Um assalto com vários sotaques

Assaltante gaúcho:

– Ô, guri, ficas ‘atiento’, bá! Isto é um assallllto… Levantas o braço e te aquietas, tchê! Não tente nada e tome cuidado que este facão corta que é uma barbaridade! Passa os pilas pra cá e te manda a la cria, senão o ponto quarenta fala, tchê!

Assaltante cearense:

– Ei, bixim… Isso é um assalto! Arriba os braços e num se bula nem faça munganga… Passa vexado o dinheiro senão eu planto a peixeira no teu bucho…! ‘Pesdão’ meu Padim Ciço, mas é que eu tô cuma fome da mulestia…!

Assaltante mineiro:

– Ô sô, prestenção… Isso é um assartim, uai… Levanta os brass e fica quietim que esse trem na minha mão tá cheio de bala… Mió passa logo os trocados que eu num tô bão, hoje!… Vai andando! Tá esperando o que, sô…?

Assaltante carioca:

– Seguiiiinte, merrrrrmão… Tu tá lascado! Isso é um assalto bacana! Passa a grana e levanta os braços, porra… Não fica de bobeira que eu atiro pra caraca… Vai andando e se olhar pra trás vira presunto, morô…?

Assaltante baiano:

– Ô meu…………………… isso é um assaaaaalto………….. Levanta o braços, mas não se aveeeeeexe, nãaaaao……………… Se não quiser, nem precisa levantaaaaaar,……………pra num ficar cansaaaaado…………….. ! Vai passando a grana, bem devagariiiiiinho……….. Num repara, não, se o berro está sem baaaaaaala………. Mas é para não ficar muito pesaaaaaado!………. Não esquenta, meu irmãoziiiiiiiiinho, vou deixar teus documentos na próxima encruzilhaaaaaaada…………….!

Assaltante paulista:

 – Ôrra, meu… Isso é um assalto, cara… Levanta os braços rápido! Ôrra, meu… Passa a puta da grana logo!!! Ôrra meu, tá esperando o que? Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a puta da bilheteria ‘abeita’, ‘pá’ comprar a porra do ingresso do jogo do Curintia, meu…!

                                                                                                           Assaltante candango:

– Caro povo brasileiro…, no final do mês aumentaremos as seguintes tarifas: energia, água, esgoto, gás, IPTU, IPVA, IPI, ICMS, PIS, licenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, Imposto de Renda, passagem de ônibus, de charrete, de bicicleta, de trolinho, de tapete voador…!!!

Dilma Roussef

 

“Minutos de Sabedoria”…

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Cerque sua vida com o sentimento doce do amor.

Não tenha prevenção contra seus semelhantes.

Se alguém não o compreender, se alguém o ferir ou magoar, procure retribuir com maior compreensão, com atenções redobradas.

Só o amor é capaz de vencer as barreiras da separação, de aproximar as criaturas de solidificar amizades.

Então, cerque sua vida com o doce sentimento do amor.

O espermograma do velhinho

Ao receber a recomendação medica para fazer um espermograma o velhinho passou na farmácia, comprou o potinho e foi pra casa. Parecia fácil… Entrou no banheiro, tentou com a mão direita, tentou com a esquerda e até com as duas e nada! Então chamou sua mulher para ajudar. Ela tentou com a mão direita, com a esquerda, com as duas e até com a boca e também não conseguiu.

Não vendo outra opção, ela chamou a vizinha. Esta, querendo ajudar, mesmo bastante constrangida, tentou com a direita, tentou com esquerda, com as duas mãos e, muito sem graça pediu licença e tentou com a boca… Mas também não obteve sucesso…

A vizinha, não se dando por vencida, chamou a filha, que tinha 19 anos e era a menina mais encantadora do bairro! E mais uma vez as tentativas infrutíferas: mão direita, mão esquerda, as duas, boquinha com todo cuidado, mas… Também não conseguiu!

O velhinho triste, cabeça baixa, voltou à farmácia devolveu o potinho dizendo:

– Dá pro senhor me ver outro potinho? É que lá em casa ninguém conseguiu abrir este…!!!

Arapuca p’ra pegar Franguinho em Santa Rita

Embora inadimplente de Pensão Alimentícia não seja um criminoso, tem alguns que fogem da policia pior do que o Fernando da Gata!!!

