Quem passa pela Avenida Dr. João Beraldo, próximo à Faculdade de Direito – meu reduto de infância – fica intrigado com tamanha movimentação de jovens na frente dos barzinhos. Especialmente nas noites de quintas e sextas. Outro dia fui comprar um lanche do meu contemporâneo Gilberto, pioneiro em lanches ali na avenida, e me arrependi amargamente. O tempo que demorei para ‘furar o bloqueio’ de jovens acadêmicos no meio da rua defronte os barzinhos foi maior do que o que o chapeiro Gilberto gastou para fazer meu x-tudo! E eram apenas oito e meia da noite, horário em que os futuros advogados, delegados, promotores, juízes… deveriam estar sentados no banco da escola tentando aprender leis.
Se meus avós passassem por ali na sua velha charretinha puxada pela eguinha pampa, ao ver tanto jovem na porta dos botecos ela diria:
– Oia véio, como os tempos estão muderno!!! Agora os professores estão dando aula no boteco… E a aula deve estar boa. Nem cabe todo mundo lá dentro! Metade dos alunos está na rua!
E vovô sempre parcimonioso responderia:
– Não, minha véia… A aula é ali do lado, na faculdade mesmo… É que ta na hora do recreio…!
Daniel Felipe dos Reis, morador da Rua Tiradentes, a alguns quarteirões dali, é assíduo freqüentador destes barzinhos. Mas ele não faz direito! Aliás, não faz mesmo! Faz errado!!! Muito errado… De latinha na mão ele circula entre os futuros homens da lei distribuindo erva marvada e ‘farinha do capeta’…!
Questionado por colegas acadêmicos de direito, os jovens detetives André e Diego resolveram investigar as atividades do penetra no reduto dos estudantes. Ocuparam uma mesinha – uma raridade. Ali a maioria fica em pé mesmo, no meio da rua – e passaram a ‘filmar’ o modus operandi do garotão de 28 anos que estudou somente até a 7ª serie. Era verdade! Daniel Felipe é mesmo comerciante informal de drogas entres os barzinhos do Monga e Pit Stop!
Confirmada a evidencia do crime, André chamou os detetives-acadêmicos Bruno e Guilherme e o inspetor interino Fabio Balca e colocaram água no chope do formiguinha. Ele foi abordado defronte o Pit Stop no final da noite da ultima sexta, 17 – e, antes que a liga dos comerciantes da João Beraldo e os acadêmicos da minha saudosa, mui digna, conceituada e honrada FDSM, em cujas calçadas joguei futebol no inicio dos anos 70, mais tarde levantei meu ‘canudo’ e a poucos anos me emocionei com os ‘canudos’ dos meus filhos, me enquadrem os artigos 138 e 139 do CP, que fique claro: os donos desse botecos e a maioria dos acadêmicos de direito nada tem a ver com a traficância do Daniel Felipe!
Não foi fácil prender o traficante no meio de tantos jovens, alguns defensores de causas perdidas, querendo exercitar a advocacia muito antes de concluir o bacharelado. Mas Daniel, pego com maconha e cocaína e o produto das vendas recentes na algibeira, recebeu as pulseiras de prata e desceu no taxi do contribuinte para a delegacia de Policia. Antes fizeram escala na casa dele, na Tiradentes para apreender o estoque reserva. Daniel naturalmente se recusou informar seu endereço. Mas não era necessário. A prisão não fora uma casualidade. Fora planejada pelos jovens detetives estudantes de direito. Andre e Diego levantaram antes seu muquifo na Tiradentes. Faltava a chave da casa. Estava com Daniel, mas ele negou que fosse de lá. Quando viu que a porta seria aberta no bico da botina, resolveu entregá-la. Daniel Felipe, o distribuidor de drogas para futuros homens da lei sentou ao piano e assinou o 33. Enquanto aguarda um dos seus clientes se formar para libertá-lo, ele vai ficar hospedado no Hotel do Juquinha.
Espero que essa parte da estória do recreio na porta dos botecos da João Beraldo, meu avozinho não fique sabendo…! Como é que ele explicaria isso pra vovó
Airton acho muito legal quando vc escreve vou dizer assim a sua redação para colocar no seu blogmuito legal mesmo eu gosto de ler pq com suas palavras que vc menciona os seus textos eu dou muita rizada.muito legal as palavras que vc inclui (gírias vamos dizer assim).
Obrigado Luiz,
Abraços.
Cara você é muito poético!! aff