“Quem matou o suicida”

O crime que deu titulo ao livro…

O pescador pedalava lentamente sua bicicleta pela trilha batida que saía na estrada, quando sentiu necessidade de fazer xixi. Passara as primeiras horas da manhã dando banho na minhoca na beira do rio e mal pescara meia dúzia de mandis. Na verdade, ele sabia que seria assim. As águas do Rio Lambari estavam muito sujas para pescar alguma coisa além de mandi. Só foi para a beira do rio por dois motivos: para manter o hábito… e para ficar longe da mulher! Encostou a velha bicicleta roxa com cesto na traseira e as varas de pesca amarradas ao quadro, em um arbusto na beira da trilha, entrou no mato e foi logo abrindo a braguilha.

Enquanto a bexiga lentamente esvaziava, deixando aquela sensação de alívio, deixou os olhos divagarem para o interior da mata. Observou os galhos, os cipós, um pássaro marrom de calda longa… – dizem que é alma-de-gato! De repente seus olhos pararam em um vulto pendurado num galho. Antes mesmo de fechar a braguilha inclinou o corpo tentando ver melhor o vulto. Sentiu um calafrio. Deu dois passos à direita, levantou um galho que dificultava a visão e… Arregalou bem os olhos!

Era mesmo uma pessoa!

A cena era macabra!

O corpo rijo pendurado na forquilha da árvore, com os pés a menos de um metro do chão, parecia balançar suavemente, não tanto pela brisa suave que penetrava através da folhagem, mas pela nuvem de mosquitos que se deliciava com o corpo em putrefação.

Martim Pescador, 55 anos, já vira pessoas mortas, inclusive por causas externas, mas a visão o deixou impressionado. Ainda com os pés fincados no chão, percorreu os arredores num raio de cento e oitenta graus procurando alguém com os olhos. Não viu ninguém e o silêncio confirmou: estavam sozinhos! Deu alguns passos à frente e foi circulando o palco, até ficar de frente para o pendurado…

– “Meu Deus! É o Jacinto…

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Um corpo inerte e sem vida pendurado na ponta de uma corda, no galho de uma árvore no meio do mato, acima de um banquinho jogado de lado, certamente encerra a história do enforcado! Mas pode começar uma intrigante história de mistério, de amor, de paixão, de dinheiro… – ou falta dele!

O que, aos olhos dos familiares, dos amigos, dos curiosos e até da polícia – aquela que se limita a cumprir o ‘horário de expediente’ – parece um típico suicídio, para um policial de verdade, aquele que ama o que faz e busca esclarecer os fatos e colocá-los na mesa do Homem da Capa Preta, pode ser um crime! Um crime covarde, tramado e executado pelo vizinho do lado, por um desconhecido ou até pelo amigo de baladas!

      No controverso título “quem matou o suicida”, mais importante do que saber quem é o assassino, é perceber a fragilidade da investigação policial que, por isso mesmo, na maioria das vezes deixa o assassino impune. O tino policial, a argúcia do velho detetive e o desfecho da história de “Quem matou o suicida”, no entanto, ‘pagam o ingresso’!

     “Quem matou o suicida” é apenas uma das histórias deste livro, que desnuda o heroísmo do policial, que o exibe como um mortal comum, sujeito a erros, medos, deslizes profissionais e… traições. “O último dia do policial”; “Por que os cães não atacavam Fernando da Gata?”; “O batateiro do bigode falho”; “Os fantasmas do velho hotel da Silvestre Ferraz”. Histórias macabras como “O esquartejador de Silvianópolis”; “O assassinato de Silvio Santos”; “Larissa de Extrema”; “Larissa de Pouso Alegre” são uma amostra disso.

      E tem muito mais.

      Além dos casos policiais, vivenciados ou investigados pelo autor, o livro traz histórias de vida tais como: “Maria, 90 anos de solidão”, “Guermina e o Catre”, “O menino que dormia sobre as caixas de maçã”…

      É impossível não se emocionar com o drama vivido por “Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC”. Ou não ligar o sinal de alerta com a precocidade com que os adolescentes iniciam nas drogas, e seus riscos, em: “Tragicomédia no Hospital Frei Caetano”.

      Traz também histórias hilárias como “A múmia de Bueno Brandão e os Três ossos pequenos”; “O louco e a cascavel” …

      O bucolismo, o saudosismo e a transformação sociocultural de Pouso Alegre no último meio século pode se ‘pegar com a mão’ nas histórias “Ribeirões da minha infância”; “A lenda do Zorro da Zona Boêmia”; “O mistério do Corpo Seco” – que misteriosamente ‘sumiu’ do primeiro livro do autor – e; “Anos 70, a década de ouro da humanidade”.

     Enfim, uma obra para matar a saudade dos tempos idos, desnudar a alma do ser humano, e constatar que ainda existem profissionais que amam o que fazem – profissionais capazes de levar uma “Mensagem à Garcia” -, mas estão cada vez mais escassos!

