Ao pousar os olhos em Peregrino, Lucas parou boquiaberto… Seu corpo estremeceu!
O coração disparou! Sentiu uma ligeira vertigem! Pensou que ia desmaiar …
Firmou bem os olhos buscando ter certeza do que via.
Não seria mais um daqueles sonhos nos quais o pai surgia do nada e depois lentamente desaparecia na bruma?
Continuou estático olhando fixamente para a figura a poucos metros dele…
O sol de outono brilhava morno no final da manhã…
Soltou um grito que pareceu ecoar por toda a serra…
– “Paaaaaiiiii”!!!
Peregrino continuava parado a poucos metros dele… confuso! Deduziu que o rapaz era o tal romeiro do tornozelo torcido do qual a esposa e a sogra haviam falado, até que ouviu o grito: “Pai”!…
Quando ouviu o emocionado ‘pai’ Peregrino sentiu um choque! entrou em transe!
A palavra ‘pai’ não parecia ter saído da boca do rapaz, mas das suas próprias entranhas… E ficou ecoando no seu cérebro… sentiu uma ligeira zonzeira… sua cabeça girou, os olhos se fecharam sem que ele desse o comando…
Outras figuras apareceram ao lado de Lucas. Pessoas conhecidas, mas ainda sem nome…
Firmou a vista no rapaz à sua frente no exato momento em que ele soltava novo grito e caminhava de braços abertos em sua direção.
O segundo grito de ‘pai’ saiu desafinado pelas lágrimas que brotava na garganta de Lucas…
Peregrino ainda confuso, afogado em um turbilhão de emoções, também abriu os braços e estreitou o jovem peregrino.
Lucas não conseguia pronunciar uma frase inteira, apenas repetia…
– “Pai’, pai, pai…” – e agarrava o peito, a cintura os braços de Peregrino. Apalpava, segurava para ter certeza de que o vulto não sumiria no meio da bruma…
Ao sentir aquele abraço Peregrino estremeceu, viajou centenas de quilômetros em segundos… afastou Lucas do seu peito, segurou-o pelos ombros, olhou no seu rosto, nos seus olhos afogados em lágrimas, e balbuciou:
– Meu filho!…
E tornou a puxá-lo forte para o peito… As lágrimas caiam sobre os cabelos castanhos de Lucas.
Ficaram assim uma eternidade, abraçados solitários na beira da cachoeira. Até que Lucas enxugando o rosto na camiseta começou a falar:
– Eu sempre acreditei que você estava vivo… que eu ia encontrá-lo… Onde você estava pai?
*** Para saber a resposta, embarque nas emoções de “Uma Viagem que não chegou ao fim”!