Taxi ‘ensinado’ refuga e deixa assaltantes à pé

       O leitor atento e saudosista deve se lembrar de alguma cena parecida em filmes de cawboy de Giuliano Gemma… O ladrão monta no cavalo roubado, começa cavalgar, de repente o alazão escuta o assovio do seu dono, pára repentinamente estacado, atirando o cavaleiro ao chão e volta abanando o rabo para o dono…

       Na minha charmosa e saudosa Monte Sião aconteceu algo parecido nesta sexta feira. Tres guampudos pegaram um taxi na praça da rodoviaria e seguiram para o bairro Batinga na zona rural. A certa altura do caminho um deles sacou uma faca, encostou no pescoço do taxista e anunciou o assalto. Deixaram o motorista falando sozinho na estrada poeirenta e seguiram do Batinga para o Batinguinha, tentando chegar à MG 459 para sumir em direção à Ouro Fino. Rodaram pouco mais de um quilometro, de repente o sensor de travas entrou em ação, travou o motor  e o possante empacou no meio da estrada, igual o cavalo ensinado do Giuliano Gemma…

        O taxista só teve o trabalho de ligar para a policia e caminhar calmamente alguns metros pela estrada. Nos seus braços o possante deixou de birra e voltou sorridente para Monte Sião. O trio de assaltantes trapalhoes teve que voltar para casa à pé, pelo mato, escondendo da policia e pior… a batata está assando pra eles…

Anselmo “da Gata” ataca em Camanducaia

O comerciante estava preguiçosamente estirado no sofá da sala assistindo um filme na virada da noite e nem percebeu que um vulto desfilava sorrateiro pelos quartos da casa. Ao perceber a aproximação de uma viatura da policia na rua o vulto pula como um gato, a janela e vai se esconder no telhado da casa vizinha. As duas da madrugada, quando o comerciante vai dormir, o gatuno atravessa novamente a janela, pega a televisão ainda quente, coloca nas costas e vai embora.

Na noite seguinte o mesmo gatuno sorrateiro atravessa a janela do banheiro de outra residencia no mesmo bairro, enquanto a dona da casa dorme e quando está separando uma mochila infantil com roupas e tapetes para viagem, eis que surge o marido dela. Nada de desespero… É para estes momentos que servem as portas… para se esconder atras dela. Ele ainda ouve o dialogo do casal:

– Ué, amor, fez faxina hoje… tudo arrumadinho, dobradinho….

E ela sonolenta…

– Ahn, amor, que faxina …? Apaga esta luz e vem dormir!

Quando as luzes se apagam o gatuno sai de tras da porta, coloca as roupas e objetos que interessa, até um tapete de banheiro, na mochila e vai embora.

Na casa da medica Maria Isabel, noites depois, as cenas se repetem na calada da noite. Desta vez o enredo é mais emocionante. Quando o vulto sombrio vasculha a casa na penumbra, a medica desperta, acende a luz e…

 

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Maria da Penha … Protetora das mulheres fracas e oprimidas

       Era uma vez uma jovem biofarmaceutica cearense chamada Maria. Um dia ela conheceu um simpático professor colombiano chamado Marco Antonio e dele se enamorou.

 

        Apesar de saber que o que vem, da Colômbia não se deve cheirar, a jovem e sonhadora Maria se deixou levar na lábia do ‘hermano’ e casou-se com Marco Antonio. Ao assinar a certidão de casamento, sem saber, assinou também o passaporte para o inferno. Foram seis anos de maus tratos, aviltamento e manguara. Tudo causado pelo ciúme exacerbado e doentio que Marco Antonio trouxera da Colombia. Certa noite o marido violento foi ao extremo do ciúme que sentia de Maria. Aproveitando que ela estava placidamente nos braços de Morfeu, Marco Antonio apontou-lhe o revolver e puxou o gatilho. Colombiano é ruim até de pontaria. A penumbra do quarto não lhe permitiu acertar um ponto vital e o tiro atingiu as costas da mulher. Maria não morreu, mas ficou paraplégica. Quando a policia chegou, o professor dissimulado disse que um assaltante havia invadido a casa e atirado em sua esposa.

