O oficial de justiça … E a vaga das crianças

Três e quarenta e cinco da tarde desta quinta, 20, inicio de outono. São Pedro começava fechar a torneira depois de ter entornado uma pipa d’agua…!

Quando viro a esquina da Olegário Maciel e começo descer a João Basílio, avisto um carro branco com as luzes de freio vermelhas, na única vaga defronte a clinica onde estou indo levar meu filho febril.

Penso com meus botões e em seguida comento com minha filha:

– Que sorte!!! O carro vai desocupar a vaga no exato momento em que estamos chegando!

Quando me aproximo, as luzes se apagam e vejo o motorista abrir a porta…

– Que azar!!! Ele estava chegando…!

Sem a vaga – única da rua, na cidade que tem um veiculo para cada dois habitantes – para estacionar em frente a clinica, resolvo parar provisoriamente em frente uma garagem do outro lado da rua.

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Quando olho para o motorista, que por alguns segundos me roubara a vaga, esperando vê-lo entrar na clinica infantil levando uma criança no colo, vejo-o atravessando a rua levando uma mala de executivo pendurada no ombro e alguns papeis na mão, já entrando no Beco do Crime!  Aliás, no Beco dos “Dois Crimes”; o assassinato frio e calculado cometido por Jesus Damasceno contra sua amada Jacira no Natal de 1955 e o “assassinato da educação social” que o motorista do carro branco acabara de cometer…!

Quando acabo de estacionar defronte uma garage, um transeunte que percebe a indignação no meu rosto, lança-me uma informação;

– Não sei o nome dele, mas o conheço de vista… É um Oficial de Justiça! – Se referindo ao jovem que estacionou placidamente seu Chevrolet branco na única vaga defronte a clinica pediátrica, e foi cuidar dos seus afazeres…!

O exame do ‘tio’ Helio foi rápido. Daniel tinha apenas uma pequena inflamação na garganta. Nada que umas doses de betametasona com benzidamina e alguns cuidados a mais durante uns quatro dias não possa resolver. Quem não estava passando bem era eu!

Quando saí do consultório e peguei a chave do meu carro que havia deixado na recepção – para o caso de a recepcionista precisar retirá-lo da frente da garagem – já havia parado e chover. E lá estava o Chevrolet branco na vaga de emergência na porta da clinica medica, enquanto seu dono cuidava dos afazeres no centro da cidade!

O sobredito post não tem por objetivo criticar ‘o’ jovem oficial de justiça… – Até porque, os órgãos empregatícios, sejam eles públicos ou privados, não são responsáveis pela ‘cidadania’ dos seus funcionários – mas sim o sistema educacional no qual ele se formou! No qual ele está inserido! Pois, se o jovem oficial, que sentou-se no banco da escola durante 16 anos, inclusive no de uma universidade, tem este tipo de comportamento social, o que esperar de 100 milhões de brasileiros que mal sabem ler placas e cartazes? O que esperar de 20 milhões de brasileiros que nos últimos anos são trazidos no cabresto em troca de uma bolsa qualquer coisa?

… Vou parar por aqui. Indiquem-me um medico! Não estou passando bem…!

 

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