O que era para ser uma simples discussão de transito acabou virando um incidente “diplomático” de dimensões imensuráveis entre os dois maiores defensores da sociedade democrática moderna: Ministério Publico e Policia Militar!
Tudo começou logo após o meio dia desta quinta, 05, na Avenida Levino Ribeiro do Couto, bem no coração de Pouso Alegre, quando um ônibus da empresa Princesa do Sul passou por cima de uma motocicleta. O motociclista conseguiu saltar da moto amarela antes de ser esmagado, mas a moto ficou tragicamente debaixo do ônibus, obstruindo o já complicado transito da cidade.
Ao passar por ali naquele momento em seu carro particular a caminho do quartel onde pegaria seu turno de trabalho, a Pfem Fatima Aparecida Luiz se sentiu na obrigação de tomar atitudes de policial. – Afinal policia é policia vinte e quatro horas por dia! Na falta de vaga para estacionar seu veiculo particular, Fatima parou defronte a garage de um prédio. Antes de concluir seu trabalho de socorro ao motociclista e sinalização do transito, o dono da garage chegou… E o imbróglio começou!
O que se passou a partir daí, daria um filme de tensão ao estilo “Velocidade Maxima” ou “24 horas”! E durou quase isso. Só terminou às quatro da manhã de sexta na delegacia de policia!
O estopim pegou fogo quando o cidadão “mandou” que ela retirasse o carro da frente da sua garage, pois ele era promotor de justiça! Ao que ela teria, segundo ele, respondido com ironia à sua autoridade. Sentindo-se desrespeitado, o cidadão Ricardo Tadeu Linardi deu voz de prisão à policial!
Diante de uma plateia cada vez mais numerosa e ávida por sangue, os dois maiores defensores dos direitos do cidadão passaram a trocar ‘farpas & espinhos’, ferindo o ego de ambos. A multidão que se aglomerou pode assistir um – deprimente – espetáculo circense, com direito à vaias e aplausos gravados por dezenas de câmeras de celular que imediatamente ganharam as redes sociais! O momento mais quente do imbróglio foi quando o promotor tentou imobilizar, ele mesmo, sua presa! E esta se esquivou… E teria revidado!
Retirada do olho do furacão pelos colegas de farda que logo acorreram ao local, até porque havia ali um acidente de transito, a Pfem foi levada para o quartel da PM, enquanto o promotor era contido fisicamente pelos policiais. Mais tarde, muito mais tarde, já ao pé da noite, a Pfem foi apresentada ao delegado de plantão para a lavratura do flagrante de desacato e resistência à prisão!
O ambiente na Delegacia de Policia não foi menos tenso do que no palco dos fatos. Além do enquadramento da policial nos artigos 329 e 331, o promotor de justiça, autor da prisão, exigia que ela fosse colocada no “corró” da DP como um meliante comum, o que era dispensável, uma vez que ela esteve o tempo todo escoltada por um policial civil e cercada por dezenas, isso mesmo, dezenas de oficiais e outras tantos praças lá fora! Testemunhas, membros do Ministério Publico, todo oficialato do 17º Departamento de Policia Militar acompanharam in loco o desenrolar dos fatos. O jovem e meticuloso delegado Marcelo Duarte precisou de todo tato e zelo, que lhe são peculiares, para conter o incêndio entre as duas maiores forças de defesa da sociedade moderna: Ministério Publico e Policia Militar!
As chamas finalmente se apagaram por volta de quatro da manhã desta sexta. A policial militar Fatima que estacionou seu carro particular na frente de uma garage para exercer seu trabalho policial em situação de emergência e tratou com ironia o promotor de justiça Linardi, dono da garage obstruída, será processada por desacato à autoridade e resistência à prisão. A soma dos dois crimes não ultrapassa 4 anos, por isso ela teve a prisão relaxada mediante pagamento de fiança de um salario mínimo. Em protesto pela conjuntura, Fatima se recusou pagar a fiança… Preferiu ser presa! Mas seus companheiros de farda não deixaram… Rapidamente os policiais militares presentes na DP reuniram os R$ 784 e pagaram pela liberdade da colega!
A importância do Ministério Publico para a sociedade democrática moderna é tão grande que me parece razoável outorgar-lhe o titulo e status de 4º Poder…
A importância da policia para a sociedade democrática moderna é tão grande que deveria estar atrelada ao Ministério Publico. Fiscal e executor da lei. Incidentes como este – provocado pelo ego… – entre a policial e o promotor, deveriam ser evitados.
Todo atrito gera desgaste…
Todo desgaste gera prejuízo!
Quem perdeu no atrito entre o promotor e a policia?
Os três!
Os três?
Sim, o três.
Perdeu o Ministério Publico, que embora seja a instituição – merecidamente – mais eficiente e mais respeitada deste país, como mostrou, não anda de braços dados com a tolerância…
Perdeu – e muito – a policia que – injusta e erradamente responsável pela impunidade, flacidez e ineficácia das leis penais – deu mostra de intransigência…
Perdeu a sociedade, mais precisamente o povão, que deu mostras de revanchismo e injustiça com aqueles que zelam pelos seus direitos, ao tecer comentários pejorativos e vingativos pelas redes sociais aos envolvidos no imbróglio. Especialmente ao aplaudir a prisão da policial militar no exercício – no caso, voluntario – de suas funções.
O incêndio que começou ao sol quente do meio dia desta quinta, foi apagado às quatro da manha fresca de sexta… Mas debaixo das cinzas ainda há muita brasa ardente e latejante…!
A prisão da policial pelo promotor em Pouso Alegre neste inicio de março ainda vai gerar muitas aguas de março…! Quiçá sejam aguas mansas, que venham temperar e fortalecer a ambas, pois a sociedade, mais do que nunca precisa das duas instituições unidas e soberanas!
Agora, cá pra nós, tudo teria ficado muito mais barato se o mui digno promotor, ao invés de se preocupar com sua garage, tivesse se prontificado a ajudar a colega de profissão – ambos zelam por leis e segurança do cidadão, etc – ou se a nobre Pfem, na véspera do “seu dia” tivesse feito duas manobras no seu carro: uma pra frente, para que o cidadão – coincidentemente um promotor de justiça – entrasse na sua garage e outro para trás, para recolocar seu carro no mesmo lugar e continuar seu sublime mistér de cuidar da segurança dos outros!