A cidade meio mineira meio paulista, banhada pelo magnífico Lago de Furnas, terra do ‘palhaço’ Selton Melo, um dos maiores atores do Brasil, tem uma infinidade de predicados para figurar na mídia regional, estadual e nacional, mas… parece ter escolhido o pior dos adjetivos para chamar a atençao da imprensa, “Cidade sem lei”. Coisa de cidadezinha de 20 a 30 mil habitantes do sul do Acre, do norte do Pará ou quem sabe do oeste da Paraíba, onde a civilização ainda é coisa de novela, não de uma cidade rica, bela, turistica e próspera, de 100 mil habitantes fronteiriça com o Estado mais rico do país. Mas é a realidade nua e crua.
Ultimamente os internautas tem acessado este blog em busca de noticias policiais de Passos, já na expectativa; “Será que mataram mais um?” “ Será que temos um novo recorde?” “Qual o motivo desta vez, será que foi por causa de drogas?”
Não. Nem todos os homicídios de Passos ocorrreram por causa de drogas. Alguns aconteceram por motivos ainda mais banais. Outro dia um cidadão ia passando por uma rua conduzindo sua motoca quando deparou com alguns adolescentes soltando pipas na rua. Ele parou para se desviar das linhas e num gesto de impaciência e grosseria, arrebentou a linhas das pipas certamente dizendo alguns desaforos aos moleques. Teve inicio um breve trololó ao final do qual os donos das linhas partidas disseram que iriam mandar matar o motoqueiro. E mandaram mesmo. O motoqueiro estava quieto no seu canto quando chegaram três sujeitos, um de 22 e dois de 17 anos e bateram à sua porta. Quando ele ia sair para atendê-los foi avisado pela irmã que era uma cilada. Na iminência de receber uma saraivada de balas o motoqueiro impaciente, agora medroso, pulou o muro do quintal e foi se esconder na casa do vizinho. Este, que nada tinha a ver com a pescaria, saiu à porta da rua para receber as visitas… e voltou correndo para dentro de casa com uma chuva de azeitonas quentes nos calcanhares. Por um triz teria aumentado a estatística de hmocidios.
Falando nela, furto de motocicleta na bela Passos, tem mais do que curimbatás no Lago de Furnas. A policia militar tem apreendido um dúzia de motos furtadas por semana. Como a apreensão de rês furtiva não chega a 15% do que é roubada, imagine quantas foram roubadas!!!
Falando ainda em números, apesar de acompanhar dia-a-dia os passos do crime em Passos, deixei escapar o assassinato do Adrianinho Jibóia ocorrido no domingo 18, por isso meu ‘grafico’ não estava batendo. O sujeito gordo que lhe deu dois tiros nas costas no bairro Bela Vista, conseguiu misturar-se à penumbra fresca da noite e dobrar a serra do cajuru.
Mas porque tem tantos furtos de motocicletas, drogas, assassinatos e delinquencia juvenil em Passos?
Bem, responder esta pergunta à distancia, sem ver o que está sendo feito e o que não está sendo feito para prevenir e combater a criminalidade no município, não me parece justo e nem sensato. No entanto, mesmo de longe podemos observar que em cidades como o Rio de Janeiro, onde durante décadas o poder publico viveu de oba-oba, se preocupando com as favelas e bolsões de pobreza apenas em época de eleições em busca de votos, deu no que deu; a bandidagem tomou conta do Rio. É necessario observar também que as leis, com exceção da Lei Maria da Penha, estão cada vez mais frouxas, por conta da falta de vagas nos presídios. O privilegio de sair da cadeia 35 dias por ano, como medida de ‘ressocialização’ só funcionaria na Suiça, Suécia, Noruega… onde não tem favelas. No Brasil, depois de passar por todo tipo de violência na cadeia e voltar para o mesmo lugar onde cometeu seus crimes, o meliante só tem uma opção… continuar no crime. Cadeia, salvo raríssimas exceções, não recupera ninguém. Até mesmo a APAC, que tinha como principio “matar o criminoso para salvar o homem”, na busca de excelência administrativa e produtiva, inverteu o fundamento; finge matar o criminoso, mas mata o homem e ele sai de suas fazendas tão bruto e desnorteado quanto antes. È preciso lembrar também, que o ECA, que manda internar o menor infrator em Casas de Tratamento, não mandou o Estado construir tais centros de tratamento… e o ‘dimenor’ continua completamente impune e sem orientação.
Enfim, não sei exatamente o que está sendo feito em Passos, mas os números mostram que a situação há muito saiu de controle. Lembra bastante o Rio de Janeiro…
…. E para não dizerem que este texto é pura falácia, a Delegacia Regional da Policia Civil de Pouso Alegre implantou ha tres anos o “Programa 48 horas”. Ao tomar conhecimento de um crime grave no municipio, como homicidio, por exemplo as atenções de todos os policiais investigativos da regional se voltam para o caso durante quarenta e oito horas ou até elucidar por completo o crime. A criminalidade diminuiu. No ano quese finda apenas 08 homicidios foram registrados, 07 deles apurados, apenas 01 envolvendo drogas…