      Depois de meses internada, Maria voltou para casa e seu martírio foi ainda pior. Entrava no borralho de manha e era trancada em casa para entrar na manguara de tarde. Um dia, ao vê-la na banheira o marido sentiu os ohos brilharem de satisfação e maldade: era hora de terminar o que começara meses atrás… tentou matá-la eletrocutada e não conseguindo tentou afogá-la na banheira. Maria, no entanto tinha uma missão a realizar no século XXI; salvar as mulheres indefesas dos maridos e namorados violentos, por isso sobreviveu também ao afogamento e a eletrocussão. Dias depois conseguiu finalmente sair das garras do marido com as três filhas e foi à luta para mandar o marido assassino para a cadeia.

      Dez anos depois Maria conseguiu sentar Marco Antonio Heredia Viveros no Banco dos Réus. Ele foi condenado a 15 anos de cadeia. Como Fortaleza também é Brasil, ele recorreu e continuou em Liberdade esperneando na justiça. Em 2002, faltando um ano para caducar os crimes cometidos pelo agressor de mulheres, finalmente Marco Antonio foi condenado e preso. Ficou menos de dois anos vendo o sol nascer quadrado!!!

       Maria continuou inconformada com a leniência da justiça brasileira. Mas como brasileiro não desiste nunca, ela continuou na luta. Levou o caso à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da OEA… O episodio de Maria finalmente virou caso de policia e passou a ser discutido e tratado como caso de violência contra mulher no âmbito familiar.

       Em agosto de 2006 as violências contra Maria, cujo nome completo é Maria da Penha Maia Fernandes, virou lei numero 11.340… Lei Maria da Penha. No dia seguinte no dia de janeiro, um valentão caiu nas garras de Maria da Penha e foi conhecer Bangu I.

        A diferença da Lei Maria da Penha para as demais está no rigor e quantidade da pena. Antes o valentão que descia a manguara na mulher, era levado para delegacia, sentava ao piano assinava um TCO e era liberado. Muitas vezes voltava para casa pelo mesmo caminho e às vezes chegava em casa antes da mulher amassada, digo, amada. Agora, se a mulher que recebeu bolachas, socos e pontapés quiser, o brucutu vai direto para o Hotel do Juquinha e quando sair de lá um pouco mais macio, tem que manter-se a mais de 100 metros dela.

… Mas a lei somente será cumprida se a mulher aviltada, amassada, esfolada, esculhambada e apaixonada… quiser!!!!

        Maria da Penha teve dignidade e coragem para lutar contra a violência domestica no ambito familiar e mandar o marido valentão para a cadeia. Sua luta tornou-se lei e ela tornou-se a heroína das mulheres fracas e oprimidas. No entanto, milhares de mulheres continuam apanhando dos maridos Brasil afora. Em muitos casos a policia é chamada e faz seu papel. Na delegacia de policia, no momento de assinar a ‘queixa’ contra o brucutu, a mulher ofendida amarela – perdoem-me a grosseria da cacofonia – mija para trás, desiste de processar o companheiro, resolve dar mais uma chance a ele… Voltam para casa de braços dados. Nos primeiros dias trocam juras de amor, uma caixa de bom-bom, um buque de flores e logo tudo volta à rotina… e a falsa Maria da Penha, com ‘m’ minúsculo, continua entrando no borralho o resto da vida. Muitas vezes o resto é apenas um ‘restinho’, dura poucos dias…

        A Lei Maria da Penha está aí para defender todas as Marias. Mas nem todas as Marias são da Penha.

        Você é uma delas…???

Ladrões ‘bijuterias’ roubam jóias em Itanhandu

       A comerciante E.M.M. 65 anos estava quieta no seu canto, lustrando anéis, pulseiras, brincos e cordões na sua joalheria no centro de Itanhandu, às onze da manha, quando ali entraram dois novos clientes muito pouco polidos. O mais alto deles, H.L.E.G. sacou um trezoitão e anunciou o assalto. Diante da mira do trabuco a funcionaria M.P.R. encheu a mochila dos assaltantes com jóias diversas. Logo em seguida foram trancadas no banheiro.

