Os “Meninos” continuam se espalhando por aí…!

 

A simpatississima Cidinha Mesquita recebeu "Meninos..." em seu aconchegante apartamento em Santa Rita do Sapucaí.

A simpaticíssima Cidinha Mesquita recebeu “Meninos…” em seu aconchegante apartamento em Santa Rita do Sapucaí.

Lançado no ano passado, o livro de crônicas policiais vivenciadas e escritas pelo Blogueiro Airton Chips, aos poucos vai ganhando o mundo.

O livro que trás 50 estórias e historias de jovens que se perderam no crime a partir da adolescência, pode ser adquirido nas livrarias e bancas de jornais e revistas de Pouso Alegre, Ouro Fino, Poços de Caldas, Congonhal e Santa Rita do Sapucaí… Ou pela internet através do site www.meninosquevicrescer.com.br. Ou ainda através de e-mail ou face book.

Foi através do face que o jovem Danilo, morador da Avenida Sinhá Moreira, em Santa Rita do Sapucaí, recebeu o seu exemplar nesta quarta.

– Ele está ansioso para ler o seu livro – comentou Cidinha Mesquita, sua avó!

Além de historias contemporâneas, o livro trás clássicos minuciosamente investigados pelo escritor tais como: O Mistério do “Coisa Ruim da Borda”, Os últimos dias de “Fernando da Gata”, Assim nasceu o “Ribeirão das Mortes” e A Verdadeira historia do “Beco do Crime”!

Não faça como muitos pais que se descuidaram dos seus meninos… Leve seu “Meninos que vi crescer” para casa!

Dê um menino de presente para o seu pai

IMG_8247Até o “Dia dos Pais” você adquire o livro “MENINOS QUE VI CRESCER”

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Aproveite e dê um “Meninos que vi crescer” para o seu pai!

Um ‘menino’ é o melhor presente que seu paizão poderia ganhar neste “Dias dos Pais!…!

Meninos vão para Bueno Brandão

Airton Chips, Melina e "os meninos"...!

Airton Chips, Melina e “os meninos”…!

O livro deste blogueiro, que trás 50 crônicas policiais vivenciadas em Pouso Alegre e região, chega agora à cidade dos “Campos Místicos”…! Melina cursa o primeiro ano de Direito em Pouso Alegre e faz estagio com o delegado Jose Walter da Mota Matos na Delegacia Regional de Pouso Alegre… O livro foi sugestão e presente dele!

 

‘Menino que vi crescer’ recebe livro autografado

Semana passada estive com meu amigo Jose Walter da Mota Matos, meu “primo rico”…

O 'matuto' delegado me deu uma endiabrada adolescente com duas pulseiras de prata para cuidar...!

O ‘matuto’ delegado me deu uma endiabrada adolescente com duas pulseiras de prata para cuidar…!

Na ocasião entreguei-lhe um exemplar do livro “MENINOS QUE VI CRESCER”!

Jose Walter também é ‘menino que vi crescer’… Do lado direito do crime!

Ele está no livro. É coadjuvante de uma das mais interessantes historias: “Amelinha… Aquilo sim era aborrescente de verdade”! Um furacão sem juizo que passou por Santa Rita do Sapucaí na década passada, até que eu cheguei por lá!

O livro de crônicas policiais “Meninos que vi crescer”, com 50 historias, incluindo “Os últimos dias de Fernando da Gata”, “A verdadeira historia do Beco do Crime” e “O mistério do Coisa Ruim da Borda” continua nas livrarias e bancas de jornais de Pouso Alegre e região, e na Internet.

Para adquiri-lo basta acessar “meninosquevicrescer.com.br”.

Boa leitura!

 

 

Cavucada está ficando velho…

Cavucada e sua mais nova camisa do time do coração!

Cavucada e sua mais nova camisa do time do coração!

Desde a mais tenra idade, quando ainda cortava o cabelo com tesoura deixando o famoso “trio de rato”, aprendi que o mês de maio abriga o Dia das Mães. Mais tarde, na adolescência, quando eu era um dos mais dedicados alunos da escola, “peixinho dos professores”, quando um deles disse que eu ‘tinha veia jornalística’, aprendi nas aulas de Educação Religiosa no Colégio Comercial São José, que o mês de maio é o mês de “Maria”! Nos últimos anos, com a criação do blog, descobri que maio é também o mês do Cavucada! Todo dia 28 ele fica – biologicamente – um ano mais velho… Mas mentalmente é o mesmo garoto de 9, 10 anos que conhecemos e estimamos há trinta anos!

Hoje pela manhã fui fazer a costumeira visita anual e levar-lhe um presentinho! Levei um susto! Basti, bati na porta de sua casa, com a janela aberta, e nada de Cavucada aparecer! Seguindo informações de vizinhos fui encontrá-lo alguns quarteirões abaixo administrando uma obra…! Quando desci do carro, antes que o visse ele me viu e saudou, da janela da construção…

– Êh Chips…

– Úé Cavucada, você está trabalhando de pedreiro agora?

– Não, eu sou engenheiro… Eu que mando no pessoal aqui – atalhou ele com o sorriso habitual. – Sobe aqui pra você ver o prédio que nós estamos construindo! – emendou.

Alexandre Reis Assunção, o menino Cavucada, está completando hoje 46 anos. Ele cresceu na rua, andando de um lado à outro da cidade, levando acenos e alegria às pessoas. Sempre ‘antenado’, ele puxa e comenta qualquer assunto, especialmente sobre futebol. Sabe tudo sobre os grandes clubes do Brasil; Palmeiras, Atletico Mineiro, São Paulo, Flamengo…

Como toda boa criança ele acaba se perdendo e às vezes fica dias sem voltar para casa. Dorme sob marquises ou dentro de caixas de papelão! Nunca aconteceu nenhum acidente, pois ele está sempre em boa companhia… De anjos inocentes como ele!

Tempos atrás, depois de uma destas escapadelas de casa, ele passou uma semana na rua. Quando conseguiu achar o caminho de casa, voltou com uma “bixeira” no ouvido esquerdo! Curou a ferida, mas agora escuta menos do que antes! O irmão que mora com ele, agora não o deixa mais sozinho…

– Estou construindo minha casa devagarinho… Sempre trago ele comigo para o trabalho. Ele fica ‘chefiando’ a obra – brinca Douglas.

Sorrindo Cavucada concorda:

– É, Chips, eu sou o engenheiro…!

E para não deixa-lo sozinho, o irmão que é gráfico, leva Cavú para todo lado quando tem que visitar clientes…

– Quando ele sai é uma festa… Todo mundo quer falar com ele, quer saber por que ele sumiu…

Esse é Cavucada, ‘menino que vi crescer’, mas que permanece na mais doce infância! Menino de coração puro; menino que, sem fazer força, deixa um rastro de alegria por onde passa.

Vida longa, amiguinho Cavucada…

 

Dimenor da Pintassilgo caiu de novo…

O "dimenor" consegue enganar a polciia uma, duas, dez, vinte vezes... Mas sempre acaba aqui!!!

O “dimenor” consegue enganar a policia uma, duas, dez, vinte vezes… Mas – sua vida – sempre acaba aqui!!!

O ano de 2014 está chegando ao final do seu quinto mês. Nestes 139 dias a policia militar de Pouso Alegre apresentou as pulseiras de prata a pelo menos setenta meliantes… Só por crimes envolvendo drogas! Media de um preso a cada dois dias! Embora todos tenham recebido carona no Taxi do Contribuinte para a Delegacia de Policia e sentado ao piano do paladino da lei, nem todos receberam carona no Taxi do Magaiver para o Hotel do Juquinha! Embora em todos os casos houvesse a materialidade do crime, em alguns não havia sustentação legal para ratificação do flagrante no artigo 33. Em outros não havia imputabilidade penal. – Nada a ver com puta, prostituição ou crimes de natureza sexual! – É que o suspeito detido na posse da droga é inimputável, é inalcançado pela lei…! Ou seja; ele é “d i m e n o r”!

Dos cerca de 70 meliantes que receberam pulseiras de prata e carona no táxi do contribuinte, pelo menos um terço era menor de 18 anos. E, menor de dezoito anos, ‘apreendido’ com três pedrinhas, com três quilos ou 30 quilos de qualquer droga, não é traficante! É apenas ‘menor’ infrator! Assina um AFAI na presença da mãe – a maioria destes delinquentes não tem pai! – ou de um conselheiro tutelar e volta para a esquina onde estava vendendo drogas! Muitas vezes chega lá primeiro que a mãe!

T.Y.C., o Tatá da Rua Pintassilgo no Jardim São João é um desses ‘dimenor’ que deita e rola no trafico formiguinha no bairro e adjacências. Desde a tenra adolescência Tatá está na estrada do trafico. Nem ele sabe quantas vezes já recebeu as pulseiras de prata. Só nestes primeiros cinco meses do ano já foram três!

A ultima foi no final da tarde deste sábado, 16. Ele foi abordado na porta de sua casa e submetido à ‘geral’. Estava limpo. No entanto, da rua os policiais viram a prova do crime solenemente estendida sobre sua cama no quarto… Duas barangas de farinha do capeta, doze pedras bejes fedorentas prontas para venda no varejo e outras duas pedras maiores que renderiam mais dez ou doze ‘balas… amargas’!

Tatá não teve nenhum pudor em responder aos policiais que estava vendendo a droga a dez reais a unidade! Afinal, não ‘ia dar nada’…! E não deu mesmo. Mais uma vez Tatá assinou o AFAI e voltou para a esquina. Para o trafico!

Até o final do ano será assim. Ele continuará servindo de formiguinha para um ‘patrão’ qualquer do bairro São João, distribuindo a pedra bege fedorenta, destruindo vidas e… a sua própria!

A partir de dezembro de 2015, quando for pego novamente com drogas, ele ganhará carona no táxi do contribuinte, fará uma breve escala na DP para sentar ao piano do delegado de plantão e assinar o 33 e seguirá para o Hotel do Juquinha. Não ficará mais do que 90 dias atrás das grades, pois ainda terá menos de 21 anos e a ficha limpa – suas mais de dez apreensões enquanto ‘dimenor’ não contam! Ainda que seja condenado receberá a pena mínima de cinco anos, com redução de um terço. E quando finalmente receber a sentença, já terá sido preso quatro ou cinco vezes – depois dos 18 – pelo mesmo crime! É assim que funciona! E, pelo andar da carruagem, nas próximas décadas, é assim que funcionará…!

A brandura e flacidez da leis penais brasileiras e a morosidade da justiça, aliadas ao grande numero de feitos, além de ineficaz, de não punir, é um incentivo, um pernicioso incentivo à criminalidade. Durante anos a lei ‘esfrega’ mas não pune o infrator no momento mais crucial de sua vida, quando ele está passando por transformações físicas e emocionais, quando ele está explorando o mundo à sua volta. A falta de punição – já que não existe a educação prevista em lei – e consequências pelos seus atos errados faz com que ele, no mínimo, se torne um aventureiro, acreditando que jamais será alcançado pela lei! E continuará indo à fonte… Até que um dia volta quebrado! E aí, nem uma tonelada de super bonder cola mais os cacos!

O menor infrator, que não conheceu limites, que não prestou para nada, se tornará um cidadão imprestável para a sociedade e principalmente… para ele! Se sobreviver aos trinta anos que passará atrás das grades, fazendo turnês por penitenciarias do estado, respondendo uma dezena de crimes diversos, quando deixar a cadeia não servirá para mais nada. Primeiro porque nunca aprendeu a trabalhar… Segundo, porque ninguém vai dar emprego para um ex-presidiário…!

Este é o provável futuro de Tatá… que aos dezessete anos e meio recebeu as pulseiras de prata da lei diversas vezes, continua fazendo feiuras e acha que está enganando a policia!

*** Abrace seu filho… Não deixe que as drogas o abracem! ***

Noite casual de autógrafos

Airton Chips, Dai e o livro que ele e a filha Brenda ja 'devoraram'...

Airton Chips, Dai e o livro que ele e a filha Brenda ja ‘devoraram’…

Desde que o “MENINOS QUE VI CRESCER”, foi lançado, em agosto passado, eu não havia mais estado no “Edson Cazinha’s Bar”… Voltei nesta sexta, 15, com a Tatiana e amigos para saborear o tradicional filé de tilápia, “prato chefe da casa”. Aliás, foi justamente o peixe que deu origem ao “Bar do Peixe”, o mais tradicional barzinho de Pouso Alegre! Mas no famoso Bar do Peixe há outros deliciosos sabores como o torresmo, a mandioca frita e outras guloseimas. Tudo naturalmente acompanhado de uma Serra Malte no ponto! Além, é claro, da presença constante de pessoas amigas e bem sucedidas.

Nesta sexta, o Bar do Peixe estava recebendo três ‘peixes’ ilustres… o nosso ‘peixe do Mandu’, Jose Carlos “Espoleta” do Nascimento, que fez brilhante carreira no time da Vila nos anos 70 e 80 e depois no Japão, como jogador e treinador e os ex- craques Lima e Juari, que também fizeram historia no Santos.

Os sempre simpáticos Lima e Juari estão na cidade garimpando novos craques como Espoleta para o time da Vila Belmiro.

EdsonCoincidentemente aproveitei para vender meu peixe…! Na verdade eles já haviam adquirido o livro há muito tempo. Eu aproveitei para abraçar os amigos e autografar os livros para Edson e Dai…!

Os irmãos Edson, Dai, Cazinha e Evaldo são “meninos que vi crescer”, mas não estão no livro! Eles não buscaram prazer passageiro nas drogas e outros crimes… Preferiram a companhia dos pais, a alegria do esporte, a satisfação perene do trabalho e hoje vivem felizes, cercados de amigos…!

Quiça todos os meninos que vi crescer tivessem essa mesma alegria…!

O Engraxate-Cantor quer trabalhar

DSC04485Outro dia ao virar a esquina da Herculano Cobra com João Basílio passei a ouvir gritos vindos da direção da Comendador Jose Garcia… Não eram gritos de dor, de terror ou de susto! Eram gritos festivos, gratuitamente festivos, de farra, saudando alguns conhecidos que passavam!

– Hê, Pedrinho meu amigo…

– Hê, Ronaldo, tá bonito, hem doutor!

– Eaê, Alberto… Chique no urtimo?

À medida que me aproximava os gritos iam se tornando mais audíveis. No meio do quarteirão, antes que eu visse o dono dos gritos, eu o reconheci pela voz… Era Claudinei, o “Engraxate Cantor”, um dos 50 personagens do livro “Meninos que vi crescer”!

Ao me ver se aproximando, afinou a voz e gritou ainda mais alto;

– Hê, Airton Chips… “Meninos que vi crescer”…!

Quem ouvia esse estardalhaço sem nexo, deve ter pensado que o moço estava ‘noiado’! Ao contrario… Depois de muito tempo, vários anos, Claudinei estava totalmente sóbrio! Desde que saiu da APAC no começo de 2011 sonhando se casar e me levar para padrinho, encontrei-o na rua diversas vezes. Em todas elas estava macambuzio, sujo, maltrapilho e tentou evitar-me. Sempre que possível passava ao largo, sem querer prosa. Numa delas em 2013, no interior do Taxi do Magaiver que o levaria pela ultima vez ao Hotel do Juquinha, por furto de bicicleta, escondeu no fundo do compartimento atrás de outros presos como o diabo esconde da cruz, para não aparecer na fotografia! Ano passado, ainda sujo e maltrapilho carregando uma sacolinha com uma vareta e graxa se aproximou da janela do meu carro no semáforo e pediu ajuda para se internar na Fazenda Esperança! Tentei mas não consegui vaga e não o vi mais até a semana passada…

Esse é aquele que engraxava meus sapatos no corredor da delegacia em 1998... “Menino que vi crescer”! Pena que no seu caminho havia uma pedra... Bege fedorenta!

Esse é aquele que engraxava meus sapatos no corredor da delegacia em 1998… “Menino que vi crescer”! Pena que no seu caminho havia uma pedra… Bege fedorenta!

Apesar dos gritos sem nexo na rua se limitando a dizer o nome das pessoas e um adjetivo qualquer, o Engraxate Cantor estava muito bem! Usava um vistoso terno preto – que foi feito para uma pessoa muito maior e mais gorda que ele – mas estava alegre, sorridente… De bem com a vida! Estava vestido à caráter para procurar emprego…! Precisava de sete reais para completar R$ 40 para comprar não me lembro o quê, e não se fez de rogado…

– Hê, Chips, e aí… Cadê o livro? Tá vendendo muito? Me arruma sete real aí..!

– Fala Claudinei… Tá bonito, hem garoto! Aonde você vai nessa estica? Vai casar…?

– Tô procurando emprego, Chips! Sabe onde tão precisando de alguém, não? Faço qualquer coisa. Salario mínimo tá bom…! Me arruma sete real aí pra inteirar 40! – Repetiu exibindo um pacote de notas miúdas e surradas!

– Tudo bem Claudinei, vou te dar dez reais, mas eu quero aquela foto que você está me devendo! Pode ser?

– Demorô, Chips – respondeu ele sorrindo e se postando diante de uma loja para a foto! Em outros tempos ele esticaria o braço com a mão aberta em direção à câmera e sairia de fininho resmungando e puxando sua perna torta!

Nascido e criado na “Baixada do Mandu”, Claudinei Ferreira conheceu cedo a pedra bege fedorenta, quando ainda cantava afinado musicas de Leandro & Leonardo no final dos anos 90. Cantava alto e bom som na rua ou nos corredores da delegacia de policia enquanto engraxava meus sapatos, os do inspetor Ângelo e de alguns delegados, até o dia que engraxou os sapatos da delegada Inês Xavier e foi trocar uma nota de dez para cobrar um real e … Sumiu! Voltou meses depois no taxi do contribuinte, usando pulseiras de prata!

A historia do Engraxate-Cantor começa na pagina 439...!

A historia do Engraxate-Cantor começa na pagina 439…!

Entre uma estadia e outra no velho Hotel da Silvestre Ferraz e depois na APAC ele ainda engraxou muitos sapatos e portas de aço de lojas, mas nunca mais cantou afinado. Quando não está na nóia, está tentando esconder das pessoas, por ter feito alguma coisa errada para aplacar a fissura! Como gato que comeu toucinho na janela ou cachorro que rasgou saco!

Claudinei é dependente psíquico, – menos mal – seu corpo não depende da droga. Sua cabeça, sim! Enquanto estiver feliz, satisfeito, equilibrado, valorizado, ele não precisa da pedra. No entanto, se alguma coisa na sua vida sair dos trilhos… Ele desanda! Um emprego com salario fixo no fim do mês, com acompanhamento psicológico constante, poderia mantê-lo saudável e de bem com a vida, como naquela manhã na rua João Basílio…!

Alguém tem um emprego aí para oferecer ao Engraxate Cantor? Ou será que ele já desandou de novo…?

 

“Direto da Policia” pode voltar ao radio…

Nesta segunda, 26, estive visitando amigos na Radio Difusora de Pouso Alegre. Na oportunidade, Carla Ramos, uma das mais experientes jornalistas de Pouso Alegre, há quase duas décadas responsável pelo “Jornal da Difusora”, recebeu seu “Meninos que vi crescer”, autografado.

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Após entrevista falando um pouco de esporte & policia, na Radio Difosora, Tony Padua, com quem trabalhei varias temporadas nas duas rádios AMs de Pouso Alegre, Tony recebeu o exemplar do livro “Meninos que vi crescer”…
A proposito, recebi o convite dos amigos, e, se acertarmos os detalhes, breve estarei fazendo uma ‘ponta’ no programa do Tony Pádua com o quadro “Direto da Policia”…

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Monteiro… O ladrão do Bagdá e seus quase 40 ladrões

Um cordão de ouro, roubado pela quadrilha do Monteiro, foi apreendido no pescoço de um dos seus 'chegados', neste predio...!

Um cordão de ouro, roubado pela quadrilha do Monteiro, foi apreendido no pescoço de um dos seus ‘chegados’, neste predio…!

O ano de 1982 era ainda criança. Quando cruzamos a linha de ferro da Avenida Brasil, ao lado da velha estação ferroviária, o ‘chefe’ Adair, que seguia atrás do volante da Brasília verde, perguntou:
– Alguém pegou as algemas?
– Eu não. – Respondi.
– Eu também não. – Resmungou o Barbosinha ao meu lado. Paixão que estava no banco da frente emendou;
– Eu pensei que você tivesse pegado…!
Excetuando Marco Antônio Paixão, que havia assumido suas funções há poucas semanas, todos éramos da mesma turma da Acadepol e, portanto não havia hierarquia entre nós. No entanto havíamos ‘eleito’ tacitamente o colega Adair, o “Pezão”, nosso chefe. Talvez por ser o mais velho do grupo e pela sua bagagem trazida do exercito – fora sargento por cinco anos, antes de ingressar na policia civil em ’80 – Adair fez um pequeno gesto de desaprovação e insatisfação com a cabeça e entrou pela Vinicius Meyer para contornar o quarteirão e voltar pela Adolfo Olinto para a delegacia. Passava pouco das nove da noite. Nosso destino era a zona boemia, recém transferida para o Jardim Aeroporto e já com o pomposo nome de “Capim Gordura”…
A maior fonte de informação sobre crimes e criminosos daquela época era a Zona Boemia. Cafetões, cafetinas, prostitutas de todo tipo, ‘viadinhos’ assumidos e outros enrustidos disfarçados de serviçais se misturavam à eclética clientela. Jovens em grupos; comerciantes discretos; sozinhos ou em duplas, alguns deles barulhentos fazendo questão de exibir status de machões; homens simples da roça que ficavam uma eternidade olhando a distancia, esperando a coragem chegar para convidar a donzela para o ‘afair’! Pequenos grupos de arruaceiros mamados que estavam ali muito mais interessados em atracar com marmanjos do que com as mulheres de vida fácil! Recrutas do exercito que pela primeira vez, agora maiores de idade, se aventuravam a por os pés na mal afamada rua tentando perder a virgindade…! Tinha também os cidadãos bem sucedidos profissionalmente e frustrados no lar em busca da alegria perdida; advogados em surrados ternos, fingindo defender alguma causa – uns levavam até uma valise para reforçar a ideia de que estavam trabalhando! – desfilavam discretamente por ali em defesa da própria ‘causa’…! ‘Garanhões’ montados em seus cavalos, muito mais preocupados em montar e fustigar o alazão arreado do que ‘chegar o reio’ e domar uma potranca na cama! A “Zona” que já nascera batizada de “Capim Gordura” era local ideal para queimar a erva marvada, aspirar a fumacinha do capeta sem ser incomodado. Em meio a todo este burburinho de emoções e comportamentos, desfilavam sorrateiros meliantes de toda especialidade!

Esta e outras 49 historias estão no livro Meninos que vi crescer, em todas as livrarias e bancas de jornais de Pouso Alegre e região...!

Esta e outras 49 historias estão no livro “Meninos que vi crescer”, em todas as livrarias e bancas de jornais de Pouso Alegre e região…!

