Cidadão revoltado baixa as calças e c… no processo

Ele achou que foi condenado injustamente…

O ouvinte ou leitor que acompanha minhas crônicas, tanto no rádio quanto no jornal ou no blog, há mais de três décadas, naturalmente já se acostumou com meu linguajar, simples e popular, recheado de termos do dia-a-dia, muitos deles usados exclusivamente no meio policial e pelos hospedes do hotel do Juquinha, tais como “bandeco”, “boi”, “ventana”, “pipa”, “dormir na praia” e tantos outros substantivos chulos e pobres que enriquecem minha narrativa. Mas o dileto leitor jamais ouviu ou leu nesta pagina nenhum termo cacófono ou que “cheire mal”. Pois bem. Hoje vou pedir licença a você meu querido leitor para usar um destes termos que realmente soa e cheira mal a qualquer ouvido… e nariz. Mas de outra forma não teria como contar a cagada que um cidadão fez em pleno fórum da cidade de Jaú, no interior paulista.

Em 2004 Erre Esse foi preso e processado por manter dentro de casa arma de fogo. O processo, como de praxe, se arrastou por vários anos na justiça e no final do ano passado o caçador de Jau finalmente recebeu sua reprimenda, leve na verdade; teria que comparecer mensalmente durante seis meses ao Fórum da Comarca para mostrar que estava vivo e colocar sua assinatura no correspondente processo. Como todo cidadão que tem seus direitos restringidos – ou restritos – Erre Esse não concordou com a punição, mas não fugiu. De cara enfunada ele compareceu durante cinco meses ao Fórum e assinou, calado, o processo. No sexto mês, quando finalmente ficaria livre da pena, Erre Esse entrou no Fórum, foi até o balcão de atendimento, pediu os autos como de hábito, assinou-o e ao invés de devolvê-lo ao serventuário da justiça, virou-se para as pessoas que ali aguardavam atendimento, teceu breve comentário sobre o fato, ressaltando seu protesto pelo tratamento recebido da justiça – o que considerava injustiça – e, como o cidadão que acaba de quitar uma promissória, pega-a, rasga em mil pedacinhos e joga no lixo, ele arriou as calças, agachou e sob o olhar estupefato das pessoas presentes, cagou sobre os autos do processo!!!!.

Antes de devolver o documento cagado e fedido ao escrivão, o caçador ainda acrescentou;

“Tenho vontade de esfregar os papeis na cara do juiz e do promotor…”.

Quase teve chance, pois recebeu pulseiras de prata e voltou a sentar-se no banco dos réus para ouvir sua nova condenação… agora bem longa e menos ‘glamourosa’, como doente mental.

Por esta cagada literal, em protesto contra decisão judicial em seu desfavor, o pacato sisudo e ordeiro cidadão seria condenado de 2 a 5 anos de prisão. Ao ser submetido a exame de insanidade mental, os peritos consideraram que ele é portador de ‘esquizofrenia paranóide’, ou ‘transtorno esquizotípico’, portanto: semi-imputável. Por isso o homem da capa preta converteu a pena restritiva de liberdade em ‘tratamento ambulatorial’ por tempo indeterminado, devendo o cagão ser submetido a exames médicos periódicos nos próximos três anos, como mandam os artigos 98 e 337 do Código Penal. Que cagada longa…

Aquela espingardinha chumbeira, de caçar jaú nos arredores de Jaú, que ficava guardadinha atrás da porta do quarto do matuto Erre Esse, lá ao pé da grota funda, acabou atirando longe, hein?

 

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