Tarado estupra menina em Munhoz

       Com tantos namoricos, ‘ficantes’ e amizades coloridas por aí, o crime de estupro caiu de moda. Alguns brutos insensíveis e de pouca lábia para balançar o coração da amada, no entanto, ainda insistem em buscar o prazer carnal à força, como um brutamontes troglodita.

       Foi o que aconteceu na pequenina Munhoz, encravada no meio do vale entre Bueno Brandão, Socorro e Camanducaia na noite de domingo. A garotinha F. caminhava feliz e contente por uma estradinha deserta no bairro Ribeirão Fundo, nos arredores da cidade, quando foi agarrada pelo tarado Marcos Jose Marcelino, de 26 anos e levada para o banheiro de uma borracharia, onde o crime se consumou. Ao voltar para casa Chapeuzinho Vermelho, digo a garotinha de 13 anos, contou o fato aos pais, que chamaram a policia e o Conselho Tutelar. O lobo mau, quero dizer, estuprador Marcos Jose foi caçado e preso em sua casa, no bairro Areias, na divisa com Itapeva e levado para Pouso Alegre na manha desta segunda. Depois de sentar-se ao piano e assinar o velho 213, o tarado deverá aguardar o julgamento do hediondo crime no velho hotel de Ouro Fino.

Policia Civil sacode o trafico em Santa Rita

Dezessete marmanjos e marmanjas e dois “dimenor” foram presos

      

        A operação que sacudiu a capital do vale da Eletronica na manha destra sexta contou  com a participaçao de 108 policiais civis pertencentes ao 17º Departamento de Policia Civil de Pouso Alegre. Denominada de “Aliança” a operação reuniu detetives de S. Rita, Pouso Alegre, Cambui, Ouro Fino, Camanducaia, Extrema, São Lourenço e Itajuba, sob a coordenação da Delegada da Comarca  Stella Reis.

        Os presos pertencem a tres familias de distribuidores de drogas da cidade; Os Codornas, os Barrosos e os Borogas, além de alguns avulsos.

         O trabalho de investigação começou ha cerca de tres meses, todo ele realizado pela equipe de detetives de Santa Rita e desencadeou no momento em que os policiais apreenderam um aparelho celular no interior do Hotel Recanto das Margaridas. Seu arquivo continha extensa relação de traficantes formiguinha e ‘mula’ que atuavam a mando do chefe Marciney Jose Barroso, o Ney, preso ha tres anos pela propria policia civil. Na ocasião Ney subornou um agente carcerario e fugiu com seu primo Andre pela porta da frente do presidio “Modelo do Sul de Minas”. Foram presos dias depois com varios quilos de drogas num sitio no bairro Pouso do Campo.

       Para evitar novas “fugas” Ney, o mais poderoso traficante de Santa Rita, dono de varios imoveis e veiculos adquiridos com dinheiro sujo do trafico ganhou ‘bonde’ para  o Velho Hotel de Formiga, onde continua vendo o sol nascer quadrado. No entanto, ‘longe dos olhos… mas perto do coração’. Mesmo da penitenciaria Ney continuou comandando seu reino de drogas. O castelo começou a ruir quando o aparelhinho caiu com chip e tudo na mão da policia civil.

      Nas prisões desta sexta feira, todas elas mediante mandado de prisão preventiva e mandado de busca e apreensão, autorizados pelo homem da capa preta, embasadas nas investigações, foram apreendidas além de pequena quantidade de droga e utensilios comumente usados no trafico, dois carros, tres motos, um revolver, capsulas vazias, computadores, celulares, cartoes de credito e aparelhos eletroeletronicos de procedencia duvidosa.

       Além da mae do poderoso chefão à distancia, Benedita Barroso, a dona Fia, foi presa também sua namorada, a loira Rosana Simonea Rezende – a prefeitura perdeu sua recepecionista!!! – e o irmão dele Luis Rogerio Borges Junior. Da familia dos Codorna, caiu o patriarca Ari ‘Codorna’ Gertrudes e Isabela Cristina Gertrudes. Sonia Jandira Gertrudes conseguiu vazar e dobrar a serra do cajuru…mas  a batata está assando pra ela.