Na velha e sombria Davi Campista o perfume de Severina do Popote se misturava com o da cafetina Margarida Leite, da Casa da Paineira – assassinada pelo cafetão turco Faissal – com a Betty da Casa Rosa, com a Cristina Melão – por causa do par de seios que assemelhava à fruta rasteira nordestina – com a Bibi Sete Fôlegos – era capaz de fazer dezessete ou mais programas numa só noite, a cinco reais cada um – com o cheiro azedo de suor, desodorante Avanço e colônia barata dos amantes que ali aportavam em busca de amor… Ainda que falso, pago e efêmero!
O miúdo Vitinho, mais rebolante que uma cobra d’agua mal matada, era apenas o camareiro das mariposas lá no fim da rua. Mais tarde no Capim Gordura teria sua própria boate. Quando a Aids acabou com a prostituição ‘formal’, já no crepúsculo decadente da ‘Zona’, ele venderia maconha num hotel da Silviano Brandão.
Após uma demanda que durou anos, defendida principalmente pelo causídico das piranhas, Jorge Beltrão, finalmente a “Zona” da Davi Campista, no centro da cidade mudou-se para o famoso Capim Gordura. Ali, os pulguentos e fedidos prostíbulos e bordeis antes chamados de ‘casa da fulana’ ganharam o pomposo nome de “Boate”! Elas relutaram tanto para deixar o velho logradouro, receosas de perder a clientela, mas logo viram que a mudança fora um grande negocio. No local mais discreto, longe do centro, o comercio do amor ganhou clientela em quantidade e qualidade. Na velha Davi Campista qualquer grupinho de moleque, depois de abraçar umas loiras geladas, para ali seguiam em busca de uma morena quente. E chegavam a pé, a cavalo, em charretes, fusquinhas e brasílias e até em lotações de kombi. Compravam muito mais cachaça e confusão do que ‘amor’. A distancia de sete quilômetros do centro selecionou a clientela do Capim Gordura. Apesar da poeira, a rua larga bem iluminada e suas travessas; as casas grandes e novas afastadas da rua, tocando musicas de Joaquim & Manuel, Pedro Bento & Ze da Estrada, Leo Canhoto & Robertinho, Marcio Greick ou Wanderley Cardoso em meio a fumaça e luzes coloridas, davam um tom mágico ao lugar. Parecia outro mundo. O cheiro da cuba-libre, uísque Drurys, Campari, Menta e a tradicional Cangibrina, misturava-se ao perfume das donzelas. Algumas recém-saídas da puberdade pareciam ninfetas de revista. Olhar para elas misturava os sentimentos; vontade de agarra-las e… pena do seu futuro! Outras já traziam no rosto carregado de maquiagem, nas cinturas já sem contornos e nos seios caídos as marcas do tempo e do uso! Algumas já passadas de cinquenta primaveras usavam o sorriso largo e falso e os mais de ‘trinta anos de janela’ e lençóis encardidos para se dedicar à cafetinagem.
Esse ambiente de vícios e pecados era também um antro de banditismo. Todo bom bandido tinha uma mulher na Zona… Todo bom policial tinha uma ‘amiga informante’ na Zona!
Os meliantes daquela época eram mais espertos e corajosos; agiam sozinhos. Mas todo bandido tem necessidade psicológica de contar a alguém suas bravatas… De uma confidente! E achavam que as prostitutas, que como eles viviam à margem da sociedade, tinham algo a esconder. Tinham bons ouvidos e motivos para guardarem segredos. Santa ingenuidade! Só bandido mesmo para achar que alguma mulher consegue guardar segredos…! Bom para os detetives que conseguiam criar laços de amizades na zona. Ali poderiam beber qualquer tipo de informação do submundo do crime na fonte. O preço desta amizade? Bem, ia desde pequenos favores tais como afastar arruaceiros da boate, fazer vista grossa a algum achaque de balão apagado, cobrar alguma divida ‘esquecida’ por ou outro cliente… E até alguns momentos de cama! No nosso grupo da época teve colega que quase passou dos “momentos” e por um triz não mudou sua historia pessoal…
Mas essa já é outra historia…
Voltamos para a delegacia da Silvestre Ferraz para buscar as pulseiras de prata, pois policia na Zona sem um revolver no coldre e um par de algemas na cinta – com o perdão do trocadilho – está pelado!
Quando nos aproximamos do Hotel Dias, duas figuras soturnas passaram à nossa frente e desceram a Marechal Deodoro. Eram João Laerte e Damião, a famosa dupla de meliantes conhecida por “Cosme & Damião”, uma das primeiras que estrelavam nosso de álbum de figurinhas na Inspetoria de Detetives. Fazia algumas semanas que andávamos na sua sombra. Cosme e Damião eram amantes da famigerada maconha e além dos furtos independentes para sustentar o vicio, de vez em quando faziam uns ‘bicos’ na quadrilha do Monteiro, dono do Restaurante Bagdá. Este sim, peixe grande. Para aproveitar a viagem, pulamos da Brasília verde e descemos lentamente atrás deles, enquanto Adair contornava o quarteirão descendo pela contramão na Herculano Cobra. Quando a dupla deparou com a Brasília…

Esta é uma das 50 crônicas policiais – incluindo “A verdadeira Historia do Beco do Crime” “Os últimos dias de Fernando da Gata” e o Mistério do Coisa Ruim da Borda” – contidas no livro “ MENINOS QUE VI CRESCER! Para continuar lendo a historia de “Monteiro, o ladrão do Bagdá e seus quase 40 ladrões” e as demais, acesse www.meninosquevicrescer.com.br