Denúncias de vizinhos levam estuprador para o Hotel do Juquinha

O hediondo crime vinha acontecendo no JARDIM YARA!

Uma postagem aqui sobre crime de homicídio no início do mês passado, trouxe dezenas de milhares de acesso ao blog. Com os acessos de novos e antigos leitores, que conhecem a seriedade e credibilidade com que sempre tratamos os assuntos policiais, vieram também algumas denúncias de crimes; crimes que revoltam a sociedade!

 

Uma das mensagens dos nossos leitores, falava sobre um crime hediondo que vinha sendo cometido paulatinamente por um cidadão contra filhos e enteados no Jardim Yara, em Pouso Alegre.

 

Segundo a denunciante, as quatro crianças de 5, 8, 14 e 16, sendo as duas mais velhas enteadas, há anos vem sendo abusadas. Pior, com anuência da mãe das quatro, que defende o amásio das acusações!

 

De antemão, a denunciante disse que o Blog era seu último recurso, pois o Conselho Tutelar e o próprio Juizado da Infância e Juventude tinham conhecimento dos fatos, mas até então, não havia dado uma solução definitiva para o caso.

 

Antes de orientar a denunciante ou levar a denúncia adiante, procurei me inteirar da veracidade dos fatos, a começar pelo Conselho Tutelar da cidade.

 

Sim, a denúncia era verdadeira. Segundo contou, também indignada a conselheira tutelar, providencias já haviam sido tomadas por aquele órgão. No entanto, o crime se arrastava e o abusador continuava impune. Segundo a dedicada Conselheira, com larga experiencia em casos dessa natureza, as crianças haviam sido afastadas do lar e entregues à ‘Casa de Acolhimento’ do município criada para esse fim. Porém, de maneira provisória. Seis meses depois, com o afastamento do pai e padrasto do lar, as crianças foram devolvidas à mãe… E a relação criminosa do seu companheiro continuou com relação aos filhos – um deles, inclusive autista – aumentando a revolta e descrença dos vizinhos com relação a justiça!

 

Embasado nessas informações levei as denúncias ao conhecimento do Juizado da Infância e Juventude no Fórum local, onde fui atenciosamente recebido. O jovem comissário que me atendeu – diga-se de passagem com fineza e preocupação com o escabroso caso – confirmou todo o imbróglio, e esclareceu que o juiz do feito estava buscando solução, tentando encaminhar a família de volta para o Maranhão onde os abusos haviam começado. No entanto, garantiu o comissário, o caso seria imediatamente recolocado sobre a mesa do douto magistrado.

 

Foi mesmo!

 

Quatro dias depois recebi uma mensagem do atencioso Comissário, informando que ele havia retirado as crianças do convívio da mãe e do estuprador. Segundo determinação judicial, as crianças ficarão provisoriamente sob custodia da ‘Casa de Acolhimento’ na Comarca de Pouso Alegre, à espera de adoção.

 

As providências do Homem da Capa Preta não pararam por aí. O processo andou. Nesta terça-feira o estuprador de filhos e enteadas recebeu a visita dos homens da lei, sentiu o frio das pulseiras de prata, pegou carona no táxi do contribuinte e foi se hospedar no Hotel do Juquinha!

Indignação!!!

Mesmo identificado, processo e condenado, talvez o agressor nem venha a conhecer o Hotel do Juquinha por dentro!

A brutalidade aconteceu numa rua paralela à Vicente Simões na noite de sexta-feira,28.

É o mínimo que se pode dizer para expressar os sentimentos dos familiares – e da sociedade – com as agressões sofridas pelo adolescente no bairro Guanabara, região central da cidade na primeira noite de carnaval em Pouso Alegre! Uma agressão selvagem, à traição, desproporcional a qualquer ato que, porventura, tenha ocorrido antes! Atitude covarde, dada a desproporção física da vítima, dada a total impossibilidade de fuga ou de defesa! Apesar disso, a ação não exigiu nenhuma reação das pessoas que assistiram passivamente a brutalidade. Talvez paralisadas pelo medo, ou acostumadas com a violência das ruas, nada fizeram para intervir ou deter o agressor. Ele, no entanto, não escapou do olhar frio e inerte do “olho vivo” que a cada dia mais toma conta das nossas ruas, mostrando para a polícia a cara de quem faz feiura!
                                      “Eu, como mãe de adolescente, fico indignada”! – escreveu uma leitora do meu blog nesta segunda-feira.
                                      “Vai fazer duas semanas e o vagabundo anda todo, todo por aí. … E Até agora ninguém, fez nada” – diz a leitora!