     Tudo isso narrado com bom humor e de um jeito gostoso de ler, por alguém que viveu a vida toda em contato com as pessoas, nas ruas, há décadas contando casos policiais na imprensa de Pouso Alegre.

     Boa leitura!

     Airton Chips

* Para continuar a ler e saber “Quem matou o suicida”, adquira seu livro físico numas das livrarias ou bancas de jornais de Pouso Alegre, ou através da nossa loja virtual. Você pode ler também ‘online’, na Amazon.com.br

PAFC perde o jogo mas não perde a liderança…

… O time já estava classificado para a fase final do campeonato mineiro!

Os torcedores ficaram lá fora… mas a energia positiva e o bandeirão da torcida entraram!

Depois do retorno aos gramados no pós- pandemia, o Dragão do Sul de Minas fez mais quatro jogos. Sob o comando técnico do novo treinador, Ito Roque, o time empatou duas partidas, venceu uma e perdeu a outra. A vitória fora de casa contra o Ipatinga na nona rodada, por 3×2, garantiu ao Dragão a vaga no quadrangular final do campeonato. Na décima rodada, jogando em casa, no Manduzão ainda de portões fechados e com a vaga já garantida, o experiente treinador fez experiências, tirando alguns jogadores do banco de reservas, e começou ganhando. Mas sofreu o empate e no final, numa lance fortuito, numa bola desviada pela zaga, acabou tomando a virada.

O Dragão não conhecia derrota desde setembro de 2018. Foram 26 jogos de invencibilidade, um recorde no futebol brasileiro.

Apesar da derrota – num momento em que podia perder -, o time criou muitas oportunidade de gols e poderia ter mantido a invencibilidade. Para quem viu os últimos quatro jogos valendo três pontos, o time está ainda mais compacto e agressivo do que antes da parada em março.

Se não houvesse a 11ª rodada, as duas vagas para  o acesso seriam disputadas entre Pouso Alegre – que mesmo com a derrota detêm a primeira colocação do certame – com 21 pontos, Athletic de São João Del Rey com 20, Betim com 17, e Nacional de Muriaé, com 15 pontos.

A derrota não deve abalar o Rubro do Mandu. Na última rodada da fase classificatória o time viaja para o leste mineiro, onde enfrenta um tradicional adversário da década de 80, o Democrata de Valadares. Já classificado e sem vantagem em ser o primeiro ou segundo do certame, um bom resultado no próximo sábado, 31, serve apenas para mostrar respeito e incentivar o elenco no quadrangular que irá apontar os dois times que subirão para o grupo de elite do futebol mineiro este ano.

Morando ao lado do Mineirão, já estou pensando em qual camisa irei usar no ano que vem!!!

 

Larissa…

Estuprada, assassinada e jogada na lata de lixo!

O assassino se inspirou no clássico da literatura russa para cometer o crime.

Nove da manhã do dia 11 de outubro…

A costureira Joana arrumou o quarto, varreu a casa, arrumou a cozinha, juntou o lixo e foi levar ao coletor na rua, na extremidade da pracinha. Quando levantou a tampa do coletor laranja para colocar o lixo, o saco escorregou de suas mãos! O que viu fê-la perder as forças… As pernas bambearam! O queixo caiu! Demorou alguns segundos para recuperar o fôlego e soltar o primeiro grito! Dentro do coletor de lixo havia um corpo… Um corpo de mulher, ensanguentado… Sem vida!

No IML de Pouso Alegre, o médico legista contou 59 ferimentos à faca. E viu também vestígios de estupro. Depois da necropsia o corpo recebeu a etiqueta: “desconhecido”, e foi colocado na geladeira. Na tarde do mesmo dia o corpo frio e maltratado ganhou um nome:

“Larissa”

Depois de procurar na casa de amigos, de parentes, de um possível namorado, no hospital, e todos os cantos mais, a família foi à delegacia registrar o desaparecimento… E encontrou o corpo da menina no IML!

Larissa era apenas uma menina alegre, vivaz, sonhadora, ingênua… como a maioria da sua idade. Não tinha envolvimento com drogas e nem com qualquer tipo de crime. Não era sequestrável e nem ‘assassinável’. Seu bárbaro assassinato era um mistério.

Os detetives varreram as imediações da pracinha, sacudiram metade dos colegas, funcionários e professores da E.E.M. Jose Paulino, onde ela estudava, mas tudo foi em vão… não encontraram motivos para o bárbaro crime e nem o assassino!

Embora não houvesse muitos crimes na cidade na ocasião, a policia esqueceu do caso. Por falta do fio da meada para prosseguir a investigação, o caso Larissa – estuprada, assassinada e jogada na caçamba de lixo – foi para o freezer…

Só os parentes continuaram cultivando seu sorriso nas fotos, e alimentando a saudade…

O crime é cercado de mistérios e nuances de coisas do além, coisas que ficam escondidas nas esquinas da psique humana; que ora torce para a pessoa se dar bem… E a protege! Ora torce para ela se dar mal… E a delata!

