

Pela ultima rodada do turno do campeonato mineiro da Segunda Divisão, o Santarritense F.C. recebeu o CAP-Uberlandia no Estádio Erasmo Cabral na manha deste domingo e não foi feliz. Perdeu de 3×0 para o azulão do Triangulo. O resultado, no entanto não espelhou o que foi o jogo. Numa partida bastante disputada de lado a lado, tanto Azulão quanto Canarinho poderia ter saído vitorioso. O empate teria sido ainda mais justo, diante do empenho e garra dos jogadores da casa que levaram perigo pelos menos até a área do time visitante diversas vezes. Faltou calma e capricho para concluir as jogadas e alegrar os cerca de 200 torcedores que foram prestigiar o time do vale da eletrônica.

No intervalo do disputado jogo, falei com o coordenador do Santarritense Jose Romildo Bueno, o Bugalu, que anda preocupado com as finanças do clube. O Santarritense disputa o campeonato Mineiro da Segunda Divisão desde 2003, sempre com campanhas regulares, apesar das dificuldades financeiras. Em 2009 e 2010 pediu licença à Federação, por falta de recursos. Na atual temporada o plantel tem 27 jogadores, sendo dez “pratas da casa” e 17 profissionais vindos de outras cidades e Estados, inclusive o técnico Zezito, de Poços de Caldas. O clube recebeu uma ajuda de custo da prefeitura, no valor de 20 mil reais em parcelas de 4 mil. Algumas empresas da cidade tem ajudado com 3 mil reais. O destaque do time é o centroavante Bruninho, morador do bairro Recanto das Margaridas, artilheiro da equipe com 4 gols. Todos os jogadores da cidade ganham salário mínimo, mas somando despesas de salários, alimentação e viagens, o clube tem uma despesa mensal em torno de 25 mil reais – Só ao triangulo mineiro, distante 600 km de Santa Rita o time fará três viagens, para enfrentar CAP-Uberlandia, Araguari e Araxá. Cada jogo em casa, a FMF leva 2.400 reais de taxas, entre árbitros, representante, delegado e fiscal de renda. E falando nela, a renda da bilheteria não cobre as despesas do próprio jogo. Os jogadores de fora pertencem a empresários que pagam seus salários.
Mesmo diante de tantas dificuldades, Bugalu não se deixa abater; “nosso objetivo é chegar à Primeira Divisão e poder jogar contra os grandes Atlético, Cruzeiro e América. Enquanto perseguimos o objetivo maior, o campeonato serve como vitrine, para mostrar os jovens talentos de Santa Rita, que poderão se transferir para grandes clubes do país. Se isso acontecer, além de realizar o sonho desses meninos que treinam em nossas escolinhas desde pequenos, suas vendas poderão colocar dinheiro em caixa para continuarmos o nosso trabalho”, disse o abnegado treinador.
O Santarritense está no caminho certo, mesclando jogadores ‘prata da casa’ com os forasteiros mantidos por empresários. Aliás, não fosse a parceria com empresários-boleiros o time não teria condições de entrar em campo para a disputa do certame profissional. Pode não chegar ao objetivo ainda a curto prazo, mas dadas as atuais conjunturas do futebol profissional no Estado, o Santarritense vem fazendo o que pode. Um time mais competitivo e vitorioso depende de maior prestigio do torcedor e principalmente do empresariado da cidade.
A derrota em casa para CAP-Uberlandia frustrou a pequena torcida e deixou mais distante os sonhos do coordenador Bugalu, mas não arrefeceu sua vontade de colocar o futebol da capital da eletrônica entre os melhores do Estado.

