Telefonema de uma empregada domestica
Aproveitando a ausência dos patrões, Dircineia pega o telefone e fofoca com a amiga Claudete:
– Oi Crau, hoje de manha eu fui à feira. Antes de sair meu patrão me pediu para eu trazer figo. Aí eu perguntei:
– Figo fruta ou bife de figo?… O Homem ficou uma fera!
Gente fina, seu Adamastor. Num ligo não. Ele tem o sistema nervoso. Também, com um emprego chato daqueles! Vou te contar…! Ele é fiscal da receita. Deve ser um saco ficar conferindo receita de medico o dia inteiro.
Depois chegou o Adamastorzinho, o filho mais novo deles. Acabou de ganhar um carro todo equipado. Tem roda de maionese, farol de pilha, teto ensolarado e trio elétrico…! Não sei por que trio elétrico num carro. Deve ser porque ele gosta de musica baiana…!
– Cê num sabe da úrtima? Eu discubri que aqui nessa mansão que eu trabaio, é tudo fachada!
– Como assim Dircineia ? – Pergunta a colega Claudete, confusa.
– Nada aqui é dos patrão! Tudo é imprestado! Tudo! Cê cridita numa coisa dessas? Òia só: A rôpa que o patrão usa é dum tal de Armani… A gravata é dum tal de Perre Cardine… Os moveis são do tal Luiz Quinze. O carro é de uma tal de Mercedes…! Nadica de nada é deles!
– Noooosa que pobreza!
– E além de pobre eles são muito inzibido! Magina que outro dia eu escutei o patrão no telefone falando que tinha um Picasso…
– E num tem…?
– Que nada, fia… É piquinininho que dá dó!!