Policia apreende 46 cães de raça trancados dentro de casa

Dona dos bichinhos poderá ser processada por furtos e maus tratos

      Vi de relance, no Jornal Regional, a imagem de dezenas de cãezinhos saltitantes curiosos em busca de comida e liberdade, numa residência de Poços de Caldas. Os animaizinhos, 46, estavam trancados na casa em meio a sujeira e lixo, com galinhas e até um gato morto, sem ventilação, sem banho, sem água e sem comida. Os inocentes bichinhos foram apreendidos pela policia militar e vigilância em saúde e entregues provisoriamente à Sociedade Protetora dos Animais. A dona – será que é mesmo dona? – dos peludinhos que encantam crianças e adultos, quando for localizada, será processada por maus tratos de animais. A policia civil, no entanto acredita que os cachorrinhos sejam produto de furtos. E isso é mais comum do que se imagina. Dentro da casa da madame de Poços pode ter mais de R$ 50 mil reais em cachorros das raças Poodle, Bichon Frizé, Yorkshire Terrier, Schnauzers, Pinschers … Cães de raça que fazem girar, dentro ou fora da lei, uma pequena fortuna entre madames de meia idade que não podem mais ter filhos ou que preferem a companhia dos de quatro patas – Outro dia vi uma comerciante em Gonçalves recusar R$ 20 mil reais por uma belissima  matriz de Border Collie, o mais inteligentes dos caninos.

     Anos atrás conheci Madame Jack, especialista em furtos desses animaizinhos de ‘cama & sofá’, muito mais bem documentados e bem tratados do que crianças, cuja ninhada a cada seis meses pode render à ‘mamae-dondoca-perua’ algo em torno de R$ 10 mil reais.  Madame Jack era uma refinada ladra de cachorros de raça, conforme foi apurado pela PC e publicado por mim no Jornal do Estado na ocasião, não sem alguma dificuldade, pois a madame meliante fora casada com  um ‘figurão’ da cidade que poderia fechar o jornal ou processar este colunista. Veja a matéria:

  “Madame “Jack” e suas cachorradas

*Publicada por Airton Chips no Jornal do Estado em 01 de dezembro de 2000

 

       Atenção madames desavisadas e defensores de latildos indefesos. Apertem as coleiras, tranquem os portões e fiquem ligadas em Direto da Policia. Um novo golpe está na praça. Uma fina madame, um motorista trajado “a la Jarbas”, uma infante impúbere e muito papo de aranha podem levar seu cãozinho de estimação para um pulguento canil da rua São Jose ou para Ouro Fino..

      Procuraram a Delegacia de Crimes Contra o patrimônio da 13a DRSP, duas madames paulistanas e uma manduana, para dar queixa de furto de seus cãezinhos. E não se trata de pulguentos e mal nutridos viralatas, não. Trata-se de mimados peludinhos ou não, acostumados a colos, mimos e berços de cetim, todos do mais fino pedigree. São cachorrinhos das raças Yorkshire Terrier, Poodle, Bichon Maltez, Schnauzer, Shih Tzu e Bichon Frizê. ‘Latildos’ cujos filhotes  custam entre R$ 800 e R$ 2 mil reais.   

     Há duas semanas a senhora Luzia Teixeira Costa da Rocha recebeu em sua residência no bairro Santa Terezinha em São Paulo, a visita de uma simpática, bonita e bem vestida mulher dos seus trintaa e alguns anos, 1,68 de altura, falando alto e rápido de cima de um salto alto. Sem mais delongas a 171 foi logo abraçando, beijando e jogando confetes em seus cãezinhos dizendo que eram os mais lindos do mundo e que ficariam ricas com eles. Na verdade estava apenas preparando uma tremenda cachorrada. Depois de meia hora de monólogo – só ela fala – a caridosa amante canina, ex-esposa de um bem sucedido empresário de Pouso Alegre, levou do canil de Luzia 08 filhotes e quatro matrizes de Yorkshire, Poodles e Bichon Frizê.

       Dona Maria Consuelo Vecchi da Silva, moradora da Penha, São Paulo, também recebeu a visita da “perua”. Depois de alguns minutos de 171 envolvendo o motorista Vanil e a filha de 09 anos, lá se foram três filhotes de Schnauzer no palio da Finória.

       O drama da viúva Leila Aparecida de Paula Roman, moradora de Pouso Alegre é ainda mais comovente. Ela entregou sua cadelinha maltez, 08 anos de carinho e minos, de nome “Finha” à madame cadela, para acasalamento e nunca mais a viu. Sua filhinha Natalia, de 13 anos, criada com Finha, recentemente órfã de pai, ao perder a peludinha branca, ficou traumatizada. Depois de desfilar por vários canis na capital paulista, a cadelinha foi passada nos cobres e recheou a guaiaca da  finória.

     E falando na madame, a 171 que impressiona pelo seu comportamento religioso – onde chega fala de Deus, ajoelha diante de imagens sacras, se benze e pede a benção para os donos da casa – chama-se J. L., atende pela alcunha de “Jack”,  mora num apartamento alugado na Rua São Jose, onde mantem um canil com cerca de 20 cãezinhos em situação precária de higiene. Seu principal argumento para levar na lábia incautas criadoras de caes de raça é a exaltação de seu canil de primeiro mundo. Mas foi num canil úmido, escaldante e fétido de fundo de quintal que os detetives Geraldo, Balca e Ozanam encontraram e apreenderam 43 Poodles, Schnauzer, Bichon Maltez e Shih Tzu em Ouro Fino, quase todos apropriados indevidamente em São Paulo, reconhecidos pelas vitimas Luzia Teixeira, Maria Consuelo e Leila Romam.

       Jack foi convidada a visitar a Delegacia de Policia, onde sentou-se ao piano do delegado Gilson Baldassari e assinou um 168 do CP. Se condenada for, Madame Jack poderá se hospedar por até 4 anos no velho hotel da Silvestre Ferraz, tão soturno, abafado e fétido quanto o que mantinha os caros fofuchos em Ouro Fino”.

        A ‘Madame Jack’ de Poços de Caldas deve ter muito mais a pagar à justiça do que uma simples cesta basica. Se fosse dona, provavelmente ela nao deixaria seus quase R$ 50 mil reais peludinhos misturados com xixi, cocô, galinha e gato morto, não….

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