Em doze anos e meio de feliz estada em Silvianópolis, fiz apenas dois inquéritos de homicidios. Um, cometido em familia por “um punhado de dólares” de herança e outro cometido por um batateiro, contra um batateiro, ambos de Bom Repouso.
Crimes na centenária Santana de Francisco Lustosa, só de transito, ainda assim, batidas de carroças – eu costumava brincar com os amigos. Os meliantes que agiam na cidade não passavam de ‘gatos’ pingados… O mais notório, era um garoto espigadinho, com olhar e prosa cínica, que atendia pelo nome de Jeferson Jesus Castro de Moraes, o qual se achava mais esperto que os outros e brincava de fumar maconha. Eu seria capaz de jurar que quando ele crescesse, criaria juízo… Parece que jurei em falso…
Madrugada fria de domingo. O jovem Bruno Jose da Silva, 22, voltava da balada pela Vicente Simões, quando um malaco se aproximou e foi logo distribuindo socos e pontapés. Em poucos minutos o boêmio ficou sem lenço, sem documentos, sem a blusa e sem o tênis. No minuto seguinte Bruno viu o malaco virar tranquilamente a esquina da deserta Senador Eduardo Amaral e dobrar a serra do cajuru em direção ao velho Aterrado.
A PM alcançou o assaltante logo depois da ponte do velho Mandu. A prova do crime, o tênis novinho que Bruno havia comprado no dia anterior por R$85 reais estava em suas mãos.
O ratão de madrugada era Jeferson Jesus Castro de Moraes. Apesar de ser reconhecido pela vitima ainda com o lombo ardendo, Jefinho usou o argumento mais elementar…
– Este tênis? Acabei de comprar de um sujeito que conheço pelo nome de Ricardo, ali na esquina da Perimetral…. – E nem ficou vermelho.
Numa coisa minha previsão – e minha torcida – estava certa. Jefinho parou com a maconha. A erva marvada já não faz nem cócegas no seu cérebro. Agora se quiser atiçar a adrenalina, ele tem que queimar a ‘pedra bege fedorenta’. Por isso mesmo ele possui uma capivara ‘deste tamanho’, recheada de 155, 12, 33, 129, 147 e 157 como este que ‘aliviou’ o jovem Bruno.
Jefinho, o menino que vi crescer achando bonito fazer feiúra na minha saudosa Santana, que não tinha tempo para estudar, teve a promissora carreira de ‘chapa’ no CEMA interrompida. Ele assinou mais um 157 ‘paia’ e foi se hospedar no Hotel do Juquinha.