O cidadão Dione Gomes Pereira, 24 anos, seguia de Turvolandia para São Gonçalo do Sapucaí, pilotando seu GM Astra, no meio da tarde desta segunda, quando numa curva da estradinha cascalhada, três rapazes ao lado de um Gol bola deram sinal de parada.
– Ei, você pode nos emprestar uma chave de roda? – Perguntou um deles.
Quando o motorista encostou o Astra, um dos rapazes encostou um trabuco niquelado, enferrujado na sua cabeça e ‘agradeceu’ a ajuda!
O viajante foi colocado no porta malas do próprio carro e levado até um local ermo, perto da balsa do Rio Sapucaí e ali foi deixado, amarrado de pés e mãos e amordaçado. Demorou uma hora para conseguir se soltar e comunicar o roubo aos homens da lei.
Já no inicio da noite, quando os policiais patrulhavam as imediações do local onde a vitima havia sido deixada, viram um carro passar em alta velocidade pela estradinha de terra batida e saíram no encalço. A perseguição terminou no bairro São Jose, próximo a uma casa em construção. Um dos três assaltantes, Anderson de Almeida Lima, 22 anos, morador do bairro Inconfidentes, ao ver-se acuado sacou o “Ina” enferrujado e puxou o gatilho na direção dos policiais. Havia cinco azeitonas no tambor. Nenhuma delas quis sair. Tec, tec, tec… Antes do quarto tec do velho ‘cão’ azeitonas quentes zuniram perto de sua orelha. Ele hasteou bandeira branca. Marcos de Souza Ferreira, 25 anos, também se entregou. O terceiro assaltante do viajante, conhecido pela alcunha de “Mito”, conseguiu dobrar a serra do cajuru, pulando os telhados vizinhos e atravessando o rio Sapucaí.
Mesmo vencido pelos policiais e ainda com os ouvidos zunindo, na momento de receber as pulseiras de prata, Anderson Almeida quis testar a força física. Foi preciso rolar com ele na poeira.
Como de praxe, antes de ser apresentados ao delegado de plantão em Pouso Alegre para assinar o 157, os assaltantes foram submetida a exames de ‘corpo de delito no P.A. do Regional Samuel Libanio.
Fim da historia?
Não. Ainda tem um capítulo…
Depois de cumpridas todas as formalidades da ‘autuação em flagrante’, os presos finalmente foram entregues ao detetive de plantão para recolhê-los ao xadrez até o momento de transportá-los para a hospedagem definitiva no Hotel do Juquinha, de manhã. Antes de trancafiá-los o atento Fernando Jardim – meu ex-parceiro – fez a clássica pergunta:
– Já deram a ‘geral’… estão ‘limpos’..?
– Claro. Já foram revistados, já passaram pelo médico…
Mesmo assim o detetive resolveu dar mais uma geral. ‘Seguro morreu de velho..!!’ ‘Caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém…’ Ao checar as roupas dos assaltantes desnudos na porta da cela… Surpresa!!! Preso ao cós da calça, numa costura feita para esse propósito, o detetive encontrou este punhal prateado…
Não me pergunte o que o assaltante poderia fazer com o reluzente punhal!