Mercúrio Antonio de Moraes, 28 anos, acabara de voltar do supermercado e se despedir do sogro, às oito da noite desta terça, em Camanducaia, quando Ricardo Bezerra de Inojosa se aproximou e como quem pára para pedir um cigarro, encostou um objeto pontiagudo na sua barriga e avisou:
– Olá, boa noite… Isso é uma faca! Se você não me der todo o dinheiro que tem no bolso eu vou furar sua barriga!
Passados os três primeiros segundo do susto, já começando a indignação, olhando para a cara feia do assaltante, Mercúrio respondeu com sinceridade;
– Tudo bem ‘seu’ assaltante… Mas eu estou voltando do supermercado e gastei quase tudo que eu tinha, lá! Só tenho 20 reais! Pode ser?
– Que merreca heim? Tudo bem… – Respondeu o assaltante. Pegou o dinheiro, guardou a lapiana na cintura e saiu andando calmamente em direção ao centro da cidade como se tivesse ganhado uma gorjeta por algum serviço prestado!
Foi na praça central da minúscula, fria e tri-centenária Camanducaia que a policia militar abordou Ricardo Bezerra meia hora depois. Com a naturalidade de quem responde uma entrevista qualquer, o assaltante admitiu o crime.
– E onde estão os vinte reais que você roubou?
– Já gastei, seu guarda… Comprei duas pedra de crack e acabei de fumar!
E era verdade. Ele ainda estava fedendo sabão de cinzas…!
Depois de uma viagem rápida no taxi do contribuinte para a Delegacia Regional de Pouso Alegre, onde sentou ao piano e assinou um 157 básico, Ricardo Bezerra de Inojosa, tomou outro taxi, retomou a Fernão Dias, viajou 100 quilômetros e foi se hospedar no velho Hotel de Extrema…