        Os assaltanates de primeira viagem deixaram o local à pé e logo pegaram um taxi para dobrar a serra do cajuru. Apesar de roubarem jóias, eram ladrões bijuterias, destes que mal sabem quando estão com fome… Não tinham dinheiro nem para pagar o taxi até a próxima cidade. Desceram no meio do caminho e seguiram a pé.

        A policia militar registrou o B.O. e saiu na sombra dos meliantes. Na estrada de Passa Quatro encontrou o taxista já voltando, o qual indicou onde havia deixado a dupla de Manés. Ao avistar a viatura policial os assaltantes pés de chinelos dispensaram a mochila com as jóias e se embrenharam num matagal. Um deles vazou. O outro tropeçou nas malhas da lei e caiu nos braços dos policiais.  Há poucos metros dali estava a mochila com R$ 15 mil em jóias e o trezoitão usado para gelar a espinha das comerciantes.

      A julgar pelas trapalhadas dos ‘assaltantes bijuterias’, parece que tudo que eles queriam era cama, comida e roupa lavada de graça no hotel do contribuinte…

De ‘Chaleira’ e de ‘Trivela’ – 35a rodada

*** …E viva o Ameriquinha!!! Mais um gigante cai diante do Coelho. Amarrem as calças, Galo e Raposa… O Coelho está reagindo e pode deixá-los para trás…

*** Ao apagar o fogo do Fogão, o humilde Givanildo acabou apagando também a estrela do Caio Junior. É o primeiro técnico da historia recente a cair à três rodadas da final do campeonato.

*** Lembram do Tricolor das Laranjeiras em 2009? Passou metade do campeonato com o lombo ardendo, na beira do abismo… De repente enveredou a vencer e foi atropelando todo mundo. Escapou da degola na ultima rodada, exatamente com a pontuação necessária!!!

*** Pois é, além de escapar do rebaixamento em 2009, o Fluminense continuou embalado e chegou ao titulo de 2010… Vamos lá Coelho, se o Fluminense pode você também pode…

*** Decepção dupla do São Paulo. Ao perder para o Atlético-PR, além de se afastar do G4, pode complicar a vida do Ameriquinha na fuga da Segundona.

*** Galo e Raposa fizeram o que se esperava deles na 35a rodada. O Atlético não deu bola para o favorito Coritiba e o Cruzeiro passou sufoco, contou com a sorte, mas conseguiu não perder para o lanterna Avaí…

*** A 35ª rodada mostrou mais uma vez que este ano não tem favorito; O timão venceu ‘às gatas’, o Vascão tropeçou no Porco encalhado e o Urubú do Ronaldinho não passou do empate com o surpreendente Figueira. O Fogão do Louco Abreu? Foi apagado pelo vento forte e rápido do Coelho.

*** O único Carioca do G4 a se dar bem foi o Pó de Arroz num eletrizante vira-vira com o Tricolor Gaucho.

*** Falando em gaúchos, ao bater o Bahia do papai Joel, o Inter do Dorival Junior se aproximou do G4. Vai acabar roubando uma vaga dos Cariocas na Libertadores.

*** O Boa Esporte de Varginha/Ituiutaba colocou açúcar na boca do torcedor da região ao se aproximar do G4 da Segundona. Criou a expectatica de que subiria e veríamos bons jogos no Melão em 2012… Mas azedou. Deve disputar ano que vem a Copa do Brasil, se vencer a Taça Minas Gerais que está liderando.

