Suco de gerereba, destempero e azeitona quente em Ponta Porã …

Uma mistura perfeita para mandar uma promissora carreira policial para os ares!

         Ponta Porã está mesmo fadada  a servir de inspiração para letras de musicas que cantam boemias, despedidas e amores desfeitos… A cidade de pouco mais de 80 mil habitantes, onde basta atravessar a rua para entrar em outro país, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, foi palco de mais um capitulo da sua historia de romance e violência! Se não acabar em romance desfeito, poderá ao menos acabar com uma carreira policial…

De um lado é Brasil, do outro é Paraguai…

        Eram quase onze da noite. Seguia o ônibus pela MS-386 saindo de Ponta Porã para Amambaí, levando de volta estudantes universitários quando o imbróglio se deu! O sargento do exercito P.S.L.C.M. ocupava uma das poltronas da frente quando uma jovem nervosa veio sentar-se na poltrona vazia ao seu lado. Logo ele escutou uma voz meio pastosa e ameaçadora;

– Ô, ‘milico’… Fica esperto que a mulher é casada!

        O militar não deu atenção à advertência.

        Logo percebeu que o dono da voz pastosa, sentado algumas poltronas atrás estava apontando um sinalizador luminoso para sua poltrona e da mulher que ali sentara. Em seguida ele ouviu repetidas vezes os estalos característicos de uma maquina portátil de choques próximos da poltrona. Sem conseguir chamar a atenção dele e da mulher que sentara ao seu lado, o mesmo cidadão da voz pastosa, parecendo estar embriagado se aproximou e advertiu;

– Dou um minuto para um de vocês dois saírem desta poltrona!

       O sargento conhecia de vista e das viagens para a faculdade, tanto o  rapaz ameaçador quanto a jovem ao seu lado e sabia que eram casados. Por algum motivo eles haviam brigado e ela fora se sentar ao seu lado na poltrona vazia. Como se tratava de briga de marido e mulher, ele preferiu não meter a colher. Respondeu apenas;

– Olha, eu já estava sentado aqui… Ela, se quiser, que saia!

       De repente o estudante sacou uma pistola .40 e disparou um tiro no interior do ônibus!!!  A azeitona quente saiu pela janela aberta e se perdeu no espaço!

– Eu falei pra você sair daí senão as coisas iam feder, ‘milico’ … – Emendou o passageiro soprando a fumaça do trabuco.

       Em meio ao pandemônio que se fez o ônibus parou! Furdúncio total. Gritos, correria, estudantes se abaixando! Uns correndo para fora do ônibus…! Outros querendo saltar pelas janelas…! Depois da merda feita o atirador foi atrás, pressionando as pessoas a voltar para o interior do ônibus p’ra seguirem viagem…

       Quando a poeira foi se assentando o sargento do exercito, desarmando, desceu para conversar com o atirador. Os demais passageiros, temendo o pior, não deixaram que ele se aproximasse. Antes que a policia chegasse à beira da estrada, um carro conduzido por um amigo comum do casal, chamado provavelmente pela jovem esposa apavorada, apareceu e tirou o casal do furdúncio.

– Ele estava tonto… Nós vimos ele bebendo cerveja em Pedro Juan Caballero – cidade paraguaia do outro lado da rua de Ponta-Porã – informou um estudante.

        A confusão e tiro no interior do ônibus foi porque o jovem estudante de direito, após se amarrar no pé de cana ficou tão chato que nem sua esposa suportou sua presença e foi sentar-se na poltrona vazia ao lado do sargento.

         Seria só mais uma letra de musica sertaneja ‘chorumelada’ ao estilo Pedro Bento & Zé da Estrada ou  enredo de filme de violência encenado nos rincões sem lei da fronteira Brasil/Paraguai, se não fosse por um detalhe: O atirador do ônibus de Ponta Porã, o jovem estudante de direito C.A.S. é escrivão de policia do Estado de Mato Grosso do Sul em estagio probatório!

        O tiro de pistola .40 cuja bala se perdeu no espaço, pode ter acertado seu próprio pé. O fato aconteceu na noite de 05 de maio de 2011. Ele está respondendo a Processo Administrativo naquele Estado. O sargento P.S.L.C.M. que sem querer e sem saber provocou o ciumento disparo naquela noite, prestou depoimento na Delegacia Regional de Pouso Alegre nesta segunda. Nas próximas semanas, com a conclusão do processo, o escrivão que fez as coisas federem no interior do ônibus, vai sentir o cheiro da mer… que fez.

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