BORA VIAJAR!

     Assim começou o mais sublime romance policial vivenciado no alto da serra da Mantiqueira.

Ao término do jantar, Juliano, como de hábito juntou as sobras dos pratos, pegou os ossinhos da costelinha de porco e foi levar lá fora para a cadela da irmã.

– Ué! A Lobinha não está aqui na varanda… – disse o garoto intrigado.

– Cadê minha cadelinha? – perguntou Paloma enquanto retirava a mesa.

– Faz mais de meia hora que estou ouvindo latidos constantes vindo da direção da estrada… deve ser ela – respondeu Júlio.

– Escutem… parece ser mesmo os latidos da Lobinha – emendou Valentina.

Todos saíram à varanda para ouvir melhor.

– É ela mesmo… Os latidos parecem que vem da curva do pinheiro – disse Paloma.

– Você disse que faz mais de meia hora que ela está latindo, querido?

– Do quarto eu não distinguia se os latidos eram dela… mas faz bem tempo.

– Será que ela está ferida? – indagou Juliano.

– Não filho. Não são latidos de dor… Ela deve estar acuando algum bicho, um ouriço, um gambá, talvez…

– Eu vou chamá-la… – disse Paloma saindo em direção à estrada.

– Cuidado filha… Pode ser um lobo, uma jaguatirica… – advertiu Valentina, mas Paloma não ouviu! Já estava chegando ao portão da pousada, seguida do irmão aos gritos “Lobinha, Lobinha, Lobinha”. Os latidos cessaram. No minuto seguinte a bela e esguia cadela dourada passou por uma brecha do portão de madeira e adentrou a alameda da pousada, arfante, abanando o rabo, feliz por terem se lembrado dela. Fez festa para a jovem dona, pulou no garoto que batia palmas e chegou correndo à varanda onde Júlio, apoiado na esposa esperava pelos filhos. Apesar do cansaço, e de estar de volta ao seu habitat, Lobinha não parou um instante. Correu inquieta ao redor dos donos, voltou a latir, deu meia volta e seguiu rumo ao portão de onde viera.

– Ei, espera, onde você vai garota? Venha jantar… – disse Paloma tentando segurar a cadela cor de arrozal maduro. Mas ela não parou. Enfiou-se novamente no vão da porteira e voltou latindo morro acima em direção à curva do pinheiro.

– E agora? O que deu nela? – quis saber Paloma, preocupada com o comportamento da cadela.

– O que quer que seja que ela encontrou ainda está lá. Se fosse um animal acuado, teria ido embora quando ela parou de latir e se afastou… estranho – conjecturou Júlio.

– Eu vou lá ver o que é… Juliano, pega a lanterna! – disse Paloma, pegando ela mesma um cajado de aroeira que ‘morava’ atrás da porta, na recepção.

– Cuidado filha, não se aproxime muito. Pode ser perigoso… – alertou Valentina apreensiva, ajudando o marido a se acomodar numa poltrona na varanda para ir atrás dos filhos.

Antes de chegar ao portão que beirava a estrada, ouviu os gritos da filha voltando ao seu encontro:

– Mãe, pai… tem um homem caído ali. Ele parece ferido, não se mexe! Acho que está morto…”

 

*** Se você quer continuar essa viagem pela bela e romântica Serra da Mantiqueira, embarque no livro “Uma viagem que não chegou ao fim”!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *