Antigamente – aliás, bem antigamente – quando eu era um pequerrucho lindo e loiro, de cabeça chata, descalço e calça curta lá no meu amado Coutinhos, e ouvia alguém dizer “fulano agora é caixeiro no armazém do sicrano”, eu ficava tentando entender o que era isso. Mais tarde entendi que caixeiro era aquele funcionário de confiança, que cuidava do caixa, do dim-dim do patrão… E o dinheiro era guardado na algibeira da calça larga de brim caqui, azul chumbo ou verde bosta de vaca.
O jovem Tadeu, um mulatinho espigado que se tornaria contador, advogado e comerciante de ‘peso’, foi um destes caixeiros do armazém do Geraldo Correia, na esquina da praça Com. Ferreira de Matos – meu antepassado – em Congonhal. Quanta confiança o patrão tinha no empregado!!! Quanta mudança para os dias atuais. Hoje ‘os’ caixas e ‘as’ caixas de supermercado, com tudo automatizado, trabalham vigiados por câmeras que acompanham todos seus movimentos – Por que será??
Pois é, mas nem toda vigilância evitou que a jovem “caixeira”, N.C.S.Brunorio, 20 anos – hoje chamada de “operadora de caixa” – caísse em tentação… Ela começou trabalhar no Baronesa no mes passado e desde então seu caixa tem apresentado pequenas diferenças… Sempre para menos. Preocupados com este ‘desnível de caixa’ que pode abalar a economia da mina de ouro do patrão, um encarregado fiscal passou a monitorar seus passos, quero dizer suas mãos leves. Ontem, através do famigerado “Big Brother” que somente a ‘caixeira’ não sabia que existia, ele viu quando ela separou duas notas, uma de 50 e outra de 100 e depois de olhar ressabiada de um lado para outro, dobrou e colocou no sutiã. Na hora de fechar o caixa N. foi convidada a tomar uma ‘cafezinho na gerencia’. De lá desceu para a DP, sentou-se ao piano e assinou o 155. Mas não deu o braço a torcer… Disse que o dinheiro era troco de um celular novo que havia comprado, mas que ainda estava na loja. Ainda bem que era cedo da noite e nenhum ‘boi dormiu’….!!!
…Saudade dos tempos do ‘caixeiro de armazém…’