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Certa tarde recebemos a incumbência de prender um devedor de pensão que deveria estar morando no bairro Roseira, ao pé da Serra da Manoela em Santa Rita do Sapucaí. Chamava-se Reinaldo e atendia também pela alcunha de “Franguinho”! – que eu supus pelo apelido no diminutivo, que fosse um pixote! Não o achamos por lá – devedor de pensão muda mais que cigano – mas localizamos sua moradia, na casa do novo sogro no condomínio Chácaras do Vintém. – provável futuro avô de mais uma criança para reclamar pensão alimentícia! Quando paramos a viatura na frente da rua ouvimos um guaiú de cachorros no quintal. Entendemos imediatamente porque e corremos para lá, mas já era tarde. Nos fundos do quintal começava uma plantação de milho que estava até azul de tão tenra e viçosa. Subi na ponta de um mourão de eucalipto roliço e vi somente aquele mar de milho embonecando, com suas espigas de cabelos multicores e os pendões bege-mostarda saciando enxames de abelhas, marimbondos e vaquinhas com seu pólen. A brisa leve e mansa do fim da tarde balançava suavemente o milharal proporcionando um belo espetáculo da natureza ‘domestica’. Franguinho poderia estar ofegante em qualquer lugar daquela roça de meio alqueire de milho hibrido que em três semanas daria deliciosas pamonhas. Achar uma agulha no palheiro do milharal dali a três meses ou mesmo um franguinho carijó, seria mais fácil do que achar o ‘nosso’ Franguinho caloteiro naquele momento. Na volta de mãos vazias para a delegacia tive uma idéia… E fiz uma proposta aos meus parceiros, o  padrinho Benicio e o jovem Kleber.

– Vou arrancar as penas do Franguinho amanha às cinco e meia da tarde ou na quarta às oito e meia da manha. Se meu plano falhar pago meia dúzia de picolés de groselha para cada um. Se der certo quero um picolé de leite…!

Na tarde seguinte sentei diante do computador, digitei um Mandado de Intimação nos seguintes termos;

 

“… Juiz da Vara de Família ( )  intima o cidadão Reinaldo A. de O., … a comparecer ao Fórum da Comarca, à Praça Santa Rita, às 08h30 do dia tal”.

 

Dei um rabisco qualquer na linha acima do nome do juiz, coloquei um capacete fechado, montei minha motoca e fui entregar a intimação na chácara do condomínio. Se ele estivesse curtindo o final de tarde na sombra na frente da casa eu o prenderia e chamaria os parceiros para conduzi-lo. Caso contrario ele nem saberia que estive lá. Fui recebido por uma mocinha de magros 18 anos com um bebê atravessado no colo – futuro credor de pensão de Franguinho! – que mal ouviu minha pergunta e foi logo respondendo;

– Ele não ta aqui, não!

Não tinha importância que ele estivesse ou não atrás do guarda roupa ou debaixo da cama ou que tivesse voado novamente para o mlharal… Na manha seguinte daria bem menos trabalho prende-lo. No dia seguinte saí de Pouso Alegre às 7h50 para chegar em Santa Rita as 8h20 como de praxe mas, meu velho Gol – só consegui comprar carro com menos de 5 anos de uso depois de me aposentar – me deu mais trabalho do que o previsto. Furou a mangueira do radiador e tive que parar a cada cinco quilômetros para recolocar água. Cheguei atrasado ao Fórum! Parei defronte o orelhão e percebi um sujeito espigado, cerca de 1m85 falando agitado ao telefone. Parei ao seu lado como se esperasse para usar o aparelho e ouvi mais ou menos assim;

-… Eu vou voltar para casa. O juiz não vem na parte da manha… Parece que não foi intimação do Fórum…

Não, não fora. Fora intimação minha! E o Franguinho havia ‘mordido o milho’… Quando ele desligou o telefone eu joguei a peia. Peguei um pedaço de papel qualquer do bolso, olhei e perguntei sem que ele visse o que estava escrito:

– Reinaldo A. de O. mais conhecido por Franguinho, é você mesmo?

Ele ameaçou pigarrear e antes que dissesse qualquer coisa eu voltei firme à carga com a firmeza que sempre guardava para estas ocasiões:

– Venha comigo… O delegado está esperando por você na delegacia!

