A delinqüência juvenil e suas conseqüências

A jovem balconista A.F. de Godói, 19 anos, estava quieta no seu canto, no meio da tarde fria de quinta feira, em uma loja de malhas na aconchegante Monte Sião, quando de repente entraram dois malacos apressados e apavorados… Um deles sacou uma pistola, apontou tremendo para a garotinha e exigiu o dim-dim. Sem muito dialogo, mas querendo ver os pequenos assaltantes pelas costas o quanto antes, a jovenzinha levantou os braços, como quem diz; fiquem à vontade.

Mas eles não ficaram à vontade… Atrás da pistola preta, a dupla de delinqüentes juvenis era a síntese do “157 nervoso”… Estavam mais apavorados do que a balconista. Tinham tanta pressa de deixar o local, que levaram somente a bolsa da jovenzinha, sem saber o que havia dentro… Havia o celular e documentos pessoais de A.F.Godói.

Os homens da lei foram chamados e uma hora depois bateram na porta da casa do assaltante de meia tigela C.H.M.Rosa, 16 anos, morador da região central da cidade. Mais apavorado do que antes, o garotão vazou pelos fundos, pulou muros e quintais e acabou caindo os braços da lei. E. F.M. seu comparsa, também “dimenor”,  conseguiu dobrar a serra do cajuru… ou seria Serra do Morro Pelado?

Na residência do pequeno assaltante os policiais encontraram a pistola usada no assalto e a bolsa roubada da balconista. Ah, a pistola preta era de plástico, dessas que se compram em lojas de 1,99…

Acompanhado da mãe – que jura que é a primeira vez que o filho comete este tipo de crime – C.H.M.Rosa foi sentar-se ao piano do delegado Waldir Pelarico em Pouso Alegre.

Mas quem vai pagar por este crime?

Bem, vamos ao que vem depois…

O roubinho mixuruca aconteceu às 15:15h… O meliante foi preso, quero dizer “apreendido” – menor nunca é preso –  uma hora depois. Os policiais continuaram perseguindo seu comparsa por mais um tempo e quando terminaram de redigir o B.O., raspava seis da tarde. Estava encerrando o expediente local e o procedimento especial de menores teria  ser feito no plantão noturno regionalizado. E lá foi o assaltante pé-de-chinelo para Pouso Alegre, 90 quilômetros dali, com um cabo, um soldado, a mãe dele e a jovenzinha assaltada, todos na viatura policial. Chegaram à P.Alegre por volta de oito da noite, esperaram na fila para sentar ao piano. O procedimento terminou por volta de meia noite. Os policiais que deixaram sua cidade desguarnecida, a mãe do delinqüente e a jovem balconista chegaram em casa no inicio da madrugada… O delinqüente que usou arma para subjugar a vitima, embora de brinquedo, ficou preso, quero dizer, apreendido – “dimenor” não fica preso.

E não acabou aí! Para ratificar ou não apreensão do delinqüente, o promotor de justiça tem que entrevistá-lo tão logo seja comunicado de sua apreensão. Tem mais um problema, como a cadeia de Monte Sião está interditada, C.H.M.Rosa ficou preso, desculpe, apreendido no Hotel do Juquinha em Pouso Alegre, por isso ele terá que ser conduzido em viatura policial ou da Suapi por dois agentes até Monte Sião, local do crime, desculpe, do ‘ato infracional’ – “dimenor” não comete crime! Se o promotor constatar que ele é de fato primário e não cometeu nem meia dúzia de delitos ainda e perceber nele o “animus arrependidus”, poderá dar-lhe apenas um puxão de orelha – no sentido figurado, tocar nele, nem pensar! Caso contrario C.H. será levado de volta para o Hotel do Juquinha… Para estagiar no crime e aprimorar seu “modus assaltandis”.

Toda essa tramitação, esse trabalho , esse custo… Por causa do roubo de uma bolsa vazia, praticado com uma pistola de plástico!!!

Ah, o tempo todo eu chamei o pequeno assaltante de “delinqüente”… Posso ser processado e preso por isso!!! 

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