Passos chega ao sexto homicídio em 2012

Menos de 24 horas após divulgar a redução de 45% no índice de homicídios na cidade, Passos reabre o gráfico para lançar mais um assassinato, o ultimo do mês de março.

O cidadão bateu à porta de São Pedro no inicio desta madrugada, 31, em via publica, próximo a um posto de gasolina, no bairro Jóia, no momento em que ia se encontrar com a namorada no posto.  Ela chegou a ouvir os disparos fatais, mas afirma não ter visto quem puxou o gatilho.

A policia não informou  a motivação do crime, mas ele foi morto com três tiros na nuca, ‘modus’ típico de execução, que tanto pode ter sido motivada por divida de drogas quanto por crime passional.

Teria a namorada algum envolvimento com o crime? Teria ela armado o encontro na madrugada mancomunada com comparsas para atrair o namorado e jogá-lo nos braços do inimigo? A policia militar, que registrou o sinistro, não aventou e nem descartou tal possibilidade.

Agora são seis homicídios em 2012. No ano passado foram 46.

TAÇA POUSO ALEGRE DE FUTSAL ADULTO = 5ª RODADA

A 5ª Rodada da Taça Pouso Alegre de Futsal Adulto movimentou na noite de quinta-feira (29/03) mais duas partidas. A primeira partida marcada para as 19:30 foi transferida para o dia 17 de abril, por motivos de força maior. Na segunda partida da noite se enfrentaram as equipes do Saúde e Associação Esportiva Estrelas do Sul, onde ficaram num empate em 4 x 4.

 

Marcaram  os gols:

 

Saúde 4 x 4 Associação Esportiva Estrelas do Sul

Saúde: Rafael Souza, Plínio Helder, Clayton Sandoval, Mauro Gustavo;

Associação Esportiva Estrela do Sul: Oswaldo Custódio, Claudio Grillo, Juliano José.

 

Na última partida da 5ª Rodada a equipe União  São Geraldo venceu a equipe da Vila Dom Nery por 8 x 2.

 

Marcaram os gols:

 

União São Geraldo 8 x 2 Vila Dom Nery

União São Geraldo: Marco Antonio (2 gols), kelvin Xavier, Alyson Elias, Marcelo Pereira (2 gols), Israel Dias e Flavio Augusto;

Vila Dom Nery: Darlen Mendes (2 gols).

Sueco vai trabalhar de graça em Santa Rita do Sapucaí

A noticia é velha, mas o comentário e o esclarecimento são novos.

Ao pé da noite do ultimo domingo, dois veículos da Fiat, um Uno e um Idea se envolveram em um acidente corriqueiro de transito na famosa e sempre perigosa Avenida Frederico de Paula Cunha, em santa Rita, causando pequenos danos. O acidente que deveria ser resolvido com meia dúzia de prosa quase virou incidente diplomático internacional. É que o motorista do Idea Adventure era o Sr. U. F., um sueco que trabalha na cidade. Contrariando os hábitos do seu país de origem que figura entre os mais evoluídos do mundo, o sueco desceu do carro distribuindo bolachas na cara da motorista do Uno, Rose de Cássia Campioni – será minha ex-colega do CVT? – e sua filha adolescente. Populares que defenderam as donzelas do brucutu, afirmaram aos policiais que o sueco aparentava estar mamado…!

O caso do gringo foi parar na delegacia regional de Pouso Alegre onde ele sentou-se ao piano e assinou um TCO-Termo Circunstanciado de Ocorrência. Ainda que o sueco falasse em sua própria língua… para sueco ou “ingles ver” ou ouvir, não havia muito o que fazer. Como manda a lei, ele foi liberado.

