Cirilo ‘Bola Sete’ chegou ao fim da caminhada…

Depois de algumas décadas vivendo nos velhos hotéis do contribuinte, o cidadão que retoma a liberdade “não tem mais utilidade nem pra ele e nem para a sociedade”.

Dura realidade!

Tais egressos do sistema prisional, saem moralmente cambaleantes e nunca mais se aprumam. Vivem de favores, muitas vezes em muquifos fétidos, debaixo de pontes e viadutos, nas sarjetas, nos semáforos mendigando moedas para sustentar os pequenos vícios, morrendo aos poucos, até que a morte dê o golpe fatal!

Assim foi com o egresso Cirilo do ‘Bola Sete’!

Começou cedo o caminho torto! Aos 17 anos já era figurinha fácil no álbum da polícia. Entre uma fuga e outra, um crime e outro, uma prisão e outra, Cirilo passou mais de duas décadas vendo o sol nascer quadrado. Os últimos anos foram na APAC – de onde deveria ter saído com uma profissão definida e uma oportunidade concreta de um recomeço na vida.

No entanto, é necessário muito mais do que isso para apagar vinte e tantos anos de ócio e maculas acumuladas ao longo do caminho torto! Cirilo não teve forças para isso!

Nessa foto – que eu fiz em 2010 – apoiado na grande conteira em frente a casa do seu falecido pai no Aterrado, havia poucos meses que ele havia deixado a APAC. Ainda mantinha o viço da vida. Ao contar um pouco das suas aventuras e desventuras no mundo do crime, ele ainda alimentava a esperança do recomeço… mas não conseguiu voltar ao início da juventude para recomeçar!

A outra foto, enviada por uma amiga comum esta manhã, ilustra um pouco do que as drogas – essa mesma que o governo insistiu e o STF liberou a poucos dias – podem fazer com as pessoas.

Segundo nossa amiga, Cirilo morreu dormindo essa madrugada, num muquifo qualquer cedido por outros nóias na baixada do Mandu.

– “Cirilo estava muito debilitado. Eles fizeram um miojo pra ele e deixaram ele ficar. Pelo menos morreu de barriga cheia, numa cama quentinha” – disse a amiga, que diversas vezes tentou, sem sucesso, tirá-lo dos vícios.

As pessoas que defendem a liberação das drogas – da “maconha recreativa” – deveriam conhecer um pouco mais as histórias de “Meninos que vi crescer”. Cirilo do Bola Sete é um dos meninos que vi crescer…

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