O assassino inspirou-se em um clássico romance da literatura russa para matar a garotinha. Ele queria fazer melhor que Raskólnikov… Ele queria cometer o crime e ficar impune!

Será que ficou?

 

  • Essa macabra história – real – começa na pagina 271 do livro “Quem matou o suicida”.

O livro está à venda…

Dragão do Sul de Minas garante vaga no quadrangular final

A classificação antecipada para a final do Campeonato Mineiro 2020 aconteceu na tarde desta quarta-feira, 21, no Vale do Aço.

A primeira etapa rumo à elite do futebol mineiro foi vencida. Oito adversários ficaram para trás… E por antecipação! Na próxima fase basta eliminar mais dois adversários para subir…

Jogando longe de casa, o Pouso Alegre venceu, de virada, o Ipatinga na tarde desta quarta-feira por 3 a 2 e se garantiu como o primeiro classificado para o quadrangular final do Módulo II do Campeonato Mineiro.

Sem poder contar com o lateral-esquerdo Foguinho, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, e o volante Mineiro, com um desconforto muscular, o Pousão ainda perdeu uma peça importante logo aos cinco minutos de jogo. O meia Matheus Sousa, com uma contusão na coxa, acabou sendo substituído pelo estreante Claudeci, volante que chegou do Boa Esporte esta semana.

E acabou sendo surpreendido pouco depois. Após cobrança de escanteio na área, Marquinhos Acreano abriu o placar para os donos da casa. O Pouso Alegre, entretanto, não se abalou e conseguiu o empate ainda no primeiro tempo em cobrança de pênalti do zagueiro Pedro Vítor.

Na etapa final o Ipatinga mais uma vez ficou em vantagem com um gol de Núbio Flávio. Com o placar desfavorável, o técnico Ito Roque colocou o time para frente com as entradas de Palacios, Pedro Gabriel e Jhulliam.

E as mudanças surtiram efeito. O volante Roldan aproveitou falha da defesa e fez seu quarto gol na competição. E nos acréscimos, após boa jogada de Pedro Gabriel pela esquerda, Jhulliam só escorou para dar a sexta vitória ao Pousão no Campeonato.

Nesta quinta-feira os jogadores chegam a Pouso Alegre e realizam exames de covid-19. Em seguida treinam visando ao jogo de domingo, às 15h30, contra o Betim, no Manduzão. O time da Grande BH ocupa a quarta-posição na tabela de classificação, com 14 pontos.

Por Gleison Oliveira – Assessor de Comunicação PAFC.

Esquartejamento em Silvianópolis…

Vinte e quatro horas depois de matar a amásia ele chegou do trabalho, cortou o corpo em vários pedaços e saiu pela madrugada jogando os membros na beira das estradas.

A cabeça da amásia foi jogada no Rio Dourado… e nunca foi encontrada!

O caso da perna de São João da Mata correu léguas… E alimentou a imaginação de muita gente na região!

Seria algum ritual macabro?

Seria vingança de algum mafioso?

Seria resposta de algum machista fanático que não liga a mínima para o que pensam as feministas ou os politicamente corretos?

Seria acerto de contas entre facções criminosas…?

Fosse o que fosse, uma perna, uma simples perna – aliás, uma perna e meia – certamente não levaria a polícia a lugar nenhum!

Mas a perna mulata e ligeiramente delicada tinha um detalhe, mais precisamente uma tatuagem, junto ao tornozelo!

Uma perna sozinha não leva a polícia muito longe… Mas na companhia de uma tatuagem, leva!

Para sorte da dona da perna jogada aos vermes na beira da estrada dentro de um saco plástico, dentre os policiais que buscariam sua identidade e o resto do seu corpo sabe-se-lá-onde, estava uma médica legista do PML de Pouso Alegre!

Na verdade, a única a se interessar pelo caso desde o momento em que desceu na ribanceira para ver a perna infestada de larvas. Afinal, uma perna inerte, separada do corpo, pressupõe um crime, e se há um crime, e um crime de ação pública incondicionada, logo, compete à polícia judiciária esclarecê-lo.

No entanto, se não havia ninguém reclamando a perna ou pedindo esclarecimento do inexorável crime, por que a polícia iria se preocupar?

A combalida polícia civil mineira, a quem cabe investigar os crimes e colocar os indícios e provas sobre a mesa do homem da capa preta, não dava conta de atender nem a demanda que pairava sobre a mesa do delegado! Por que iria se imolar com demandas que nem haviam sido levadas formalmente à autoridade?

Além do mais, vai que a dona da perna se arrependeu de ter feito a tatuagem e resolveu removê-la com perna e tudo… Por conta própria!

É pouco provável que fosse esse o caso…

De qualquer forma, a polícia civil, por assim dizer, mal tem material humano para cuidar dos vivos, que dirá dos mortos!