Franguinho tentou levantar a crista e sacudir as asas, mas eu levantei ligeiramente a barra da calça deixando aparecer o cabo lustroso de madeira do 38 especial na canela. Coloquei a mão em seu ombro e indiquei a porta do meu carro há cinco metros dali defronte a charutaria do Caruso. Cheguei à delegacia da Quintino Bocaiúva raspava nove horas e fui direto pra cozinha como de habito;

– Companheiros…! Preparem mais uma chávena! Eu trouxe o Franguinho para tomar café com a gente… – Fui dizendo.

– Meu picolé de leite quero na sobremesa do almoço – acrescentei.

Apesar de Franguinho ter dado mais trabalho do que o habitual para uma prisão tão insignificante, não o levei direto pra cadeia. Deixei que ele passasse o dia no ‘corró’ da DP enquanto seus parentes faziam a ‘correria’ para pagar a pensão. No final do expediente ele subiu para o Hotel Recanto das Margaridas, jurando de pés de juntos que já havia saudado o débito alimentício. O Alvará de Soltura demorou três dias para chegar.

Embora fizesse pintinhos nas franguinhas mais do que galo carijó, sem ter milho para alimentá-los, nunca mais foi preciso buscar Franguinho no milharal da Chácara do Vintém!

 

Fernando de Jesus… o Assaltante mãos de tesoura

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Fernando de Jesus, 26 anos, seria apenas mais um assaltante soturno e pé-de-couve que sai pela cidade em busca de uns trocados – alheios! – para comprar crack. No entanto ele tem algumas peculiaridades; gosta de assaltar lojas na baixada da Comendador, fala baixinho e sem alarde, alterna os roubos com o irmão Evandro e usa a mesma faca usada pelo irmão nos assaltos. As vezes substitui a faca por uma tesoura. E tem mais um detalhe; com este calorão das ultimas semanas, ele gosta de assaltar de manhã, antes que o sol esquente muito! Mesmo que o caixa das lojas ainda esteja vazio…!

Foi assim que ele entrou na “Antídotos Cosméticos” na Rua São João, às nove e quinze da manha desta terça,11 e levou a bufunfa. Entrou discretamente, sem alarde, foi até o caixa, tirou uma sacolinha plástica de um bolso, um folha de tesoura do outro, abriu a sacolinha, mostrou a tesoura para a garotinha F. de 17 anos e disse baixinho;

– Coloca todo o dinheiro aqui – estendendo a sacolinha. Falou tão baixo que a garotinha nem percebeu que estava sendo assaltada e quase pediu licença para atender outros dois clientes que estavam na loja. Mas Fernando insistiu! Exibiu um pouco mais a tesoura e a ficha da garotinha caiu… Ele não era cliente e nem pedinte! Era assaltante! no exercício discreto da ‘profissão’…! Levou R$ 350 na sacolinha e seguiu calmamente em direção à rua Bom Jesus.

Mais tarde, depois de analisar as imagens do “bigbrother” da loja, os homens da lei foram à caça do assaltante ‘mãos de tesoura’. Ao ser abordado na Rua São Pedro ele abandonou a discrição… Saiu correndo pelos fundos de uma casa, pulou um muro e tentou dobrar a serra do cajuru! Mas acabou tropeçando nas malhas da lei. Parte do ‘fruto’ do seu trabalho matutino na loja ‘Antídoto Cosméticos’ ainda estava em seu poder.

– Duzentos reais eu usei para pagar uma divida de droga com um traficante no Aterrado agora a pouco – disse ele ao piano do delegado de plantão.

Fernando de Jesus, além de ser cliente que honra suas ‘dividas de pedra’ e de ser um assaltante pouco espalhafatoso com suas vitimas, é também solidário… pelo menos com o irmão Evandro! De vez em quando eles alternam a mesma vitima! Chega até usar a mesma faca para convencer garotinhas indefesas a entregar o dim-dim. Em novembro foi o irmão mais novo que visitou a loja Boticário na Comendador Jose Garcia exibindo uma lapiana de cozinha… Na semana passada Fernando voltou à mesma loja Boticário com a mesma faca e levou trezentos e poucos reais! Ontem, na falta da faca usada em conjunto com o irmão que foi passear em São Paulo, Fernando usou a metade de uma tesoura para assaltar a Antídoto!