       Além destes enroscaram nas mnalhas da lei também os traficantes Leandro “Boroga” Alves Pereira e sua muher, Tiago ‘Bocão’ da Silva,  Benedito Floriano Filho, Ederson Kenedi  da Silva, Edna Aparecida Alves de Castro, Emerson Romualdo Oliveira, Geraldo Roberto Barros, Jesus Aparecido Borges Carvalho, Joice Aparecida Siqueira Viana, Josimar Roberto Barros, Joslan Romero Costa, Paula Faria e Rafael Augusto Vitor Rosa… e a policia ainda deixou alguns distribuidores de pedra bege fedorenta, farinha do capeta e erva maldita com as barbas de molho… Foi necessario um microonibus para fazer o ‘traslado’ da quadrilha de traficantes da velha delegacia da Quintino Bocaiuva para o Hotel Recanto das Margaridas.

         A população está aplaudindo a atuação da policia civil e poderá calejar as maos de tanto bater palmas… se coloborar com a justiça denunciando o famigerado trafico na cidade.

Buguinho… 8º ‘homicidio’ de Pouso Alegre foi acidente

        Estava eu em Camanducaia no sabado, quando tomei conhecimento atraves do Portal da PM, do encontro do cadaver desconhecido numa vala de esgoto no bairro Jardim Olimpico, em Pouso Alegre. O B.O. falava em possivel homicidio por esgorjamento, pois o corpo de tres ou quatro dias de morte, apresentava um corte no pescoço. À distancia, sem ver o corpo e sem contatos com a pericia ou IML, tive o cuidado de noticiar o fato com uma indagação: “Aconteceu o oitavo homicidio em Pouso Alegre”?

      Durante toda a semana bati à porta do gabinete do delegado Gilson Baldassari e do IML buscanco esclarecer a morte do ‘morto’. Afinal, quem é ele? Quem o matou? E porque?

      Nenhuma resposta.

      Ninguem sabia nada. Não se sabia sequer o seu nome. E ele foi enterrado em ‘cova rasa’ na ala social do cemiterio Parque Jardim do Céu, como indigente, numa urna precaria cedida pela funeraria de plantão que o resgatou do córrego.

      Foi justamente ali que começei minha investigação. E foi uma  das mais faceis que fiz em toda carreira policial. Coincidentemente o morto era conhecido de um dos funcionarios da funeraria. Em poucos minutos eu estava conversando com sua amargurada mae numa casinha simples cercada de casebres, cachorros, mangueiras e abacateiros numa curva da rua Antonio Mariosa no velho Aterrado. Dalvina Lopes dos Santos contou-me que o filho Edmilsom Lopes, conhecido por Buguinho, tinha 38 anos e desde a juventude se tornara alcoolatra. Ha anos estava entregue aos encantos e tormentos de Severina do Popote e vivia perambulando pelas ruas no bairro e imediaçoes. As vezes ficava dias sem voltar para casa. Tanto que ela chegou a construir um cubiculo de madeira para ele no quintal… assim ninguem perturbava um ao outro…. Mas era seu filho amado. Se Dalvina desistiu de curar o filho do alcoolismo, não desistiu de dar-lhe as exequias.

      Buguinho fora visto em casa pela ultima vez vestindo uma bermuda preta e duas camisetas, uma preta e outra azul e costumava levar na algibeira uma laranja. Por isso, ao saber que o corpo encontrado na vala tinha estas caracteristicas, inclusive a laranja e uma latinha vazia de cerveja nos bolsos, Dalvina nao teve dúvidas. Sem ver, teve certeza que era seu filho. Na segunda feira após o fato ela procurou a delegacia de policia, o IML e a funeraria em busca de informações. Ela só queria duas providencias: Que fosse esclarecido quem o matou, se fosse o caso e sepultar os restos do filho em urna e local digno, usufruindo do plano funerario que possui.

      Agora pasmem, meus queridos leitores…em todos os lugares em que a humilde senhora esteve em busca de informações sobre a morte e o corpo do filho, ela foi tratada, digamos… com pouco caso e empurrada para outros orgãos, segunda ela e a filha mais velha me contaram… – maldito status social!!! Se fosse um ‘graúdo’, um politico talvez, seus parentes cansariam de tomar cafezinhos e receber abraços e condolencias…! –  … E o defunto continuou num caixão rustico e precario em cova rasa no Jardim do Ceu – do céu? – sem saber em qual estatistica figurar!!!  E ficaria eternamente, pois Dalvina disse que, pelo tratamento que recebeu por onde andou, achava que o caso ja estava encerrado e teve medo de voltar aos mesmos lugares.

