Foi uma visita informal para autografar a obra, digamos, no seu nascedouro, já que dezenas dos personagens do livro estiveram ou estão hospedados no famoso presidio inaugurado em 2009. Na ocasião o diretor Wiiliam Abrete Pinto falou das ultimas conquistas do presidio e das dificuldades que ainda enfrenta para administrar com dignidade e segurança o ‘hotel’ que abriga atualmente mais de 700 presos nos três regimes prisionais.
Depois da inauguração do “Salão Família”, onde familiares dos presos agora podem esperar a hora da visita com certo conforto, além de ter agua fria e poder fazer suas necessidades bem como trocar fraldas de suas crianças com certa dignidade – antes tinham que fazer necessidades no mato – da criação da banda de musica, da horta comunitária agora vem as salas de aula em local próprio, para que os ‘recuperandos’ que queiram aprender algo mais do que a arte de cuidar do alheio e driblar a policia, possam sair de lá ao menos com um diploma na mão.
O galpão para abrigar mais funcionários terceirizados da Tigre acaba de ser coberto ao lado da fabrica de blocos que está indo de vento em popa. Os presos do regime sem-aberto estão produzindo bloquetes que serão usados no calçamento das ruas de Congonhal e outras cidades parceiras do Hotel do Juquinha. Foi através desta parceria que o presidio conseguiu cobertura para a frota de veículos na entrada do pátio.
Apesar das conquistas no campo da dignidade e ressocialização dos presos através do trabalho, uma pedra ainda teima em continuar no sapato do diretor… Trata-se da falta de cobertura do pátio do banho de sol. Através do terreno vizinho ao presidio ainda é possível arremessar kits droga, celular e se vacilar até armas por cima do muro. Os objetos caem no pátio interno e são pescados pelos presos através das ‘terezas’ feitas de tiras de pano ou qualquer coisa que sirva de corda! Bolas de futebol recheadas de drogas ou celulares também costumam voar por sobre o telhado e cair no pátio.
– Desde que assumimos a direção do presidio há quase dois anos, vimos tentando cobrir o pátio com tela. Em setembro do ano passado o Juiz da Execução Penal direcionou verbas oriundas de prestações pecuniárias referentes a condenações e transações penais para o Conselho da Comunidade para Execução da Pena, determinando à sua diretoria que providenciasse as referidas telas… Até hoje, um ano depois, as telas e também as câmeras de vídeo para monitoramento do presidio ainda não chegaram… – diz desalentado o diretor.
Enquanto o pátio não recebe a tão sonhada cobertura de tela os OVNIs continuam a sobrevoar e aterrissar no pátio do Hotel do Juquinha! Alguns são abduzidos pelos presos e acabam se enfurnando nas celas! E não é só isso. Apesar de todo esforço, ainda há trem fora dos trilhos no presidio – admite o diretor. Segundo ele a aérea não é a única via de acesso de objetos que transgridem as normas da unidade prisional. A vista grossa, a negligencia ou até mesmo o jeitinho brasileiro vez por outra permitem que objetos proibidos adentrem o hotel sem autorização. Foi assim que na semana passada produtos alimentícios – que poderiam estar recheados de drogas ou celulares – foram parar no alojamento dos presos albergados.
De qualquer maneira, seja pela competência, seja pela seriedade do trabalho, seja pela transparência da administração do empolgado gerente Wiliam Abrete e seus assessores e colaboradores, o Hotel do Juquinha vem recuperando a credibilidade arranhada em administrações passadas. Desde que assumiu no final de 2012, Wiliam aproximou-se da sociedade, fez parceria com empresários de Pouso Alegre e região e vem escrevendo um capitulo mais produtivo e transparente na historia do ‘hotel’ mais famoso do Sul de Minas. Um dos primeiros passos que fez diferença em sua gestão à frente da unidade foi a abertura à imprensa. No mínimo é de se supor que não tenha nada a esconder!
À menos de dois da aposentadoria, o ainda jovem diretor mantem a empolgação. Auxiliado por pessoas da sua confiança, segue tentando melhorar a vida dos seus hospedes, tentando resgatar-lhes a dignidade ao dar-lhes tratamento digno e ocupação saudável, preparando-os para a reinserção social quando pagarem seus débitos.