No entanto, se a polícia civil enquanto instituição a quem cabe investigar e esclarecer crimes de ação pública não se interessava em investigar o caso da perna tatuada, um policial – mais precisamente uma policial – se interessou. E ela formou logo uma linha de investigação…

Para a arguta legista, a dona da perna tinha envolvimento com… drogas! Ou com prostituição…

Tatuagens não são privilégios de pessoas que levam a vida à margem da lei. Mas dificilmente se vê uma pessoa envolvida com drogas ou prostituição que não tenha tatuagens!…

  • Pessoas com ‘certas’ tatuagens reduzem muito a expectativa de vida – diz a medica em tom jocoso, com frequência. Por isso, confiando no tirocínio, concentrou seus esforços investigativos nesta linha de raciocínio.

Nos dias seguintes dezenas, centenas de ‘garotas de programas’ desfilaram na tela do seu notebook. Belas garotas: brancas, negras, mulatas, ninfetas, maduras, sorridentes, sérias, altas, baixas, esbeltas, ‘cheinhas’, algumas de corpo perfeito, outras nem tanto! Mas nada disso tinha importância…

A ‘investigadora’ estava interessada apenas nas pernas das garotas… Mais precisamente nas pernas tatuadas!

A pesquisa nos sites do ramo trouxe uma revelação surpreendente: muitas de suas conhecidas, na maioria estudantes universitárias mantinham um book de garota de programa…

O apelo da legista na imprensa local, inclusive com exibição da perna tatuada – autorizada pela autoridade policial com esse fim – deu resultado. A perna foi longe. Dois dias depois a ‘investigadora de branco’ recebeu uma mensagem da Bahia.

– Minha neta tem uma tatuagem parecida com essa. Ela mora em Silvianópolis e sempre faz contatos com a gente. Mas já tem mais de uma semana que não dá notícias – dizia a avó da baianinha…

As outras quatorze páginas desta macabra história recente estão no livro “Quem matou o suicida”… Adquira o seu através do site acima!

Anos 70 – a década de ouro da humanidade

Neste dia tão especial para a minha cidade, permitam-me mais um centavo de saudosismo…

Quando o ano novo bateu à minha porta na Rua São João, ainda não havia luz elétrica nem água encanada dentro de casa. Torneira havia apenas uma no tanque de cimento no quintal sem cobertura. O fogão era a gás, infelizmente! O de 70 foi o pior inverno da minha vida, pois o fogão a lenha com o banquinho liso, de madeira, para sentar e esquentar os pés, havia ficado lá na casa de pau-a-pique na Vargem do Coqueiro em Congonhal. Para esquentar a vida, só mesmo os jogos da Copa do Mundo. Assisti a todos os jogos da Seleção Canarinho pela televisão preto & branco na casa do vizinho Danielzinho Marcondes. Na minha casa a TV, mesmo a p&b só chegaria no final da década. O melhor dos jogos era a comemoração! Um dos meus dez cunhados era mecânico na Mavesa e, em dias de jogos do Brasil, ele pegava um caminhão emprestado na firma… Depois do jogo saíamos para comemorar pela cidade! Um velho caminhão Chevrolet sem toldo, lotado de garotos, adolescentes e adultos!

Ninguém nunca caiu do caminhão. Ele nunca foi parado pela polícia e nunca recebeu uma multa por isso…

Passada a euforia da Copa do Mundo, vinham as trocas de figurinhas de jogadores, o “bate bafo” nas calçadas… Era hora de voltar às brincadeiras habituais de rua. De dia, quando não estava no Grupo Escolar Presidente Bernardes da Rua Bom Jesus, ou vendendo picolé da sorveteria do “Sô” Ferreira, estávamos na poeira da Rua São Pedro jogando bolinhas de gude, queimadas ou disputando os campeonatos de pipas e papagaios. No final da tarde quando o vento soprava mais forte, a rua se enchia de garotos para assistir e torcer pelo ‘time’ da rua de cima contra os laçadores da Rua Dom Lafaiete. Cada pipa que a rua de cima ganhava no laço – e sempre ganhava – era comemorada como se fosse um gol da seleção. Era uma festa sem tamanho fazer o “jaú” mergulhar por cima da rede elétrica, das casas do quarteirão, no espaço do vizinho, laçar a presa e puxá-la para o nosso território fazendo-a descer na nossa rua. O laçador não se importava em ficar com o troféu… O mais gostoso era ver a molecada correndo olhando pra cima até pegar o ‘jaú’ de plástico ou de papel, mesmo que ele se partisse em vários pedaços em suas mãos. No bairro da Saúde nos anos seguintes ainda vi parte dessa peculiar competição. Mas igual aos torneios da Rua São Pedro versus Rua Dom Lafaiete, nunca mais!

À tardinha o programa favorito daquele início de anos 70 era pendurar na varanda ou na janela de casa para ver o canudo de fumaça preta, cinza ou branca da Maria Fumaça. Logo depois de ouvirmos o primeiro apito avisando que cruzaria a BR 459, corríamos para a varanda a tempo de ver o trem precedido pela fumaça surgir atrás da igrejinha N.S. de Fátima. A fumaça cruzava a cidade em meio aos apitos e o choc-choc-choc das manivelas. Já na Avenida Brasil o trem começava soltar os espirros do freio e ranger nos trilhos até parar na velha estação na esquina da Dr. Lisboa.

