Em meados de 2009 sentei no banco do taxi do Gustinho na rodoviária de Pouso Alegre… Mas não foi para fazer uma corrida pela cidade… Foi pra fazer uma viagem saudosa pelas estórias da bola! Pra falar de futebol.
Apaixonado por futebol – como eu – e saudosista, passamos horas contando historias da bola. Eu não cheguei a jogar com ele, mas tinha vagas lembranças dos seus tempos de Cometa, até chegar a auxiliar tecnico do Pouso Alegre F.C.
Augusto Godoi Balbino, o Gustinho começou a treinar garotos em 1969. Na época, logo após o período áureo do futebol amador da cidade, com os grandes times do Facit, Bangu, Manchester, Rodoviários, e ascensão do PAFC à Primeira Divisão de Profissionais, – vaga que perdeu no tapetão – o futebol deu uma ‘esfriada’!. Entrou em recesso! Foi então que surgiram os clubes de base. O cruzeiro do Corinho, o Real do Pinguim, o Estrela do Tião Cueca, Academicos do Betinho e o Cometa do Gustinho…
Mais tarde, inspirados na boa fase do Galo das Geraes, o Galo mais forte e vitorioso do Brasil, o primeiro clube a levantar o primeiro troféu do mais importante campeonato do país, Gustinho e Pinguim uniram seu Cometa ao Real e criaram o Atletico, o Galo Manduano!
Apesar dos campeonatos semiprofissionais da década de 70, que reuniram Yuracan de Itajuba, Adejota de Jacutinga, Botafogo do Rogerinho da Borda, entre outros, os ‘boleiros’ Pinguim, Tião Cueca, Corinho, Betinho, Helinho e Gustinho viraram a década fazendo bola rolar com a garotada dos 12 a 17 anos. Até que em 1982 o PAFC renasceu pelas mãos do empresário Jair Siqueira, para ser campeão amador do Estado em 83 e voltar ao profissional em 1984.
Formada a nova diretoria do PAFC em 83, Pinguim deixou o Atlético amador e foi auxiliar a Comissão Técnica do Dragão do Sul de Minas. No ano seguinte Gustinho também foi somar sua experiência e competência ao Pousão como supervisor, desfazendo assim o Galo manduano e levando quase todos seus atletas para o Rubro Negro.
Grandes nomes do futebol da geração de 60 tais como Mirandinha, Paula da Pinta, Espoleta, Vanio Malaquias, Pedrão Jaiminho, Firminho, Betão, Miguelão, Flor, Jorginho, Amarildo, Chiquinho, Cavadeira, Porvinha, Marco Antonio, Nana, Herminio, Ze Antonio Professor, Elmo, Nei, Liso Guedes, Milton Cachaço, Rinaldo, Tiaca, Juninho Coldibelli, Chico Macaco, Edão, Lucio Patinho, Ferraz, Valtinho, cada um com sua estória, passaram pela orientação do técnico e supervisor Gustinho!
No final de 2007 alguns amigos da bola se reuniram para um jogo de confraternização na antiga Lema. Um time jogou de branco e outro de vermelho. O juiz da partida, especialmente convidado, foi o Alemão Ferreirinha. A certa altura o time vermelho vencia por 4×2… Foi aí que o arbitro da partida mostrou toda sua competência com o apito… Arranjou dois pênaltis para o time de branco! E o jogo terminou em 4×4…!
Depois de ser supervisor, auxiliar tecnico e tecnico interino em todas as vacâncias do titular do clube, com a nova diretoria em 86, Gustinho se afastou do futebol… Mas o futebol jamais se afastou dele. Apesar da simplicidade, falava sempre com paixão da maior paixão do brasileiro… O futebol! Futebol manduano ao qual Gustinho muito contribuiu, especialmente num momento de desanimo como foi aquele no finalzinho da década de 60 e inicio de 70!
A figura do ‘boleiro’ simples e educado… Do taxista que sentava quieto numa cadeira do “Bar do Minguinho” no Santa Luzia, e ficava horas solitário namorando sua loira gelada depois do expediente, ficarão marcadas na memoria das pessoas que conviveram com ele!
Vá com Deus, Gustinho… Vá resenhar com os amigos Hailton Custodio, Corinho, Tião Cueca, Betão, Lucio Patinho, Carpinetti e tantos outros boleiros que cativaram e cultivaram amigos através do futebol…!
* Gustinho teve a vida ceifada no meio da madrugada deste sábado, por dois delinquentes de 16 e 17 anos, com uma simples garruchinha 22, enquanto fazia o que sempre fez… Prestar serviços às pessoas!