O futebol de Pouso Alegre pode ser dividido em três períodos distintos. O primeiro vai dos seus primórdios até o final dos anos 70. Aí se inclui a criação do PAFC em 1913, com a doação do terreno pela família ‘pinto cobra’ para construção do estádio no alto da Comendador em 1928, o qual viria ser conhecido por Estádio da LEMA, numa alusão à Liga Esportiva Municipal de Amadores, criada em 1948.
O auge dessa primeira fase do nosso futebol aconteceu no final dos anos 50 e 60. Clubes como Facit, Manchester, Madureira, Flamengo do Quartel, Rodoviários, Bangu, São Paulo e outros marcaram aquela época.
O declínio aconteceu, ironicamente, com o auge! Depois de galgar à primeira Divisão de profissionais do Estado, em 68 o PAFC perdeu no tapetão a vaga para disputar o mineiro de 69 e o futebol da cidade caiu no ostracismo.
Voltou a brilhar em meados dos anos 70, com o campeonato regional disputado no campo da Lema. Era um campeonato de grande nível técnico… começava com jogadores amadores de Pouso Alegre e terminava sendo disputado por profissionais da Caldense, Guarani e Ponte Preta de Campinas. Quem tinha mais dinheiro levantava o caneco. Era muito bom para o torcedor, que podia assistir grandes espetáculos no campo da Lema … Péssimo para o futebol da cidade, que, ao desprestigiar seus jogadores que jogavam de graça, esvaziava o futebol nos anos seguintes.
A segunda fase do futebol de Pouso Alegre, começou com a ressurreição do PAFC, em 82, curiosamente treinando no campo da Escola Profissional. No ano seguinte seria campeão estadual amador e em 84 voltaria a disputar o campeonato profissional da Segunda Divisão até conseguir o acesso à Primeira em 88. Em 90 teve sua melhor performance, ficando em segundo lugar do interior, depois de vencer o Atlético em pleno Mineirão no dia do seu aniversario.
O retorno do PAFC ao profissionalato em 84, forçou a reestruturação da Lema – Liga Esportiva Municipal de Amadores, para cuidar estritamente do futebol amador. Foram incontáveis reuniões com cartolas e aficionados do futebol na antessala da Rádio Clube de Pouso Alegre e no escritório da Brahma do radialista Paulo Roberto até que se definiu a nova diretoria da Liga, tendo como presidente o inesquecível Aguinaldo Maranhão Cordeiro Falcão, o “sô” Aguinaldo, que recebia dirigentes e jogadores amadores a qualquer hora do dia e da noite em sua própria casa na Manoel Matias.
O período mais retumbante dessa segunda fase do futebol de Pouso Alegre, talvez o mais marcante de toda sua historia, foi de 87 a 92. A liga mudou seu nome de LEMA para LEPA, ganhando “identidade”, tornando-se eclética. Foram criadas as categorias Fraldinha, Mirim, Infantil, Juvenil, Junior, Veteranos e a volta do campeonato regional nos moldes do campeonato brasileiro, com jogos nas cidades participantes em torno de Pouso Alegre. Durante os seis anos dos dois mandatos, foram realizados mais de sessenta campeonatos de futebol e outros eventos de voleibol, futsal e ciclismo. Foram assinalados 11.480 gols em competições oficiais da LEPA. O “gol dez mil” aconteceu as 17:27h do dia 7 de abril de 91 no campo da Escola Profissional. Foi o segundo da goleada do Guarani do São Geraldo diante da seleção de Bueno Brandão pela Copa Regional. O histórico gol “10 MIL” foi marcado pelo camisa 7 alviverde, Cipozinho.
No dia 21 de dezembro de 92, o presidente da liga fez o que todo cartola deveria fazer ao termino do seu mandato… Promoveu a eleição do seu sucessor e passou o bastão. A eleição foi realizada na sede da LEPA na Rua Mons. Jose Paulino às oito da noite. A Assembléia contou com a presença de 21 dos 23 clubes aptos a votar. Numa virada histórica Jose “Niquinho” Tadeu Flauzino venceu Emilio Masaharu ‘Sato’ por 13 a 8.
Esta foi a ultima eleição regular da Liga Esportiva de Pouso Alegre, que nos anos seguintes caminharia lentamente para o abismo do ostracismo, se envolveria em bingos ilícitos e perderia um terreno de 10.800 metros quadrados, onde deveria ter sido construído o tão sonhado Estádio da Lepa, no bairro São Geraldo. Estava inaugurado, em 1993, o terceiro período do futebol de Pouso Alegre. A Lepa nunca mais teria sequer um calendário de atividades.
Nos últimos anos o futebol amador tem dando sinais de vida. A COE, Comissão Organizadora de Esportes, do São João, bairro onde nasceu em 87 um dos maiores e mais vitoriosos clubes amadores da cidade, o Sport Club Cantareira, vem organizando a Copa COE nas categorias adulto e veteranos. Apesar de disputado em um só campo de pequenas dimensões, os campeonatos já ganharam fama e projeção estadual pelo numero de participantes. Clubes e ‘boleiros’ também tem promovido torneios nos campos do Bangu e do São Cristovão. É um bom começo.
Quanto ao profissional, na década passada quatros clubes da cidade disputaram o certame da categoria inicial da FMF, o Modulo B da Segunda Divisão; PAFC, Guarani, Esporte Sul Mineiro e Sul Minas. Nenhum deles chegou à fase final. Nenhum deles levou mais do 300 torcedores ao estádio.
Há muito mais o que falar do glorioso futebol de Pouso Alegre… Há muito o que fazer por ele!!!
Por ora falemos um pouco do …
São Paulo do São Camilo…
Há trinta anos quantos campos de futebol existiam em Pouso Alegre?
Quantos foram construídos e quais foram demolidos?
Vou deixar as respostas para você leitor saudosista. Por ora vou falar apenas do campo do bairro São Camilo – Só joguei lá uma vez, em 76, pelo Flamengo do Bairro da Saúde, que eu criara aquele ano… 4 x 1 para o time da casa!
Mas falemos das grandes emoções do mais famoso Tricolor da cidade, o São Paulo do São Camilo. Um das maiores tristezas foi perder o seu campo. Não se sabe quando ele foi construído, a partir dos fundos da extinta usina Vigor divisando com as margens antigas do Rio Mandu. Sabe-se quando o singelo, macio e alegre palco de peladas e clássicos se foi, sepultando também seu maior astro, o SPFC do ‘matador’.
Na década de 80 a Avenida Perimetral tomou um pedaço do campo, a prefeitura doou parte do terreno para construção de moradias e o que restou virou barracão da Escola de Samba Unidos do Mandu, até hoje inacabadas.
Impossível aos boleiros daquela época não falar com saudade das glorias do velho campo varzeano, o campo do ‘matador’, nome pelo qual também era conhecido o bairro até alguns anos atrás, por causa do matadouro municipal que ficava ali ao lado da Vigor – Hoje Bretas.
Mais glorioso ainda foi o São Paulo F.C. que popularizou o bairro por causa dos espetáculos e do inacreditável titulo de 1978.
Na década de 70 o futebol amador de Pouso Alegre era disputado todo na Lema, semi-profissional, com organização própria, com regulamento frouxo, onde prevalecia não o talento do jogador, mas a vaidade e poder aquisitivo dos cartolas. Montava-se excretes para ganhar o campeonato ao preço que custasse. Tanto que, a medida que o certame se afunilava, aumentava o nível técnico e o custo do campeonato. Na final do certame invariavelmente tinha uma Caldense da vida de um lado e um Guarani ou Ponte Preta de Campinas, ou uma seleção de craques do futebol profissional do outro. Bom para o torcedor…. Péssimo para a estrutura dos clubes amadores da cidade que caia no ostracismo no ano seguinte e só se movimentava novamente à custo de dinheiro.
Gabriel Sapinho não levou o Troféu…
Os campeonatos daquela época reuniam ADJ de Jacutinga, Sete de Setembro, de Ouro Fino, Botafogo da Borda, “o papão” dos cartolas Cobrinha e Rogerinho, além dos tradicionais times manduanos Mercantil, Atlético do Pingüim, Cometa do Agostinho, Atlético do Tião Cueca, Cruzeiro do Corinho entre outros, além, é claro do Tricolor do Matador.
O regional de 78 levou à final São Paulo e, para variar, o alvinegro de Borda da Mata.