O fato de ser o brucutu sueco, libanês, coreano ou escocês, não lhe garante nenhuma prerrogativa especial, pois ele estava na baixada do Maristela e não embaixada da Suécia e não está em missão diplomática a cargo do seu país – aliás, ele demonstrou ser um fiasco em matéria de diplomacia. Por outro lado, o fato de o gringo trabalhar na Loja Cem, Padaria do Carlitos, na Casa de Carnes Borsatto ou no boteco do Mauricinho, não aumenta nem diminuiu seu crime e nem implica seu patrão. Portanto ele deve ser enquadrado nas leis brasileiras.

Crimes da natureza que o sueco esquentadinho cometeu – vias de fato, art. 21 da L.C.Penais ou Injuria, art. 140 do CP, se enquadram na Lei 9.099/95 e são passiveis de transação penal. Ou seja, o loiro nórdico deverá sentar-se ao piano do homem da capa preta daqui algumas semanas ou meses e substituir a pena restritiva de liberdade – que não passa de um ano – por uma pecuniária ou de prestação de serviços. Deverá portanto, pagar três ou quatro cestas básicas à APAE, creches ou Asilo ou então trabalhar em uma destas instituições sociais oito horas por semana, durante três ou quatro meses.

Bem que o juiz poderia determinar que ele colocasse uma farda,  um quepe, um estridente apito e fosse orientar o transito no cruzamento da Avenida Delfim Moreira com Rio Branco na hora do rush… Ele tem muito que aprender praticando!

“Meninos que vi crescer” – Claudinei… O engraxate-cantor

Estava eu na acanhada salinha do CPD tentando fazer mágica com dinheiro e matemática – R$ 900 reais para pagar diárias de viagem para 15 detetives e delegados – quando o vi pela primeira vez. Na verdade ouvi sua voz. Eram quatro da tarde de uma fresca quinta feira de abril. Com a delegacia quase vazia, a melodia doce de “pense em mim, ligue pra mim…” invadiu os corredores chegando até o cubículo onde eu trabalhava. Não era Leandro & Leonardo… Era um moleque pardo, franzino, calça e camiseta surrada e manchadas de graxa, chinelos havaianas sujos, andando ligeiramente torto. Trazia nas costas presa ao ombro uma caixa de engraxate. Foi cantando e foi entrando. Quando viu minha cabeça de curioso na porta-janela no final do corredor, o cantor – até que era afinado – se ‘exibiu’ para lá.

– Vai graxa aí, doutor? – perguntou ele, parando de cantar.

Nas semanas seguintes ele visitou-me varias vezes no CPD. Em quase todas levou uma moeda e deixou meus sapatos limpos e brilhantes. O próximo cliente foi o Inspetor Ângelo. Este sentava-se nos velhos bancos compridos de madeira na recepção da velha delegacia, acendia um Hollywood filtro amarelo e durante meia hora contava ‘causos’ para as pessoas que inevitavelmente sentavam-se à sua volta… enquanto Claudinei passava graxa e dublava baixinho Leandro & Leonardo. Se Chips e o inspetor Ângelo engraxavam com o cantor, qualquer um poderia fazê-lo. Rapidamente sua clientela aumentou. Agora alguns detetives que usavam sapatos e alguns delegados mais liberais também engraxavam com ele. Claudinei cantor não era um espião, mas bem poderia sê-lo. Jamais intervia nas conversas à sua volta, mas enquanto passava graxa e lustrava sem pressa os pisantes, embora cantarolasse baixinho, estava atento a tudo que ouvia.

Seu ultimo freguês foi a delegada Maria Inês Xavier. O bate-escova e bate-flanela foi no seu gabinete, na primeira sala à esquerda. Findo o serviço, enquanto Inês vasculhava a carteira em busca da costumeira moeda, Cantor exibia seu dom, parodiando uma das românticas da famosa dupla recém desfeita pela morte prematura do mais velho… “…chuva no Aterrado, vento no São João…”

– Toma, Claldinei… Você tem troco para dez? – Disse a delegada estendendo uma ‘ararinha vermelha’.

– Ih, doutora. Não tenho, não…

– Tudo bem. Vá trocar e me traga o troco – Disse a delegada se debruçando numa pilha de TCOs de crimes contra a mulher.

Este foi o ultimo dia que “Claudinei Cantor” ou “Engraxate Cantor” entrou na delegacia alegremente cantando, com sua caixinha de madeira pendurada no ombro. Nossos sapatos nunca mais receberam seus cuidados. Nossos ouvidos nunca mais ouviram sua aguda cantilena. A nota de dez era mágica… desapareceu e com ela desapareceu também o extrovertido engraxate-cantor.

Eu estava sentado numa poltrona velha atrás do balcão na recepção assistindo meu programa favorito; um telejornal, no inicio da noite, quando ouvi o ranger de freios da viatura da policia militar parando na porta da DP. Continuei onde estava. Quando ouvi o som abafado de alguém sendo meio que jogado no banco de madeira no saguão, levantei meio corpo para ver a cara do conduzido. Adivinha quem era? Isso mesmo… meu velho amigo engraxate-cantor. No lugar da velha caixinha de maneira com graxa, tinta, flanela e escova trazia um par de pulseiras de prata… Usava uma bermuda escura e camiseta sujas e rasgadas. Descalço, tinha terra e fuligem de crack dos pés à cabeça. Emergira de sob a ponte do velho Mandu e fora pego na praça Senador Eduardo Amaral tentando tomar na ‘tora’ o celular de uma estudante. Não pude conter a exclamação em tom de galhofa;

– Você sumiu Cantor!!! Olha a situação que estão meus sapatos… há mais de dois meses sem graxa. Trouxe o troco da delegada Inês???

Claudinei, o engraxate-cantor tinha ainda dezessete anos. Não chegou a ficar preso. Sua pena maior pela tentativa ‘paia’ de roubo foi a tortura de sermões inúteis que ouviu antes de voltar para casa, para o crack, para o crime… So deixava a droga quando era pego num flagrante de furto pé-de-couve e ia morar no velho hotel da Silvestre Ferraz, pois logo completou dezoito anos e deixou de ser ‘dimenor’.

Chegava sempre sujo, mal vestido, mal alimentado, magrelo e molambento. Em pouco mais de uma semana ganhava cor, peso e aparência até melhor que quando engraxava sapatos. Ganhava roupas usadas e como seus crimes eram sempre pequenos, ficava pouco tempo preso. Saia sempre alegre, boa prosa jurando de pés juntos… “Drogas nunca mais”.

O cantor, que embora ainda cantasse, perdera um pouco da afinação, talvez pelo uso intenso da pedra bege fedorenta. Mudou de profissão, mas permaneceu no ramo. Não era mais engraxate de sapatos. Agora era engraxate de portas de aço, de lojas. Nesta atividade ‘especializada’ ganhava mais do que moedas e podia continuar freqüentando os mesmos lugares de antes no centro da cidade, conversando com as pessoas como antes, falando de suas vida, se intrometendo na dos outros, pedindo ‘força’. Passava na rua Silvestre Ferraz mas não entrava na delegacia. Lá as portas eram de madeira…

A atividade de engraxador de portas de aço era mais rendosa e quase sem concorrência, mas, embora existam muitas, quase nenhum lojista liga para isso. As vezes passam anos sem lubrificar as canaletas. A escassez de clientela levou Engraxate-cantor a procurar um fonte extra de rendas. Enquanto assoviava uma cançãozinha romântica e passava graxa nas canaletas, Claudinei passava também a mão leve nalguma peça ‘distraída’ na loja. Não tardou as queixas de pequenos furtos afloraram na DP. O suspeito numero um era…? O engraxate-cantor!

Certa manha de 2004 Teobaldo passava sozinho pela Duque de Caxias quando avistou Claudinei na rua. Parou o Uno e convidou o mocinho para dar um passeio.

– Porque, Teobaldo? Eu to ‘diboa’… Não fiz nada.

– É só para um reconhecimento… Você não vai ficar preso.