Se você comerciante da área central da cidade já viu a tal faca ou a meia tesoura encostada no seu umbigo, procure a delegacia de policia e conte sua historia! Isso poderá garantir que demore mais alguns anos para receber nova visita do assaltante Fernando de Jesus…! – Ainda bem que não é o Fernando da Gata!

Depois de assinar seu primeiro 157 Fernando de Jesus foi usar o ‘modelito’ Chapolim Colorado do Hotel do Juquinha…

 

Jessica & Gesivalda … Mais um capitulo da historia da ‘droga na vagina’!

Jessica Caroline dos Santos Vieira

Jessica Caroline dos Santos Vieira

Sábado, o8, foi dia de visita no Hotel do Juquinha… Dia de redobrar a vigilância e abrir as pernas, desculpe, ficar de olhos bem abertos, para evitar que drogas e celulares entrem no presidio.

Apesar de toda vigilância, Jessica Caroline dos Santos Vieira e Gesivalda Aparecida Julio passaram pela peneira com uma bela encomenda! É que a droga estava bem mocosada, envolta em sacos plásticos dentro da vagina…! Nestas partes, nem mesmo as agentes femininas não tem autorização para ‘vistoriar’…

Mas a droga não chegou ao seu destino, aos seus amasios. Depois de passar pela revista e adentrar o pavilhão, Jessica e Gesivalda pediram para ir ao banheiro. Os agentes ficaram intrigados! Quando as meninas saíram do banheiro para ir ao encontro dos amasios, foram convidadas para nova revista. Que azar! Elas haviam acabado de retirar as drogas das vaginas e colocar no sutiãs! Uma levava belo patuá de maconha, outra levava cocaína!

A visita aos amasios Henrique da Silva Clemente e Juliano Jeronimo Monteiro teve que ser adiada por algumas horas. Antes elas tiveram que descer até a Delegacia de Policia para sentar ao piano e assinar o 33. Mais tarde enfim puderam ver seus companheiros, mas através das grades… Foram direto para a cela feminina, onde poderão ficar de 5 a 15 anos.

Gesivalda Aparecida Julio

Gesivalda Aparecida Julio

Essa pratica de mulher levar drogas para o marido ou amasio nos presídios, correndo o risco iminente de cair na malha fina da vigilância e ir fazer companhia constante ao companheiro, é corriqueira. Mas a historia prisional tem mostrado que a reciproca não é verdadeira… Os homens não se arriscam levando drogas para suas esposas na cadeia. Aliás, depois que saem da cadeia raramente volta para visita-las…!

'Erva marvada' e farinha do capeta na vagina...

‘Erva marvada’ e farinha do capeta na vagina…

Para Willian Abrete Pinto, gerente do Hotel Juquinha há pouco mais de ano, seus agentes vem fazendo um bom trabalho… Dentro das possibilidades. Depois de apreender quase trezentos aparelhos celulares e carregadores nos últimos doze meses, dentro do presídios e dezenas deles no pátio, lançados por sob o muro, o presidio no momento está limpo.

– Na ultima revista geral na semana passada só encontramos um celular no pavilhão – afirmou ele. Recentemente ganhamos três banquetas e cinco detectores de metais. Isso vai anular a ‘criatividade’ das pessoas mal intencionadas, que volta e meia tentam colocar objetos estranhos dentro do presidio. Com relação à droga, ela poderia ser percebida com uso de cães adestrados, mas os ‘Direitos Humanos’ proibiram o uso de cães na revistas pessoais. Estamos na expectativa de conseguir um aparelho de Raio X! Isso otimizaria muito nosso trabalho na segurança do presidio. – Complementa o ‘gerente’ que, com o empenho de seus diretores, inegavelmente vem escrevendo uma nova pagina na conturbada historia do jovem Hotel do Juquinha.

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Se o ‘hotel’ já dispusesse de Raio X, Jessica Caroline e Gesivalda não estariam agora usando o ‘modelito’ ‘Chapolim Colorado’…!

 

O prefeito e o papagaio da padaria do Jordão…

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Toda vez que entrava na padaria do Jordão, durante a campanha politica, Quincas , como todo bom – e falso – candidato à prefeito – cumprimentava um por um os presentes, chamando-os pelo nome – embora as vezes chamasse Pedro de Paulo, Antônio  de Antenor e Francisco de Francisley… E distribuía largos sorrisos! Enquanto isso um papagaio maroto, como todos os papagaios, andava para lá e para cá no poleiro perto da porta, observando a falsidade do politico…!

