Quatro horas da madrugada… A chuva parou. Agora apenas uns pingos finos e frios escorrem do telhado provocando a interminável cantilena ‘ping, ping, ping’… Um vulto sorrateiro atravessa a janela e entra no bar do Preguinho, na Rua santa Catarina. Sai rapidamente levando uma bolsa verde, pesada. Apesar da hora morta, ele não está só na madrugada. Olhos atentos observam seus movimentos…
O vulto agora caminha soturno pela Avenida Perimetral quando a barca dos homens da lei encosta. Dentro da pesada bolsa verde ele leva uma garrafa de Vodca, uma de Alba Fogo, outra de Alba Mel e uma de Jurubeba…
O homem da bolsa verde é Celso Lucas da Silva Junior, 30 anos, morador do bairro da Cava, município de Cachoeira de Minas. Sua estória é excelente;
– Eu ‘tava andando pelo Aterrado, seu guarda, aí passou um moleque e falou: “vou te dar uma dica, ali na Rua Santa Catarina tem um barzinho com a janela aberta…”, aí eu fui lá, vi a janela aberta, entrei e peguei estas garrafas…
– E a bolsa verde?
– A bolsa eu achei lá perto do bar, seu guarda!
O delegado de plantão achou a estória realmente interessante. Quase aplaudiu a criatividade do Celso Lucas. No entanto, na falta de mais alguém para autuar por furto qualificado por rompimento de obstáculo durante o repouso noturno, o delegado autuou Celso mesmo, no 155 e o mandou repetir sua estoria no Hotel do Juquinha…!