À noite, depois do jantar e do “dever de casa”, naturalmente, começavam as brincadeiras de rua. Soltar Pião, Pique-esconde, chicotinho queimado, queimada até a hora de sossegar em volta da fogueira para contar causos de assombração.

Como tinha causos de assombração naquela época! Foi numas dessas ocasiões que me familiarizei com a história do Corpo Seco! Sem saber que aquele esguio senhor de bota de cano alto, que toda tardinha, já no crepúsculo, descia do Santo Antônio, virava a esquina da São João e descia em direção à sua casa perto do Asilo, era irmão do Corpo Seco dos nossos arrepios e pavores!

Nosso dia encerrava já ‘altas horas’ da noite… Por volta de nove e meia, quando muito dez horas! E tínhamos pelo menos três bons motivos para nos recolher!

Primeiro que lenha para fazer fogueira custava dinheiro! Era comprada do João Brunhara que a vendia em metros na Rua João Basílio. Vendia também os frangos, já que no nosso quintal não podíamos criá-los.

O segundo motivo é que nossas mães, depois de chamar três vezes para lavar os pés e dormir, não chamavam mais… Mas poderiam aparecer a qualquer momento, de surpresa, com um ramo de guanxuma, com a cinta de couro cru do pai ou uma varinha qualquer na mão e descer-nos o borralho!

O terceiro motivo era tão tenebroso quanto. Toda noite a “carruagem do diabo” descia do Alto das Cruzes levando os restos mortais do cemitério velho desativado em 1917 para o cemitério novo das Taipas. Era um barulho infernal de carroça velha puxada por cavalos fazendo os cascos levantarem faíscas no contato com os pedregulhos da rua, seguida por uma matilha inteira latindo, uivando e gritando. A carruagem fantasma descia sempre por volta de quatro horas da madrugada. Mas, vai que o cocheiro erra o horário e acaba descendo pouco depois das dez da noite!… Éramos cada um mais corajoso que o outro ali na rodinha em volta da fogueira… Mas com coisa do outro mundo era melhor não abusar, né?

 

     Quem nasceu por volta de 1960 e chegou à idade adulta na década de 70, é um privilegiado… Teve a melhor infância e adolescência dos últimos séculos! Ninguém viveu tanta pureza, tanta diversão, tantas aventuras e foi tão feliz quanto essa ‘galerinha’ que descobriu a vida na década de 1970, os anos de ouro da humanidade!

    Você é sex… sagenário? Então você viveu essa história!

     As outras 12 páginas dessa história de saudade estão no livro “Quem matou o suicida”. Adquira o seu e viaje no tempo! Só essa história já paga o ingresso.

Programinha de R$ 20 na Perimetral…

Aconteceu de novo!!

    

A avenida Perimetral, construída em 1982 sobre o leito antigo do Rio Mandu, tem muita estória pra contar! Tem estórias de todo tipo e viés! As mais interessantes são as que envolvem os tais “programinhas de vinte”, ou de “dez reais”… que geralmente custam cem vezes mais, e terminam na delegacia de polícia.

Veja essa aqui:

A madrugada de sábado era ainda criança de colo quando o viajante Rodrigo C.A. cruzou a famosa avenida. Tão logo passou pela rotatória da rodoviária começou receber as boas vindas e convites de esbeltas ‘comerciantes’ do trecho!

As moçoilas esguias, usando apenas duas peças de roupas: um bustiê e uma minúscula saia colada ao bumbum, deixando quase tudo à mostra, seguiam Rodrigo com o olhar lânguido e faziam gestos convidativos. Algumas, quando percebiam que ele corria para o retrovisor, talvez para conferir o ‘material’, rebolavam e sopravam sensuais beijos na palma da mão…

Rodrigo voltava de Campinas. Estava há vários dias viajando e ainda levaria mais meia hora para chegar em casa, em Santa Rita do Sapucaí. Estava cansado, no entanto, ao ver aquela figura – aparentemente feminina – e aqueles gestos sensuais, sentiu uma ligeira massagem no ego e … uma estranha excitação! Sabia que seria ‘barca furada’, mas pensou:

– Se ela jogar charme mais uma vez… vou conferir!

A mariposa jogou!

Até parece que a loirinha de cabelos lisos lera seus pensamentos. Quando ele reduziu para dar preferência a outro veículo que seguiria para o Arvore Grande, a beldade acenou. Na verdade, balançou sensualmente as cadeiras e abriu discreto sorriso, perceptível, apesar da pouca iluminação amarela da avenida na madrugada.

Rodrigo contornou o canteiro lentamente, ainda indeciso se parava ou não… Mas era tarde! Já havia sido alvejado pela flecha do amor. Ou, para ser menos romântico… Fora fisgado pelo anzol do desejo!

“A rotina do Rabo Verde” e outras trinta cronicas policiais estão no livro “Quem matou o suicida”.