De fato não ficaria, pois não existia mandado contra o dublê de Leonardo, mas foi necessário descer do Uno, pegá-lo pelo braço e colocá-lo sentado no banco da frente. Ao parar no transito na esquina da Vieira de Carvalho, Cantor aproveitou a parada, saltou do veiculo e correu na direção contraria ao transito, deixando o policial só com o cabo do guarda chuva na mão…

Frustrado mas não alienado Teobaldo seguiu para a Delegacia mas não chegou lá. Virou na João Basílio e rumou para o Aterrado. Parou o uno entre outros perto da oficina do Pompeu, antes da ponte e ficou na espreita. Não tardou Claudinei Cantor passou por ali pedalando uma bicicleta velha. Na abordagem o policial vacilou e Engraxate-Cantor conseguiu vazar. Entrou pela Diquinha, de repente abandonou a bicicleta e entrou no Rio com água pelas canelas. Sem querer entrar na água poluída do velho Mandu, Teobaldo tentou parlamentar, mas não conseguia convencer o fujão a aceitar seu convite para o passeio. Quando ameaçou entrar na água, Claudinei atravessou o rio. Ele deu a volta pela ponte e Claudinei voltou para a margem direita. Teobaldo voltou, Claudinei tornou a atravessar rio e sentou-se seguro na margem esquerda. No mato sem cachorro, o policial tinha ainda um trunfo: a bicicleta que Engraxate-Cantor havia abandonado na beira do rio. Fez chantagem. Ameaçou levar a bicicleta para a delegacia se ele não se entregasse. A esta altura o espetáculo já havia atraído dezenas de pessoas no beiral da ponte. Cada um com sua torcida. Só faltaram as apostas para ver quem se daria melhor;

– Aposto que o Cantor vai fugir…

– Ah, o Teobaldo não vai deixar barato…

Esta historia lembra “Peixinho e…Eu”, publicada em 2010.

Em meio ao enfadonho diálogo “vem comigo que eu não vou te prender”, “não vou porque eu não fiz nada”, Teobaldo se lembrou que tinha no bolso um aparelho celular – Eureka – Pegou a bicicleta de estimação do engraxa-te, simulou colocá-la na traseira do uno e pediu apoio ao primeiro colega que conseguiu contatar. Continuou dialogando com o engraxate, que a esta hora já se sentia o ultimo biscoito do pacote, sentado tranquilamente na beira do mal-cheiroso  rio. Só faltou deitar ou então cantar e bater palminhas; “ Você não me pega, você não me peeeegaaa”. De repente surgiu do outro lado do rio a figura atarracada do detetive Ozanam. Ele foi se aproximando de mansinho e quando chegou a poucos metros do engraxate, diante dos olhares em suspense da platéia em cima da ponte, deu-se o luxo de encenar os passos de um desenho animado em posição de ataque, com os braços levantados, até chegar por trás e abraçar o recalcitrante fujão. Neste momento partiu da ponte um sonoro Uhhhhh seguido de calorosos aplausos pelo desfecho da operação e sucesso da encenação. Como prometido pelo policial, Claudinei Cantor foi apenas ouvido em inquérito policial do qual era suspeito e liberado.

Algumas semanas depois o engraxate-cantor protagonizou mais uma cena engraçada com o mesmo detetive Teobaldo. Inicio de rebeliões e motins faziam parte do dia-a-dia do velho hotel da Silvestre Ferraz. Tudo começava com a famosa “greve de fome”. Para começar a greve não era preciso motivo. Bastava um dos hospedes mais ‘graduados’, enfadado jogar a marmita no corredor e dizer um impropério qualquer, todos os demais recusavam o alimento. Até porque nao fazia diferença comer ou não o ‘bandeco’ fornecido pelo Estado. Toda cela tinha fogareiro de ‘rabo quente’, panelas e mantimentos. Dava para se assar até bolo … As marmitas intocadas recusadas pelos presos eram doadas ao Asilo Betania da Providencia e às vezes distribuídas em via publica, no velho Aterrado. Bastava parar a viatura no meio da rua Oscar Dantas, Sapucaí, João Sabino… ironicamente ruas que mais ‘forneciam’ hospedes para o velho hotel e começar a distribuição. Em poucos minutos dezenas de “quentinhas”  esquentavam o estomago de pessoas carentes, alguns parentes dos próprios presos. Foi numa destas ocasiões que o detetive deu risadas. Ele voltava da Sapucaí com umas três marmitas que sobrara e resolveu entrar pela Carmelino Massafera, quando avistou o engraxate-cantor. Businou e acenou para ele para oferecer uma marmita. Claudinei, que certamente tinha ‘culpa no cartorio’ saiu em desabalada carreira e entrou em casa, se justificando com o velho chavão:

– Que isso, Teobaldo, eu não fiz nada não!!! Eu tô de diboa…”

– Calma, garoto… Só quero lhe dar uma marmita que sobrou da greve…!

Naquela noite a mãe e os irmãos do engraxate-cantor jantaram arroz com feijão, almôndega e mandioquinha salsa… E puderam comprovar que a comida da cadeia não era tão ruim assim.

Alguns meses mais tarde – sem teatro – enroscou-se até o pescoço nas malhas da lei e foi morar no velho Hotel da Silvestre Ferraz.  Ele era bom de lábia com qualquer um, mas não tinha muito jeito com mulheres. Sem conseguir levar uma paixão platônica para a cama, resolveu levá-la para o mato mesmo… Tomou 7 anos de cana. Cumpriu parte no velho Hotel da S.Ferraz no regime fechado e foi morar na APAC, no regime semi-aberto.

A vida mansa e regrada, com alimentação balanceada na APAC, trabalhando terceirizado para a Tigre, o dia todo sentado na sombra, fez bem ao engraxate. Cantor clareou a pele, recuperou a serenidade da tez, engordou. Engordou até demais. Ganhou uma respeitável barriga. Parecia um Pachá. A ultima vez que o vi na Apac, em 2010, ele disse-me que estava namorando firme e quando saísse da Apac iria se casar… e me convidou para padrinho.

Todo meliante quando está atrás das grades é quase santo. O único pecado que comete lá – que ele não acha que é pecado – é que ele é inocente, não fez nada de errado…. fizeram com ele. No mais, está ‘diboinha’, mudou de vida…

– Parei, Chips. Parei com esta vida errada. Louvado seja Deus. Cristo me mostrou o caminho. Quando sair daqui vou arrumar um emprego… Você podia dar uma ‘força’…

São todo sorriso, gentileza e amenidades. Se deixar eles tem assunto na porta da grade o dia inteiro. Fora da cadeia o meliante é outra pessoa. Quando te encontram na rua – a maioria – olham de longe, com arrogância, cheios de direitos, principalmente se estiverem ‘devendo’ alguma coisa.

Foi assim que encontrei o engraxate-cantor próximo à Delegacia ano passado. Ainda estava gordo e corado. Estávamos no mesmo passeio, não teve como desviar. Cumprimentamo-nos e falei que iria contar sua historia no jornal.

– Não, Chips, tá louco. Eu to ‘diboa’…

Não esticou conversa, não falou de Cristo, não falou de trabalho, não falou de casamento. Tinha pressa em se afastar…

Semana passada cruzei com ele numa rua do meu bairro. Ainda estava dignamente vestido, mas não tão gordo e vistoso como antes. Bastante arredio, apenas cumprimentou-me do outro lado da rua, olhando de esgueio sem parar.

Acho que o engraxate-cantor está devendo alguma coisa…

A união faz a força… e a justiça

Estive ontem pela manhã com a delegada Stella Reis – Menina que vi crescer – e falamos sobre o andamento dos procedimentos que correm por sua delegacia contra o medico Carlos Alberto. Segundo a jovem delegada, seus investigadores e escrivães estão levantando mais informações acerca do ocorrido que gerou o I.P. que o mandou para trás das grades e outros. Mais de duzentas pessoas já foram ouvidas. Ela estima colher pelo menos quatrocentos depoimentos. Como existe prazo para conclusão do Inquerito, enquanto houver indícios de crime, ela vai continuar pedindo prazo à justiça.

