
Wagner Alessandro Pereira, o Chupa-cabras do Baronesa.
Eram cerca de dez e meia da manhã deste sábado, 16, quando um cidadão mulato encostou um carrinho de supermercado no caixa eletrônico do Banco do Brasil, instalado no Hipermercado Baronesa, retirou de uma bolsa que trazia no carrinho, uma carcaça de plástico e metal e colou sobre a frente do caixa. Não se tratava de uma carcaça comum… Era um computador!! Uma vez acoplada a carcaça ao caixa, bastava um incauto cidadão inserir seu cartão magnético, fazer uma transação qualquer e a “carcaça” copiaria todos seu dados bancários. As informações copiadas seriam enviadas em tempo real para o computador de um ‘hacker’ num canto qualquer do Brasil. Sem fazer força o meliante faria a transferência até do ultimo centavo da sua conta para a dele em aproximadamente 43 segundos. Se o cidadão por acaso voltasse ao caixa um minuto depois para checar seu saldo, encontraria sua conta zeeeeraaaaadiiiinha…!
Este tipo de crime vem acontecendo todo dia Brasil afora. O cidadão só percebe que seu cartão foi clonado pela Chupa-Cabra depois que seu rico dinheirinho vai embora de sua conta sem se despedir e sem deixar o novo endereço.
Mas este insuspeito sábado, meio de feriado, foi dia de caçar o famigerado ‘chupa-cabra’…!
Toda a ação do estelionatário foi presenciada à distancia por nada mais nada menos do que meu amigo Zeca Juru! Lembram dele? Ele andou falando poucas e boas na segunda feira quando o caixa eletrônico da Univás foi pelos ares…
– Pois é ‘seu’ Chips, aquela cunversa qui nóis tivemo ali per’ da Univás foi boa! Eu vim c’ao Zefina fazê umas comprinha aqui no Baronesa, aí lembrei qui eu tinha qui levá trinta merreis im dinhêro p’ra pagá uma leitoa qui eu comprei do meu vizinho, Filisbino, lá no Cajuru e fui no caxa sacá us trocado…! Mai ocê sabi qui eu sô danado di discunfiado, né? Inda mais sabemo que us vigarista costuma fazê essas trapaiada nus caxa p’ra toma nosso dim-dim…! Antis di chegá no caxa, eu fiquei di longe, na moita, ispiano, ispiano … Di repente eu vi aquele sujeito chegá e colá aquela coisa no caxa i pensei cumigo: “isso deve di sê o tar chupa-cabra qui o nosso amigo Zé du Povo falô…! Imediatamente eu contei o fato pro gerente do supermercado, i pidi p’ra Zefina telefoná pru detetive André , minino bão tamém, qui pur acaso é daquelas bandas do cajuru… Passô um poquinho ele chegô c’o seu inseparave parcêro Teobardo… – Contou com orgulho Zeca Juru, o bom Matuto. Que de matuto só tem o apelido!

O caixa depois de descoberto pelo Zeca Juru
Foi exatamente isso que aconteceu. Alertado pelo esperto e desconfiado Zeca Juru, o gerente do Hipermercado consultou seu “big brother” externo e constatou a veracidade da informação. Viu mais… “Rebobinando a fita” viu onde o estelionatário mulato havia deixado seu carro.
Mas parece que o meliante percebeu que fora visto pelo matuto Zeca Juru, pois ele desistiu do carro e foi embora a pé. Ou talvez estivesse pensando em voltar mais tarde para buscar o ‘chupa-cabra’ para instalá-lo em outro caixa.

” A frentinha’ substituída pelo estelionatário…
Teobaldo e Andre fizeram jejum forçado neste sábado! Passaram boa parte do dia em campana no estacionamento do Baronesa à espera do estelionatário. Às três e meia da tarde ele voltou. Havia trocado de roupa para disfarçar… Mas não conseguiu disfarçar sua surpresa, desapontamento e angustia quando os três detetives – o Inspetor Fabio Balca se juntara a eles – disseram a frase de gelar a espinha e bambear as pernas:
-“Teje preso” – e lhe apresentaram as pulseiras de prata.
Como este foi o terceiro caso de chupa-cabra no mesmo local este ano, os detetives pediram os arquivos do supermercado para analisar as imagens. Surpresaaaaa! Todas as tentativas de ganhar dinheiro sem trabalhar – de obter vantagem ilícita em prejuízo de outrem – como diz o artigo 171 do CP, foram praticadas pelo mesmo estelionatário.
Antes de sentar-se ao piano do delegado de plantão e assinar o 171, Wagner Alessandro Perera, 29 anos, residente em São Paulo, contou sua historia da carochinha;
– Não sei de nada não, doutor… Eu só instalo o computador no caixa! Ganho mil reais para fazer isso. Nem conheço os caras. Eu só voltei ao estacionamento porque o carro é meu… – Admitiu o 171 paulistano, contando meia verdade.
A verdade inteira é que graças ao olhar desconfiado do ‘matuto’ Zeca Juru, e da atuação precisa de Teobaldo, André e Balca, o “Chupa-Cabra do Baronesa” finalmente caiu nas malhas da lei – caso raro – e foi se hospedar no Hotel do Juquinha!

Carro que levou o criminoso de volta à cena do crime…!
A prisão do Cupa-Cabra do Baronesa vem comprovar mais um ditado popular… “pote que tanto vai à fonte, um dia volta quebrado”! Wagner Alessandro instalou o computador-ladrão no mesmo lugar três vezes… Na terceira o ‘pote’ quebrou!