Passadas as eleições vencidas por Quincas, seis semana depois ele assumiu a prefeitura. Como a padaria do Jordão era ali perto do ‘palácio publico’, toda manhã o novo alcaide parava na padaria para o desjejum. Mas quanta diferença no comportamento! Entrava mudo, pedia um pingado e um pão de queijo, comia fingindo olhar para a TV, pagava com moedinhas que trazia já separadas na algibeira – antes das eleições pagava com nota ‘grande’ e não fazia questão do troco! – e saia calado! – tenho a impressão que conheço alguém assim! – Quando passava pela porta o maroto papagaio soltava um palavrão;

– Fiadaputa…!!!

Quincas percebia que era com ele, mas nada dizia, achando que aquilo fosse uma malcriação do louro, até que um dia se ‘queimou’! Depois de mais um sonoro “fiadaputa”, resolveu reclamar com Jordão… Pelo telefone, é claro!

– Ô, Jordão, você precisa dar um jeito nesse seu papagaio! Todo dia é mesma coisa… Primeiro ele fica me olhando com cara de deboche, depois, quando eu saio da padaria ele me xinga de fiadaputa! Isso não pode continuar! Afinal eu sou autoridade máxima nessa cidade…!

– Ahn… Sabe Quincas! É que o louro tem uma certa razão… Ele estava acostumado a vê-lo sorrindo e cumprimentando as pessoas, agora, depois que as eleições passaram você entra na padaria e não sorri e nem cumprimenta mais ninguém…! – obtemperou Jordão.

– Ah… Então é isso!? Já sei como resolver…

No dia seguinte o prefeito entrou na padaria do Jordao, abriu um sorriso de um palmo e meio, fingiu um pouco mais do que durante a campanha politica e foi cumprimento todo mundo. Depois do ‘pingado’ com pão de queijo, deu uma olhadinha discreta para o louro que andava inquieto no poleiro de um lado a outro e saiu sorrindo satisfeito. Quando deu os primeiros passos na rua ouviu lá atrás um sonoro;

– Aprendeeeeeu, né … ‘Fiádapuuuuuta’!!!

…E assim surgiu o “Ribeirão das Mortes”

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 Há cerca de duzentos, quando o século 19 era ainda uma menina de cabelos de trança e boneca no colo, a garbosa Santana do Sapucaí já espalhava suas tranças pelos bairros da Cata, Tanque, Matadouro e Lava-pés. A imponente cidade, uma das quatro com mais de sessenta primaveras no Sul de Minas – as outras eram Campanha, São Gonçalo do Sapucaí e Camanducaia – se equilibrando no centro do morro, já contava cerca de três mil habitantes! Pouso Alegre, muito mais favorecida pela topografia, pela hidrografia e outros atributos naturais, ainda engatinhava… A capela de Bom Jesus do Matosinhos já estava onde está hoje, cercada por dois piscosos ribeirões! À direita o ribeirão que descia do bairro Primavera e corria serpenteando pela atual Avenida São Francisco e Ruas Cel. Ribeirão de Abreu, Bom Jesus, São João e João Basilio; e a esquerda o ribeirão que nascia no bairro da saúde, ao pé do bairro Santo Antonio e descia pela hoje Avenida João Beraldo até desaguar nos fundos da fazenda do Chiquinho de Freitas. Se o padre tivesse que sair da pequena capela para fazer um batizado às margens do velho Mandu, teria de ir no lombo de um cavalo baio bem arreado e forrado com vistoso e macio pelego ou numa charrete puxada por uma eguinha pampa, pois da Praça Senador Jose Bento às margens do piscoso rio era ‘uma viagem’…

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Da emergente Pouso Alegre de pés descalços à impoluta Santana do Sapucaí, em lombos de burros ou carros de bois, era viagem para quase uma semana… Dependendo da época do ano! Foi justamente este detalhe “época do ano” que estreitou a historia entre a ‘metropole’ Santana e a vila de Bom Jesus do Matozinhos! Do outono ao inicio da primavera, a viagem de cerca de trinta e cinco quilômetros poderia ser feita em apenas um dia… De setembro, quando começavam as chuvas, até o final da enchente das goiabas, em março, a mesma viagem em lombos de burros ou carros de boi podia demorar até uma semana!