A sedutora abordagem aconteceu na rotatória da Ayrton Sena, quase em frente a Honda…

Ao ver a mariposa dar dois passos em sua direção ele não resistiu… Parou lentamente o Palio branco na beira do canteiro, já com o vidro do lado do passageiro abaixado.

Precedido por um forte cheiro de perfume barato, um par de seios quase desnudos invadiu seu carro. O cordão do bustiê dava uma volta no pescoço e vinha fazer um laço na garganta. Bastaria puxar o laço e os seios brancos e fartos, ligeiramente flácidos – devido ao excesso de uso – despencariam no banco do passageiro!

A jovem de cabelos loiros e curtos, cútis muito branca, cílios falsos, estatura mediana, não tinha mais que vinte anos, embora o know-how no ramo dissesse mais! Dependurada no salto da bota preta, ela ficou quase um minuto sensualmente inclinada na porta do carro… tratando de negócios!

Se tivesse alguém atrás e o local fosse mais iluminado, poderia ver a protuberância de pelos pubianos descoloridos com água oxigenada…

– E aí, gato… me dá uma carona? – Perguntou a beldade, cantando.

– Até onde você vai…? – indagou o ‘garanhão’.

– Por 20 reais sou toda sua… Você me leva onde você quiser!

O cansado viajante quarentão tinha mulher esperando em casa! Mas vai que ela estava naqueles ‘quatro dias’!? – pensou ele. Ademais, qual o problema com uma aventurazinha de meia hora por 20 reais?

E resolveu pechinchar…

– Até onde podemos ir por 10 reais?

– Ah, gato, você está duro, é? Por 20 você me leva onde quiser… e eu te levo para as estrelas… – Respondeu a loirinha com voz melosa, puxando o laço do bustiê, ao mesmo tempo que fingia vexamento e protegia os seios brancos e voluptuosos com a outra mão…

Seus ‘argumentos’ foram mais que suficientes! A porta do Palio se abriu e ela entrou!

Não precisaram ir muito longe. Sob a luz cândida de um filete de lua crescente que já diminuía e se escondia – talvez envergonhada! –  por trás de um pé de Marolo, numa rua deserta do bairro São Fernando, no trevo da Fernão Dias, a vendedora de prazer entregou a mercadoria…

Não teve trabalho nenhum para se despir… Já estava praticamente nua!!

Entre ‘preliminares e bem-bom’ o ponteiro das horas nem deu meia volta no relógio. Saciado o desejo e desfeito o ‘stress’, Rodrigo retirou o dinheiro da carteira, entregou o mico leão dourado à cliente e tornou a guardá-la debaixo do banco do motorista. Saiu por alguns instantes do carro para se recompor, entrou novamente e minutos depois se despediu da “loirinha de vinte” na beira da rodovia.

Ao retomar a viagem para casa foi pensando na proeza!

– Legal… Descarreguei a tensão – e o tesão! – durante meia hora por R$ 20 reais!

Ao lembrar da merreca que pagara pelos momentos de prazer com a loirinha, instintivamente Rodrigo passou a mão por baixo do banco do carro e !!!… Cadê a guaiaca???…

Parou assustado no radar do Cidade Jardim! Desceu do carro, debruçou-se atrás do banco, passou a mão por baixo, revirou tudo e… só o pó!!! Literalmente!

Sua carteira com documentos, cartões bancários, novecentos e cinquenta reais e alguns cheques de clientes, haviam viajado… Com outro dono! Ou dona!?

Voltou ao local do crime! Quero dizer, ao local do ‘amor’… Mas encheu-se ódio!

No local do ‘bem-bom’ com a loirinha de ‘20’, procurou frenética e inutilmente pela carteira! Desceu para o trevo, procurou por ela, mas… Nem o rastro. A única coisa que ficou foi o perfume barato da mariposa impregnado nas narinas!

Voltou à cidade, subiu lentamente a Perimetral olhando atentamente para cada vulto esguio na penumbra da avenida procurando pela mariposa loirinha – havia ainda duas ou três rodando bolsinha por ali à procura de um ‘programinha de 20’. E foi pensando:

– Se eu pegar aquela sacana vou lhe dar uma carona de 100… Pros quintos dos infernos!!

Mas, necas de catibiribas! A “loirinha de 20”, de seios voluptuosos e perfume baratééééézimo já havia encerrado o expediente! Ganhara numa só noite o suficiente para tirar duas semanas de férias!

Restou ao viajante solitário, envergonhado e duro – ou seria mole? – procurar a polícia para registrar um B.O. no meio da madrugada!

O ‘programinha de 20’ saiu cariiiinho… Mas também, quem não gosta de carinho, né?

Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC!