       Mas quem matou Buguinho?

       A famigerada, sensual e ‘tonteante’ Severina do Popote… Quando bebia além da conta, Buguinho ficava com as pernas bambas… quando conseguia se abster, tinha convulsoes e desmaios. Numa desta ocasiões, perambulando pelo Jardim Olimpico, pode ter caido acidentalmente na vala que dasagua no rio Sapucaí Mirim e morreu. Segundo o IML ele morreu afogado. O ferimento encontrado no pescoço, era superficial, causado por um objeto qualquer no momento da queda na vala entulhada de lixo.

      Com o esclarecimento deste blog, Dalvina poderá enterrar dignamente seu filho… com duas semanas de atrazo.

       E para quem gosta de estatística… Pouso Alegre vai batendo o recorde negativo de homicidios nos ultimos anos. Até agora apenas 7 manduanos bateram à porta de São Pedro em 2011.

 

Phoneutria em Camanducaia

A dona de casa Eliana Guedes, 35 anos, moradora do bairro Pinguela, municipio de Camanducaia, morre de medo de cobras, mas não está nem aí para aranhas. Não estava… Ao pé da manhã desta quarta feira ela sentiu o quanto dói uma picada de Phoneutria. Quando ela abriu o tanquinho para começar seus afazeres domesticos, a peçonhenta marron, do tamanho de uma moeda de um real deu o bote… grudou na primeira falange do seu polegar esquerdo. No susto ela deu um tabefe no bicho jogando-o ao chão. Seu marido completou o aranhacidio com um golpe de chinelo. Eliana achou que seria coisa atoa, mas… era uma aranha armadeira. A Foneutria, causada pela picada do aracnidio, dependendo da quantidade de veneno inoculado, da idade e peso da vitima, pode ser fatal.

– Em menos de um minuto a dor começou no dedo, foi subindo pelo braço… Uma dor aguda deixando o braço dormente. Foi me dando um calor e o coração disparou… Doeu pra arrebentar!!! – Contou ela no hospital onde chegou meia hora depois com a blusa encharcada de sudorese e a pressão arterial ainda em 14 por 10.

Eliana fez a coisa certa; levou o defunto aracnidio embrulhado num guardanapo para idenficação no hospital. Ainda assim após receber uma dose venosa de Tramal, ficou seis horas em observação. O metabolismo reagiu bem e no inicio da tarde ela pode voltar para casa agradecendo o tratamento recebido no hospital de Camanducaia, com o caracteristico sinal de positivo com o polegar esquerdo.

Eliana agora tem medo também de aranha. Agora sabe que na zona rural principalmente, é fundamental manter a casa e arredores sempre bem limpos, sabe que galinhas são aliados importantes para afugentar os aracnidios, especialmente depois de chuvas fortes como a que caiu ontem na região desalojando os bichos e aprendeu também que “macaco velho não pôe a mão em cumbuca”.

Será que ela vai virar ‘mulher aranha’??

Caminhão de aguarrás tomba em Itapeva… motorista morre carbonizado.

         Ha dois quilômetros de Camanducaia fui obrigado e pisar no freio hoje pela manhã. Duzentos metros antes do ultimo retorno começava o engarrafamento. Minha esposa que assumiria o plantão na Santa Casa de Misericórdia às 07h teve que chegar ao trabalho na garupa de um motoqueiro que ziguezagueava entre os veículos parados… sem capacete.

         O acidente que interditou a rodovia sentido São Paulo até as 10h da manhã aconteceu no município de Itapeva. A uma da manha o motorista Flavio Menezes da Silva, de 38, bateu sua carreta tanque carregada com aguarrás no ‘guard rail’, perdeu o controle e tombou na pista. As faíscas geradas no atrito com o asfalto pegaram fogo instantaneamente. O motorista morreu carbonizado e foi retirado da cabine por volta de 07h da manhã.

        A pista sentido Belo Horizonte chegou a ser interditada e acumulou seis quilometros de engarrafamento, mas foi liberada duas horas depois de controlado o incêndio. Já no sentido São Paulo o congestionamento foi maior e mais demorado, chegou a mais de vinte quilômetros. Com a liberação da pista por volta de 09h, às 11h o transito ainda continuava lento.