Mesmo após jogar o adolescente na lona, o agressor continuou batendo…

Desacorçoada com a impunidade que campeia solta na cidade – e no país, a sociedade tem dado sua contribuição ao Estado, instalando câmeras de segurança nas suas residências e empresas, o que possibilita, ao menos, mostrar para a justiça a cara do infrator! – Coisa que, aliás, as determinações do CNJ, atendendo à ‘sensibilidade’ dos Direitos Humanos, não permite.
A prefeitura de Pouso Alegre, através do CIDS também implementou recentemente medidas nesse sentido buscando auxiliar a polícia no combate à criminalidade no município, instalando dezenas de câmeras pela cidade. Graças a essas câmeras que buscam ao menos inibir um pouco o insolente meliante, o autor da barbárie cometida contra o garoto na noite ainda criança de carnaval, foi identificado!
Mas e agora?
O que acontecerá com o selvagem agressor?
Saber quem é o autor da agressão não muda muito o status quo da conjuntura. Aliás, piora um pouco! Aumenta a indignação da família e da sociedade. Sim. Pois não há lei para punir o agressor à altura do seu crime!
A sociedade, ao instalar câmeras fez sua parte contribuindo com a identificação do agressor. A polícia militar, que não pode ser onipresente, registrou o fato e tomou as demais providências para o seu esclarecimento.
A polícia civil, a quem cabe investigar o crime, neste caso, dentro de 30 dias colocará o agressor, seja ele quem for, e todos os subsídios para o seu julgamento, sobre a mesa do Homem da Capa Preta.
E o que irá acontecer com o agressor?
Será julgado de acordo com a lei.
E o que diz a debochada lei?
O que vimos nas imagens, salvo melhor juízo, se enquadra em lesões corporais (art.129 CP), cuja pena varia de três meses a 01 ano de cana. Dependendo da gravidade e consequências das lesões, a pena pode chegar a oito anos!
Se o zeloso RMP enxergar e o douto Homem da Capa Preta se convencer de que houve tentativa de homicídio, a pena pode ir de 6 a 20 anos com redução de um a dois terços, ou seja: o brutamontes pode pegar 2 anos de cadeia. Dependendo de algumas variáveis, com uma pena dessas o cidadão que aparece nas imagens espancando o adolescente diante de dezenas de olhares assustados e impassíveis em plena via pública, talvez nem venha a conhecer o Hotel do Juquinha por dentro!
“… Juro que se fosse com meu filho ele (agressor) já estaria morto”! – desabafa a mesma leitora… indignada.
Enfim…
Sem lei severa, não há punição!
Sem punição… não há por que NÃO cometer crimes!
Sem punição para o criminoso, o trabalho da polícia não passa de “enxugar gelo”!
A sociedade paga, merece, precisa e quer mais do que isso!

Impunidade

… PORTA ABERTA PARA O CRIME!

Em 2009, quando se mudaram do Velho Hotel da Silvestre Ferraz, os meliantes da cidade eram 350! Hoje, só no Hotel do Juquinha estão hospedados cerca de 1.300… sem falar uns 250 na APAC e outros tantos em penitenciarias do Estado!

Embora não esteja mais cobrindo o noticiário policial, estou sempre antenado no assunto. Afinal, como cidadão, também estou sujeito à insegurança que reina na cidade e no país! E tenho visto diariamente nos sites locais como a violência tem aumentado! Todos os dias – e noites! – temos arrombamentos, furtos e roubos na cidade. Isso para focar apenas nos crimes contra o patrimônio, sem falar dos crimes contra a vida, contra os costumes, do tráfico de drogas!…

Tendo ingressado na polícia em 1980, acompanhei de perto a transição, a transição da criminalidade tolerável para a criminalidade intolerável, que chegou aos nossos dias. Sim, em 1980, com um efetivo razoável de policiais, conhecíamos cada meliante da cidade. Conhecíamos cada movimento do meliante. Sabíamos quando ele estava de ‘biboinha’, e quando tinha culpa no cartório.

Mas aí veio a famosa “Constituição Cidadã” do Ulisses Guimarães!

Até então, o sujeito que havia se bandeado para o crime, tinha vergonha de ser criminoso, de ser “marginal”! Ele vivia à margem da sociedade e era facilmente identificado. Todo mundo na rua, no bairro, sabia quem era o meliante. E não raro o ‘caguetava’! Afinal, qualquer um poderia ser sua próxima vítima!

A Constituição Cidadã igualou todo meliante ao cidadão. Desde então o meliante passou a andar todo garboso por aí, de peito estufado, nariz empinado – e impune!

Nos anos seguintes à Constituição Cidadã, notadamente na última metade da década de 90, com o surgimento do ‘crack’, uma droga barata, acessível à classe baixa, a criminalidade desandou de vez, e desceu ladeira abaixo… sem breque! Hoje, ainda dá, mas está difícil segurar a criminalidade!

Não quero com isso dizer que a Constituição Federal não deva defender, indistintamente, todo e qualquer cidadão. Mas temos que manter sempre à tona o velho jargão:

“É preciso separar o joio do trigo”!

Lugar de quem comete crime é na prisão!

Somente a privação da liberdade, seu maior bem, fará o cidadão mudar de atitude!

O problema está aí: as leis não estão mais punindo o criminoso!

E sem punição, não há por que deixar de cometer o crime!

Por isso temos tantos crimes acontecendo na cidade e no país.

E não adianta culpar a polícia! A polícia não tem culpa no crescimento da criminalidade. Ela tem feito sua parte.

A polícia tem se aprimorado cada vez mais para prevenir e combater o crime.

Mas a lei é frouxa…

A lei é maleável…

A lei é flexível!

A lei é humana demais com o meliante! … Enquanto o meliante é desumano com a vítima!

A polícia hoje… o juiz manda soltar na audiência de custodia amanhã!

A polícia prende de manhã… a lei solta de tarde!

O juiz condena… a lei manda o juiz soltar!

A justiça condena o meliante a seis anos de prisão… Mas a lei diz que ele pode voltar pra rua 7 vezes por ano… na tais “saidinhas”!

… E depois de um ano atrás das grades, nem precisa voltar mais pra lá!

Mas então, diante desse quadro caótico que se encontra a segurança, quem poderá nos salvar? O Batman? O Homem Aranha? O Chapolin Colorado?

Não. As leis!

E quem faz as leis?

Essa pergunta toda pessoa, desde o ensino médio ao menos, sabe responder.

Quem faz as leis é o Poder Legislativo – são os deputados, escolhidos por nós, eleitos por nós, pagos por nós para cuidar dos ‘nossos’ interesses. Inclusive para cuidar da nossa segurança enquanto cidadãos.

Não temos que cobrar segurança da polícia. Temos que cobrar segurança dos nossos políticos!

A lei penal precisa ser consertada.

Sem consertar a lei penal… a criminalidade não tem conserto!

 

OBS: essa é uma abordagem rasa sobre os efeitos da impunidade no país. Se formos aprofundar um pouco mais o assunto, teremos que ir além do Poder Legislativo. Teremos que visitar também os poderes Executivo e Judiciário. Dá livro… best-seller!

Execução na Baixada do Mandu

Matador atirou em um carro no Aterrado em Pouso Alegre…

e matou uma mulher em São Paulo!

O alvo da execução era ela mesmo. Julia, 29 anos, era ‘Job’ numa boate nas margens da BR 459 em Pouso Alegre.

O crime, uma execução possivelmente por motivos passionais, aconteceu no início da madrugada deste domingo, 02, na Av. Vereador Antônio da Costa Rios no Aterrado.

O modus operandi do crime lembra um daqueles clássicos crimes de execução por desacerto de drogas. O carro, um Corolla, seguia sereno pela avenida até que uma dupla de motoqueiros se aproximou, o garupa sacou o trezoitão e descarregou o trabuco na direção do alvo sentado no banco de trás. Quatro balaços atingiram não letalmente o passageiro. Dois tiros atingem fatalmente a passageira ao seu lado. Ambos foram imediatamente socorridos ao Hospital Regional Samuel Libanio. A jovem, no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu ao dar entrada no nosocômio.

Segundo o rapaz, ferido em regiões não vitais do corpo, sua namorada se chama Julia Becker, 21 anos, natural do Rio de Janeiro.

Conforme dispõe a Lei, seu corpo seria levado para o IML ali ao lado, para ser submetido à exames de necrópsia. Seria! Para isso é necessário a identificação do corpo para a expedição de Guia.

Seguindo as informações constantes no BO que narra os fatos, ao consultar o SUS a administração do nosocômio responsável pelo preenchimento do Atestado que antecede a Guia, chegou facilmente até a família de Julia na cidade de São Paulo. Até aí nenhuma surpresa. Afinal, o ‘sistema’ está aí para isso. Surpresa – e muito brava – ficou a mãe da Julia Beker ao ser informada que sua filha havia sido assassinada!

– Que brincadeira é essa? Quem é você? Você está tentando me passar um golpe? Minha filha Julia está sentada no sofá aqui ao meu lado!

Bem, diante desse pequeno impasse, o corpo da Julia Beker passou o dia esfriando no necrotério do hospital. Até que a médica de plantão, incomodada com a demora para a liberação para poder exercer seu mister, foi ao hospital buscar o corpo que, por força de lei, pertence ao Estado, ao IML. Ao tomar conhecimento do imbróglio, a legista iniciou suas investigações. Uma hora depois tudo estava em pratos limpos. Julia Beker, na verdade se chamava Julia Conceição Oliveira, tinha 29 anos, uma extensa e movimentada rede social, dada à sua profissão, e morava numa boate nas margens da BR 459 onde exerce seu ‘Job’. Sua família residente no Rio de Janeiro recebeu a triste notícia e está a caminho de Pouso Alegre para transladar seu corpo.

Se o imbróglio não tivesse sido esclarecido, teríamos duas situações no mínimo constrangedoras.

Primeiro: o corpo da garota de programa Julia Conceição Oliveira, por falta de identificação formal, iria congelar na geladeira do IML até ser enterrada como indigente.

Segundo: quando a Julia Beker paulistana necessitasse usar os serviços do SUS, iria descobrir que estava morta há muito tempo.

Mas nem todo o imbróglio está esclarecido! O alvo da execução na madrugada no velho Aterrado não era o passageiro do banco de trás, mas sim a passageira! Até onde a polícia já chegou nas investigações, a execução teria sido cometida por motivos passionais! E teria sido cometida a mando da ex-namorada do passageiro do banco de trás!

Os dois motoqueiros executores do nefasto crime já sentiram o frio das pulseiras de prata, sentaram ao piano do paladino da lei e foram se hospedar no Hotel do Juquinha.

A PC agora vai se debruçar sobre o caso para apontar a causa real, e apresentar o mandante ao Homem da Capa Preta.

Meninos assassinos

Diariamente ela dobrava aquele morro de volta do trabalho! Até que certa tarde ela não chegou em casa…

Toda tarde ela passava por ali. Descia do ônibus no ponto final, defronte a Britasul, atravessava a cerca de arame farpado, pegava o trilho batido, por ela própria, subia lentamente o pasto, virava no cume do morro e descia margeando o capão de mato até chegar à casa dos pais do lado oeste do morro.

Era a única pessoa da família – e das redondezas – que fazia esse trajeto para chegar à cidade, a qual avistava de longe. O que a jovem não sabia é que seus passos lentos pasto afora eram observados por dois pares de olhos malvados, insensíveis e gananciosos! Até que certa tarde ela não chegou em casa.

