Programinha de R$ 20 na Perimetral…

Aconteceu de novo!!

    

A avenida Perimetral, construída em 1982 sobre o leito antigo do Rio Mandu, tem muita estória pra contar! Tem estórias de todo tipo e viés! As mais interessantes são as que envolvem os tais “programinhas de vinte”, ou de “dez reais”… que geralmente custam cem vezes mais, e terminam na delegacia de polícia.

Veja essa aqui:

A madrugada de sábado era ainda criança de colo quando o viajante Rodrigo C.A. cruzou a famosa avenida. Tão logo passou pela rotatória da rodoviária começou receber as boas vindas e convites de esbeltas ‘comerciantes’ do trecho!

As moçoilas esguias, usando apenas duas peças de roupas: um bustiê e uma minúscula saia colada ao bumbum, deixando quase tudo à mostra, seguiam Rodrigo com o olhar lânguido e faziam gestos convidativos. Algumas, quando percebiam que ele corria para o retrovisor, talvez para conferir o ‘material’, rebolavam e sopravam sensuais beijos na palma da mão…

Rodrigo voltava de Campinas. Estava há vários dias viajando e ainda levaria mais meia hora para chegar em casa, em Santa Rita do Sapucaí. Estava cansado, no entanto, ao ver aquela figura – aparentemente feminina – e aqueles gestos sensuais, sentiu uma ligeira massagem no ego e … uma estranha excitação! Sabia que seria ‘barca furada’, mas pensou:

– Se ela jogar charme mais uma vez… vou conferir!

A mariposa jogou!

Até parece que a loirinha de cabelos lisos lera seus pensamentos. Quando ele reduziu para dar preferência a outro veículo que seguiria para o Arvore Grande, a beldade acenou. Na verdade, balançou sensualmente as cadeiras e abriu discreto sorriso, perceptível, apesar da pouca iluminação amarela da avenida na madrugada.

Rodrigo contornou o canteiro lentamente, ainda indeciso se parava ou não… Mas era tarde! Já havia sido alvejado pela flecha do amor. Ou, para ser menos romântico… Fora fisgado pelo anzol do desejo!

“A rotina do Rabo Verde” e outras trinta cronicas policiais estão no livro “Quem matou o suicida”.

A sedutora abordagem aconteceu na rotatória da Ayrton Sena, quase em frente a Honda…

Ao ver a mariposa dar dois passos em sua direção ele não resistiu… Parou lentamente o Palio branco na beira do canteiro, já com o vidro do lado do passageiro abaixado.

Precedido por um forte cheiro de perfume barato, um par de seios quase desnudos invadiu seu carro. O cordão do bustiê dava uma volta no pescoço e vinha fazer um laço na garganta. Bastaria puxar o laço e os seios brancos e fartos, ligeiramente flácidos – devido ao excesso de uso – despencariam no banco do passageiro!

A jovem de cabelos loiros e curtos, cútis muito branca, cílios falsos, estatura mediana, não tinha mais que vinte anos, embora o know-how no ramo dissesse mais! Dependurada no salto da bota preta, ela ficou quase um minuto sensualmente inclinada na porta do carro… tratando de negócios!

Se tivesse alguém atrás e o local fosse mais iluminado, poderia ver a protuberância de pelos pubianos descoloridos com água oxigenada…

– E aí, gato… me dá uma carona? – Perguntou a beldade, cantando.

– Até onde você vai…? – indagou o ‘garanhão’.

– Por 20 reais sou toda sua… Você me leva onde você quiser!

O cansado viajante quarentão tinha mulher esperando em casa! Mas vai que ela estava naqueles ‘quatro dias’!? – pensou ele. Ademais, qual o problema com uma aventurazinha de meia hora por 20 reais?

E resolveu pechinchar…

– Até onde podemos ir por 10 reais?

– Ah, gato, você está duro, é? Por 20 você me leva onde quiser… e eu te levo para as estrelas… – Respondeu a loirinha com voz melosa, puxando o laço do bustiê, ao mesmo tempo que fingia vexamento e protegia os seios brancos e voluptuosos com a outra mão…

Seus ‘argumentos’ foram mais que suficientes! A porta do Palio se abriu e ela entrou!

Não precisaram ir muito longe. Sob a luz cândida de um filete de lua crescente que já diminuía e se escondia – talvez envergonhada! –  por trás de um pé de Marolo, numa rua deserta do bairro São Fernando, no trevo da Fernão Dias, a vendedora de prazer entregou a mercadoria…

Não teve trabalho nenhum para se despir… Já estava praticamente nua!!

Entre ‘preliminares e bem-bom’ o ponteiro das horas nem deu meia volta no relógio. Saciado o desejo e desfeito o ‘stress’, Rodrigo retirou o dinheiro da carteira, entregou o mico leão dourado à cliente e tornou a guardá-la debaixo do banco do motorista. Saiu por alguns instantes do carro para se recompor, entrou novamente e minutos depois se despediu da “loirinha de vinte” na beira da rodovia.

Ao retomar a viagem para casa foi pensando na proeza!

– Legal… Descarreguei a tensão – e o tesão! – durante meia hora por R$ 20 reais!

Ao lembrar da merreca que pagara pelos momentos de prazer com a loirinha, instintivamente Rodrigo passou a mão por baixo do banco do carro e !!!… Cadê a guaiaca???…

Parou assustado no radar do Cidade Jardim! Desceu do carro, debruçou-se atrás do banco, passou a mão por baixo, revirou tudo e… só o pó!!! Literalmente!

Sua carteira com documentos, cartões bancários, novecentos e cinquenta reais e alguns cheques de clientes, haviam viajado… Com outro dono! Ou dona!?

Voltou ao local do crime! Quero dizer, ao local do ‘amor’… Mas encheu-se ódio!

No local do ‘bem-bom’ com a loirinha de ‘20’, procurou frenética e inutilmente pela carteira! Desceu para o trevo, procurou por ela, mas… Nem o rastro. A única coisa que ficou foi o perfume barato da mariposa impregnado nas narinas!

Voltou à cidade, subiu lentamente a Perimetral olhando atentamente para cada vulto esguio na penumbra da avenida procurando pela mariposa loirinha – havia ainda duas ou três rodando bolsinha por ali à procura de um ‘programinha de 20’. E foi pensando:

– Se eu pegar aquela sacana vou lhe dar uma carona de 100… Pros quintos dos infernos!!

Mas, necas de catibiribas! A “loirinha de 20”, de seios voluptuosos e perfume baratééééézimo já havia encerrado o expediente! Ganhara numa só noite o suficiente para tirar duas semanas de férias!

Restou ao viajante solitário, envergonhado e duro – ou seria mole? – procurar a polícia para registrar um B.O. no meio da madrugada!

O ‘programinha de 20’ saiu cariiiinho… Mas também, quem não gosta de carinho, né?

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