Val e a Gang dos Najas

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No inicio da noite fria de 25 de julho de 1981 depois de deixarem o trabalho, dois amigos – Antonio Clesio Vieira e Miguel Alves Chaves – entraram em um boteco do bairro Jardim Noronha para dar uns amassos na loira gelada e espantar o frio no embalo de Severina do Popote. Depois de uma hora jogando conversa fora, por motivos banais se desentenderam e passaram a discutir. De um minuto a outro a honra entrou em jogo… Logo um desafiou o outro a terminar a pendenga “lá fora”! E saíram p’ra a rua. Minutos depois o desafiado recebeu 27 facadas entre o tórax e o abdome. Estava encerrada a pendenga entre os dois colegas de trabalho!
O sobrevivente do desafio naturalmente dobou a serra do cajuru para escapar do flagrante. Tres dias depois se apresentou espontaneamente na delegacia de policia na companhia de um causídico. Apesar da violência do crime, como não tinha antecedentes criminais e tinha residência e emprego fixo – trabalhava na prefeitura municipal – o assassino foi processado em liberdade. Em março de ’84 sentou-se no banco dos Réus. Foi condenado a 12 anos de cadeia. Cumpriu a maior parte da sentença no regime semi-aberto… Saia de manhã para trabalhar na prefeitura e voltava de tarde para o pernoite no velho Hotel da Silvestre Ferraz!
Quando o matador das 27 facadas no Noronha fulminou o colega de trabalho, ele tinha um filho de colo, com menos de três anos de idade, Val. O garotão cresceu forte, bonito e sadio. Em 1997 enturmou-se com os amigos Eduardo, Marcelo e Leusel, vizinhos no bairro São João. A ‘turma’ na verdade já era uma gang que brigava, roubava, fumava e vendia drogas e não pensava muito para matar. Para ingressar no bando o garotão boa prosa tinha que dar provas de sua valentia. Não foi muito difícil. Bastou incorporar o espírito do pai que quinze anos atrás matara o colega no Jardim Noronha.
Depois de abraçarem juntos ‘Severina do Popote’ num boteco do São João, Val expulsou um desafeto do boteco e disse que o mataria se ele voltasse ao local. Ele foi embora, mas logo voltou e os novos amigos, membros da Gang cobraram a ameaça;
– E aí mano? Vai matar o cara, ou vai amarelar?
Val não amarelou. Ali mesmo investiu contra o desafeto com golpes de faca tirando sua vida. Um crime bastante parecido com o de 81 no Jardim Noronha! Apenas mais econômico nas facadas! Estava pronto para ingressar na Gang dos Najas.
No decorrer de 97 foram inúmeros crimes cometidos pela Gang que rapidamente ganhou notoriedade no bairro – por causa do grupo de dança denominado “Najas”, cujos integrantes eram apenas artistas do bairro São João e fazia muito sucesso naquela época, se apresentando na região e em programas de TV – brigando, espancando, roubando e extorquindo pequenos estabelecimentos comerciais e pessoas! Traficando e queimando drogas. Quem se opunha aos seus domínios e vontades era covardemente espancado.
A Gang dos Najas agia e ganhava status de uma ‘mini-mafia’ no bairro! Naturalmente logo entrou nas prioridades da policia. Quando aconteceu o segundo homicídio envolvendo o nome da Gang, a policia civil fechou o cerco e conseguiu os mandados de prisão para o bando. E usou o mesmo impacto usado pelos criminosos, para combatê-los.
A recém criada equipe especial denominada DOE, Delegacia de Operações Especiais, investigou e deu cumprimento aos mandados de prisão e passou como um trator de esteira sobre a quadrilha. Um grande aparato foi montado e os vários mandados de prisão preventiva e buscas foram cumpridos simultaneamente. Val era o caçula e menos feroz do bando por isso apenas dois detetives, o experiente Lika e o novato Teobaldo cercaram sua casa na Três Corações. Val foi abordado no portão de casa e entrou em luta corporal com Teobaldo, conseguiu escapar e foi se refugiar dentro de casa. A.Clesio, pai de Val, não conhecia os hábitos do filho e sem entender por que os policiais queriam prende-lo, abriu fogo contra eles. Imediatamente a casa foi cercada pelos demais detetives. Na troca de tiros o pai do jovem membro da Gang acabou sendo baleado e morto dentro de casa.
Apesar da fama e dos estragos feitos pela quadrilha em poucos meses de atuação, ela teve vida efêmera e foi desmanchada ainda em 1997. Exceto Eduardo Gonçalves que ainda não tinha 18 anos, todos os membros da quadrilha foram condenados a 14 anos de prisão e foram se hospedar no velho Hotel da Silvestre Ferraz.
Leusel fugiu tempos depois e nunca mais foi visto. Tem-se noticia de que está gozando a vida na cidade baiana de Xique-Xique. Eduardo deixou a prisão ao completar 21 anos, mas logo voltou por outros delitos e jamais deixou as trilhas do crime. Seu irmão Marcelo, depois de liderar a cadeia e decidir vidas no velho hotel, foi transferido para a penitenciaria Nelson Hungria em Contagem, em 2003 e lá ficou até 2009. Quando saiu em liberdade condicional, descumpriu as condições e já está ‘pedido’. O ultimo membro a entrar para a Gang dos Najas em 97, foi o único a mudar de vida, depois de todas as chances possíveis que um homem pode receber.
Será que mudou mesmo?
Para saber o desfecho desta historia e que fim levou o jovem Val, acesse “meninosquevicrescer.com.br” e adquira o livro “Meninos eu vi crescer”, com esta e outras 49 historias!

 

Chegou o grande dia… É hoje o “IV Encontro da Família” e lançamento do livro “A Família Coutinho no Sul de Minas “

O ultimo encontro foi em 1996 e reuniu 507 descendentes de João Coutinho Portugal. O próximo encontro será inesquecível!

Espera-se mais de mil familiares e amigos dos Coutinhos…

 

O autor do livro “A Familia Coutinho no Sul de Minas” e este blogueiro, estão nesta foto tirada em março de 1967… Quem identificá-los na foto vai ganhar um livro da ‘família’ ou “Meninos que vi crescer”, autografado pelo autor!

“Chapeleiro”… O ultimo ‘chefão’ do velho Hotel da Silvestre Ferraz

Vi Paulo Sergio pela primeira vez no inicio dos anos 80, num semáforo. O menino ligeiramente encardido, magricela, dentuço, encostou-se à viatura policial, estendeu sua caixinha de sapato com um furo no centro e pediu uma moedinha. Eu sempre soube que não se deve dar dinheiro à crianças, mas eu nunca soube negar! Porém, enquanto eu fuçava os bolsos em busca de alguma moeda, bem menos comum naquela época do que hoje, outro garoto cuja fisionomia não guardei, talvez uns três anos mais velho que ele e inspirando menos compaixão, quase o puxou pelo braço dizendo:
– Não, pra ele não… ele prende a gente!

DSC05775Antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa o sinal abriu e meu parceiro seguiu em frente, enquanto o garoto imberbe, em calças curtas, singela, mas decentemente trajado liberou o transito e ficou olhando da calçada até a viatura sumir de sua vista.
Estava eu no plantão da DP, dois anos mais tarde, quando a Policia Militar encostou a barulhenta viatura e do forninho desceu um mirrado garoto. Era o garoto do semáforo! Estava mais magro ainda, pois havia crescido vários centímetros! Enfurnado foi se sentar no final do banco de madeira, enquanto o cabo redigia o BO. Ele havia furtado a bolsa de uma senhora loira de meia idade, próximo ao mercado e somente fora alcançado cruzando a antiga Avenida Brasil, em direção ao velho Aterrado. A bolsa já havia sido dispensada na fuga, mas alguns poucos trocados, cruzeiros ou cruzados, não me lembro, estavam no fundo da algibeira de sua surrada bermuda caqui. Foi seu primeiro contato, pelo menos malsucedido, com o crime e com os homens da lei!
Cresceu furtando sorrateiramente estabelecimentos comerciais diversos, fumando maconha, ameaçando garotos menores e até maiores que ele com um canivete. Sempre tentava vazar em direção à “toca do lobo”. As vezes conseguia, outras caia nas malhas da lei, sua família era avisada e invariavelmente a mãe esboçando indignação com o comportamento do filho vinha buscá-lo. Até que
Para conhecer o desfecho desta historia, acesse www.meninosquevicrescer.com.br…

 

Chegou o grande dia…!