Os pais perceberam sua ausência mas esperaram até a noite para saírem à sua procura. Começaram pelo salão onde ela trabalhava na cidade, mas estava fechado. Procuraram pelas colegas de trabalho, mas ninguém sabia seu paradeiro.

– Ela saiu um pouco mais cedo do trabalho, pegou o ônibus como sempre e foi pra casa – disse uma colega.

A jovem, bela e delicada cabeleireira não era sequestrável. Não tinha namorado, não tinha problemas familiares ou emocionais conhecidos. Seu desaparecimento era um mistério e, naturalmente foi levado ao conhecimento da polícia. Depois de uma noite de angústia e tensão, enquanto os homens da lei iniciavam os levantamentos de praxe, os próprios familiares saíram à sua procura. Junto deles estava um garoto, que fazia pequenos serviços braçais no sítio dos pais da cabeleireira. Começaram refazendo o trajeto que ela fazia todas as manhas a caminho do trabalho. Subiram o pasto e, na virada, decidiram adentrar o capão de mato. A cabeleireira estava lá! Estendida no chão, inerte, sem vida. A cena era chocante, tenebrosa! J. tinha o crânio fraturado… E faltava parte do rosto!

Segundo os peritos e o médico legista concluíram, os ferimentos na cabeça e o sangue atraíram a presença de bichos, ou talvez porcos do próprio sitio dos pais, e eles teriam comido parte do seu rosto! Além da violência na cabeça, a jovem tinha também vestígios de estupro.

A rotina da jovem cabeleireira de 28 anos, moradora na grota do bairro Cemig, em Pouso Alegre, era bastante conhecida pelos moradores do bairro Faisqueira. Era ali que ela embarcava toda manhã e desembarcava toda tarde no ponto final do ônibus circular, de volta para casa. Subia o pasto, chegava ao cume próximo da pedreira da Britasul, avistava a cidade e descia os metros restantes até a casa dos pais. A investida da Policia Civil na busca pelo assassino começou por ali, interrogando moradores, comerciantes e qualquer pessoa que pudesse esclarecer o violento e horrendo crime.

A informação contundente veio de um vendeiro do bairro, perto da igreja. Segundo ele, na noite passada, dois fregueses que até então não tinham mais do que moedas para gastar na sua venda, haviam consumido grande quantidade de doces, salgados e refrigerantes. Os dois ‘fregueses’ da venda foram os primeiros a receber a visita dos homens da lei. Surpreendidos com a intempestiva visita dos detetives, com pouco mais do que um centavo de prosa eles abriram o livro… e confessaram o hediondo crime.

A bolsa da cabeleireira com documentos e demais pertences, prova material do sinistro, estava enterrada atrás de uma moita de bananeira no quintal da residência dos assassinos.

Ao piano do paladino da lei na DP os assassinos contaram com detalhes a dinâmica simples dos fatos. A abordagem, segundo eles, foi fácil, pois eram conhecidos da cabeleireira. Quando ela dobrou o morro os dois pularam sobre ela e a arrastaram para o mato. Após quebrar seu crânio com uma pedra e tomar sua bolsa, abusaram do seu corpo e, como bichos do mato, a deixaram entregue aos bichos do mato.

A pena para o crime de Latrocínio, segundo o Código Penal, pode chegar a 30 anos. O estupro, segundo o mesmo código, chega a 10. Caso fossem maiores de idade, os dois irmãos poderiam se hospedar no Hotel do Juquinha por pelo menos 30 anos. E.N. o mais fortinho da foto acima e mais velho, tinha 16 anos. O menorzinho, N.M., o mesmo que trabalhava no sítio do pai da cabeleireira e fingiu ajudar a procurá-la, tinha 12 anos.

Após assinarem o 157 c/c 213, os pequenos latrocidas foram se hospedar na Febem de Sete Lagoas, onde, em tese, poderiam ficar até os 21 anos.

 

* O hediondo crime da cabeleireira aconteceu no início de dezembro de 1999.

Mendigo .40

Tarde quente e manhosa de fim de março

Na escadaria dura, irregular e suja da favela do Morro, na capital paulista, o mendigo está inquieto. De bermuda jeans suja e rasgada, camiseta em pior estado, com o pezão 42 sujo no chão, ele não sabe se senta ou se deita! Com movimentos lentos e desconexos, franzindo constantemente a testa tentando manter os olhos abertos, ele parece mamado… ou chapado! Ao seu lado, à direita, há uma sacolinha, dessas de supermercado, amassada. Do lado esquerdo, apoiada no concreto malfeito, há um corote. De vez em quando o mendigo de boné escuro amassado leva o corote à boca, entorna, faz uma careta e em seguida pega outra garrafinha que parece ser coca-cola e toma uma golada para desfazer o gosto que veio do corote. De tempos em tempos enfia a mão suja na sacolinha – que mais parece um saco de lixo – pega um sanduíche, talvez de mortadela, tira uma mordida e torna a guardá-lo na sacolinha.

 

Em situação de penúria e decadência semelhantes, outros dois mendigos espreguiçam na sarjeta numa ruela abaixo.

O tempo passa lentamente…

O calor de fim de março na favela é quase insuportável. Em dado momento, a alguns metros da escada, uma voz de mulher de vinte poucos anos, talvez, se despede de uma pessoa cujo nome parece familiar ao mendigo. Por baixo da aba do boné ele vê a mulher entrar num golzinho bola e se afastar do local.

Depois de consumir quase todo o conteúdo quente das duas garrafinhas e parte do sanduíche, o mendigo ouve o movimento de uma janela e de uma porta se abrindo no muquifo de onde saíra a mulher uma hora antes.

Sacudindo a cabeça, como se isso diminuísse o efeito do suco de gerereba, ele vê um sujeito sair da casa com um saco de lixo e leva-lo até a esquina a poucos metros dali.

Desacorçoado o mendigo se levanta meio cambaleante, pega sua sacolinha de ‘lixo’ quase vazia, vai em direção à casa e quando o sujeito vai entrar, enfia a mão na sacolinha e… ao invés de sanduíche azedo aparece uma pistola .40!

– Perdeu Mané… perdeu! – Diz o mendigo ao sujeito – Já era! Deita no chão…

– Qualé, mano, tá maluco?!… Caralho, é você? Tô diboa, tô diboa… – choraminga o favelado reconhecendo o ‘mendigo’, enquanto se deita de cara no chão!

– É melhor ficar de diboa mesmo – retruca o mendigo, enquanto saca o celular com a mão esquerda e diz apenas:

– Tá na mão…

Em exatos 48 segundos os dois mendigos da ruela de baixo chegam ao local. Cada um trás na algibeira larga da bermuda suja uma pulseira… de prata!

Um minuto e meio depois dois carros param ao lado deles e resgatam os três mendigos e o favelado!

 

Cenas de um filme policial feito na favela?

Enredo do meu próximo livro de ‘Romance Policial’ ou crônicas policiais?

Nana… nina… não!

São cenas reais de uma tensa operação da PC para prender um “patrão” do tráfico de Pouso Alegre.  Outros 33 traficantes – em operações menos glamourosas, todos pegos de pijama ou nos braços de Morfeu – receberiam também as pulseiras de prata da lei.

 

Antes do sol modorrento e melancólico daquela segunda-feira de fim de março de 2012 se deitar atrás da Serra da Cantareira, os pupilos do delegado Gilson Baldassari deixaram a capital paulista trazendo na rabeira do táxi do contribuinte um dos maiores distribuidores de drogas de Pouso Alegre.

A investigação conduzida pela delegacia regional da PC, rendeu ao bando cerca de 400 anos de ‘sol quadrado’ no hotel do contribuinte.

A tensa e arriscada prisão feita pelo ‘mendigo’ mineiro na porta do muquifo na favela paulista, garantiu ao ‘favelado’ Fabão 18 anos e meio de hospedagem gratuita no Hotel do Juquinha.

O “Conto do Vigário” veio do espaço

A coroa apaixonada pagou 30 mil euros para o astronauta voltar do espaço para se casar com ela!

Contos do vigário Brasil afora é o que mais tem… e vigaristas também! Só em Brasília existe muito mais de cem!

Mas se você pensa que o famoso ‘conto do vigário’ tem patente brasileira, você está viajando… no espaço!

O conto do vigário, em suas diversas modalidades, tem raízes fincadas em todos os cantos da terra.

Tem conto do vigário até do outro lado do mundo, mais precisamente no Japão!

Tem conto do vigário até no espaço!!!

Outro dia uma discreta – e solitária – senhora japonesa, abriu uma conta no Tinder, a fim de buscar um príncipe encantado! E conseguiu! Mais do que isso. Conseguiu um príncipe que vive no espaço! Sim, o moço de 44 anos estava morando numa estação espacial internacional!

Conversa vai, conversa vem, mesmo à distância – e que distância! o astronauta, que dizia ser russo, se apaixonou pela diva japonesa de 65 anos. Entre uma jura de amor quase intergaláctica e outra, o príncipe jurou de pés juntos que tão logo retornasse à terra, iria direto para o Japão para se casar com ela.

E ela acreditoooooooouuu!!!

E disse mais: “Se eu conseguir pagar os custos do retorno à terra antes do previsto, posso voltar a qualquer momento para me casar com você”!

O namoro espacial começou em junho – que coincidência! mês dos namorados!

O inverno chegou, julho passou, e o sr. Tinder continuou aquecendo os dois corações apaixonados.

Até que o astronauta jogou a isca no espaço:

– “Quero começar minha vida no Japão. Dizer isso mil vezes não será suficiente, mas continuarei dizendo. ‘Eu te amo’.” “Se eu conseguisse o dinheiro para pagar os custos do retorno do foguete e as taxas de aterragem, eu voltaria para a terra agora mesmo, para me jogar nos seus braços”!

A apaixonada japonesa mordeu a isca… Mandou seus ienes para o espaço. Duplamente para o espaço!

Entre os dias 19 de agosto e 05 de setembro, foram cinco transferências interplanetárias totalizando trinta mil Euros, cerca de R$ 150.000 reais!

Como sempre acontece nestes casos, fome de amor… por dimdim, nunca é saciada! Tão logo o dimdim da coroa voou para o espaço, quero dizer, para sua conta, o astronauta… ‘aumentou’ seu amor por ela! Pediu mais dinheiro!

– “Antes de voltar para a terra, tenho que quitar outras despesas pendentes aqui no espaço”, disse o astronauta se derretendo de paixão na tela do Tinder!

Só então a japonesa parou de raciocinar com o coração. Finalmente a ficha caiu!

Depois que a solteirona, cujo nome não foi revelado, levou o caso aos homens da lei em outubro passado, o “conto do vigário espacial” cruzou todo o espaço da terra – pelo menos do Japão à Londres.

Os Keikan japoneses prometeram que tão logo o astronauta russo desembarque no Japão, ele sentirá o frio das pulseiras de prata e irá se hospedar no Hotel do Juquinha!

O matador sempre morre no fim!

     Dívidas quitadas com a justiça… não quitam dividas pessoais!

A vedete da imprensa sul mineira neste começo de semana atendia – até a manhã de domingo – pelo epiteto de Pedrinho Matador! O notório assassino que começou a carreira ainda na adolescência, desfilou em todos os sites e telejornais da região nesta segunda-feira.

Pedro Rodrigues Filho nasceu em Santa Rita do Sapucaí em 1954. Doze anos depois mudou-se para Alfenas, onde teria cometido seus primeiros homicídios: segundo a lenda, criada pelo próprio, ele teria matado o vice-prefeito local por vingança pela demissão do seu pai do cargo de vigia de uma escola, sob a acusação de furto. Dias depois teria matado o verdadeiro ladrão da escola. Para não cair nas malhas da lei, Pedrinho dobrou a serra do cajuru e foi morar com os parentes em Mogi das Cruzes. Ali, ainda adolescente, iniciou a carreira de traficante de drogas.

Foi nos porões dessa perigosa atividade que ele deu asas à sua sanha assassina. Começou eliminando concorrentes do comercio de drogas. Aos 17 anos matou o próprio pai durante uma visita na cadeia. O pai havia sido preso depois de desferir vinte e dois golpes de facão na esposa, mãe de Pedrinho. Mais tarde, durante uma das entrevistas que deu à imprensa, Pedrinho disse que arrancou o coração do pai e mastigou um pedaço! Tomou gosto pela coisa e não demorou muito passou a matar por prazer, como ele mesmo fez questão de tatuar na própria pele!

Preso pela primeira vez ao completar 18 anos, Pedrinho viveu alguns anos brincando de furar tatus e balançar na “teresa” para fugir das cadeias. Com a segurança dos hotéis do contribuinte reforçada, Pedrinho finalmente criou raízes atrás das grades. Foi lá que ele cometeu, segundo o próprio gostava de gargantear, mais de 40 assassinatos de companheiros de cela.

Em entrevistas para grandes reportagens policiais que visam traçar o perfil social de notórios psicopatas matadores, o próprio Pedrinho se vangloriava de ter matado mais de 100 pessoas. Bravata compreensível, pois, uma vez que soma penas que garantem no mínimo 30 anos atras da grades e, sabendo que a lei não permite que fique mais de 30 anos preso, dizer que matou 10, 20, 40 ou 310 não muda nada. Mas poderia torná-lo mais famoso, poderia afagar-lhe o ego! Só não afaga – e não afagou e nem apagou – um velho estigma!

“Egressos de longas prisões não sobrevivem muito tempo em liberdade”.

É o caso dos notórios Cabo Bruno, do “Bandido da Luz Vermelha”, do Cirilo Bola Sete!

No caso de Pedrinho, até que ele foi longe! Conseguiu viver mais de quatro anos sem ver o sol nascer quadrado. Pedrinho matador foi executado no meio da manhã deste domingo, 05, com vários tiros de pistola, na porta da casa de uma prima que costumava visitar em Mogi das Cruzes nos finais de semana. Os vingadores que há tempos andavam na sua sombra, para terem certeza de que o matador não mataria mais ninguém, cortaram também sua garganta. A prima e uma criança que estavam com ele tiveram tempo de se recolher à residência e não foram feridas. Típica execução! O jargão bíblico nunca sai de cena: “Quem com ferro fere…”.

 

      Bandido da Luz Vermelha

João Acacio Pereira da Costa, nascido em Joinville no ano de 1942 tornou-se nacionalmente notório com o epíteto de Bandido da Luz Vermelha. Quatro assassinatos, 7 tentativas, 77 roubos à mão armada na capital paulista e cerca de 100 estupros – estes não comprovados – lhe renderam 351 anos de hospedagem gratuita no Hotel do Juquinha.

Em agosto de 1997, depois de mais de 30 anos comendo bandecos pagos pelo contribuinte paulista, João Acácio Luz Vermelha passou a desfilar livre, leve e solto pelas ruas e praias de Joinville. Cento e quarenta dias depois, após envolver-se numa treta, sentiu o gosto amargo do próprio veneno. O Bandido da Luz Vermelha apagou no dia 05 de janeiro de 1998. Tinha 56 anos.

 

Cabo Bruno   

Quando entrou para a policia militar paulista, Florisvaldo de Oliveira, nascido em novembro de 58 em Catanduvas-SP, já levava o apelido de infância… “Bruno”, por conta da semelhança com um notório ‘pé de cana’ com esse nome que perambulava pela cidade.

A graduação à cabo lhe rendeu o notório apelido de Cabo Bruno. Mas teria ficado nisso, não fosse seu dinamismo policial e sua sanha de justiça… Mesmo que fosse com à margem da lei!