Quanto às denuncias de assedio sexual a pacientes em consultórios e cobranças indevidas de consultas de pacientes do SUS, a delegada mostrou-se ligeiramente desanimada;

– As pessoas ainda tem medo… Elas acreditam que por esta prisão por corrupção ativa ele vai pagar por todos os crimes e ficar muito tempo preso. Elas tem medo de denunciar os assédios, por falta de provas. Elas perguntam se tem que depor no Fórum e aí desistem…

Bem… Em nosso direito, o ônus da prova cabe a quem alega. Em tese, se não há prova não há crime a ser julgado e cabe inclusive processo por calunia a quem denuncia. Por outro lado, o juiz tem a prerrogativa do “livre convencimento” da culpa do acusado… Uma pessoa, duas pessoas alegando sem provas é uma coisa. Oito, dez, doze vitimas denunciando o mesmo crime… é outra coisa.

O sempre zeloso promotor de justiça, representante do Ministerio Publico – que bem poderia ser chamado de “Quarto Poder” não poderá desprezar tantas queixas e determinará uma minuciosa investigação. O levantamento da vida pregressa do denunciado, procedimento que devassa a vida do cidadão – e ele já deu motivos para isso – quase em desuso nos dias de hoje, é peça valiosa numa investigação deste naipe.

Roger Abdelmassih – lembram dele? – assediou dezenas de pacientes e manteve relações sexuais com elas, em sua luxuosa clinica em São Paulo, enquanto elas estavam sob efeitos de medicamentos ou emocionalmente debilitadas ante a dificuldade em gerar filhos. Os estupros aconteciam naturalmente à portas fechadas, sem testemunhas. No entanto, quando as vitimas criaram coragem e passaram a denunciar o medico que ganhou o apelido de “monstro”, o Ministério Publico mandou investigar. Enfermeiras, funcionários da clinica, que não presenciaram o ato criminoso, viram suas conseqüências. Viram mulheres saindo chorando, cabisbaixas e nunca mais voltaram à clinica. Viram o medico desfilar garboso e sorridente pelos corredores, como um garanhão realizado…

Quatro das 56 mulheres que levaram Roger Abdelmassih para a cadeia são de Pouso Alegre. Elas foram ouvidas na delegacia regional. Nenhuma das 56 vitimas apresentaram testemunhas dos crimes cometidos entre quatro paredes. No entanto ele foi condenado a 278 anos de cana. Dobrou a serra do cajuru meses antes de receber a sentença.

Temos o habito de dizer, com ironia, que os crimes dos ‘grandões’ no Brasil sempre terminam em pizza… Infelizmente é verdade. Mas isso acontece porque temos também o habito – muito cômodo – de transferir nossas responsabilidades para outra esfera de justiça:

– … Não tem importância, a justiça divina não falha! No céu ou no inferno ele paga…!  – Dizem as vitimas resignadas. Tudo bem. Mas não esqueçamos que omissão também é crime… e tem seu preço.

Voltando ao cerne da questão, o medico Carlos Alberto, teve a prisão relaxada e deixou a cadeia. Isso não quer dizer que ele seja inocente da acusação de corrupção ativa e nem significa que não vá voltar para a prisão. Por este crime, ainda que seja à pena mínima, ele será condenado. Pelos outros que correm à boca pequena, continua dependendo da coragem de suas vitimas.

“… Morrendo de saudade de você!!!”

