Quando Pedrinho, um garotinho de 7 anos, sapeca e bom de bola, morador ao pé da serra do cajuru, viu a potrinha pampa que nasceu no pasto do seu vizinho, logo se apaixonou. Queria a todo custo comprar a potrinha! Quebrou seu cofrinho de porquinho, pegou as moedas e foi pessoalmente procurar ‘seu’ Honorio para comprar a potrinha;
– Quanto quer pela pampinha, seu Honorio? – Perguntou o garoto.
– Quero R$ 140.
Pedrinho enfiou a mão no bolso da bermudinha listrada, pegou as moedas e contou… Quarenta reais! Faltava cem! Coçou seus cabelinhos encaracolas até o ombro e falou para ‘seu’ Honorio:
– Não vende ela pra ninguém! Eu vou arrumar os cem reais e volto no mês que vem p’ra buscar a pampa.
Enquanto voltava para casa cabisbaixo pela estradinha de terra batida, Pedrinho foi pensando. Pensou, pensou, pensou e chegou a uma conclusão… Só Deus poderia lhe dar os cem reais que faltavam para comprar a potrinha pampa! Chegou a sua casa, foi direto para o quarto, ajoelhou-se diante do crucifixo pendurado na parede, juntou as mãozinhas como convém a um cristão e se pôs a rezar! Repetiu o gesto durante uma semana, pedindo à Deus para lhe dar R$ 100 para comprar a potrinha pampa. Depois de dez dias rezando diariamente ajoelhado, de mãos postas, sem ver a cor do dinheiro, Pedrinho começou desanimar… Andava cabisbaixo de um lado a outro do sitio, pouca prosa, sem querer brincar! Nem Leleu, seu Fox Paulistinha viralatas o animava mais! Até que teve uma ultima ideia…
– Faz duas semanas que estou rezando pedindo cem reais pra Deus e não recebi sequer um sinal! Pois vou escrever uma carta para Ele agora, pedindo ao menos uma explicação!
E assim o fez.
– Querido Deus… Conforme nossa conversa anterior durante duas semanas, estou formalizando meu pedido de cem reais para comprar a eguinha pampa do ‘seu’ Honorio. O Senhor sabe que eu sou menino batuta! Faz tempo que não amarro palha de milho no rabo do gato, não fico jogando graveto no ribeirão para o Leleu buscar, e no mês passado apaguei o quadro negro da ‘tia’ Leninha três vezes e ainda ajudei ela levar aquela sacola de cadernos para corrigir até a porteira da casa dela! Se tiver faltando alguma boa ação para me equilibrar na sua balancinha é só falar que eu faço! Mas se não tiver, me manda os cem reais porque o Totonho do ‘seu’ Antero já está de olho na ‘minha’ potrinha pampa!
Terminou a carta, fechou com carinho, escreveu no envelope; “Para Deus/Brasil”.
Ao receber a carta com aquele destinatário; “Deus/Brasil” o sempre eficiente correio brasileiro encaminhou a carta para Brasilia. Ao abrí-la e lê-la, Dilma ficou muito comovida e resolveu atender o pedido de Pedrinho. Mas como não havia dotação orçamentaria para tal, ordenou ao primeiro secretario que passou na sua frente:
– Faça uma ‘vaquinha’ aí entre vocês e atenda o pedido deste menino… Tome aqui meus dez reais!
Não se sabe se pela avareza, incompetência ou por força de habito de desviar dinheiro publico, o envelope foi fechado com apenas os dez reais e foi enviado para a Serra do Cajuru. Apesar da decepção, como bom brasileiro que não desiste nunca, Pedrinho sentou-se novamente, para agradecer a merreca, e escreveu:
– Querido Deus, muito obrigado por me mandar o dinheiro que pedi… Contudo, eu pediria que, na próxima vez, o Senhor mandasse direto para o meu endereço, porque quando passa por BRASÍLIA, aqueles filhos da puta ficam com 90%!!!