A Campanha do Desarmamento já teve Plebiscito, já pagou premio de R$300 reais para quem devolver espontaneamento sua arma e continua tentando desarmar o cidadão comum. A policia militar, tem inclusive, metas a atingir, no que tange a desarmar a população.
Semana passada a laboriosa policia militar de Minas Gerais deu mais um passo na luta pelo desarmamento. Antes não tivessse dado. O ‘passo’ custou aos policiais 622 reais.
Ao receber informações de amigos ocultos da lei, de que um cidadão mantinha em casa uma perigosa arma de fogo, dois policiais foram fazer-lhe uma visita, na zona rural de Toledo – Sabe onde fica? Pra adiante de Munhoz, antes de Pedra Bela, divisa com Extrema, à esquerda do local onde um amigo meu de nome Judas certa vez perdeu uma botina…
Ao chegar ao sitio do simplório velhinho de 74 anos, foram recebidos como autoridades, por ele, sua esposa e um cachorrinho preto, numa casinha branca de alpendre azul, circundada por uma horta, um pomar e um capão de capim Napier na beira de um ribeirão. Ofereceram um cafezinho fresco passado na hora, em cuador de pano e bolo de fubá. Depois do prazer, o dever…
– O senhor tem arma em casa?
– Tenho sim, uma espingardinha que recebei de herança do meu avô – respondeu o velhinho se dirigindo ao quarto, onde pegou uma espingarda polveira de fabricação caseira, daquelas de carregar pela boca, que estava pendurada na parde do quarto e entregou aos policiais.
Com muito jeito disseram ao velhinho que ele teria que acompanhá-los à delegacia da cidade. Como em Toledo não existe delegado de policia, levaram o “Winchester Jack” e sua espingarda de espantar gavião para a delegacia de Extrema. Como a viagem é longa e um B.O. deste porte leva horas para ser redigido, quando chegaram à Extrema a delegacia já estava fechada. Fecha às dezoito. O jeito entao foi trazer o perigoso caubói para Pouso Alegre.
Noite já alta, o velhinho sentou-se ao piano, assinou o 14 da 10.826 e foi afiançado em um salário mínimo. Já a esta altura do sacolejar da carruagem os dois policiais já estavam redondamente arrependidos de terem prendido o velhinho. Agora ao menos, era só pagar a fiança e poderiam dar-lhe uma carona de volta para casa.
– O senhor tem dinheiro para pagar a fiança?
– Tenho não sinhor… eu nem sabia que ia ser preso!!
– Tem parente aqui que possa emprestar o dinheiro da fiança?
– Conheço ninguém nesta cidade, não sinhor
– Bom, então o senhor liga para sua casa e pede para fazer um deposito…
– Tem telefone em casa, não sinhor…
-… Tem filhos que possam pagar a fiança…?
– Tenho três filhos que moram todos na roça, tem telefone, não sinhor…
Os dois PMS, com uma tonelada de peso na consciência por terem tirado o velhinho do conforto de sua casinha branca – com o terreiro cheio de galinhas xitas, frangos e um galo carijó dourado, perto do ribeirão, por causa de uma espingarda velha… – andaram para lá, andaram para cá, coçaram a cabeça, pensaram no bezerro gabiru berrando de fome na cocheira, na vaquinha malhada mugindo no pasto com a úbere cheia… Quem iria ordenhá-la? E concluíram; tinham que levar o velhinho de volta para casa. Tomaram uma descisão; foram a um caixa eletronico, sacaram trezentos reais cada um, pagaram a fiança do velhinho e o levaram de volta para a casinha branca na beira do ribeirão…
Quase tudo voltou ao normal no sitio do velhinho de Toledo. Só uma coisa mudou. Agora, se alguma raposa sorrateira aparecer por lá, sem a velha espingarda para afugentá-la, só penas…
“Dura lex, sed lex…”
A lei as vezes prejudica o cidadão de bem. Ai cabe o bom senso dos policiais. Pelo jeito que a história foi contada até eu choro e pago a fiança do bom velhinho. A comoção iria ser maior se estivessemos no Natal e o proprio papai noel tivesse sido preso.
Paz a todos!
Abraços, Alberto… É bom ‘vê-lo’ no blog.