Minha sogra está no quarto e ultimo casamento. Meu sogro no terceiro e ultimo também. Eles têm um belo relacionamento. Se falam e se vêem com freqüência via internet e toda vez que ela vem nos visitar eles se encontram – ela com o marido, ele com a esposa e nós – em nossa casa ou em restaurantes, como bons amigos, como devem ser as famílias que se separam e tomam novos rumos. Afinal entre eles existem três belas mulheres – uma aliás, linda e maravilhosa – três genros – um deles lindo! – e seis netinhos sapecas e maravilhosos.

Mês passado, ao anunciar o falecimento da senhora Esther Telles, em Santa Rita do Sapucaí, a radialista Kátia Kersul tomou um susto:

– Nossa!!! A amiga da Clarisse morreu… Será que ela está sabendo? Preciso avisá-la! – pensou Kátia.

Acontece que uma semana antes, nós havíamos sepultado nossa querida Tia Dinda, ex-cunhada, amiga e vizinha dela no Rio de Janeiro. Por isso Kátia ‘encheu-se de dedos’ e telefonou para ex-esposa do marido e deu a triste noticia.

Clarisse, muito sensível e emotiva, ainda abalada com a morte da ex-cunhada, ligou para a casa da amiga que não via há anos, em Santa Rita para expressar seus sentimentos – e como expressou! – e saber detalhes de sua morte. Depois do quarto “trimmm” uma voz de mulher idosa foi ouvida do outro lado do aparelho. De quem era a saudosa e distante voz??? Da própria Esther, cuja morte e velório Kátia havia anunciado com pesar na Radio Difusora horas antes!!! Caso de assombração?! Um equivoco?! Numero errado?!

Pega de surpresa, já chorando, Clarisse tentou ordenar as idéias enquanto as lagrimas molhavam sua delicada mesinha de telefone:

– É você, Esther…?

– Oi… Há quanto tempo Clarisse?

– Está tudo bem na sua casa?

– Sim. Tudo bem, e com você e o Jose?

– Mas está tudo bem com sua família…

– Sim…

– E aí em Santa Rita, os vizinhos… está tudo bem…? – E as lagrimas já inundando o Aterro do Flamengo…!!!

– Ah, Esther, que bom saber que está tudo bem com vocês…

– Mas, Clarisse… porque você está chorando?

Já sem perguntas e sem uma resposta mais adequada, minha sogra soltou de chofre, deixando as lagrimas escorrerem até a prainha, suja de óleo de barcos, do Botafogo…

– Ah, eu estava com tanta saudade de você……..!!!!!

Bem… Esther estava e está vivinha de Azevedo em Santa Rita. E talvez nem saiba que sua homônima, galho de outra arvore de “Telles” – que Deus lhe dê um bom lugar – naquela tarde descia à sua ultima morada. Apesar da gafe pela qual passou e das lagrimas equivocadas que escorreram até a Baia de Guanabara, minha sogra não rompeu a amizade com a esposa do meu sogro…

… Vou passar a foice no seu pescoço, biscate. Dessa noite você não passa!

 

       Este era o tipo de tratamento corriqueiro que o lavrador Giovani Joel Pereira, 37 anos, dispensava à sua mulher Maria Fabiana Bernardes Pereira, mãe dos seus dois filhos de 5 e 9 anos, sempre que se amarrava a um pé de cana… E ele bebia com freqüência! A dona de casa viveu dez anos sob o mesmo teto que ele no Distrito Pantano dos Rosas, município de Estiva, até que ontem à noite fugiu para a casa dos pais levando os filhos imberbes e telefonou para a Policia – Quem tem um marido assim, não precisa fazer escala no purgatório para ir para o céu!

Giovani passara o dia todo ameaçando cortar o pescoço da esposa, chamando-a de “puta, biscate, aidética, prostituta. Desta noite você não passa” e outros improperios.

Quando os homens da lei chegaram puderam sentir na pele um pouco das ameaças do valentão. O ‘arco’ com o qual ele pretendia degolar e separar a cabeça do corpo da cara-metade, não foi encontrado, pois ela, aproveitando um descuido dele, havia escondido a ferramenta de cortar bananeira e roçar pastos, mas o valentão ‘escorou’ os policiais no braço. Foi preciso rolar com ele na poeira para dominá-lo e oferecer-lhe as pulseiras de prata.