Deram cama, comida e roupa lavada… Mesmo assim o garoto pegou o atalho das drogas e se perdeu…

   

A chuva que caia fina no telhado e escorria lentamente para a calha produzia um som aconchegante. Muito bom para dormir! Ah, se pudesse dormir! Ah, se tivesse sono! Mariana estava sentada no sofá da sala. Tinha uma revista na mão, mas não lia. Que horas seriam? Sentara-se ali na sala, sozinha, para ver a última parte da novela e ali ficara pensando na vida. Não se lembrava de ter apertado o controle remoto, mas a sala estava em completo silêncio. O único som que se ouvia era o incessante e ritmado bater da água fria no final da calha. Olhou para o relógio do celular… Passava da meia-noite. Seus olhos vagavam sem destino pela singela estante a sua frente. De vez em quando pousava na foto 13×18 no porta-retrato. Os olhos negros do filho naquele rosto arredondado emoldurado pelos vastos cabelos castanhos lisos escorridos, olhavam fixamente para ela! Que idade teria? Ora, claro que ela sabia. A foto fora tirada no dia da formatura dele, na quarta série. Tinha então 10 anos! Outros quinze já haviam se passado. Quanta coisa acontecera desde então! Sua filha mais velha se casara, tinha até uma netinha! Sua filha mais nova nascera. Seu filho caçula também nascera. Seu marido havia… ido embora! O marido não tivera sua força, ou sua paciência, ou sua resiliência, e desistira do filho. Desistira até dela e a deixara com seu fardo. E o garoto de olhos negros e cabelos longos da foto? O que tinha feito nestes últimos quinze anos? O que estaria fazendo agora? Onde estaria naquel momento? Perdera a conta de quantas vezes fizera estas perguntas nos últimos anos.

Mariana levantou-se do sofá, girou o trinco da porta que estava aberta e debruçou-se na mureta de balaústre da pequena varanda da casa simples, na rua de pouco movimento. A chuva continuava a cair fina e mansa. O contraste com a luz do poste quase em frente à sua casa parecia um véu transparente. Parecia mais ainda quando a leve brisa sacudia a chuva. Por um instante Mariana viajou trinta anos no tempo, e se viu recostada no peito do então namorado. Jovem namorado… jovens apaixonados pensando em construir uma família, sem pensar no que a família construiria para eles!

O enlevo durou apenas alguns segundos. A realidade do momento não permitia bucolismo, romantismo… A realidade era dura, crua e nua! A realidade era o filho que só Deus sabia onde estava…

Onde estaria J.C.?

Ele saíra de casa na segunda à tarde…

– Aonde você vai meu filho? – perguntara ela ao ver o filho calçando o tênis para sair.

– Vou dar um rolê, mãe… Não aguento mais ficar trancado em casa!

– Você está bem, JC? Não está sentindo ‘aqueles negócios’ de novo?

– Tá tudo bem. Só quero ver se encontro o Pedrinho. Vou a casa dele… ver se ele tem alguma coisa que eu possa fazer… Não posso ficar parado o resto da vida!

Mariana sabia que não. JC precisava trabalhar. Tanto para se sustentar quanto para se ocupar. Mas será que ele estava ‘pronto’ para isso? Fazia três meses que ele voltara da última clínica e desde então estava em casa. Será que não desandaria novamente? Ela achava que sim. Que o filho não resistiria. Mas nada podia fazer. Manter o filho preso em casa, além de não conseguir, não poderia… Não era a solução. Mas haveria uma solução?

– Você acha que está suficientemente forte, meu filho? Por que não vai amanhã de manhã? Assim você terá mais tempo para procurar um serviço.

– Amanhã o Pedrinho estará trabalhando… Não quero incomodá-lo no trabalho. Mas fique tranquila, mãe… Eu estou bem. Antes de acabar a novela eu estou de volta.

Apesar do medo, da incerteza, da angústia que invadia seu peito toda vez que o menino saía de casa, Mariana sentiu uma certa firmeza nas palavras dele. Firmeza ou pena? Não sabia bem. O fato é que tinha que confiar… e esperar. Apenas esperar. Mesmo que tivesse que ficar esperando até a madrugada, até o clarear do dia, com um terço na mão…

Para continuar lendo “Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC”, acesse https://www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/

Aqui você encontra quem matou o suicida!

O livro está disponível nos seguintes lugares:


O novo livro de Crônicas Policiais de Airton Chips já está à venda. Além de crônicas, o livro trás lendas urbanas, personagens que marcaram época, e mostra a transformação sociocultural do Sul de Minas, especialmente de Pouso Alegre, a cidade que transformou fazendas e pastos em bairros ruas e avenidas e quadruplicou a população nos últimos 50 anos. Cinquenta anos acompanhados passo a passo pelo autor.

Em Pouso Alegre o livro está disponível nas livrarias:

– Livraria Intelecto, Rua Capitão Pedro Narciso, 85 centro (ao lado da antiga estação ferroviária), fone 3422-4097 e 9.8700.4097.

– Livraria “Quiosque do Saber”, no Serrasul Shopping, fone 3427-5559 e 9.9726-3279.

Nas bancas:

– Banca do Toninho, na avenida Duque de Caxias, 128, centro Fone 9.9915-6331.

– Banca Federal (Sergio), praça Garcia Coutinho, 11, centro, Fone 9.9253-0415.

