O cidadão Itamar Ribeiro estava solenemente nos braços de Morfeu às três e meia da tarde desta quarta, quando despertou com barulho de gato pulando no seu quintal. A muito custo abriu os olhos a tempo de ver o gato pular de volta um muro de mais de dois metros e sumir no quintal do vizinho. Não era exatamente um gato de quatro patas, mas um ‘gatuno’, grandão, de pernas e braços longos e mãos leves! As mãos levaram seu celular e sua carteira com R$ 12 reais, cartões bancários e documentos pessoais.

O gatuno manso de quaintal, era seu viznho de fundos, Leonardo Cruz das Marcês. O industriário imediatamente o intimou a devolver seus pertences e chamou os homens da lei. Dez minutos depois o cabo Ferreira e o soldado Tarcisio ofereceram as pulseiras de prata ao gatuno. Ao perceber que havia ‘moiado’, Leonardo resolveu devolver o celular do industriário.

– A carteira não tá comigo, não! Eu joguei em cima do telhado da igreja ao lado da minha casa – disse o gatuno cheirando suco de gerereba e pedra bege fedorenta.

Ao sentar ao piano do delegado de plantão Leonardo Cuz das Merces confessou o obvio mas tentou culpar a katia…ça;

– Eu tava diboinha, doutor… Eu trabalho de auxiliar de mecanico no Ribeirão, ganho R$ 1,5 mil reais por mês… Eu só entrei na casa do vizinho porque eu tinha queimado uma brita com chachaça mais cedo…!

Nisso ele falou a verdade! Quando passei pela Praça Custodo Ferreira, em frente a igrejinha velha do ‘santo casamenteiro’ no final da manhã, de fato Leonardo estava na famosa rodinha de nóias juntamente com Zito, Tonho, Marcinho, Dé e outros “meninos que vi crescer” entre o Santo Antonio e o Saude – abraçados com a katia…ça. Quase parei para tirar uma foto!

Depois de ter ameaçado o cabo Ferreira por causa das pulseiras de prata, Leonardo Cruz das Mercês, 30 anos, que já passou 7 anos vendo o sol nascer quadrado, por furtos e roubos e estava em liberdade condicional, assinou mais um 155 qualificado e voltou para o Hotel do Juquinha.