Ademir Ribeiro Gomes, o Bulau, nascido na beira do campinho do ‘matador’, atleta e cartola, do tricolor, quase teve um atrito com o presidente da Liga Esportiva, Gabriel Sapinho;
– Ele queria que nós ‘passássemos o chapéu’, que a gente fizesse uma vaquinha para arrecadar dinheiro para trazer reforços de fora para a grande final – conta ele.
O São Paulo não tinha dinheiro e além disso discordava dessa política, pois não queria desprestigiar seus jogadores, deixando-os de fora do filé depois de terem roído o osso durante o campeonato. E não afinou…
Com raiva por ter sido contrariado e duvidando que o time do São Camilo conseguiria barrar o Fogão da Borda, Gabriel Sapinho não levou o troféu de campeão para o estádio da Comendador.
O São Paulo foi a campo somente com a prata da casa e enfrentou com galhardia o bicho papão de Odirlei, da Ponte Preta de Campinas, Darci, da Portuguesa, Fernandinho, do Tricolor paulista e Jorge Mendonça, do Guarani e Seleção Brasileira. Nos 90 minutos ninguém balançou a rede… 0x0. O time do Bulau venceu por 5×4 nos pênaltis e sagrou-se Campeão Regional. Faltava o troféu para a volta olímpica. O time seguiu então em carreata para a Cantina do Bié, na Rua Dom Nery, onde ficara guardado o troféu e dali desceu a Comendador fazendo a festa.
O time campeão de 78 da Lema, o ultimo daquele áureo período da historia do nosso futebol, levantou o caneco com Zorro, Zé Maria,Valdir Maracanã, Lisio Guedes, Claudio Andradas, Ariovaldo, Tira-mé, Bruxa e Bulau, Tomazinho, Mazinho do Valdemar, Ferraz, Beto Nery, Geremias, Marquinho Boneco, Zé Marques Trevauto e o massagista Paulinho Guedes.
Na semana seguinte o Tricolor manduano fez o jogo da troca de faixas com o campeão municipal de Conceição dos Ouros. Levou apenas parte dos titulares, mas foi o suficiente para carimbar a faixa do campeão do polvilho por 3×1.
O time da troca de faixa jogou com Zé Maria, Ariovaldo, Silvão, Bulau, Lizo, Porvinha, Ferrina, Marquinho Boneco, Ferraz, Cridi e Zé Armando.
Como é bom relembrar, nos tempos em que futebol em Pouso Alegre, se jogava como uma verdadeira obra de arte. Quantos nomes, fariam livros de estórias para contar. Saudades da LEPA, dos campeonatos municipais, a Norte / Sul, quem não se lembra, dos campeonatos regionais. o tempo bom. Pra mim, o futebol em pouso-alegrense, deixou de ter seu brilho, quando os jogadores começaram, a sair de seus clubes de origem para ganhar dinheiro em outros clubes. Não que fosse injusto, até merecido pelo talento de muitos. mas alguns, assinavam em campeonatos fora, ou jogos amistosos, para ganhar, ao mesmo tempo que ocorria campeonato na cidade. Na hora que mais se precisava do atleta, o time ficava na mão. Dai o jogador do aspirante ia pro sacrifico, jogar os dois na sua categoria, mais dois no titular. O brilho do futebol de várgea, se apagou, os campos de futebol se acabaram. Mas muitas coisa boas ainda tem pra se lembrar, da pra render uma boa prosa com churrasco e muita cerveja. Parabéns Chips,
relembrar os bons tempos. E faço lembrar que sua passagem pelo esporte pouso-alegrense foi de grande importancia. Eta tempinho bão, da uma saudade… Abraços.
Obrigado Rafael…
Abraços.
Caro companheiro do Esporte. venho ressaltar que a LEPA em 2009 teve sua eleição legal onde ha um presidente que vem trabalhando para resgatar o esporte amador que inclusive em 2011 teve a Copa Integração de futebol Amador promovido pela entidade. procure o presidente da LEPA e vamos apoiar a LEPA novamente. abraços. Robson
Sou de 1980, aos 8, 9, 10 anos, era bom ir assistir aos jogos na LEMA (LEPA), meu Pai levava eu, meu irmão e nossos amigos para assistir, era maravilhoso ir la, ainda mais moleques que gostam muito de bola, jogamos muito também na época da escola profissional, quando tinha os jogos no fim de semana por la(época do irmão gino, que cuidava muito bem dos campos). Adorei conhecer mais fatos sobre o futebol de PA, parabéns meu caro.