*** Que venha a ante-penultima rodada… que o Atlético vai cantar de ‘Galo’ no Pacaembu!!!    

1

Corinthians

64

2

Vasco

62

3

Fluminense

59

4

Figueirense

57

5

Flamengo

56

6

Botafogo

55

7

Internacional 

54

8

Sao Paulo

53

9

Santos

52

10

Coritiba

51

11

Grêmio

47

12

Palmeiras 

43

13

Atletico-GO

43

14

Atletico Mineiro

42

15

Bahia

42

16

Cruzeiro

38

17

Atletico PR

37

18

Ceará

35

19

America

34

20

Avaí                                                                   30   

Aconteceu o 36º homicídio em Passos

       Há dias venho pensando em abordar o assunto aqui no blog, mas estava evitando tocar na ferida para evitar o “foi só falar, aconteceu” ou “falou cedo demais” ou ainda: ” Foi só falar no capeta… ele apareceu!!!”

      Na verdade eu esperava que a ‘aragem’ na chuva de assassinatos na cidade de Selton Melo, “o homem invisivel”,  durasse mais tempo, que completasse ao menos 40 dias… não deu. Mas de qualquer forma, foi um recorde no ano. Desde janeiro, quase toda semana a imprensa anunciava um novo assassinato ou tentativa. Desta vez a trégua foi mais longa…  Exatas cinco semanas, 35 dias sem morte ‘matada’ em Passos.

      O ultimo passense a bater às portas de São Pedro fora Tiago Rodrigo, na quinta feira 13 de outubro. A bandeira branca foi jogada por terra na madrugada desta sexta. Curiosamente o novo hospede de São Pedro é um dos mais velhos dentre os passenses mortos a tiros na cidade em 2011. Adão dos Reis tinha 41 anos, já fora processado por homicídio, tentativa de homicídio e roubo. Como a quase totalidade dos mortos à bala este ano, também tinha envolvimento com o submundo das drogas. Adão recebeu a saraivada de balas, no meio da madrugada, no bairro Novo Horizonte, o velho Aterrado de Passos.

      Foi 0 36º homicídio na cidade no que se finda.  No mês passado, antes do assassinato de Tiago na quinta, Edson Rodrigues havia sido morto na quarta e Weverton Fernandes no sábado, ou seja, três crimes numa só semana!!! Será que outros passenses ‘fichas sujas’ serão despachados à bala em Passos ainda esta semana???

Mamado, chapado, armado de facão … e nocauteado por Maria da Penha

Segunda feira gorda, feriadão prolongado, chuvinha fina caindo, ocasião propicia para uns amassos na loira gelada e se entregar às caricias de Morfeu debaixo dos cobertores… Foi o que fez, ou tentou fazer, o lavrador Francisco Carmo do Nascimento, 36 anos morador do bairro Limeira. Só faltou combinar o programa com a esposa Marilza dos Santos Maia de 32 anos.

Depois de pendurar-se no pé de cana Francisco chegou em casa exalando o tradicional bafo de jibóia, querendo comida quente e chamego… Mas o caldo entornou. Armado de um imenso facão, ele ameaçou arrancar o escalpo da mulher e dos quatro filhos imberbes. Como ela se trancou dentro de casa, ele arrombou uma janela na ponta da lamina e danificou um computador. O estrago não foi maior porque a ‘5ª Cavalaria’ chegou logo depois que Marilza digitou o 190.

Marilza vem sendo aviltada, agredida e ameaçada por Francisco  há muito tempo, por isso aproveitou o embalo para cortar de vez o cordão umbilical … informou que o marido valente, além da paixão por Severina do Popote, tem também um caso forte com a erva marvada. E tinha mesmo. Em sua algibeira os homens da lei encontraram um patuá da erva. Com pulseiras de prata, já no interior do taxi do contribuinte, Francisco continuou fazendo juras… de morte à Marilza: “Quando eu sair da cadeia, vou te matar”!!! Na DP sentou-se ao piano, assinou 163, 147 e 28 teve a fiança arbitrada em R$570 reais. Como o bolso estava vazio, foi se hospedar no Hotel do Juquinha.

Com toda valentia.. foi nocauteado por “Maria da Penha”

A volta de Zeca Juru, o bom matuto

      Semana passada, na festa de posse dos novos chefes da policia civil de Pouso Alegre na Camara Municipal, encontrei meu velho amigo Zeca Juru, que há anos não via. Foi um encontro emocionante. Numa rápida conversa antes das solenidades, o bom matuto mostrou que está afiadinho…

– Ora, ora… se não é o meu amigo Zeca Juru!!! Como é que vai? Por onde tem andado, meu velho?

