O senhor Sebastião Alves do Prado, 80 anos, é conhecido e respeitado pelos moradores do bairro Recanto dos Sousas no bairro Santo Antonio onde mora e costuma vender queijos.
No sabado à tarde Sebastião voltava para casa, pela avenida Alberto Paciulli, quando o cidadão Adônis Regis da Silva se aproximou e puxou a velha conversa para boi dormir;
– Oh, seu Tião, o sinhor tem duas notas de dez para trocar p’ra mim?
Chamado quase carinhosamente pelo nome, Sebastião enfiou a mão no bolso para verificar se tinha troco… De repente Adônis pulou sobre ele e tentou tomar-lhe toda a bufunfa. Apesar das oitenta primaveras, Sebastião lutou bravamente. Mas foi vencido. Ficou só com o cabo do guarda chuva na mão.
Sob o olhar de um garoto que surgia na curva da avenida, Adônis, enfiou-se num pasto pegando atalho e foi embora levando R$350 reais. À Sebastião restou voltar para casa desenchavido e esfolado e contar o ocorrido aos familiares.
Depois de levá-lo ao pronto socorro, o filho Walter saiu à procura do ladrão de velhinhos. Não foi difícil localizá-lo. Ele é hiena mansa de quintal. Mora na segunda quadra depois da capelinha velha do Santo Antonio. Não estava em casa… Walter encontrou o assaltante no bar da famosa pracinha central do bairro, torrando a grana roubada do seu pai. Após enquadrá-lo junto com os demais, chamou a policia.
Adônis nunca sentiu tanto alivio ao ver os homens da lei! Quase se jogou em seus braços. Quando eles chegaram Adônis, que havia gastado boa parte do dinheiro roubado com a loira gelada – e quem sabe algumas pedrinhas – já havia recebido uns bons sopapos dos frequentadores do local, indignados com sua ousadia em roubar um velhinho indefeso.
Regis, como é conhecido no bairro pela sua intimidade com a coisa alheia, desceu no taxi do contribuinte, sentou ao piano, assinou o 157 e foi se hospedar no Hotel do Juquinha.