. Quando o dono da casa chega e descobre que foi furtado… e não encontra vestígios de arrombamento, pensa:

“O ladrão só pode ter entrado pelo buraco a fechadura!”. E foi mesmo!

As vitimas dos ‘micheiros’ são escolhidas à dedo!

– Primeiro elas – as vitimas  – tem que morar em cidades de porte médio para cima, onde os vizinhos mal conhecem os vizinhos e, se conhecem, chegam e saem de casa com o vidro escuro do carro levantado… para não ter que dar o ‘bom dia’!

– Tem que ser bairros ricos, pois micheiros que se preza não pegam no pesado… eles não carregam moveis e eletrodomésticos. Os micheiros furtam joias, relógios caros, dinheiro, celulares, notebooks e objetos pequenos que caibam na algibeira da própria calça ou, no máximo, numa mochila chique, também furtada da vitima!

– Antes de colocar a ‘micha’ na fechadura, o ‘micheiro’ estuda o ‘ambiente de trabalho’… observa os movimentos da vítima, se inteira de sua rotina, sabe se ela foi ao supermercado, à academia ou se foi buscar o filhinho na escola… e  sabe o momento exato em que a casa estará vazia à sua disposição! Casas com grades vazadas através das quais se observa a presença ou não de carro na garagem, ajudam o ‘micheiro’ a escolher suas vítimas.

– Para os sorrateiros ‘micheiros’ é importante que na casa da vitima não tenha cachorros de porte médio ou grande que vivam nos quintais. Além de ameaçar suas canelas ou traseiros, os latidos dos ‘latildos’ podem, no mínimo, chamar a atenção do vizinho!

– Os ‘micheiros’ não tem caras de lombrosianos e nem de ‘mondrongos’! Muito contrário! Eles são pessoas bem apessoadas e circulam pela cidade bem trajados, geralmente em bons carros alugados, sem chamar a atenção. Onde se hospedam se apresentam como turistas, de passagem ou representantes comerciais – pessoas acima de qualquer suspeita. E não ficam mais do que uma semana numa cidade. Tempo suficiente para observar e escolher meia dúzia de incautas vítimas.

– As visitas dos ‘micheiros’ costumam acontecer quase sempre na hora do chá da tarde… quando o anfitrião está ausente!

Quando a policia começa registrar os misteriosos furtos e juntar as informações sobre possíveis suspeitos, tais como veículos estranhos rondando o bairro, é hora de bater em retirada. Se a coleta foi boa ou não, o ‘micheiro’ e seu bando – agem sempre em grupos de dois a quatro – voltam para a cidade de origem, devolvem o carro alugado e vão vender a res furtiva. Dias depois já está ‘trabalhando’ novamente a quilômetros de distância das últimas vítimas!

Este carro, um Mitsubishi ASX, placa GAS-0638, foi visto circulando nas imediações das residências

Nesta primeira semana de fevereiro varias residências de Pouso Alegre receberam a sorrateira visita de ‘micheiros’. Os furtos ocorreram nos bairros Fatima I e II e Altaville. Todas as residências se encaixam no perfil acima: meio da tarde; casa sem cães grandes; garagens visíveis…

Precavidamente o ‘micheiro’ não para seu carro na porta da casa que vai ‘visitar’. Afinal, tudo que ele vai furtar cabe nas algibeiras e numa mochila. O carro para a fuga, rápida e sorrateira, fica nas ‘quebradas’…

Apesar da precaução, os ‘micheiros’ que visitaram Pouso Alegre esta semana deixaram rastros. Câmeras de segurança particular registraram a presença de um veículo Mitsubishi modelo ASX, branco, placas GAS-0638, nas imediações das residências furtadas.

Prender e processar um ‘micheiro’, só se for com a boca na botija… Mas isso é mais raro do que você que está lendo essa noticia abrir a porta da sua casa com uma chave ‘micha’!

Daqui a alguns meses, ou anos, caso não estejam atrás da fechadura num hotel do contribuinte qualquer, os ‘micheiros’ que deixaram rastro em Pouso Alegre esta semana, talvez voltem à cidade para mais uma temporada de furtos. As vítimas que ora receberam visitas inesperadas, por conta da natural intensificação das medidas de segurança depois que a raposa arrombou o galinheiro, dificilmente serão revisitadas.

Mas é bom lembrar que ‘micheiros’ são uma espécie não tão rara, e protegida… ao menos pelas circunstâncias!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *