Célio da Silva

Celinho chegou à sua casa ao pé da manhã de sábado, 09. Não era novidade. Há anos ele levava uma vida desregrada. O detalhe é que havia saído de casa na manhã anterior! E chegou apenas de cueca, andando com dificuldade e com varias escoriações pelo corpo.

– O que aconteceu meu filho? – Indagaram os familiares.

– Eu caí… – Respondeu ele e foi dormir. À noite passou mal. Começou vomitar coágulos de sangue! No inicio da tarde de domingo foi levado pelos familiares para o Pronto Socorro do Regional. Seu estado de saúde se agravou. Morreu no dia 25 de novembro. Informações preliminares da médica que o tratou relatam que ele tinha hemorragia interna causada por objeto vindo pelo anus. A suspeita é de empalamento!

O fato chegou ao conhecimento do Delegado de Crimes Contra Vida, Renato Gavião, somente depois da morte. Segundo o BO que narra os fatos, um amigo oculto da lei teria informado a policia que vira três sujeitos ‘empalando’ Celinho durante a madrugada. Nas investigações preliminares do delegado e seu pupilos, Celinho fora visto – como de hábito – na companhia dos nóias Jaime, Eltinho e Piolho na véspera do crime…

À pedido do delegado de Crimes Contra a Vida, o Homem da Capa Preta decretou a Prisão Temporária de Jaime Vieira Gonçalves. Ele recebeu as pulseiras de prata dos detetives no final da tarde desta terça, 10.

Jaime Vieira Gonçalves, 30 anos, morador da Rua 2 no Cascalho, vem sendo alvo da atenção da família há anos. Eles tentam a todo custo e sem sucesso curá-lo do vício das drogas e consequentemente de pequenos delitos advindos do seu uso. Ao sentar ao piano do delegado Gavião nesta terça, Jaime admitiu ter estado com o amigo de ‘pedras’ mas negou ter praticado ou participado do horrendo crime.

– Na sexta nós fomos queimar um ‘mesclado’ num bambuzal perto da Casa de São Rafael, mas depois voltamos e ficamos ali na rua do Santa Elisa, perto do Cascalho! Depois eu fui para minha casa e não vi mais o Celinho…! – alegou Jaime.

Jaime Vieira Gonçalves

Célio da Silva, 51 anos, morador da Padre Vitor no Cascalho, é figurinha fácil no álbum da policia. Ele é do tempo em que o velho hotel da Silvestre Ferraz ainda era ‘novo’. No inicio dos anos 80, quando o artigo 16 da jovem e charmosa Lei 6368 mandava o cidadão pra cadeia, este blogueiro – ainda usando fraldas na policia – com frequência oferecia suas pulseiras de prata a Celinho. As reprimendas e agruras da lei e todas suas consequências, no entanto, se arrefeceram sua paixão pela famigerada “erva marvada” não o livrou do vicio das drogas. Ao contrario… Como a quase totalidade das pessoas que abraçam a perfumada e inofensiva maconha, Celinho também ‘evoluiu’ para uma droga mais forte; o crack! E pelo que diz Jaime, já chegara ao “mesclado”, um pouco mais forte e… letal!

O crime de empalamento, talvez o mais bárbaro e perverso criado pela mente do homem, remonta naturalmente à sua existência. Consiste em cravar uma estaca de madeira ou metal no umbigo, no anus ou vagina em direção à boca. No caso de Celinho não chegou a tanto. O delegado Gavião aguarda o laudo do IML para analisar até que ponto ele foi agredido e se de fato suas lesões resultam de empalamento. O modus operandi, usado desde antes de Cristo pelo imperador assírio Assurbanípal, popularizado por Bram Stocker nos filmes de Drácula e eventualmente praticado por Virgulino “Lampião” Ferreira para impor medo a seus inimigos no sertão, é muito pouco usual nos dias de hoje. Mas é questão presente em todos os concursos públicos para delegado de policia e medico legista com o seguinte enunciado; diante de um caso de empalamento, pode-se afirmar que a morte foi:

– Acidental,

– Suicídio,

– Homicídio

– opções ‘a’ e ‘c’ estão corretas.

– Nenhuma das afirmativas.

Tais informações no texto parecem desnecessárias. No entanto, como a policia trabalha com informações; como há a possibilidade de o crime ter sido presenciado por um ‘amigo oculto da lei’ ou mesmo de um dos partícipes do horrendo crime se arrepender e passar a informação adiante; como num blog o leitor interage com outros leitores e com o blogueiro, abrimos o leque de possibilidades. O leitor poderá também contar o que sabe através do 181!

Jaime Veira Gonçalves teve a prisão decretada por 5 dias, podendo ser prorrogada por mais 5 ou até 30 dias, ou tê-la convertida em Prisão Preventiva de acordo com o que o delegado Gavião e seus pupilos apurarem.

Para o advogado advogado Tiago Antonio Batista, não há provas concretas da participação do seu cliente no crime de empalamento. No entanto, ele não pretende pedir o relaxamento da prisão temporária.

– Vamos colaborar com a policia para o esclarecimento dos fatos – diz o jovem causídico.

O esclarecimento total do primeiro crime de “empalamento” que se tem noticia em Pouso Alegre, passa pelas pessoas  de “Eltinho” e “Piolho” , os ‘parças’ de Celinho na queima da pedra bege fedorenta. Voce leitor, pode ajudar os pupilos do delegado Gavião a chegar até eles!