A policia civil prendeu na manhã de ontem, 08, quatro meliantes envolvidos em roubos na cidade. Durante as diligencias realizadas ao raiar do dia, na operação batizada de “Procurando Nemo”, os detetives prenderamUellinton Prado, 27, Bruno Henrique Siqueira dos Santos, 20, Daniel Silva campioni, 20, e J.L.S, 31 anos, integrantes da mesma quadrilha, todos marcados com uma tatuagem de carpa, em alusão à facção criminosa paulistana PCC. Além da arma usada nos assaltos recentes na cidade, os policiais encontraram mais de duzentas barangas de cocaína prontas para comercio, duas balanças especificas para pesagem minuciosa de drogas e uma motocicleta usada nos roubos.
As investigações da PC começaram há duas semanas, depois que a própria mãe de um dos meliantes deu sua cabeça. Dona M. mãe de Bruno Henrique Siqueira dos Santos, descobriu que ele mantinha uma arma de fogo em casa e comunicou o fato ao Ministério Publico. De posse da informação o promotor determinou à policia militar que apreendesse o trabuco. Durante as buscas, a referida arma não foi encontrada, mas os policiais encontraram em poder de Bruno, vários objetos produtos de roubo.
Ao investigar a procedência da res furtiva, os policiais chegaram aos autores dos roubos. Diego, Uellington, Bruno João Paulo do Prado e J.L.S. Mediante Mandados de Prisão Preventiva expedidos pelo Homem da Capa Preta da Comarca, com base nas investigações, os pupilos da delegada Stella Reis levantaram mais cedo na manhã desta quinta em busca da ‘melhores minhocas’. Além de prender os meliantes ainda nos braços de Morfeu, os policiais localizaram o trabuco antes ‘dedurado’ pela mãe de Bruno e de quebra encontraram a droga e petrechos do trafico.
O quinto integrante da quadrilha, João Paulo do Prado, o “Gibi”, foi preso no final da noite, pela policia militar de Pouso Alegre, tentando dobrar a serra do cajuru.
Gibi é um dos presos mais ‘lidos’ da Santa Rita do Sapucaí. Salvo engano ele participou da inauguração do “Presídio Modelo do Sul de Minas”, rebatizado por este blog de: “Hotel Recanto das Margaridas”, em abril de 1999. De lá para cá, mexe & vira, vira & mexe, Gibi está sendo folheado nas mãos dos homens da lei. É um preso alegre descontraído, educado, tem família, mulher e filhos, ‘mente que nem sente’, mas é um bom garoto. Ninguém teve tantas chances quanto ele de mudar de vida. Mas o crime sempre falou mais alto. Gibi foi cela livre, ganhou liberdade para na horta do presídio, em reformas do prédio, saiu para trabalhar na fabrica de blocos da prefeitura, até que finalmente pagou seus débitos com a sociedade e ganhou a liberdade plena. Quero dizer, do corpo, pois a mente parece nunca ter se afastado do crime.
Em meados de 2007 Gibi trabalhava na fabrica de bloquetes, cinco quadras abaixo do presídio e no final do dia voltava para a prisão albergue. Uma tarde daquelas resolvi ‘dar uma incerta’ e checar o recolhimento dos presos do regime aberto. Por volta de seis da tarde, parei a viatura perto da cadeia e sentei-me num banquinho na sombra da horta, de onde podia ver toda a extensão da rua que divide os bairros Marcos Baracat e Pedro Sancho. A noite caiu e me tornei apenas uma sombra debaixo da amoreira. Os presos foram chegando, se juntando no pátio até o momento da chamada do carcereiro. Quando faltavam minutos para as sete da noite, Gibi surgiu na esquina, três quarteirões abaixo. Veio andando rápido com seu jeitão meio desengonçado, virou na esquina seguinte, entrou no “Bar do Pelé” – foi tomar a ‘saideira’ ou seria ‘entradeira’? – antes de se recolher à prisão. Saiu meio minuto depois com um litro pet na mão e veio em direção à cadeia. Quando chegou na esquina, olhou para cima e viu a viatura… Parou imediatamente! Deve ter pensado:
– Sujou!!
Olhou para a beira da horta, percebeu minha silhueta, mas não conseguiu distinguir quem era. Olhou para o litro pet na mão, coçou a cabeça… e deve ter concluído:
– É ruim, hem..!
Deu meia volta, foi até o bar do Pelé, guardou o litro pet e correu para o portão do Hotel Recanto das Margaridas antes que ele se fechasse. Quando me viu à meia luz observado o carcereiro contar os presos deve ter pensado:
-Caramba! Escapei de boa! Se o Chips me pega tô ferrado…!
O litro pet levava, como de habito, suco de gerereba para os companheiros.
O mais surrado “Gibi” do Hotel Recanto das Margaridas, está de volta ao “lar, doce lar” do contribuinte. Ele não conseguiu divorciar do crime…!