… Foram jogados numa lata de lixo qualquer nos fundos da delegacia!
“O epílogo da história de Fernando da Gata em Pouso Alegre seria escrito quase três semanas depois, devido a uma falha profissional: esquecemos de colher suas impressões digitais! Romeu Norte Pereira, um baixinho invocado, filho de fazendeiro do Triangulo Mineiro, fora meu colega no curso de Detetive da Acadepol e, como cursava medicina, exercia também as funções de Auxiliar de Necropsia na Regional de Pouso Alegre. Foi ele que desenterrou o gatuno – naturalmente nauseabundo – muitos dias depois e fez a coleta das impressões papiloscópicas. A prova cabal da identidade do famigerado bandido, que aterrorizou três estados, foi colhida na garagem da delegacia regional… mas apenas os dedos foram levados para lá, numa pequena bacia de alumínio, ‘delicadamente’ cortados com uma tesoura! O resto do corpo não saiu do tosco caixão no cemitério… até ser requisitado pela família!
No dia 20 de setembro de 1982, já sem alarde, sem clamor e sem glamour, sem saudade e sem os dedos, Fernando da Gata embarcou em um carro funerário em Pouso Alegre e desembarcou no aeroporto de Guarulhos. De lá fez sua primeira e única viagem – da morte – de avião rumo ao aeroporto Pinto Martins na capital cearense. De Fortaleza seguiu de madrugada em um carro fúnebre para Russas, sua terrinha natal, onde era esperado como herói! Enquanto uma radio local anunciava de hora em hora sua chegada, centenas de pessoas, algumas dormindo, outras cochilando e outras eufóricas aguardavam na porta do cemitério para recebê-lo!
‘Foi-se o bandido… ficaram-se os dedos’!!! Numa lata de lixo qualquer nos fundos da Delegacia Regional de Pouso Alegre!