A menina Pouso Alegre, embora já desse ares de que se tornaria em breve uma linda donzela e mais tarde  uma sedutora coroa ricaça – cobiçada por tantos que querem administrar seus dotes! – ainda dependia de Santana em vários aspectos, inclusive dos santos! Mais propriamente da ‘imagem’ do santo, o qual já havia sido escolhido para apadrinhá-la: “Bom Jesus do Mártires”! O ‘santo’ já havia sido adquirido numa transação ligeiramente obnubilada entre o pároco Hermógenes e o vigário Jose e Mello! Quando em 1792 o vigário da Vila de Bom Jesus do Matosinhos pediu autorização ao prelado Dom Manuel da Ressurreição em São Paulo, para construir a capela na vila, a imagem do Senhor Bom Jesus dos Mártires já estava em poder do beato Angelo Gomes Moreira – seu zelador – esperando o altar para recebe-la.

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Acontece que a transação com o pároco Hermógenes estava eivada de duvidas e insatisfação! Nunca se soube ao certo se o padre de Santana do Sapucaí havia vendido, doado ou ‘emprestado’ a imagem do santo ao vigário da vila de Pouso Alegre, que, aliás, ainda não havia sido batizada com o nome do ‘alegre’ pouso! Por isso os santanenses, queriam a imagem de volta. E queriam a todo custo! Passaram a pressionar os vilarinhos do Mandu para que devolvessem a imagem do Senhor Bom Jesus dos Mártires. Inclusive com ameaças!

– Só vamos esperar passar as festividades religiosas… Na semana seguinte, se a imagem do santo não estiver aqui, vamos buscá-la pessoalmente! – Ameaçavam os descendentes de Francisco Martins Lustosa, fundador da cidade meio século antes.

        Aquele ano, São Pedro – que dizem que além de manter as chaves da porta do céu, cuida também da central de abastecimento de agua – a Copasa de além das nuvens – parece que estava fazendo uma pequena torcida para Pouso Alegre ficar com o ‘São Bom Jesus’ e resolveu botar lenha na fogueira… Abriu as torneiras e deixou a chuva cair! Findas as festividades religiosas anuais, embora muito a contra gosto, pois já haviam escolhido Bom Jesus para padrinho do município que se avizinhava, mas querendo evitar a primeira guerra mundial, justamente por causa do santo, os vilarinhos trataram de atender o ultimato! Tentaram a viagem pelo bairro Faisqueira… Sem chances! Tentaram pelo Ribeirão… Não conseguiram sequer subir o morro da Cava – atual curva da Rua Bento Doria Ramos. Voltaram com o santo para a capela a fim de esperar a estiagem. Não tardou o sacristão recebeu novo recado ameaçador;

 

Para saber qual foi o recado e o desfecho dessa historia, acesse “www.meninosquevicrescer.com.br”.

 

O Juca caiu… Com quase um quilo de maconha

Juca, o celular 'X 9' e a droga...

Juca, o celular ‘X 9’ e a droga…

No final da manhã desta sexta, 07, o Inspetor interino Ricardo Teobaldo  recebeu uma informação detalhada de um amigo oculto da lei que dizia:

– O Juca acabou de receber uma remessa de maconha, mais de quilo! A droga deve estar dentro do Vectra verde com placa de Campos Gerais ou dentro do escritório do Lava Jato Bom Jesus… Vá lá agora que vocês pegam o ‘playboy’ com a mão na erva!!!

Teobaldo, que já andara investigando João Alves de Souza Junior, o “Juca”, imediatamente passou a informação ao seu chefe, delegado Gilson Baldassari, e foram checar a informação na Bom Jesus, no centro da cidade.

Era verdade!

A denuncia do amigo oculto da lei foi precisa!

No interior da geladeira do estabelecimento o detetive André encontrou o primeiro patuá de maconha. O restante da erva marvada – 17 patuás – estava mocosado no interior do aspirador do pó jogado num canto do escritório.

– A maconha que está na geladeira é minha, para meu uso… Mas a que está no aspirador de pó eu não sei de quem é… – Alegou João “Juca” Alves de Souza Junior, 33 anos.

– Quando chegamos ao lava jato, o Sr. Juca estava completamente ‘chapado’, sob o efeito de alguma droga… – disse o delegado Gilson Baldassari.

