Tensão na beira do rio

       Se soltasse a corda… morreria o filho! Se não soltasse, morreriam os dois!

“Popota retirou a cápsula vazia e colocou outra intacta no tambor. Girou, esticou o braço, apontou a arma para Renato e lentamente foi movendo o braço e o Taurus na direção de Mateus. A tensão aumentou. Seria mais uma cena de tortura… ou desta vez ele atiraria? – pensou Renato. De repente um novo estampido cortou o espaço espantando um ou outro sabiá que pousava nas frondosas mangueiras. A bala desta vez tinha um alvo. Um alvo indireto, mas tinha um alvo. Atingiu em cheio a perna esquerda traseira da cadeira. Sem uma das pernas a cadeira caiu de costas para trás. Só o impacto da bala talvez não fosse suficiente para derrubá-la do barranco. Mas no susto Mateus deu um salto para trás e caiu do barranco! Desta vez Renato estava acompanhando o alvo e não o movimento do dedo do bandido. Foi providencial! Quase com um só salto desesperado ele agarrou o filho pendurado no barranco! Enquanto tentava desesperadamente trazer a cadeira e o filho, amarrados, de volta, Popota lentamente substituiu o projétil deflagrado por outro, levantou-se do tosco toco, deu três passos adiante, apontou o Taurus para Renato e ordenou:

– Solte a cadeira!

A perna da cadeira não aguentou o peso e se quebrou. Num milésimo de segundo Renato conseguiu segurar a corda que prendia os pés do filho à madeira, mas ele desceu um pouco mais. Agora ele estava totalmente pendurado no barranco. Popota votou a ordenar:

– Solte a corda!

Renato podia sentir o calor do bandido a um metro apontando o revólver para ele. Olhou para baixo, para aquele poço sereno. Nem sinal de Tortuga que havia mergulhado ali minutos antes. Se o filho estivesse livre das amarras talvez tivesse alguma chance. No entanto, preso ao que restava da cadeira velha, teria morte lenta e desesperada se debatendo no fundo do rio, se ele soltasse. Se não soltasse… o bandido mataria os dois!

– Vou falar pela última vez – soou a voz, agora colérica, do psicopata.

Depois silencio total. O filho suspenso apenas pelo braço direito já pesava o dobro. Pode ouvir o leve ranger da mola do gatilho sendo pressionada para trás. Apesar da fé, contraiu os ouvidos para minimizar o estrondo. E o estrondo veio”…

 

Esse pequeno trecho é parte integrante do romance policial de Airton Chips:

“UMA VIAGEM QUE NÃO CHEGOU AO FIM”.

O livro está disponível no site da ‘Editora Dialética’ ou, através do WhatsApp 35 9.9802-3113.

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