Pouso Alegre da minha infancia…!
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Nos idos de 1970, quem passava pela Com. Jose Garcia, chegando às Taipas, via aquela fileira de casinhas amarelas, ladeada por uma larga rua com uma igrejinha no final e algumas ruelas paralelas. Um muro de balaustre cercava toda a frente da “vila”. De frente para a Comendador – onde se localiza hoje o Restaurante Porteira Grill – um portão de ferro debaixo de um arco e dois degraus de escada. Por ali não se passava automóveis.
Eu, um dos mais ilustres vendedores de picolé da sorveteria do ‘seu’ Ferreira, passava mais por trás da ‘vila’, pelas trilhas do pasto circundado de bambuzeiros, em direção à minha casa no bairro Primavera. O Progresso chegou ali. A igrejinha amarela com um galpão de festas ao lado, se transformou na imponente igreja N.S. de Fátima. A Vila São Vicente se transformou em um prédio ao lado da moderna igreja. Algumas casinhas iguais ainda resistem como um pequeno e organizado cortiço, de frente para o prédio principal. Os idosos, que habitam tanto as casinhas do cortiço quanto o prédio principal também mudaram de nome; agora são ‘internos’! São 55 ao todo.

… O que restou das antigas casinhas antes amarelas, com portas e janelas de madeira, agora reformadas.
A vida por ali mudou muito… em qualidade, para melhor! Além dos quatro diretores que administram voluntariamente o asilo, outros 32 funcionários contratados para tal, cuidam diuturnamente, com muito carinho dos velhinhos e velhinhas.

Presidente Luiz Carlos Peres Rebello e a adminstradora Carla Alves de Paiva Barbosa
A “Vila São Vicente de Paula”, se transformou em “Asilo N.S.Auxiliadora da Sociedade São Vicente de Paula”. É dirigido desde novembro do ano passado por Luiz Carlos Peres Rebelo, Presidente, Antonio Faria, Vice, Antonio Claret Riggotti de Godói, Secretario, João Batista de Melo Pereira, 1º Tesoureiro e Lucio Braga, 2º Tesoureiro. A administração está a cargo da alegre e carinhosa Carla Alves de Paiva Barbosa, que chama todos de ‘meus filhinhos’ e distribui afagos a todo instante pelos corredores. Ela conta com o colaboração da eficiente Rita Fernandes. A entidade conta ainda com enfermeira chefe, técnica de enfermagem e cuidadores. 
– Nosso grande vilão é a folha de pagamento – Diz o presidente Luiz Carlos. Para prestar um bom atendimento aos internos, temos que pagar um bom salário aos funcionários. Todos ganham em media 1 salário e meio por mês. O interno custa para o asilo em media R$1,1 mil reais/mês.
– De onde vem a verba para este custeio?
– Cada interno entrega 70% da sua aposentadoria ou beneficio, algo em torno de quinhentos reais. O restante vem do aluguel de alguns imóveis que restaram ao lado da antiga vila e de doações da comunidade. Nossa façanha é equilibrar o caixa!
– Quem pode vir morar aqui no asilo N.S.Auxiliadora?
– Pessoas realmente necessitadas, de baixa renda. Quando surge uma vaga, nós investigamos a vida do interessado. Só aceitamos quem não tem condições de pagar um cuidador em casa.
Há até casais morando juntos em quartinhos separados dos demais internos, como o casal Marieta Enéias, 85 & Antonio Ramiro, 88 anos.

Marieta & Antonio Ramiro: 63 anos de união.
Eles se casaram em 1950, tem cinco filhos e moram juntos no asilo há 9 meses. Por lá mora também o ex-radialista Luciano Silva, que veio de Belo Horizonte para narrar as glorias do PAFC e por aqui fincou raízes. O espirituoso e romântico Sr. Messias Tomaz Modesto e seu cavaquinho, também tem seu ‘apartamento’ independente.
Dentre os simpáticos internos que moram no Asilo N.S.Auxiliadora atualmente, sem duvida o que mais chama a atenção é a senhora Luzia Francisca Marinho. Viúva há mais de mais de 40 anos, Luzia, nascida no bairro do Canta Galo, é a mais antiga moradora da vila. Depois de enviuvar com apenas 16 anos de vida conjugal, ela foi morar com a mãe na antiga Vila São Vicente. Quando a entidade mudou de nome e de ‘formato’ ela passou a ser primeira interna do asilo onde está hoje.

Luzia Francisca Marinho ; 101 anos com muita disposição.
Ela nasceu no dia 16 de abril de 1912… Completou nesta terça feira 101 anos. O aniversario foi comemorado como convém, com salgadinhos, refrigerantes e o tradicional bolo com velinhas. O cantor Gianini, da dupla sertaneja Giani & Gianini, animou a festa com musica ao vivo, duetando com Messias Modesto, no cavaquinho!

Gianini & Messias Modesto…
Luzia não é apenas uma velhinha de 101 anos! É uma senhora lúcida, ágil e cheia de vida. Foi só ouvir o clássico sertanejo “Saudade de minha terra”, na voz do jovem Gianini, ela se levantou e se pôs a dançar.
Dançou solo, dançou com o presidente Luiz Carlos, soprou as velinhas e distribuiu os primeiros pedaços do bolo a voluntários do asilo… Impossível não se emocionar, não se deixar contagiar pela alegria…! Impossível não se impressionar com a vivacidade de alguém com um século de vida! Alguém que assistiu a tanta transformação ao longo dos anos e pode contar o que viu! Parabéns dona Luzia! Vida longa… Com saúde e paz!
… Quando eu passava pelo passeio poeirento defronte a Vila, com minha caixinha de picolés, em 1970, Luzia já morava ali com a mãe…!