Vi Paulo Sergio pela primeira vez no inicio dos anos 80, num semáforo. O menino ligeiramente encardido, magricela, dentuço, encostou-se à viatura policial, estendeu sua caixinha de sapato com um furo no centro e pediu uma moedinha. Eu sempre soube que não se deve dar dinheiro à crianças, mas eu nunca soube negar! Porém, enquanto eu fuçava os bolsos em busca de alguma moeda, bem menos comum naquela época do que hoje, outro garoto cuja fisionomia não guardei, talvez uns três anos mais velho que ele e inspirando menos compaixão, quase o puxou pelo braço dizendo:
– Não, pra ele não… ele prende a gente!
Antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa o sinal abriu e meu parceiro seguiu em frente, enquanto o garoto imberbe, em calças curtas, singela, mas decentemente trajado liberou o transito e ficou olhando da calçada até a viatura sumir de sua vista.
Estava eu no plantão da DP, dois anos mais tarde, quando a Policia Militar encostou a barulhenta viatura e do forninho desceu um mirrado garoto. Era o garoto do semáforo! Estava mais magro ainda, pois havia crescido vários centímetros! Enfurnado foi se sentar no final do banco de madeira, enquanto o cabo redigia o BO. Ele havia furtado a bolsa de uma senhora loira de meia idade, próximo ao mercado e somente fora alcançado cruzando a antiga Avenida Brasil, em direção ao velho Aterrado. A bolsa já havia sido dispensada na fuga, mas alguns poucos trocados, cruzeiros ou cruzados, não me lembro, estavam no fundo da algibeira de sua surrada bermuda caqui. Foi seu primeiro contato, pelo menos malsucedido, com o crime e com os homens da lei!
Cresceu furtando sorrateiramente estabelecimentos comerciais diversos, fumando maconha, ameaçando garotos menores e até maiores que ele com um canivete. Sempre tentava vazar em direção à “toca do lobo”. As vezes conseguia, outras caia nas malhas da lei, sua família era avisada e invariavelmente a mãe esboçando indignação com o comportamento do filho vinha buscá-lo. Até que
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