Nove e meia da noite de sexta-feira, 20.
As mesas e estendiam desde a porta do pequeno e aconchegante buteco até a beira da avenida.
O movimento, por conta do show do outro lado da cidade, era pequeno. Talvez por isso ela resolveu atacar. Veio da rua e foi se esgueirando por baixo da mesa. Dava três ou quatro passos rápidos e parava… Por alguns instantes ficava imóvel. Apenas as compridas antenas se mexiam farejando a comida sobre as mesas… ou uma vítima, para assustar e ouvir seus gritos! De repente subiu na parede… e continuou se esgueirando furtivamente, no mesmo ritmo de antes. Dava alguns passos, parava e ligava as antenas… e assim foi se aproximando da mesa de um casal.
Edinho e a companheira conversavam animadamente de frente um para o outro, diante das canecas de cerveja e do delicioso prato de tudo um porco.
Na mesa ao lado, na diagonal, eu estava de costas para o casal. Tatiana estava de frente. Foi a única pessoa a notar a presença sorrateira e o ataque iminente da intrusa cor de pinhão! Tatiana, como a maioria das mulheres, morre de medo desse tipo de intrusa! Se fosse perto dela, teria jogado até a mesa pra cima de mim e saído correndo dali aos gritos.
Embora estivesse em relativa segurança, sua apreensão aumentou quando a intrusa se aproximou da cabeça da companheira do Edinho, até então um desconhecido. A qualquer momento a intrusa nojenta e asquerosa poderia pular no rosto ou nos cabelos da senhora e só Deus sabe o poderia acontecer!
Tatiana tinha que intervir, tentar salvar a senhora do ataque iminente… sem causar um pandemônio.
Apesar do medo, do perigo do ataque iminente daquelas garras sujas e nojentas, Tatiana se controlou. E teve ‘presença de espírito’… Interrompeu delicadamente a conversa com o butequeiro que contava aventuras gastronômicas ao nosso lado e lhe disse, com jeito:
– Peça àquela senhora para se levantar e vir até aqui, por favor!
Quando a senhora se levantou, a intrusa sorrateira se assustou e vou para o chão… e então foi notada por todos.
Num movimento certeiro, o ‘pisante’ 42 do Edinho acabou com a raça da intrusa traiçoeira. No segundo seguinte ela estava morta aos seus pés!
A morte abrupta da asquerosa intrusa ao pé da mesa acabou com o suspense no boteco!
Acabou com o suspense… mas começaram os assassinatos, os suicídios mal contados, os acidentes de avião e todo tipo de mortes violentas nos últimos dez anos na região. A conversa passou de baratas para ratos e em poucos minutos chegou ao IML e ao Blog do Airton Chips. Pronto! Acabou!… Aliás, começou.
– Nossa! Você é legista? – surpreendeu-se a companheira do Edinho.
– Então você é que é o Chips? Eu sigo você desde o tempo que você escrevia no jornal, quer ver? – disse Edinho manuseando o celular até chegar na minha foto.
E a conversa, tanto nossa quanto do outro casal, se estendeu.
Durante mais de hora matamos, enterramos e exumamos todo tipo de cadáver que passou pelo IML de Pouso Alegre. Desde a linda Larissa de Extrema, torturada, morta e jogada no abismo na Serra do Lopo em Extrema, passando pelo envenenado Silvio Santos de São Gonçalo do Sapucaí, até o esquartejamento em Silvianópolis em 2018. Tivemos que ressuscitar Fernando da Gata para contar um pouco da sua curta e malfadada passagem por Pouso Alegre em 82. Mais! Voltei à 1955 para esclarecer a verdadeira historia do Beco do Crime. É assim mesmo. Conversa de buteco com quem tem história para contar… e bons ouvintes, quase não tem fim. Até um cliente do buteco que estava de costas pra nós, numa mesa isolada, se virou para ouvir nossas histórias. A estadia no aconchegante buteco do Fernando, que era para encerrar antes das dez, passou das onze!
O surgimento da intrusa sorrateira no buteco, muito comum em estabelecimentos que servem na calçada, não trouxe nenhum tipo de prejuízo ao comerciante. Muito pelo contrário. Em quase duas horas a mais de resenha, tanto eu quanto o Edinho, tivemos que abraçar mais algumas loiras… geladinhas!
Apesar das histórias tétricas e assombrosas ressuscitadas no buteco, entre mortos & feridos, além do porco que se transformou em deliciosos torresminhos e da gigante barata cor de pinhão, que voltou esmagada para o bueiro de onde saiu, todos se salvaram!
Querido Airton, como está?
Estou a procura de meu parente HIlário Coutinho. Enviei mensagem ao número de telefone, mas não obtive retorno.
Poderia estender à ele minhas saudações?
Sou parte da família Coutinho que mora em Curitiba-PR, minha bisavó Rosina está presente no livro “Familia Coutinho no Sul de Minas”.
Obs: Adorei conhecer seu blog, aparecerei mais vezes!
Abraço!
Boa noite querida Geisy… Se é parente do Hilario é minha parente também.Tia Maria, mãe do Hilario, era irmã do meu pai Daniel. Meu amado primo Hilario Coutinho mora a poucas quadras da minha casa. No domingo à tarde estarei com ele. Levarei seu contato e seu abraço.
Abraços.