       Industriários de Cambuí, Camanducaia e Itapeva que trabalham no emergente Distrito Industrial de Extrema tiraram folga forçada nesta terça feira…

* fotos: Polícia Rodoviária Federal

Garotos põe fogo na cadeia…. morrem queimados

         Durante a entrevista que concedeu-me no ultimo sabado em sua residencia, a esposa do “Anselmo da Gata” de Camanducaia, chorou os 20 minutos. Chorou ao saber que eu tivera contatos com o marido dela, chorou porque e portadora de cancer de tireoide e teria que criar os dois filhos imberbes sozinha, chorou porque sua casa fora virada de cabeça para baixo pelos policiais à procura de objetos roubados, mas chorou copiosamente ao pensar no marido sozinho, abandonado, com fome, com frio e talvez maltratado pelos companheiros de cela ou pelos policiais… E tem sido assim ao longo dos tempos.

       O preso e seus parentes se enchem de direitos quando se vem atras das grades. Mal a tranca se fecha eles ja invocam os direitos à cama, comida roupa lavada, banho de sol, visita de familiares, visita intima, direito de vender e usar maconha, de fazer buracos nas paredes para fugir, direito a atendimento medico hospitalar, direito a sorrisos e quaisquer outros direitos tortos. Ainda que tenham infringido uma pagina inteira de crimes previstos no codigo penal, violando todo e qualquer direito do cidadão honesto e trabalhador, eles se acham titulares de todos os direitos do mundo e se não forem atendidos naquele momento, gritam, berram, esperneiam e põe fogo no barraco… literalmente.

       Na pequenina Alpinopolis na região dos Lagos, nove delinquentes juvenis ficaram semanas custodiados todos numa mesma cela. No sabado um deles completou 18 anos. O ECA diz que os menores tem direito a celas separadas dos ‘adultos’. Os garotos portanto, resolveram exigir seus direito no grito. Na manhã de domingo, como o delinquente de 18 anos e 1 dia continuava entre eles, se revoltaram e colocaram fogo na cela. Tiveram sorte. Os agentes agiram rapido e conseguiram abrir a cela antes que eles virassem churrasquinho de delinquentes. É assim que meliantes exigem e fazem  justiça…

       Em 99 quatro garotos numa situação semelhante, na cadeia de Monte Sião também exigiram seus direitos a ferro e fogo. Mas esqueceram da ‘logistica’ do predio… A cela em que estavam ficava no final do corredor e a fumaça dos colchoes e de uma infinidade de trecos que existe em toda cela invadiu os corredores de dentro para fora, impedindo a entrada do socorro. Quando o carcereiro conseguiu chegar à boca do inferno, tres deles haviam virado tição… O quarto conseguiu sobreviver tres semanas com queimaduras de terceiro grau no hospital João XXIII, em BH, apenas para concluir tardiamente que pimenta nos olhos dos outros ‘também’ arde, sim senhor… O tiro saiu pela culatra.

Anselmo “da Gata” ataca em Camanducaia

O comerciante estava preguiçosamente estirado no sofá da sala assistindo um filme na virada da noite e nem percebeu que um vulto desfilava sorrateiro pelos quartos da casa. Ao perceber a aproximação de uma viatura da policia na rua o vulto pula como um gato, a janela e vai se esconder no telhado da casa vizinha. As duas da madrugada, quando o comerciante vai dormir, o gatuno atravessa novamente a janela, pega a televisão ainda quente, coloca nas costas e vai embora.

Na noite seguinte o mesmo gatuno sorrateiro atravessa a janela do banheiro de outra residencia no mesmo bairro, enquanto a dona da casa dorme e quando está separando uma mochila infantil com roupas e tapetes para viagem, eis que surge o marido dela. Nada de desespero… É para estes momentos que servem as portas… para se esconder atras dela. Ele ainda ouve o dialogo do casal:

– Ué, amor, fez faxina hoje… tudo arrumadinho, dobradinho….

E ela sonolenta…

– Ahn, amor, que faxina …? Apaga esta luz e vem dormir!

Quando as luzes se apagam o gatuno sai de tras da porta, coloca as roupas e objetos que interessa, até um tapete de banheiro, na mochila e vai embora.

