Ele queria a todo custo assinar o 28…!
A voz que vinha do outro lado do aparelho era clara e audível…
– Ele está usando camiseta branca, bermuda vermelha e boné branco. Neste momento ele está sentando na pracinha na esquina da Sapucaí. De vez em quando ele entra numa casa em construção ali perto, demora uns minutos e depois volta para a pracinha. Acho que o seu apelido é “Porquinho” ou “Gordinho”. Ele vende drogas…!
O sargento Silveira e seus pupilos que estavam por perto foram checar a informação por volta de cinco da tarde desta quinta, 01. O moço da bermuda vermelha sentado na pracinha, esperando o bonde passar, era Ewerton Beraldo de Paiva, 29 anos, registrado no álbum da Policia como “Porquinho”. Na algibeira levava apenas um aparelho celular e R$ 264 reais em dim-dim. Numa rápida visita à obra em construção, confirmou-se o restante da denuncia do amigo oculto da lei… Sob um monte de entulho dormia um embrulho plástico com 5 pedras beges fedorentas que ainda poderiam ser fracionadas.
– A pedra é minha, sim Chips, você me conhece, sabe que eu sou usuário – Choramingou Porquinho no corró da DP, na esperança de que o delegado de plantão o enquadrasse no 28.
Conheço mesmo Porquinho de longa data. Ele e seus três irmãos, todos foram meus clientes no Velho Hotel da Silvestre Ferraz anos atrás. Salvo engano, a primeira pulseira de prata que ele recebeu quando morava no bairro da saúde, foi um ‘presente’ meu! Wander Porquinho diz que depois de pagar seis anos “de ponta”, por roubo, está ‘diboinha’…
– Só não consigo sair do crack! – Acrescentou ele. Eu vim do Foch ao Aterrado só pra comprar a pedra! É o único lugar que tem. Aí os homens chegaram…!
O delegado da noite não se sensibilizou com a triste historia do Porquinho. E lá foi ele de volta para o Hotel do Juquinha, depois de assinar o 33…