Acusado de ter executado mais de 50 bandidos durante suas operações policiais com cara de legalidade e outras nem tanto, Cabo Bruno ganhou as páginas policiais da imprensa paulista e nacional no inicio dos anos 80. A fama de justiceiro lhe rendeu 118 anos de prisão.

Atras das grades se tornou pastor evangélico e se casou com uma funcionária do presidio. Vinte e sete anos depois, em agosto de 2012, o homem da capa preta de Taubaté lhe devolveu a liberdade.

No final da noite do dia 26 de setembro, ao chegar de um culto em Aparecida, de terninho e gravata e bíblia debaixo do braço como convém a um bom cristão, dois lombrosianos esperavam por ele. Foram dezoito tiros. Nenhuma das pessoas que estavam com ele foram atingidas. Vinte e sete anos depois Cabo Bruno já havia esquecido suas vitimas… mas os parentes delas não o havia esquecido.

Depois de 27 anos atras das grades, Cabo Bruno desfrutou apenas 34 dias de liberdade! Tinha 53 anos.

 

E o Cirilo Bola Sete?

O Cirilo não passou tanto tempo vendo o sol nascer quadrado. Ele não foi personagem de filmes e seriados. O máximo do estrelato que ele conseguiu foi protagonizar uma das crônicas do livro “Meninos que vi crescer”. Apesar das aventuras criminosas em Pouso Alegre, Jacutinga, Vale do Paraíba, ‘Rocinha’ no Rio de Janeiro onde esteve mocosado por uns tempos, perto de Cabo Bruno, Luz Vermelha ou Pedrinho Matador, Cirilo é um anjinho!

O Triste fim de Margarida Leite!

Durante mais de ano ela visitou seu algoz na cadeia!

Antes de voltar à liberdade, Faissal recebia Margarida na velha delegacia.

Toda quarta-feira ela estava lá. Era uma das primeiras a chegar para a visita no Velho Hotel da Silvestre Ferraz. Vinha na charrete do Chico Pé de Pano. Duas horas depois o mesmo charreteiro voltava para buscá-la. Eventualmente ficava esperando por ela. Eventualmente também, depois da visita, ela descia a Herculano Cobra ou a Com. José Garcia para fazer pequenas compras e depois pegava a mesma charrete atrás do mercado para voltar pra casa.

 

Era uma bela e discreta mulher. Alta, clara, cabelos longos ondulados. Vestia com sobriedade. Usava sempre vestidos longos claros com discretas estampas coloridas. Apesar da discrição, orelhas, pescoço, mãos ostentavam brilhantes joias, rejuvenescendo sua sexagenária pele e denotando seu status financeiro. Sua figura poderia ser confundida com a mulher do prefeito ou até do deputado…  Passava dos 60 anos, mas não deixava de atrair olhares cobiçosos e até… libidinosos!

 

“Quem será que ela vai visitar”? pensava quem a via pela primeira vez na fila de triagem na entrada da cadeia. Seria algum irmão! Um filho? Um neto?

 

Fosse quem fosse, ela devia amá-lo muito para sujeitar-se à humilhação de visitá-lo toda semana na cadeia. Que crime teria cometido o ingrato salafrário para levar tão distinta figura à aquele antro de perdidos!

 

Estelionatos!

 

Mohamed Faissal era alto, forte, moreno, bem moreno, quase mulato… resultado típico da miscigenação de raças que compõe o povo brasileiro. Não se sabe quantos anos havia sentado no banco da escola, se tinha algum diploma… Mas tinha muita cultura, muito conhecimento e usava seus conhecimentos, inclusive jurídicos, para convencer as pessoas a atender seus interesses… mesmo que fossem ilegais!

Foi assim que com menos de trinta anos Faissal foi parar no velho Hotel da Silvestre Ferraz, no final dos anos 70.

 

A visita era coletiva, dentro das celas. Em dias de visitas os presos limpavam o ‘apartamento’, empilhavam os pertences, otimizavam o espaço, tomavam banho e se enchiam de expectativa para receber seus entes queridos. Uma visita por vez para cada preso.

 

Além da sua respeitável, sedutora e perfumada presença, Margarida levava também mimos tais como chocolates, bolachas, cigarros e, claro… ‘dim-dim’ para o seu amado!

 

Não demorou muito, Faissal, com sua lábia peculiar, conquistou a liberdade intramuros. Foi ‘promovido’ a ‘cela livre’! Desde então passou a receber sua distinta visita semanal numa sala separada da carceragem.

 

Alguns meses depois o bonitão moreno, educado e articulado, ganhou mais uma ‘promoção’… Virou faxineiro na delegacia! Sua sessentona e bela visita passou a ser recebida ali. Ficavam um longo tempo sentadinhos num banco deserto lá num fundo da delegacia. As vezes Margarida chegava mais cedo… e ficava no hall conversando com o Inspetor Angelo, seu amigo de longa data.

 

Algum tempo depois Faissal chegou ao terceiro estágio da liberdade… Ganhou a liberdade condicional! E voltou definitivamente, sem amarras, para os braços de Margarida.

 

Durante décadas a Rua David Campista, foi uma das ruas mais alegres e movimentadas de Pouso Alegre. O movimento, no entanto, era noturno. Começava ao pé da noite e varava a madrugada. Desde às sete da noite desfilavam por ali viajantes, aventureiros, homens mal-casados, jovens solteiros, adolescentes muitas vezes levados pelos próprios pais para provar a masculinidade, todos em busca de sexo! Ao longo de três quarteirões as casas, a maioria simples, com suas luzes vermelhas, convidavam a clientela. A atração principal da casa – loiras, ruivas, morenas, jovens, outras nem tanto – muitas vezes exibiam seus dotes no portão, tentando atrair os sedentos de amor!