Na casa da medica Maria Isabel, noites depois, as cenas se repetem na calada da noite. Desta vez o enredo é mais emocionante. Quando o vulto sombrio vasculha a casa na penumbra, a medica desperta, acende a luz e…

 

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Amor à prova de fogo em Camanducaia

       A pequenina e bi-centenaria Camanducaia, incrustada nas barbas da Mantiqueira, caminho inevitável para quem vai à bucólica Monte Verde, sempre esteve presente nas paginas policiais. Ultimamente a criminalidade tem estado sob controle, mas não deixa de registrar alguns casos pitorescos e românticos.

        Ano passado publiquei na minha Coluna impressa a historia de um casal de pombinhos que tentou reviver a historia de Romeu e Julieta numa versão moderna. A jovem Capuleto era bem jovem mesmo, apenas 15 anos, o Montechio, também… tinha 17. Mesmo assim queriam reviver o romance ‘caliente’ de Verona. Como os familiares não aprovavam o enlace prematuro, o casalzinho quis mostrar a todos que estava disposto a morrer por amor. Ambos passaram uma gilete nos pulsos… E foram estancar a hemorragia no Pronto Socorro.

        O ultimo caso de amor que terminou em B.O., ainda rende freqüentes visitas à este blog. Aconteceu no mês passado. Depois de passar ardentes momentos no “Motel Momentos”, a jovem quis colocar um ponto final no romance e voltar para o antigo marido. Doente de amor o jovem preterido amarrou-se num pé de cana, pegou o volante do seu golzinho e enfiou-se debaixo de um poste, mas sobreviveu. No dia seguinte, ao sair do hospital, foi se deitar na pista de rolamento da Fernão Dias para por fim ao seu suplicio. Por ‘garantia’, deitou- se justamente  defronte o alojamento dos Anjos do Asfalto da Intervias, facilitando assim o seu salvamento.

         Esta semana foi a vez do servente Alexsandro P. Andrade escrever  sua pagina no romance policial de Camanducaia. Alexsandro traz no peito um amor de infância pela esposa. Juntou os cobertores com F. aos treze anos de idade. Agora aos 33 anos, vinte de amor, sublime amor, beijos e alguns ‘tapinhas’, tem quatro filhos entre 9 e 15 anos. Ultimamente o idílio do jovem casal tem estado meio abalado por pequenas desavenças familiares. No domingo, depois de uma ligeira discussão F. disse que ia embora. Alexsandro imitou Jane & Herondi… “Não se vá…” e para convencer a cara metade a ficar, brincou de colocar fogo no próprio corpo. Encharcou-se de álcool e enquanto refazia suas juras para a esposa, com o isqueiro na mão, de repente, vluoop … pegou fogo. O incendiário apaixonado sofreu queimaduras de 2º e 3º graus nas mãos, braços, peito e rosto mas passou pela prova de fogo do amor.

       Embora as más línguas afirmem que F. ‘já se fora para outros braços’ – deve ser maldade!! – o sólido amor do casal parece ter resistido ao fogo, pois todos os dias F. vai visitar o marido no hospital. Vai ficar cicatrizes… nos dois.

A historia de Valeria…. Vidas sem rumo….

      Vidas sem rumo destruídas pelas drogas…. Mas que podem dar rumo a outras vidas

      Desde que comecei publicar a serie “Meninos que vi crescer” no jornal Sul Mineiro em 2009, já foram quase trinta historias de final triste, envolvendo garotos que ao longo da trajetória de vida profissional vi, literalmente, crescer biologicamente… e definhar socialmente. Em poucas delas não convivi com o desafortunado e sua família.

      Na historia de “Monteiro e seus quase 40 ladrões do Bagdá”, não vi o robusto comerciante e chefe de cozinha crescer, mas perdi muito sono, quase perdi a matricula no curso de Direito e corri muito perigo na estrada e nas quebradas da noite para investigá-lo e colocá-lo atrás das grades.

      Em “A verdadeira historia do Beco do Crime”, voltei muitos anos ao passado entrevistando dezenas de pessoas que conviveram com o casal de jovens, pois também não conheci Jesus & Jacira, o casal “Romeu & Julieta”. Mas o romance Sheksperiano que terminou de forma macambúzia na travessa Joaquim Bernardes, nasceu e foi totalmente vivenciado na rua onde passaria, anos depois, os melhores momentos de minha infância.