– Banca Catedral (Ligia – Venicio), praça Garcia Coutinho, 01, Fone 9. 9989-3446.

– Banca Central (Ernani), praça Senador Jose Bento, 47, centro, Fone 3421-4610.

– Banca Cometa ( Júlio), praça Senador José Bento s/n, Fone 9.9996-6646.

– Banca do Chico, Avenida Dr. Lisboa (em frente o Bradesco), Fone 3412-1764.

– Banca Alternativa (Cristina), Hipermercado Baronesa, Fone 3449-1743.

Preços dos livros:

* Nas bancas e livrarias R$ 38,90.

* Através do site de vendas www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/ R$ 44,90 ( entregue sem custo em qualquer lugar do Brasil).

* No formato digital, no site Amazon (Kindle), R$ 24,90.  

Por que os cães não atacavam “Fernando da Gata”?

Quase três décadas mais tarde eu descobri o que deixava os esguios Dobermans… ‘tão dóceis’!

‘Bichinhos’ iguais a este nunca atacaram Fernando da Gata… Porque será?

Toda cidade tem uma história de bandido para contar. Algumas têm mais de uma. Pouso Alegre, a cidade que mais cresceu no Sul de Minas no último meio século – pulou de 40 mil em 1970 para 150 mil habitantes atualmente – também tem suas histórias. O mais ilustre bandido que pisou e deixou rastros indeléveis em terras manduanas, atendia pelo nome de “Fernando da Gata”…

O famoso – às avessas! – que passou sorrateiro pela cidade, deixando para trás um rastro de suspense, de medo, de fatos e de boatos, foi Fernando Soares Pereira, o “Fernando da Gata”. O baixinho cearense ficou menos de uma semana na cidade… mas fez estragos em algumas famílias e na população! Tão sorrateiro como agiu na calada da noite o bandido se foi levando quilos e toneladas de joias! Quilos de anéis, cordões e pulseiras de famílias abastadas da cidade… E toneladas de dignidade! Ele estuprou quatro recatadas senhoras, esposas de ricos empresários… na frente dos seus maridos! Vindo de Russas-CE, Fernando da Gata fez escala na capital paulista e, bem que tentou mudar de vida. Trabalhou alguns meses na construção civil, mas seu ‘talento’ criminoso era por demais valioso para ser desperdiçado debaixo de sacos de cimento, pilhas de tijolos e latas de concreto! O famigerado bandido nascera talhado para grandes empreitadas… ainda que fossem para o mal! Em poucos meses de atividade criminosa na capital paulista, o Eldorado dos nordestinos, o baixinho cearense se tornou celebridade… no álbum da polícia! E colocou toda a polícia civil paulistana nos seus calcanhares… E a imprensa, ávida por furos jornalísticos, também!

Foi assim que, para dar folga às madames paulistanas, o assaltante solitário foi parar em Pouso Alegre em meados de 1982. Fernando da Gata chegou à cidade no mês do ‘cachorro louco’! Não por acaso, de todos os predicados atribuídos a ele, o principal, era exatamente sua capacidade de acalmar e dominar ‘cachorros loucos’! Não eram exatamente loucos, mas eram ferozes cães de guarda, especialmente os esguios ‘Dobermanns’, os quais reinavam nos quintais das mansões naquele começo de década depois que a luzes se apagavam! Ninguém ousaria entrar nos quintais na calada da noite. Ninguém… menos Fernando da Gata! Os donos das casas até ouviam os latidos ferozes dos seus ‘dobermanns’ no meio da noite. Mas quando se arriscavam a abrir a porta ou espiar pela janela, lá estava o amigo fiel sentado num canto do quintal! Atento, mas silencioso. Como se tivesse visto apenas um gato em cima do muro e o intruso já tivesse ido embora. Minutos depois o gato, quero dizer, o “da Gata”, estava no seu quarto apontando um trabuco para o seu nariz!
Mas como o esguio Dobermann parou de latir e se aquietou no canto?
Esse foi o grande mistério que Fernando da Gata levou com ele no crepúsculo de um dia frio de inverno, no começo de setembro, nas margens do Rio Sapucaí, uma semana e meia depois de protagonizar a maior caçada policial da história e colocar Pouso Alegre no mapa nacional com suas façanhas. Fernando da Gata não matou os cães de guarda. Sequer tocou em algum cachorro! Ou talvez tenha tocado… para lhes fazer um cafuné!

– Como pode, um cachorro que quase pula muros para atacar quem passa na calçada do lado de fora, ficar quietinho no canto do quintal enquanto o bandido entra e arromba a porta da casa do dono? – Perguntavam as pessoas com os olhos saltando das órbitas.

– Ele tem parte com o demônio! – Respondiam umas, fazendo o sinal da cruz!

– Ele hipnotiza os cães! – Diziam outras, incrédulas.

Seu fascínio sobre os ferozes Dobermanns – ou o contrário! – virou mito. Vinte e sete anos depois da sua morte desvendei o mistério… E matei o mito!

O livro está à venda…

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