A Rua David Campista, na região central da cidade, era conhecida pelo sugestivo e romântico nome de … Rua da Zona!

 

Logo no início, afastada da beira da rua, ficava a boate da Margarida. Era a casa mais festiva, mais discreta, mais elitizada da Zona! A primeira que inundava a vizinhança com suas músicas apaixonadas e a ultima que fechava. Foi ali que Faissal conheceu e se enamorou de Margarida. E dos seus dotes financeiros. Tornou-se seu Gigolô!

 

Durante o tempo em que esteve hospedado no Velho Hotel da Silvestre Ferraz, Faissal reduziu muito sua despesa. Lá ele tinha cama, comida e roupa lavada por conta do contribuinte. Ao retomar a liberdade seu custo de vida subiu. Os mimos que antes recebia da sua distinta visita na cadeia já não eram suficientes. Era necessário mais… E começaram os atritos entre o casal!

 

Certa manhã, no inicio da década 80, ao chegar para trabalhar encontrei a delegacia ligeiramente agitada. O Inspetor Angelo, sempre um dos primeiros a chegar, estava apreensivo e acabrunhado. Uma amiga sua havia sido assassinada! Ângelo foi um dos detetives que acompanhou o perito ao local do crime. Mais tarde eu soube que ele ficou à distância, não passou da sala. Não teve coragem de entrar no quarto da bela e distinta senhora com quem tantas vezes conversou no hall da delegacia enquanto ela aguardava o horário de visitas. Segundo o perito, o corpo de Margarida tinha mais de uma dúzia de lesões provocadas por golpes de faca.

Faissal nunca mais foi visto na cidade!

Silvio Santos foi envenenado e enterrado vivo

      Sua esposa confessou o macabro crime!

Sentada confortavelmente na sua cadeira de couro com encosto alto, com ambas as mãos apoiadas nos braços da cadeira, a promotora quase precisou segurar o queixo para que ele não caísse com o que acabara de ouvir. Diante dela, no final do expediente de terça-feira, a polêmica advogada defensora dos direitos humanos, não viera defender um cliente… viera fazer uma confissão!

– Minha filha matou meu marido! Eu a ajudei a enterrá-lo. – disse ela sem alarde, como se estivesse falado de uma receita de bolo de maracujá!

A mui digna representante do Ministério Público, afundou-se na poltrona, como se quisesse afastar da mesa, da confidente… Com os olhos bem abertos pregados na causídica, emparelhou os neurônios, fez força para manter o maxilar quieto e disparou:

– Como é que é? A Sra. pode repetir o que disse, por favor!

– Então doutora… A sra. conhece meu marido. Ele toma remédio controlado. Ele estava muito agitado. Quando eu tentei lhe dar o remédio, ele ficou agressivo e começou me agredir. Como minha filha tentou me defender ele passou a agredi-la também! Chegou a dar-lhe um golpe com uma pá. A ferramenta atingiu a perna dela. Para nos defender minha filha teve que segurá-lo pelo pescoço, tipo ‘mata-leão’.

A promotora escutava atônita.

– Foi muito tenso – continuou a advogada. Ele tentando se soltar para nos agredir, ela tentando segurá-lo pelo pescoço, até que ele finalmente ficou sem forças, caiu no chão e ficou imóvel. Nós ficamos com muito medo. Ele não se mexeu mais, foi ficando roxo, frio. Quando a gente viu… ele estava morto!

A guardiã da lei engoliu em seco, retirou as mãos dos braços da poltrona recoberta de couro, apoiou-as sobre a mesa inundada de papeis, livros e processos, e quando articulou o queixo para fazer outra pergunta, a advogada prosseguiu:

– Nós fizemos uma cova no quintal ao lado da casa e enterramos meu marido lá…

Perplexa, a promotora precisou de alguns segundos para recuperar o fôlego antes de perguntar:

– Mas… por que vocês não chamaram a polícia, não chamaram a ambulância, não pediram socorro…

– Não adiantava mais chamar o Samu… ele já estava morto! Quando minha filha viu o pai morto ali no chão, ela entrou em pânico! Ela disse que se eu chamasse a polícia ela se mataria!

Ainda sem ter certeza se acreditava ou não naquela macabra história, a promotora perguntou.

– E por que não me procurou antes?…

– Eu estava cuidando da minha filha, doutora. Ela ficou muito abalada. Primeiro eu tinha que cuidar de quem estava vivo, depois fui cuidar do morto! – Respondeu como se estivesse seguindo um rito processual.

– E onde ela está sua filha agora? Por que ela não veio com a Sra.?

– Eu a internei doutora. Minha filha está se tratando numa clínica psiquiátrica no Vale do Paraíba.

– Meu Deus!!! E quando foi que isso aconteceu, criatura! – indagou a promotora

– Foi no final do mês passado… faz uns dez dias.

– E onde está o corpo do seu marido agora?

– Está lá, doutora… enterrado numa cova rasa no quintal, perto da janela…

 

Este caso, verídico, aconteceu na histórica e pacata São Gonçalo do Sapucaí. O restante da história está no livro “Quem Matou o Suicida”.