Uma mulher morreu esganada…
Um homem foi morto a pauladas!
A investigação começou aqui, onde havia uma roda de octogenários curtindo o bucolismo da praça, na sombra fresca das arvores…!
Ao publicar a noticia sobre a morte do lavrador Ricardo Rodrigues Rosa, ocorrida no último domingo, 18, com base na informação de um leitor e em uma reportagem da Rede Record, publicada em 2015, informei que o ultimo assassinato na cidade havia acontecido há mais 40 anos. Alguns leitores, moradores da cidade discordaram. Para esclarecer o desencontro de informações, nesta quinta-feira, 22, fui à pequenina Natércia investigar os últimos crimes de homicídios na cidade desde o final do século passado.
O assassinato de Olga
O penúltimo assassinato do século XX na pacata Natércia, a 68 quilômetros e meio de Pouso Alegre, aconteceu no final da madrugada do dia 31 de dezembro de 1995. Olga Francisca Fernandes morreu asfixiada por esganadura. Seu algoz, João Roberto Siqueira, o “Inglesinho”, preso horas depois, confessou o crime.
No inicio da madrugada daquele fim de ano, ao ver a jovem passar na companhia de amigos, Inglesinho alimentou seus desejos e ficou à espera da jovem. Quando ela voltou sozinha, ele a abordou e lhe fez uma proposta totalmente indecorosa! Inglesinho, então com 23 anos, ofereceu trinta reais para Olga ‘ficar’ com ele! Inconformado com a recusa, o rapaz agarrou-a pelo pescoço, apertou, apertou, apertou até que ela parasse de respirar.
As marcas indeléveis do seu crime ficaram tatuadas no pescoço da jovem. Mais tarde, quando ele foi preso e confessou o crime, a polícia encontrou em seu peito e em seus braços as marcas das unhas dela, na luta desesperada pela vida!
Depois de estupra-la e roubar seu relógio, o qual também foi encontrado em seu poder, Inglesinho arrastou o corpo da jovem e o deixou numa vala, perto da casa dos pais dela!
João Roberto “Inglesinho” Siqueira foi condenado por estupro e latrocínio. A ultima noticia que se tem do assassino de Olga é que ele estava internado no Hospital Psiquiátrico Jorge Vaz, em Barbacena.
O assassinato de Fofão.
O último assassinato do século XX em Natércia aconteceu no final da tarde do dia 25 de agosto de 1996. O motivo foi uma brincadeira de ‘mão boba’ entre dois lavradores. No final da manhã daquele ‘Dia do Soldado’, durante uma festa na fazenda do Carlinho Mota, no bairro Lavrinha, onde se comemorava o final da colheita do café, em meio a alegria e muito riso proporcionados pelo ‘suco de gerereba’, João Nunes Pereira, o “Gordo”, teria passado a mão no peito do lavrador Darcísio Inácio dos Santos, o “Fofão”, ao mesmo tempo em que dizia: “Você está forte, hein?”
Fofão não gostou da brincadeira. Houve um princípio de briga e no minuto seguinte Gordo estava no chão, com o pé de Fofão na sua garganta. A turma do ‘deixa disso’ entrou em cena e apartou a briga.
Às seis da tarde do mesmo dia Gordo e Fofão voltaram a se encontrar. Aliás, apenas Gordo ‘encontrou’ Fofão… de costas!
Aproveitando a distração do rapaz que havia pisado no seu pescoço, Gordo deu-lhe duas pauladas na cabeça causando-lhe o traumatismo craniano que o levou à morte.
O assassino de Fofão cumpriu parte da pena na Comarca. Ao sair da cadeia alguns anos depois, em liberdade condicional, ele voltou para Heliodora, sua cidade natal. Lá, envolveu-se em outra contenda e agrediu um desafeto com uma martelada na cabeça. Com a regressão do regime de cumprimento da pena, Gordo teve a prisão decretada mas, antes de ser preso, dobrou a serra do cajuru, dobrou outras serras e até a Serra da Mantiqueira e foi parar no Vale do Paraíba, onde acabou sendo preso e morreu na cadeia. Uns dizem que ele morreu de Aids na prisão. Outros dizem que ele foi assassinado pelos companheiros de cela.
O assassinato de Fofão no bairro Lavrinha, em agosto de 1996, foi o último do século XX no município de Natércia.
O assassinato, ainda não esclarecido, do cidadão Ricardo Rodrigues Rosa, na madrugada do dia 18 de março de 2018, é o primeiro do século XXI na cidade de Natércia.
O sr. João Bueno, de família tradicional de Natércia, também falecido na década se 1990, teve morte acidental. Segundo consta das investigações da polícia, ele foi pisoteado pelo próprio cavalo em seu sitio. A policia não encontrou nenhum vestígio de crime no local, varrido pelas águas da chuva que caíra naquele dia, onde o corpo foi encontrado. O resto, para a justiça, é boato!
* Estas informações constam dos arquivos do Fórum da Comarca de Natércia