 

Familia Coutinho

São duzentos anos de historia desde a chegada do patriarca João Coutinho Portugal ao município de Congonhal…
Foram necessários dez anos de investigação e pesquisa da ‘arvore genealógica…
Agora o livro que conta dois séculos de historia da Família Coutinho no Sul de Minas está pronto.
Será lançado no dia 15 de novembro, no bairro dos Coutinhos em Congonhal, onde tudo começou!
Se você assina Coutinho, Gouveia, Ferreira, Matos, Venancio, Costa, Lino, Pereira e Assis… então você faz parte desta arvore!
Seu nome está no livro “A Historia da Família Coutinho no Sul de Minas” contada pelo professor Hilário, um legitimo Coutinho da sétima geração!
Venha participar do evento, abraçar os parentes e conhecer um pouco de sua própria historia.
Venha posar para a fotografia oficial da “Família Coutinho”!
*A foto que ilustra o convite foi feita em 1920, durante o primeiro encontro da Família Coutinho.

“Baiano”… Um mineiro bom de jogo de cintura!

Baianorecebeu o "Meninos que vi crescer" escrito por mim... Na verdade ele me viu crescer!l

Baiano recebendo o livro “Meninos que vi crescer” escrito por mim… Na verdade ele me viu crescer!l

A década de 60 ainda usava fraldas quando ele desembarcou do trem na estação de Pouso Alegre, vindo do 8º BPM de Lavras recém-formado policial. Trazia grudado na pele desde os dois anos de idade o apelido que vai levar para a posteridade: “Baiano”. Apesar de trazer do berço – dos pais adotivos – os predicados que fizeram dele uma pessoa tão estimada e respeitada, talvez tenhamos que acrescentar um adjetivo para diferenciá-lo dentre cidadãos com apelido tão comum: “Baiano do Fórum”.
Pouso Alegre contava menos de 40 mil habitantes, mas já era menina dos olhos de muita gente ambiciosa empreendedora e mostrava desde então sua vocação para “princesa” do Sul de Minas. – breve será rainha! – Era preciso coragem, inteligência, generosidade e muito tato para circular de cabeça erguida entre as autoridades nas terras do Mandu. Aureliano Jacinto da Silva, o “nosso Baiano” possuía tais requisitos. Soube como poucos se fazer respeitar embora fosse apenas um ‘agente da autoridade’!
Baiano é do tempo em que os pais quando queriam assustar as crianças ameaçavam:
– Para de fazer birra menino… Olha o policial olhando, ó!
– Se você me desobedecer eu vou contar tudo para o policial!

DSC05756E quando o menino arteiro via aquela figura imensa, esbelta, negra do Baiano dentro do uniforme, debaixo do quepe de soldado, tentava se esconder atrás das pernas do pai… E nunca mais fazia arte. Mesmo que o Baiano sequer tivesse notado sua presença! Aureliano Jacinto Baiano é daquele tempo em o policial era respeitado e se fazia respeitar pelo seu comportamento impecável na sociedade. Se Pouso Alegre dos anos 60 já despertava interesse e cobiça nos cidadãos, especialmente daqueles que detinham o poder, isso muito mais se acentuou com o Golpe de 64 e a consequente Ditadura Militar. Detentora do poder máximo na terra, quero dizer, no Brasil, ai do policial militar que por ventura se esquecesse de bater continência para qualquer farda verde oliva que passasse na sua frente. Se uma viatura do Exercito passasse na rua, todo militar da PM tinha que parar o que estivesse fazendo, virar para a rua e fazer ‘posição de sentido’. Se estivesse conduzindo um bandido, até o meliante tinha que bater continência… Se não quisesse tomar um cascudo! A maior área de atuação da policia naquela época era a famosa Zona Boemia. Era dali que vinha a maioria dos B.Os. E por consequência a maior área de conflito entre a Policia Militar e o Exercito que controlava com mãos de ferro os direitos humanos – ou seriam os deveres humanos? – dos seus recrutas. Os atritos eram frequentes. Militar do exercito, ainda que recrutas recém incorporados, mesmo em flagrante infração às leis vigentes, não podiam ser presos pela PM! Ou seriam presos pela Oficial de Dia. Os imbróglios não raro iam parar no gabinete do Poder Judiciário.
O soldado negro, alto, forte, de olhar bondoso, com sua voz grave, argumentos maleáveis e postura firme e justa, embora não detivesse patente elevada, o soldado Baiano soube desfilar muito bem neste ambiente eivado de vaidades e viver em paz com todas as Forças. Não recebeu o titulo oficialmente, mas bem que poderia ser chamado de “conciliador”! O livro que conta a trajetória da Policia Militar em Pouso Alegre dedica a Baiano três paginas entre os coronéis que fizeram sua historia até os dias atuais.

Baiano e a esposa Neide ... 43 anos de cumplicidade!

Baiano e a esposa Neide … 43 anos de cumplicidade!

Numa era de grandes transformações sociais, Baiano viveu e tem muitas historias interessantes para contar. Assim foi Baiano do Fórum. Assim é Baiano do Fórum! Na verdade o adjetivo “do Fórum” ele ganhou mais tarde. Depois de 18 anos de serviços prestados à sociedade ele tirou a farda bege e foi trabalhar no Fórum. Passou no concurso para Oficial de Justiça em 1977! Em 1996, depois de 36 anos como servidor exemplar do Estado, tendo formado em Direito em 1981, inscreveu-se na OAB e foi advogar… Continuou sendo o “Baiano do Fórum”!
Se Aureliano Jacinto tivesse escrito um livro com o titulo “Meninos que vi crescer”, certamente eu seria um dos seus personagens! “Baiano do Fórum” me viu crescer… Talvez ele não saiba, talvez nem eu tenha percebido, mas ele foi espelho para muitos jovens na vida publica. Inclusive para mim! Tenho muito orgulho de gozar da amizade do Baiano do Fórum!
Não por acaso Aureliano Jacinto Baiano do Fórum respondeu com simplicidade e sabedoria as duas perguntas de epitáfio!
– Maior alegria, Baiano?
– Paz.
– Maior tristeza?
– A incompreensão dos homens!
Vida longa com saúde e paz, meu amigo Baiano…!

 

* Meu amigo Baiano de 76 anos está convalescendo de uma crise diabética que o levou repentinamente para a UTI  na semana passada. Mas graças a Deus já está esbanjando simpatia e bom humor! 

 

 

A lenda do Zorro de Pouso Alegre

Zorro I

A chuva caia fina, pouco mais que um sereno no inicio da madrugada de final de abril. O outono ainda era um adolescente, mas o frio do inverno naquela época não esperava a estação oficial para bater na porta… E na pele! Era uma quarta feira quase morta. A única rua da cidade que ainda mostrava sinais de vida era a Davi Campista. Pedro Pedreiro desembarcou de um caminhão de entregas perto do Hotel Cometa e seguiu na direção do infante bairro Jardim América, que não tinha ainda quarenta casas. Ao passar pelo muquifo, quero dizer, boteco do Joao Natal, no inicio da Silviano Brandão percebeu pela tênue luz que escapava pela metade da porta de aço arriada, que o boteco estava aberto. Espiou por baixo da porta e pode ver um sujeito dormindo debruçado sobre uma mesa, certamente embalado por Severina do Popote, e um casal se esfregando no balcão, cada um com um copo e um cigarro na mão enquanto o baixinho e narigudo João Natal cochilava na outra ponta do balcão com um radinho chiando ao pé do ouvido! Entrou e pediu uma cangibrina para espantar o frio! Tomou três! E rumou para casa! Agora mais animado! Qualquer cidadão no seu lugar seguiria pela Silviano Brandão até a Campos do Amaral e aí sim teria que cortar a “Zona”. Pelo menos era um trecho curto. Passar pela Davi Campista em horas mortas não era uma atitude muito sensata. Era um antro de perdição. A confusão morava ali. No mínimo chegaria em casa cheirando a perfume de pomba gíria e seria confusão na certa! No entanto, depois de três doses da ‘marvada’ no eterno decadente boteco do João Natal, todos os empecilhos saíram do caminho. Além do mais, Pedro Pedreiro tinha inclinação para aventuras e o habito de tomar umas biritas por ali, apreciando as belas coxas das morenas de vida fácil, embora fosse casado e bem casado com a baianinha Colombina, rechonchuda e de seios fartos. Resolveu cortar caminho pelo ‘paraíso do baixo meretrício’. Virou a Rosário e sete ou oito passos depois já estava na famosa Davi Campista. Se estivesse sóbrio certamente seguiria em frente, cruzaria a Tiradentes e viraria sem problemas na Campos do Amaral, mas… Resolveu tomar mais uma na boate da Margarida Leite! Mesmo sabendo que ali uma dose de ‘rabo-de-galo’ custaria quase meio dia de trabalho de servente!
A vitrola tocava uma musica muito sugestiva para o local: “Ebrio de Amor”, seguida de “Dama de Vermelho”! A ‘dama’ Margarida Leite, – que seria assassinada pelo gigolô Faissal dez anos depois – já no crepúsculo de mulher da vida, era agora mulher de comercio… Era a mais rica cafetina da Davi Campista de então. Como ela fora uma das prostitutas mais cobiçadas do lugar, sua casa era agora a mais movimentada. Antes o corpo curvilinio e cheio era a atração… Agora era a casa! Quem entrasse na sua casa tinha que ficar um pouco mais… E Pedro Pedreiro ficou! Pedro Pedreiro – que na verdade era servente – ficou por ali em meio às luzes vermelhas, aspirando a mistura de Agua de Colônia com Dama da Noite, Martini, Cuba Libre e aguardente de cana, ouvindo Pedro Bento & Ze da Estrada, Celinho e Ramon no acordeon! Quando percebeu que o movimento já raleava olhou para o relógio Seiko de pulso – mas que trazia no bolso por causa da pulseira quebrada – e viu que faltava pouco para quatro da manhã, saiu apressado e rumou para casa pensando com seus botões…
– Hoje a Colombina me tira o couro…!
Sim. Pedro Pedreiro ficou sem o couro…
Mas não foi a esposa, a mulatinha bem feita de corpo, talvez muito mais bem feita de que dezenas da mariposas das boates soturnas da Davi Campista – de 29 anos, dez a menos que ele, quem tirou!
Quando Pedro virou a esquina da Francisco Sales o couro comeu! Do nada surgiu um cavaleiro montando um cavalo preto e

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Max & Leninha… Dormindo com o inimigo

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Conheci Max no inicio de uma madrugada gelada de 98. Eu estava num trailer de lanches da Vicente Simões quando ele chegou agarrado a uma garotinha de cabelos loiros lisos e maltratados – provavelmente pelo excesso de tinta de má qualidade – com uma tremenda cara de biscate, embora não aparentasse mais que 12 ou 13 anos. Tempos depois eu soube que ela tinha 17, a mesma idade dele na ocasião. Eu estava sozinho escutando o frigir do bacon na chapa enquanto o chapeiro preparava quatro lanches para minha equipe de plantão na delegacia: Dorigatti, Rita e Chicarelli. Max veio direto até mim arrastando a falsa loirinha, estendeu a mão direita e cumprimentou-me efusivamente como se fossemos velhos amigos que não se viam há meses. Só faltou me abraçar.

Eu não conhecia a pessoa ate então, mas conhecia o nome e a fama. As façanhas de M.P.R.F. já tinham produzido boas manchetes em meu programa Direto da Policia na Radio Difusora e na coluna homônima no jornal Sul das Geraes. O adolescente de 17 anos já era figurinha carimbada no álbum da policia, especialmente no bairro São Cristóvão. Porte de arma, tiroteios, brigas e trafico de drogas enriqueciam seu currículo. O garotão sorridente e boa pinta poderia mudar completamente sua fisionomia de uma semana para outra alternando apenas a penugem do rosto. Barba, bigode, cavanhaque grosso, aparados ou não, assim ou assado, além dos cabelos extremamente pretos, lisos e grossos podiam remoçá-lo ou dobrar-lhe a idade em pouco mais que um piscar de olhos ou triscar de tesoura. Naquela madrugada ele estava de barba e bigode aparados e na presença da loirinha assanhadinha que o puxava para lá e para cá o tempo todo, ele parecia ter pelo menos 22 anos. Alem dos cumprimentos puxou prosa fútil e amena, parecendo interessado em saber quem estava de plantão comigo na delegacia. Antes que ele começasse a traçar o perfil dos meus colegas policiais, o chapeiro entregou-me o pacote de x-tudo e fui embora. Senti tentado a convidá-lo a tomar um café conosco na delegacia. Com certeza ele não esperaria que eu renovasse o convite para aparecer por lá.

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Assim era Max. Alegre, extrovertido, curioso, corajoso e às vezes ingênuo. Mesmo quando chegava na DP com as mãos algemadas para trás, com o lombo ardendo dos esbarrões, mantinha o bom humor e conversava com os policiais, especialmente comigo, de igual para igual, como se sua situação de preso não passasse de mero equívoco. Naturalmente não sabia se vestir, mas se tomasse um banho de loja e umas aulas de etiqueta, passaria facilmente por modelo fotográfico ou galã de novela. Se ganhasse uns quatro ou cinco quilos poderia se passar facilmente por Antonio Banderas no começo de carreira. Morava com a avó no Chapadão e não precisava trabalhar para se sustentar. Tinha, portanto todo tempo do mundo para bisbilhotar e se intrometer na vida alheia e até na da policia. O que marcou sua curta vida, por mais esdrúxulo que pareça, foi seu senso de justiça. Se tivesse recebido orientação, certamente teria sido policial… E dos bons! Acabou seguindo um caminho paralelo, bem perto disso… O de justiceiro! Vivia ameaçando e espancando os pequenos delinqüentes do bairro em nome da justiça. Como não conhecia normas, limites e muito menos leis, logo se tornou…

 

Para continuar lendo esta historia e saber que fim levou o romance do bandido Max com a policial Leninha, acesse www.meninosquevicrescer.com.br

 

 

 

Santa Rita do Sapucaí será invadida por meninos…

 

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Fernando da Gata, Perfex, Chapeleiro, Pedrinho & Gegê, Val e a Gang dos Najas, O Justiceiro do Recanto das Margaridas, Foguinho, a aborrescente Amelinha, Robertinho, Os irmãos Coelho, Tiziu, Valéria de Camanducai1a, Os irmãos Molina, Monteiro e os quase 40 ladroes do Bagdá, Peixinho, Romeu & Julieta do Beco do Crime, Salinho o meliante de Silvianópolis, Max & Leninha, O Detetive forasteiro e Médica voluntaria, Godofredo o artista atrás das grades, Cirilo do Bola Sete, a Rainha Mara, o Engraxate Cantor, o psicopata Renanzinho e até o Coisa Ruim da Borda…!
Estes e outros meninos invadirão a Livraria “Letras & Livros” na Avenida Delfim Moreira. Mas eles não farão nenhuma traquinagem…! Eles estarão acompanhados do seu criador Airton Chips! A invasão na verdade será no sentido figurado! Trata-se do lançamento do livro “Meninos que vi crescer”, na livraria da Mariana Reis…
“Meninos que vi crescer”, o primeiro livro de crônicas policiais e casos notórios da região, teve seu lançamento oficial no dia 23 de agosto ultimo no Serra Sul Shopping. Desde então o escritor Airton Chips vem recebendo convites para lançar simbolicamente o livro em eventos na região. Agora é a vez de a Livraria Letras & Livros na cidade de Santa Rita do Sapucaí receber o blogueiro e escritor. Cinco das cinquenta historias reais do livro “Meninos que vi crescer” são ambientadas no município de Santa Rita onde o escritor morou e trabalhou como policial em 2006 e 2007.
Das 13hoo às 16h00 Airton Chips estará na livraria recebendo seus leitores, contando historias e distribuindo autógrafos.
Compareça e leve seu “Meninos” para casa…!

Os “Meninos” estão se espalhando por aí

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Olá… Você já está lendo o livro “Meninos que vi crescer”?
Não?
Então você não sabe o que está perdendo!
Desde meados de agosto os “meninos” estão se espalhando por aí… A cada dia mais pessoas conhecem os “Meninos que eu vi crescer”.
A cada dia as pessoas se emocionam com o drama das mães de “Pedrinho e Gegê” na historia “Assim nascem os nóias”…
Mas também se divertem com “Um processo para ficar nos anais da historia forense” quando o requerente pede perdão à requerida e o juiz comemora a decisão tomando canecas de chimarrão…!
Ou então com a descontraída historia de “ O Lobo & o Carneiro”… e os carrapatos!
A cada dia as pessoas se perguntam: Será que o Robertinho poderia ter evitado a morte dos irmãos Montevecchio na beira da lagoa na Airton Sena?
Depois da pagina 91 os leitores suspiram e se perguntam: “Então foram assim “Os últimos dias de Fernando da Gata”, o mais famoso bandido que já pisou em Pouso Alegre?
Ao voltar da ‘viagem’ à pacata e bucólica Pouso Alegre dos anos 50 – quando na cidade existia apenas uma motocicleta – o leitor vai concluir: “Nossa! Mas então foi assim “A verdadeira historia do Beco do Crime”! Parece a historia de Romeu & Julieta!
Na historia “Max & Leninha… Dormindo com inimigo”, o leitor verá até onde pode ir o romance entre um jovem e perigoso bandido e uma policial!
Em “Peixinho e Eu” o leitor vai viajar para Campinas para presenciar o encontro do policial com seu algoz de infância…!
A partir da pagina 63, você meu estimado leitor, vai saber o que aconteceu em Cambui, n“O dia em que fumei maconha”! E vai saber o que aconteceu a Celso, meu parceiro de ‘baforadas’, numa casinha no alto da serra de Bom Repouso três meses depois!
O leitor de toda região do Sul de Minas vai saber finalmente quem é ou quem foi “Chiquinho”, o “Coisa Ruim da Borda”! Vai inclusive poder sentir um pouco do medo que eu senti quando visitei o carcomido casarão onde o capeta morou nos primeiros meses de 1953!
Em “Val e a Gang dos Najas” o leitor vai notar que a historia ainda não acabou!
Na historia de Godô, o garoto que aos 12 anos assaltou meu filho, o leitor vai perceber que quanto mais cedo se entra no crime, mais difícil é sair dele!
Na pagina 211 do livro o leitor fará uma pausa nas historias tristes para conhecer “O Detetive forasteiro e a medica voluntaria”, uma historia que por si só já daria um romance de final feliz!
Na pagina 309 o leitor verá que o simples furto de um aparelho celular da esposa de um detetive, por um garotinho que roubou sua primeira bolsa aos 9 anos de idade, levou a policia civil à maior apreensão de maconha do Estado… 5 toneladas! Pena que um traficante perdeu a vida naquele sábado tenso de 2007!
O leitor saudosista fará uma viagem ao inicio dos anos 80, aos quase primórdios da Policia Civil na cidade, com a historia de “Monteiro e os quase 40 ladrões do Bagdá”! E vai se chocar ao ver no pescoço de quem um cordão de ouro roubado pelo meliante, foi parar!
Verá também que a ‘rainha’ Mara nem sempre foi do mal. Na adolescência a maior traficante de drogas da região foi uma prendada dona de casa, amada e considerada da família pelos filhos do patrão!
Antes de sentir um frio na espinha com a historia de “Renanzinho, o psicopata da cabeleireira” assassinada no dia 06 de agosto, o leitor fará outra tensa viagem ao inicio do século dezenove, até parar na deliciosa década de 1970 para descobrir como “… surgiu o Ribeirão das Mortes”.
Antes de percorrer as 469 paginas do livro, o leitor terá conhecido os malvados irmãos Molina de Cambui, a vida torta de Valeria de Camanducaia, a rebeldia sem causa da aborrescente Amelinha de Santa Rita do Sapucaí, o Justiceiro do Recanto das Margaridas, Perfex o menino mal, Foguinho o meliante que comeu lichia no meu quintal, Giuliano, o “dimenor” que me fez transgredir a lei, Tuca maia, Tiziu, Renê Cabinho, Fefê, os sanguinários irmãos “Chico & e Reanir e Formigão”, Manoelzinho, Aguinaldinho, Eduardinho e tantos outros “meninos eu vi crescer” e se bandearem para a trilha sombria do crime!
Apesar disso o livro não é ‘pesado’, não é tétrico… Ao contrario, as historias são contadas sem heroísmo e com muito bom humor. Impossível não achar graça nas abordagens do detetive Teobaldo ao Engraxate Cantor! Impossível não rir com o cachorro viralatas sentado debaixo do pé de limão ‘tirando um pelo’ do detetive de primeira viagem quando “o adubo do Brejal foi por água abaixo”!
Meninos que vi crescer faz o leitor passar medo, chorar, rir e pensar: … Poderiam os “meninos” ter um destino diferente? Será que eu estou dando a meu filho a atenção que ele precisa? Onde está meu filho agora?
Cada leitor encontrará sua própria resposta. Mas para isso ele precisa ir a uma banca de jornal ou livraria de Pouso Alegre ou região! Ou, acessar www.meninosquevicrescer.com.br e adquirir seu livro por apenas R$29,90…
Não perca tempo meu estimado leitor! A historia é dinâmica e está acontecendo agora! Não espere que eu conte a ‘sua’ historia amanhã! Além do mais… A segunda edição de “Meninos que vi crescer” poderá custar um pouco mais caro!!!
OBS: Neste sábado 11 de outubro, estaremos na livraria “Letras & Livros”, em Santa Rita do Sapucaí para uma tarde de autógrafos. Venha buscar seu “Meninos” autografado e ouvir nossas historias!

 

O dia em que fumei maconha e a Chacina em Bom Repouso

cigaro de maconha

A noite mal havia acabado de estender seu manto negro quando sentamos no pequeno restaurante popular na entrada de Cambuí. Das sete ou oito minúsculas e toscas mesinhas, acho que metade estavam ocupadas com pessoas simples, compatíveis com a classificação do estabelecimento; viajantes de passagem ou visitantes das cidades vizinhas. Antes de pedirmos o trivial ‘à la carte’; arroz, feijão, macarrão, bife de vaca e salada, pedimos uma cerveja. Não tínhamos pressa. Tínhamos toda a noite para comer, beber, fumar – inclusive maconha – e rodar sem rumo pela cidade. Com o sotaque cantado de belorizontino de Conselheiro Lafaiete do Luis Neves dos Passos e o jeitinho manhoso de falar do pequenino e vivido Romeu Norte Pereira, de Uberaba, conversamos à vontade sobre tudo e sobre nada, especialmente sobre futebol. Quem ouvia o papo descontraído, percebia logo que éramos ‘de fora’. No final da refeição, como bons mineiros pedimos o cafezinho e acendemos um cigarrinho… de maconha! Não me pergunte que gosto tem… Eu havia parado de fumar Marlboro há pouco mais de ano, por que tinha ânsia de vômito a cada tragada… Não iria tragar justamente a erva maldita! Me contentava apenas com o inconfundível cheiro doce da erva. E a fumacinha quase incolor, cheirando a mato verde queimado, começou discreta em torno da mesa e logo inundou o pequeno salão. Neste momento apenas uma mesa além da nossa ainda permanecia ocupada por dois rapazes. Um deles se despediu e foi embora. O que ficou levantou-se e veio à nossa mesa, puxou prosa, puxou uma cadeira, virou-a com o encosto para a mesa e sentou-se.
Como é fácil o relacionamento entre pessoas que falam a mesma língua… Ou usam a mesma droga!!! – Celso era seu nome. O sobrenome devia ser Andrade ou Brandão, pois era morador de Bom Repouso. Em poucos minutos Romeu, Luiz Neves, Celso e eu já parecíamos quase amigos de infância… E o cigarrinho do capeta já havia virado cinzas! Quando ameaçamos atirar longe a bituca, Celso quase deu cria;
– Tá maluco, mano!!! A cidade tá na maior secura! Se Zelão não chegar esta noite com a bagaça, vamos passar o fim de semana na fissura! – E guardou no bolso a minúscula ponta de maconha já com o asqueroso e fedorento cheiro e gosto de cinza.
Entramos na Brasília branca com placas de Santo André – aquela mesma que eu batera à 160 por hora perto de Campinas quando prendi “Peixinho… e eu” – e durante quase uma hora rodamos a cidade. Fomos a botecos e lanchonetes do centro, da rodoviária e principalmente da zona boemia, na rua esburacada na margem esquerda da Fernão Dias. Conhecemos todos os pontos de distribuição de drogas da cidade e a maioria dos seus usuários. Parecia um mundo paralelo povoado por extraterrestres, identificados a distancia, na penumbra, as vezes apenas pela silhueta. Ao ver um nóia surgir lá longe na esquina ou mesmo no meio do povão Celso já dizia seu nome e até onde ele estava indo ou vindo. Pelo jeitão jongolhó de andar era possível afirmar o que ele levava no bolso largo da calça ou se estava…

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