Aos 62 anos, a aposentada M.P.S. viveu nesta terça, 22, o pior dia de sua vida. O pretenso comprador do seu carro, um GM Agile, de repente virou assaltante e a manteve amarrada e cativa no porta malas do próprio carro debaixo do sol escaldante.
O calvário de M. na verdade começou na semana passada, quando ela colocou um anuncio de venda no próprio carro! Não demorou recebeu uma ligação telefônica de um interessado em compra-lo. O encontro para experimentar o Agile e fechar o negocio foi marcado para a segunda feira. Mas foi adiado, porque a filha de M. saiu junto para experimentarem o possante. Remarcaram a transação comercial para esta terça. Depois que a filha de M. foi deixada na porta da faculdade, seguiram para o banco, Alexsandro desceu do carro que era conduzido por M. entrou no banco, simulou a transferência bancaria referente à compra do Agile para a conta de M. e informou em seguida, sem contudo apresentar o recibo da transferência!
– Dentro de uma hora o dinheiro estará na sua conta!
Como M., ‘precavida’, disse que só assinaria o recibo do carro quando confirmasse a transferência para sua conta, Alexsandro pediu para ser deixado no hotel Class, onde estava hospedado! – ele é mestre em hospedagem ‘gratuita’!
Ao chegar à porta do citado hotel, Alexsandro finalmente mostrou que tipo de negocio pretendia fazer…!
– Isso é um assalto! Continue dirigindo e não faça ‘gracinhas’! Meu ‘parça’ está na porta da faculdade onde deixamos sua filha… Se dentro de vinte minutos eu não ligar pra ele dizendo eu está tudo ok, ele ‘mata ela’!
Da porta do hotel seguiram para uma estrada vicinal que margeia o Rio Sapucaí Mirim, próximo ao bairro Belo Horizonte. Lá, sob terror, o assaltante tomou as chaves do carro, obrigou-a a ssinar o recibo do carro, tomou os cartões bancários, exigiu as senhas bancarias, amarrou mãos e pernas da aposentada no porta malas do carro e saiu dirigindo, o mais trepidante possível, por estradas e ruas da cidade.
Com a aposentada amarrada no porta malas do carro, Alexsandro parou em dois postos de gasolina nalgum lugar nas imediações da cidade para abastecer. Em ambas as vezes pegou troco… Alegando que precisava de dinheiro para o pedágio! Num deles o assaltante comprou um galão de gasolina para fazer terror com a vitima…
– Se você não se comportar direito eu coloco fogo no carro com você aí dentro! – dizia ele.
Depois de varias horas andando à esmo pela cidade e imediações, com a aposentada amarrada no porta malas, Alexsandro finalmente rumou para a cidade de Santa Rita do Sapucaí, onde moram seus pais!
Mais uma vez, inexplicavelmente, ele seguiu por uma estrada de terra sob o leito da antiga linha férrea! Até que atolou o carro! Neste momento o assaltante retirou dona M. do porta malas, soltou suas mãos e pernas e fê-la ajuda-lo a desatolar o carro. Sem conseguir, ele voltou a trancá-la no porta malas… Mas desta vez sem as amarras! E se afastou para buscar ajuda.
– Pela fresta do porta malas eu o vi se afastando do carro, mas não tive coragem de fugir com medo do cumplice dele fazer alguma coisa com minha filha! – Disse M. ao delegado.
Você, meu estimado leitor, acha que a ousadia – ou insanidade! – do assaltante acabou! Não… Tem mais!
Minutos depois ele voltou acompanhado de um morador das imediações para ajuda-lo a desatolar o carro! Do porta malas, sob o sol escaldante do meio da tarde a aposentada sentiu em silencio o sacolejar do carro! Mas continuaram atolados!
Outra vez Alexsandro se afastou para buscar mais ajuda. Desta vez, quando viu o assaltante sumir na estradinha deserta e poeirenta, M. decidiu fugir. Empurrou o encosto do banco traseiro e saiu do carro. Com o coração na mão atravessou um pasto e chegou na margem da rodovia 459. A muito custo conseguiu carona com um caminhoneiro – não é qualquer um que pára num local ermo da estrada para dar carona! Mesmo sob o sol escaldante. – e chegou à Bloquel no trevo da Fernão Dias, de onde acionou a policia.
O assaltante e sequestrador Alexsandro Camargo dos Santos foi preso algum tempo depois próximo ao local onde havia atolado o carro roubado. Ele bem que tentou dobrar a serra do cajuru, à pé, mas tropeçou e caiu nas malhas da lei.
Ao sentar ao piano do paladino da lei, na DP, o meliante contou a historia da carochinha tentando enredar sua ex-mulher, mas não disse uma palavra sobre o hediondo crime que acabara de cometer. Mesmo assim assinou o 157 c/c 158.
Esta não foi a primeira vez que Alexsandro sentiu o frio das pulseiras de prata. Mas até então seus crimes eram mais leves. Ele se limitava a infringir o 171, o 304, 297, 168, 147…
A noticia da ultima vez que andou de graça no taxi do contribuinte ainda está fresquinha aqui no blog com o titulo, “Alexsandro Estelionatário caiu de novo”, 04-09-2015. Pelo jeito ele não chegou a criar raízes no Hotel do Juquinha! O refinado “esteliona-otário”, desculpe, não consegui conter meu raciocínio! È que o meliante tem o habito de se hospedar em hotéis com nomes falsos, e passar dias comendo, bebendo e dormindo sem ganhar nada… Além de cana! Aliás, no caso do sequestro em questão. Não deu para entender até agora o que Alexsandro ia lucrar! – Mas agora pegou pesado! Pelos crimes de roubo e extorsão – as penas cominadas para os dois crimes chega a 22 anos – Alexsandro, que tem 39 anos, poderá comemorar o 50º aniversario vendo o sol nascer quadrado!
È assim mesmo… “pote tanto vai à fonte… Um dia volta quebrado”.