– Ara, mai é ocê memo, Airto Chips !!! Oce qui sumiu, rapaiz… a muié num dexa mais cortá o cabelo?

– Pois é Zeca. Se eu cortar, perco a mulher…

– Mai ta muderno, heim!!! De brinquinho na oreia!!!

– Liga, não Zeca. Depois dos 50, aposentado e com três filhos, agora posso sair do armário, né… – Brinquei.

– Ói, lá rapaiz!!  Vamos larga de lenga-lenga e sentá ali naquele canto sussegado eu tô com sodade de prosiá coce…

– Vamos Zeca Juru. Eu também estou com saudades das nossas prosas. Faz anos que não te vejo. Outro dia estive lá na sua casa no pé da serra do Cajuru mas não achei ninguémem casa. OTotonho, seu vizinho me disse que você estava viajando…

– É seu Chips, eu fui visitá o fio que ta trabaiano em Brasía…

– Uai, Zeca, você não é do tipo que aceita favores de políticos. Como é que foi empregar seu filho em Brasília?

– I num aceitei memo… num é imprego pulitico, não. Ocê se lembra do meu fio do meio, o Chiquinho, aquele mirradinho?

– Aquele que não gostava de trabalhar na roça?

– Puisintão. O danadinho cismô de querê i pra cidade istudá e fazê facurdade di direito. Si formô, garrô istudá maium tanto inté arta hora da madrugada e acabô passano no concurso do tribunar di justiça. Ta ganhano uma nota preta… cus mérito dele próprio.

– Que coisa boa Zeca!!

– …Agora tá trabaiano na capital federar, pertinho da Dirma…

– Ta importante o menino, heim Zeca Juru?

– … Capaiz dele ganhá pur meis o qui eu num ganho pur ano prantano mio, fejão, fazendo quejo e criano galinha i uns porquinho caruncho lá no Cajuru… Mai eu num to gostano não, seu Chips. Brasía tem rato dimais… To cum medo do fio se dexá contaminá…

– Ora Zeca, fique tranqüilo. Educação e caráter se traz do berço. Tenho certeza que ele aprendeu este valores com você! Mas me conte, você gostou de Brasília?

– Ahn… maomeno, seu Chips. Lá tudo é grande, tudo é longe i tudo é farso i sem vida. Brasía divia di sê conhicida como a capitar da mintira… Ô povinho mintiroso, sô. A disonestidade foi passiá lá i resorveu ficá… Da ponta da ispranada dos ministério inté o palácio da arvorada, é custoso achá um cabocro onesto… Confesso qui eu fiquei cum vergonha di ficá lá.

– Não são tantos assim, Zeca, mas de fato tem muito político em Brasília envergonhando o país. È preciso dar um basta na corrupção…

– É seu Chips, vamo vê si a ficha limpa vai limpá um poco a sujerada da capitar… Óia lá, já vai começá a cerimonia. O Carlo Eduardo vai passá o comando da policia civir da região para o Joãozinho…

– Joãozinho!!! De onde que você é tão intimo assim do Dr. João Eusébio, Zeca Juru?

– Ara… o delegado João é amigo véio desdi quando era detetive lá im Bueno Brandão… Um cumpadre meu pricisô chamá um genro forgado na chincha i ele foi muito atencioso i correto. Desdi aquela época eu tenho acompanhado os passos deli. Deus qui ilumine o Joãozinho nessa nova impreitada… eli merece.

– Com certeza. Zeca Juru, eu vou ter que tirar umas fotografias… Qualquer dia destes eu apareço lá no Cajuru para tomar o cafezinho da Filomena e continuar esta conversa. Fico feliz em revê-lo…

– Eu fiquei mais inda, seu Chips. Aparece sim que a Filomena também ta com sodade…

 

 *Zeca Juru é um caboclo bom de prosa e de bom coração. Ele mora com a família, suas vaquinhas e galinhas, numa casinha branca perto de um riacho, atrás da serra do Cajuru. A simplicidade fez xele um sábio. Zeca Juru sabe quase tudo que acontece na cidade grande. Semana que vem a gente continua nossa conversa, aqui nesta tela. Você vai gostar.

Caim tenta matar Abel… e o contribuinte paga a conta

         Nas minhas incontáveis viagens do centro da cidade para o novo hotel Recanto das Margaridas tinha uma pessoa que invariavelmente víamos todos os dias. Moreno claro, feio e asqueroso, estatura mediana, calça de moleton e camiseta surradas, às vezes sem camisa, de tênis, de chinelo ou de pés no chão, lá ia Funil… magérrimo, rápido, calado. A cada dia ‘afunilava’ mais. Meu parceiro Benicio que o conhecia de outros carnavais se limitava a comentar;

      – lá vai o funil, cadeieiro velho… Tá que é só o pó… um restinho. O pai dele vive no asilo. Quando bate a fissura ele pula o muro do asilo e espanca o próprio pai em busca de dinheiro para comprar droga. O crack vai acabar logo com ele se ele não acabar com o crack .

        Apesar da vida torta de Funil, nossos caminhos não se cruzaram. Aposentei e certo dia fui com a esposa fazer uma visita ao novo Hotel Recanto das Margaridas. Enquanto ela atendia seus impacientes pacientes com micoses, alergias, asmas e outros bichos no consultório improvisado, encostei-me à grade do pátio para jogar conversa fora com meus antigos ‘clientes’. Um senhor se aproximou, puxou prosa e logo dominou a ‘palestra’. Claro, pele rosada, barba feita, cabelos penteados, saudavelmente gordo, bem trajado e muito politizado. Quando perguntei qual fora sua bronca, pensando que talvez fosse depositário infiel, pensão alimentícia ou quem sabe estelionato, o “Lia” que ouvia nossa conversa deu uma risada e entregou:

       – Ahh, Chips, este é o Funil….!!!

       Baixei os óculos escuros para conferir. Era mesmo o trapo do Funil. Quero dizer, o novo Funil, há vários meses sem queimar a famigerada pedra bege fedorenta. Parecia realmente outra pessoa, na aparência, nos gestos e na prosa. Eu já havia visto muitas mudanças parecidas… e muitas recaídas.

        Torci como sempre, para que o vistoso e saudável Funil nunca mais se afunilasse nas drogas. Infelizmente, torcida não ganha jogo…

        Funil tinha pouca pena para pagar. Havia descumprido ordem judicial para freqüentar o CAPS por isso fora preso. Mas logo voltou para as ruas… e para o vicio. Eu ainda teria muitas noticias dele, inclusive no PSF I onde ele ia buscar medicamentos tarja preta para trocar por pedra bege fedorenta. Usava até a irmã para tentar duplicar a receita de rivotril e trocar por drogas.

        Outro dia a campainha da minha porta tocou. Abri o portão, era o velho Funil. Tão esquelético e maltrapilho quanto quando eu o conheci cruzando ligeiro e ressabiado a avenida que separa o centro do Recanto das Margaridas. Ele não me reconheceu, ou fingiu não reconhecer. Apresentou-me uma receita medica dizendo que precisava de dinheiro para comprar os remédios. Peguei a receita e orientei-o a voltar depois para buscar os remédios. Isso foi há três meses, não o vi mais, mas ele continua em cena.

       Contrariando as estatísticas, tal como a AIDS, o crack não está mais matando rapidamente. Antes de matar, a droga faz um tremendo estrago no viciado, na família dele, na sociedade e no bolso do contribuinte que tem que financiar a policia para correr atrás dele, para cuidar da sua saúde e reinseri-lo na sociedade. Segundo Alexandre Padilha, Ministro da Saúde: “O crack se tornou uma epidemia. Por isso é preciso uma coordenação de ações de segurança publica, de saúde, de educação, de reinserção social para combatê-la.”

