Saiu no tapa com o velhinho por causa de um celular, um pente e um retrato 3×4…

Joaquim Paulino dos Santos, 72 anos, mora no bairro Vila Operaria, em Santa Rita do Sapucaí. No inicio da madrugada desta quarta, 05, ele saiu de casa à pé e desceu em direção à rodoviária, onde pretendia embarcar às 02:15 para São Paulo. Ao passar na esquina do Bar do Elzo, a poucos quarteirões de casa, esbarrou no cidadão João Paulo Barroso, seu vizinho e sua namorada Aline.

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Ao ver o simpático e indefeso velhinho cruzando a rua morna e deserta no meio da madrugada, João Paulo, mamado ou chapado, vislumbrou a oportunidade de levar ‘alguma vantagem’… Se aproximou com o tradicional papo de aranha;

– Ei tio, tem fumo aí…?

– Tenho não, sô…

João Paulo não queria fumo… Queria tudo que pudese tomar do velhinho. Mas não foi fácil. Apesar da idade Joaquim Paulino não entregou a rapadura… Entraram em luta corporal e João Paulo desistiu. Afastou-se empurando a bicicleta – sabe-se lá sua procedência! – mas parou indignado pensando com seus botões;

– Mas que desaforo!!! Eu, um cadeieiro velho, temido até pela bandidagem, não conseguir tomar a bufunfa de um velhinho…!!!

Foi atrás. Se aproximou do velhinho, pulou sobre ele e tomou-lhe a bolsa de viagem e a pochete que levava na cintura. Tomou, esvaziou mas não levou… Joaquim Paulino armou-se um pedaço de pau que achou na beira da rua e desceu a manguara no ladrão. Conseguiu pegar de volta a bolsa e a pochete e seguiu para a rodoviária. Quando lá chegou, seu onibus já havia partido. Só então ele acionou a policia.

João Paulo já havia sido abordado no meio da madrugada por causa da bicicleta suspeita. Apesar de estar ainda com o lombo ardendo e de ser reconhecido pelo velhinho, ele negou o roubo. A namorada Aline, sentindo que sobraria algumas faiscas para ela, resolveu ajudar a policia…

– As coisas – um celular, um pente flamengo, um cartão de idoso, e uma foto 3×4 da esposa – que ele pegou do velhinho, estão escondidas num muquifo ali perto, na rua Genoveva da Fonseca.

Quando tirei João Paulo dos braços de Morfeu hoje pela manhã na DP, ele desconversou;

– Está lembrando de mim João Paulo?

– Tô, seu Chips…

– O que você está fazendo aqui…?

– Ah… Roubaram um ‘tiozinho’ de madrugada lá em Santa Rita… Eles estão falando que foi eu…!  

      João Paulo Barroso, tem 32 anos de idade e mais de dez de ‘caminhada – torta – com os irmãos’. Já passou varias temporadas no Hotel Recanto das Margaridas por causa de 155, 157, 150, 180 e 16. Sempre foi pé-de-couve.

Seus familiares sempre acharam que ele era inocente, mas quem o visitava no presídio eram os avós. Caminhavam cerca de dois quilômetros toda quarta feira, protegidos por um guarda chuva para levar apoio ao ‘netinho bom menino’. Quem via a cena no fundo do pátio de visitas ou na cela quando chovia, ficava emocionado. Os avós sentados no chão lado a lado e João Paulo deitado estendido, com a cabeça apoiada no colo da avó, enquanto ela afagava seus cabelos crespos desalinhados e, provavelmente, contava historias de ninar… “Oh, que justiça injusta”…!!!

Certa vez, em 2007, quando a bandidagem estava em baixa, a avozinha ficou doente e não pode visitar o netinho na cadeia. A enfermidade se agravou ao pensar que não poderia mais ver o neto! Se Maomé não podia mais ir à montanha, a montanha ainda podia ir à Maomé… Colocamos João Paulo na viatura e o levamos em sua casa… Meia hora de visita à vovozinha no Ozório Machado!

Parece que o convívio, carinho e chamego dos velhinhos não sensibilizaram muito o meliante João Paulo Barroso… Joaquim Paulino que o diga!

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