Ele nasceu no dia 28 de maio de l969 mas diz que tem 17 anos e se comporta como se tivesse sete… No entanto anda por todos os cantos da cidade sem comprometer sua segurança e não faz mal a ninguém. Muito pelo contrario… Deixa um rastro de alegria e pureza por onde passa. Cumprimenta e conversa com todos, sempre alegre e sorridente, pergunta dos parentes quandos os conhece, toca em qualquer assunto, fala de política a futebol passando pelos últimos fatos que foram noticias no país… Mas seus assuntos prediletos são naturalmente politica e futebol. É só puxar o assunto que ele tem alguma coisa para comentar. Para ele, este ano o Palmeiras será campeão!!!

Assim é ….  o popular Cavucada. Conheço desde sua infância, há muitos anos, embora ele nunca tenha saído dela.

Numa ensolarada manhã de sábado de 2002, nos preparávamos para mais uma pelada de futsal na extinta quadra Poliesportiva Julio Pereira Neto – construída pela administração Simão Pedro em 84 e destruída pela administração Jair Siqueira em 99, para dar lugar a uma rua, paralela à outra – no bairro da Saúde, quando ele chegou e “pediu beira”…

– Eu também quero jogar Marcelo, vou lá em casa pegar a chuteira

E saiu correndo em direção à sua casa a poucos metros dali. Voltou em instantes já com as chuteiras nos pés. Chuteiras mesmo!!! De travas altas, para campo de grama!! No primeiro chute que tentou dar na pelota, caiu de costas. Tentou dar outros chutes mas acabou desistindo. Tirou as chuteiras, colocou na arquibancada e jogou descalço como sempre fazia, até o fim da pelada…

No ano seguinte uma noticia triste abalou a cidade. Cavucada morreu!!!!!!!!!!

Como????

Ninguém sabia ao certo!

Uns diziam que ele havia sido atropelado lá pelas bandas da Serrinha de Bela Vista…. Mas o que o Cavucada estaria fazendo por aquelas bandas, vinte quilomentros longe de casa? Ninguem sabia explicar. Tinha versão ainda pior… Ele havia sido assassinado no Chapadão!!! Mas por que??? Ele é inofensivo. Cavucada não diz nem palavrão!!! Com o passar dos dias a noticia só se espalhava. Ele já havia até sido sepultado no cemitério Jardim do Céu…!

Como policial, jornalista e amigo do Cavucada, fui investigar sua morte. Não tive muito trabalho. No final da tarde de uma terça feira morna, encontrei o garoto, belo e formoso, alegre e sorridente como sempre, tomando sol preguiçoso, na porta de sua casa, ao lado de sua mãe, no bairro Belo Horizonte. Na ocasião eu apresentava o programa “Direto do Esporte e Direto da Policia” na radio Difusora de Pouso Alegre, das seis às sete da noite. Naquele dia Cavucada fez o programa na radio comigo. Depois da entrevista sobre sua morte, para mostrar à população com sua própria voz que ele estava vivinho da silva e nem ligava para os boatos, ele continuou comigo no estúdio, falando de futebol, de policia, de bandido, de amizade, de linguarudos… E falava com tanta desenvoltura, clareza e conhecimento do assunto que nem parecia que sua mente não acompanhou o desenvolvimento do seu corpo. Nosso Cavucada parecia um adulto. Ainda bem que apenas parecia… Ainda bem que ele continua inocente e puro!!!

Em 2004, por ocasião da campanha política, o então estudante de direito e hoje Oficial de Justiça do TRT-MG, Diego Matos, para prestar uma bem humorada homenagem ao colega de futebol de salão – com chuteiras de travas – e ‘participante’ de eventos e festas do Grupo de Jovens Alfa e falar de ética na politica, escreveu esta crônica no extinto jornal FOLHA de Pouso Alegre…

“Politico que nada! Eu quero é Cavucada                  

Depois de anos preparando o terreno político para lançar-se de cabeça na candidatura à prefeitura, finalmente “ele” se encontra maduro para tal empreitada. Há tempos no cenário esportivo, social e cultural da cidade, visitando bairros festas e eventos do mais divrersos, Cavucada conhece melhor do que ninguém os problemas enfrentados pelos pousoalegrenses.

Vestindo as camisas das causas do povo, especialmente as camisa do PAFC, Palmeiras, Brahma, Skol, Grupo Alfa, Clube de Campo Fernão Dias e clube do coração, o Palmeiras, o nosso ilustre candidato vai adquirindo  prestigio,  e conquistando a confiança do eleitorado.

Sempre com um sorriso no rosto, onde chega Cavucada se torna o centro das atenções, alegrando o ambiente com seu jeito irreverente e comunicativo, sempre tratando seus leitores pelo nome.

Depois de ter sua “morte” esclarecida no programa Direto da Policia do Airton Chips, na Radio Difusora, ele continuou suas andanças pelos bairros da cidade, das Anhumas ao Faisqueira, do Santa Edwiges ao Chapadão. Apesar de não ser Deus, Cavucada consegue estar presente em vários cantos da cidade ao mesmo tempo – e em varias festas também. Não sei como ele consegue?

A cada dia arrebanhando novos eleitores seu carisma só aumenta e ninguém duvida de sua capacidade de gerir nossa cidade, defender os interesses e atender os clamores do povo – Dizem à boca miúda, que sua morte foi uma jogada de marketing arquitetada pelo proprio Cavucada para conferir sua popularidade….

 Agora falando serio, esperamos que a disputa  eleitoral em nossa cidade seja honesta, justa e limpa. Sem agressões mutuas, entre os candidatos e com respeito aos eleitores – principamente respeito à inteligencia dos eleitores, não veiculando propagandas enganosas e promessas falsas.

Esperamos que os eleitores tenham sapiência sensibilidade e busquem, acima de tudo, o interesse publico em suas gestões, pois às vezes é necessário “lembrá-los” de que o ‘poder emana do povo e para o povo é exercido’, porque alguns tem a péssima mania de esquecer disso”.

Quanto à noticia da candidatura de Cavucada, foi uma singela maneira de demonstrar nosso carinho e respeito com essa figura amável e pura que só faz o bem no nosso dia-a-dia.

Infelizmente não será desta vez que ele se candidatará, pois não registrou sua candidatura a tempo… hehehe.

… Então, viva a cidadania, viva a democracia e viva nosso amigo Cavucada!!!”   

Não é exagero dizer que a noticia da morte do Cavucada, em 2003, abalou a cidade! O dia que ele morrer, todos nós, que de uma maneira ou outra convivemos com Cavucada, vamos sentir sua ausencia. A cidade certamente ficará menos alegre…

Longa e divertida vida, Cavucada!!!