Na delegacia de policia a chorosa e arranhada senhora, finalmente decidiu representar contra o marido e mandá-lo para trás das grades. Mas isso só foi possível porquê, a farmacêutica e paraplégica Maria da Penha Fernandes Maia, lutou por mais de 20 anos para que as mulheres pudessem ser protegidas dos seus maridos brucutus e sua luta virou lei em 2006.

Giovani Joel, o brucutu do ‘Pantano’ dos Rosas, foi afiançado em R$ 622 reais, mas como a algibeira estava vazia, ele foi mostrar sua valentia no Hotel do Juquinha.

Zeca Juru quer eleições todo ano…

Ao passar pela praça Senador Jose Bento, vi um senhor sentado num dos bancos,  escondido atrás de um jornal. Ele estava tão concentrado na leitura que não contive a curiosidade e olhei por cima do jornal. Era meu amigo Zeca Juru… Ele estava lendo o Folha de Pouso Alegre.

– Ora, ora, ora!!! Se não é meu amigo Zeca Juru!! Como vai?… Está escondendo aí atrás do jornal…?

– Ara… é oce, sêo Chips?  Ocê tá bão? Num to iscondendo, não. É qui tem uma noticia interessante aqui no jornar do Zé Henrique.

– E qual é a noticia que te fez quase entrar no jornal Zeca?

– Essa aqui, ói… – Respondeu ele virando a pagina 04 para o meu lado.

– “Obras de duplicação da ponte da BR 459 começam na próxima semana”… O que tem de tão especial nesta noticia?

– A nuticia num tem nada de especiar não, seo Chips, mais a ponte sim… Ela já num havia sido dupricada dois anos atrais …?

– Não!!! Eu passo por ali com freqüência… A ponte nunca foi duplicada…

– Ara, foi sim seu Chips. Já tem quase dois anos. Um dia eu tava ino pra Varginha pegá o avião pra Brasia, e quase perdi o avião, caso que havia uma festança imensa ali perto do crube de campo. Havia umas maquinas trabaiano na estrada, um montão de pulitico, inté de Brasia. Acho que inté o Lula tava lá… uma renka de puxa-saco, policia, reporte, curioso. Ói, havia inté comizibébe, foguetório… O transito parado e um montão de faxa escrito desde a cabeça da ponte: “dupricação da ponte sobre o Rio Sapucaí”… “A realização de um sonho”…

Comecei a entender!

– Ah, Zeca, estou entendendo… Mas na ocasião a obra foi realizada apenas para mudar o traçado da BR 459. Foi amenizada a curva depois do clube de campo e retirado o retorno dali. A estrada ficou mais segura…

– Mais intão a obra mais importante, anunciada nas faixa num foi realizada? Purque?

– Não sei dizer, Zeca Juru. Talvez porque a verba não foi suficiente…

– Ara, sêo Chips, oce é iscrarecido e é meu amigo, num mi venha c’essa. Ispera um poco… Aqueli acontecimento num foi na véspera da eleição dos deputados e da Presidente…” Ahnnnn, sei… Acho que agora eu to intendeno!!! Ispera mais um poquinho, seo Chips, dexa eu matutá aqui c’as minha idéias. Era ano de eleição, o guverno liberô verba para as obras. Agora é ano de eleição di novo… Vão ‘construí’ a ponte de novo. Qui coisa né seo Chips.

– Mais ou menos isso, Zeca…

Mais intão o bão era tê eleição todo ano, né Chips?!?!…

– É Zeca, você sabe como é: o leitor tem memória curta. Então é necessário realizar as obras necessárias para a comunidade, perto das eleições…

– Pois é seu Chips… Por isso que eu vorto a afirmá: Divia de tê eleição todo ano…