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Minutos depois da prisão do Juca e apreensão da droga, do carro e do celular do playboy, já na DP, o aludido celular tocou. Teobaldo que redigia o Reds atendeu se passando pelo dono do aparelho e ouviu a seguinte consulta de um provável fornecedor:

– E aê, Juca, você vai querer outra remessa somente de erva ou vai querer “doce” também? … Ok, ligo mais tarde confirmando a remessa!

Antes de tipificar o crime do Juca, o titular da Especializada no Combate ao Trafico ficou na dúvida… Como a maconha foi encontrada no interior do lava jato, dentro da geladeira e do aspirador de pó, o delegado não sabia se enquadrava “Juca” ‘envolvimento com o pó’, por vender ‘droga fria’ ou por ‘lavagem de droga’!!!

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Além da droga no aspirador, Juca não soube dizer a quem pertence o Vectra verde citado na denuncia, o qual estava no seu estabelecimento e jurou de pés juntos que é apenas ‘canabista’. Como “guardar” é um dos verbos sinônimo de “trafico” de drogas mencionados na Lei 11.343, Juca sentou ao piano, assinou o 33 e foi se hospedar no Hotel do Juquinha.

… A julgar pela assistência jurídica recebida pelo traficante antes e durante a lavratura do flagrante, esse aspirador do Juca tem muito mais ‘pó’ do se imagina!!!

 

“”” Abrace seu filho… Não deixe que as drogas o abracem!!! “””

*** Neste final de semana voce vai saber como surgiu o “Ribeirão das Mortes”…

 

 

Holyfield não voltará mais para o ringue

Numa noite morna de inicio de 2007 um cidadão alto, atlético, de cor negra entrou num boteco do bairro Arco Iris em Santa Rita do Sapucaí e pediu um refrigerante. Sorveu o liquido lentamente meio ressabiado, meio tenso, como se estivesse prestes a tomar uma grande decisão. Logo em seguida saiu lentamente do boteco e ficou por ali, nas imediações. Não tardou o botequeiro baixou as portas e se dispos a ir para casa ali perto, acompanhado da namorada, uma bela morena… Que tinha outro pretendente! Quando o casal abraçado passava por um ponto pouco iluminado, ainda perto do bar, o ‘atleta’ do refrigerante surgiu por trás, na penumbra da noite, de arma e punho e mandou bala. Uma delas pegou de raspão na morena namoradeira. A outra acertou a nuca do botequeiro! A capsula calibre 32 certamente tinha pólvora suficiente apenas para vomitar o projetil, mas fez pouco mais do que cócegas na nuca do dono do boteco. Depois de socorrido ao hospital e fazer um curativo ele nem precisou de licença do trabalho. Nos dias seguintes continuou dirigindo o costumeiro caminhão da prefeitura, onde trabalhava… Apenas com o pescoço duro! Antes de dobrar a serra do cajuru com o revolverzinho 32 de meia tijela, o atirador arrancou o relógio prateado do pulso do algoz e levou com ele… E o relógio nos levou até ele!

No ano anterior havíamos colocado dez dos onze homicídios ocorridos na cidade em pratos limpos… A primeira tentativa de 2007 não passaria em branco. Logo pela manhã saímos na sombra do pretenso assassino e ladrão de relógio. Aliás, a primeira coisa que descobrimos é que o roubo do relógio fora um ‘acidente de percurso’! O objetivo era apenas matar o casal! O atirador negro era o cidadão conhecido por Hollyfield, morador do bairro Recanto das Margaridas, genro do Pelé. O crime fora encomendado, por motivos passionais. Um cidadão da terceira idade, morador da zona rural da cidade nutria fervorosa paixão pela baiana, mas ela preferiu o botequeiro de horas vagas, motorista da prefeitura. Com o coração partido, o sitiante resolveu mandar furar os corações da baiana e do namorado. Para isso pagara R$ 200 à Hollyfield!