     Fernando da Gata é outro meliante que não vi crescer mas senti na pele o medo que ele inspirava nas pessoas e fiz seu velório na delegacia de Pouso Alegre.

     O Mistério do Coisa Ruim da Borda, que considero uma de minhas melhores historias, posso até ter presenciado, em outro corpo, mas não me lembro de ter estado lá. Para desvendar o mistério e escrever a historia, entrevistei dezenas de pessoas que viram o capeta há quase sessenta anos e visitei o local das diabruras e peraltices do “Chiquinho”. Aliás, em alguns momentos pude perceber a presença dele no velho casarão carcomido pelo tempo naquele alto de serra de Tocos do Mogi. Em todas as outras historias já publicadas e outras que ainda não passei para o papel, os personagens são reais, são meninos que vi crescer ao meu redor. Crescer e se perder nas sendas do crime. Exceto Valeria.

       A historia de Valeria, ouvi de sua tia Eugenia em Camanducaia. Ao ler o Blog do Airton Chips e ver a maneira descontraída e respeitosa de minhas narrativas, a enfermeira que ainda guardada o luto da sobrinha, contou-me sua historia pedindo que a transcrevesse. Contou-me apenas uma vez e ainda foi interrompida por um paciente que precisava de seus cuidados e um por amigo comum, que eu não via há mais de vinte anos. Esqueci de salvar o rascunho no notebook, mas curiosamente não esqueci a essência da historia. Pensei durante uma semana se valia a pena escrever sobre uma pessoa que eu não conheci.

        Os comentários e manifestações de apreço, tais como o de Jessica, prima de Valeria, “Se todos os casos como o de Valeria fossem divulgados as pessoas teriam mais informações sobre a triste realidade de como as drogas podem destruir uma família… Nós sabemos como isso é difícil, pois vimos a Valeria se acabar e sem poder fazer absolutamente nada…”, mostram que valeu a pena. A historia da garotinha que conheceu as drogas e entrou no mundo do crime pelas mãos do próprio pai alcoólatra aos nove anos de idade, infelizmente, é semelhante à de centenas de pessoas que se perdem ainda na infância ou adolescência, por falta de alguém para guiar-lhes pelo caminho do bem. Contar suas desventuras tem por objetivo alertar os jovens, seus pais e amigos para os malefícios da sedutora droga, mola propulsora da quase totalidade dos crimes que hoje levam milhares de jovens iludidos para os malcheirosos e funestos hotéis do contribuinte. E lembrar que neste momento, um amigo nosso, um parente, um vizinho, um filho… está precisando de uma mão firme, corajosa e amiga para orientá-lo. Se não a estendermos ele cairá no abismo….

 

Para relaxar… no meio da tarde

São Pedro e o moribundo de Camanducaia

      Outro dia São Pedro estava tirando um cochilo – coisa rara, com tanto motociclista malabarista e irresponsável e motoristas dirigindo mamados por aí – quando ouviu o som da campainha. Levantou-se tropeçando nas barbas, abriu lentamente a porta e… Não havia ninguem!

      – Melhor assim. Pensou. Pelo menos poderia voltar a cochilar sem ter que fazer a costumeira entrevista da prestação de contas.

       Mal sentou-se na sua esfolada poltrona, novamente o som da campainha. Antes de levantar-se o bom santo de cabelos e barbas de plumas brancas fez um pequeno gesto de irritação. Abriu a porta e… novamente não havia ninguem. Ele resolveu esperar uns segundos e novamente a campainha soou. São Pedro tornou abrir a porta do céu mas só conseguiu avistar um vulto desaparecendo…

      O velho santo pensou consigo:

– Ahh, é algum moleque querendo brincar comigo… Ja sei o que vou fazer. Fechou a porta e ficou atrás em silencio, segurando a maçaneta. Alguns segundos depois ouviu passos e novamente a campainha tocou. Ele abriu a porta de sopetão, passou a mão grande no colarinho do brincalhão e puxou para dentro.

– Te peguei, engraçadinho…

    No mesmo instante no centro cirúrgico do hospital de Camanducaia a doutora Tatiana T.K. de Matos falou desconsolada para as colegas de trabalho Noemi, Eugenia, Cida, Samanta, Lucheska,  Loydi Sara …:

– É meninas, fizemos o possivel…. O paciente parou de respirar…