      – Espere um pouco! O que Abel & Caim tem ver com esta matéria? Ah… chegamos lá.

       Esta foi a ultima façanha do Funil. Em meio à fissura da droga, Funil pegou no tapa com seu irmão Marcio Valentim, que também não é flor que se cheire e bateu-lhe tanto com socos e pontapés que o mano foi parar no hospital, na UTI e está com a vida por um fio. Fio mesmo… se tirar da tomada ele morre. Com um detalhe: enquanto Marcio Valentim, que foi transportado de UTI-móvel para o hospital regional de Pouso Alegre no sábado à noite está ocupando um leito de UTI outra pessoa que não tem nada a ver com drogas, poderá morrer por falta de leito no Susfácil. Aliás, isso aconteceu! O trabalhador Jose Maria da Silva, de 62 anos, morreu na madrugada de domingo na Santa Casa de Campanha por falta de vaga no Susfacil na região!!!

        Ah, mais um detalhe. A irma do Funil está fazendo corrente de oração pela saude do Marcio – tudo bem – mas não comunicou a tentativa de homicido à policia…

     …. E tem gente fazendo campanha para liberação das drogas!!!!

Amor à prova de fogo em Camanducaia

       A pequenina e bi-centenaria Camanducaia, incrustada nas barbas da Mantiqueira, caminho inevitável para quem vai à bucólica Monte Verde, sempre esteve presente nas paginas policiais. Ultimamente a criminalidade tem estado sob controle, mas não deixa de registrar alguns casos pitorescos e românticos.

        Ano passado publiquei na minha Coluna impressa a historia de um casal de pombinhos que tentou reviver a historia de Romeu e Julieta numa versão moderna. A jovem Capuleto era bem jovem mesmo, apenas 15 anos, o Montechio, também… tinha 17. Mesmo assim queriam reviver o romance ‘caliente’ de Verona. Como os familiares não aprovavam o enlace prematuro, o casalzinho quis mostrar a todos que estava disposto a morrer por amor. Ambos passaram uma gilete nos pulsos… E foram estancar a hemorragia no Pronto Socorro.

        O ultimo caso de amor que terminou em B.O., ainda rende freqüentes visitas à este blog. Aconteceu no mês passado. Depois de passar ardentes momentos no “Motel Momentos”, a jovem quis colocar um ponto final no romance e voltar para o antigo marido. Doente de amor o jovem preterido amarrou-se num pé de cana, pegou o volante do seu golzinho e enfiou-se debaixo de um poste, mas sobreviveu. No dia seguinte, ao sair do hospital, foi se deitar na pista de rolamento da Fernão Dias para por fim ao seu suplicio. Por ‘garantia’, deitou- se justamente  defronte o alojamento dos Anjos do Asfalto da Intervias, facilitando assim o seu salvamento.

         Esta semana foi a vez do servente Alexsandro P. Andrade escrever  sua pagina no romance policial de Camanducaia. Alexsandro traz no peito um amor de infância pela esposa. Juntou os cobertores com F. aos treze anos de idade. Agora aos 33 anos, vinte de amor, sublime amor, beijos e alguns ‘tapinhas’, tem quatro filhos entre 9 e 15 anos. Ultimamente o idílio do jovem casal tem estado meio abalado por pequenas desavenças familiares. No domingo, depois de uma ligeira discussão F. disse que ia embora. Alexsandro imitou Jane & Herondi… “Não se vá…” e para convencer a cara metade a ficar, brincou de colocar fogo no próprio corpo. Encharcou-se de álcool e enquanto refazia suas juras para a esposa, com o isqueiro na mão, de repente, vluoop … pegou fogo. O incendiário apaixonado sofreu queimaduras de 2º e 3º graus nas mãos, braços, peito e rosto mas passou pela prova de fogo do amor.

       Embora as más línguas afirmem que F. ‘já se fora para outros braços’ – deve ser maldade!! – o sólido amor do casal parece ter resistido ao fogo, pois todos os dias F. vai visitar o marido no hospital. Vai ficar cicatrizes… nos dois.