Chegamos a esta conclusão por volta de três tarde daquele dia. Faltava agora chegar ao latrocida. Ele trabalhava de serviçal no Hospital Antonio Moreira da Costa – diga-se de passagem, ótimo funcionário e muito bem quisto pelos colegas de trabalho – mas deixara o local às duas da tarde. Fomos acha-lo batendo papo numa obra recém iniciada numa esquina da rua das rosas. Parecia ser uma prisão simples, em flagrante, mas foi bastante tensa. O moço fazia jus ao apelido de Hollyfield! Tinha praticamente o mesmo porte físico do campeão dos pesos pesados americano…! Éramos três, eu, o compadre Benicio e o jovem Klebinho. Parecia fácil para três policiais com deois 38 e uma .40 na cinta prender um suspeito. Parecia! Em campo aberto se ele resolvesse correr, o que faríamos? E se ele estendesse os braços lado e lado e dissesse:

– Ok! Então coloquem as pulseiras de prata e me prendam… Quer ver quem se arrisca!

Usei minha costumeira frase que carreguei comigo durante 27 anos…

– Hollyfield, o delegado está precisando de você na delegacia. Vem com a gente…! – E abri a porta lateral da velha Parati preto & branco estendendo a mão esquerda de ‘boas vindas’. Ele titubeou por um ou dois segundos olhando para a própria bermuda e perguntou:

– Agora?

Com a mão direita apoiada no cabo do 38 por baixo da camisa azul, respondi com uma firmeza que não deixava dúvidas…

– Agora!

Apenas mais um segundo de hesitação. Hollyfield se despediu do pedreiro com o qual conversava, baixou a cabeça e entrou na viatura. Preferimos nem colocar-lhe as pulseiras de prata. Só depois de algumas quadras ele abriu a boca…

– O que está acontecendo, Benicio? – Perguntou.

– Parece que teve um probleminha no Arco Iris ontem à noite… O delegado quer conversar com você. – Disse vagamente o velho policial prestes a se aposentar. Hollyfield deu uma encolhida no banco ao lado do Kleber. Pelo retrovisor percebi que ele suava frio. Alguns minutos depois, já na baixada do Maristela, ele pediu para abrir a janela da viatura – o que foi negado. Quando descemos na porta da delegacia da Quintino Bocaiuva ‘seu’ relógio ficou para tras, meio prensado entre o banco e encosto da Parati… Se a janelinha tivesse sido aberta lá atrás, o relógio teria ficado no meio da rua Juca Castelo… O relógio retirado do pulso do Ernani na noite anterior! O revolver 32 com as duas capsulas vazias achamos na manhã seguinte numa moita no pasto da fazenda que margeia a Avenida Bilac Pinto, por onde ele passou em fuga na noite passada.

Leandro "Holyfield" Mendes Mota: Afogado no Rio Sapucaí

Leandro “Holyfield” Mendes Mota: Afogado no Rio Sapucaí

A fracassada tentativa de homicídio passional seguida de roubo custou ao ‘pistoleiro’ Hollyfield 7 anos e meio de hospedagem no Hotel Recanto das Margaridas. De lá ele viu o irmão Renatinho afundar mais do que ele no crime e matar um desafeto pelo controle do trafico. Viu também o irmão caçula, Filipinho, passar de “dimenor” a “dimaior” afundado até o pescoço em crimes diversos. Viu até a irmãzinha adolescente, aquela que ficava com os olhos parados abobalhada quando me via e na despedida só conseguia dizer: “Gatão”! ser também, presa no 33 e ir fazer-lhe companhia. Viu até a sofrida mãe, sem marido, rodar no 33. Dois anos depois Hollyfield ganhou sua primeira e tão sonhada “saidinha de 7 dias”. Seus companheiros de ‘caminhada’ juraram de pés juntos que ele havia participado do famoso assalto ao Bancob de Santa Rita durante a ‘saidinha’…! E ele assinou mais um 157!

Atualmente Hollyfield estava em liberdade condicional. Até a ultima terça feira, 04, estava trabalhando numa draga retirando areia do Rio Sapucaí. Por volta do meio dia ele mergulhou nas aguas amarelas do rio e não voltou à tona. Seu corpo foi encontrado quase 48 horas depois, boiando a cerca de dois quilômetros rio abaixo. Há controversas sobre o motivo do mergulho no rio. Uns dizem que ele caiu acidentalmente entre a draga e o rebocador… Outros dizem que ele mergulhou no rio para se refrescar no intervalo do almoço. O fato é que Leandro Mendes Mota, o ‘nosso’ Hollyfield, 27 anos, definitivamente não voltará para o ringue e nem para o Hotel Recanto das Margaridas.